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FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE DIREITO

Direito Internacional Privado


Aulas 7 e 8

Por: Nelson Chapananga


1
Tema:
 Fundamento geral do Direito Internacional Privado

 Elementos de conexão

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Fundamento geral do DIP
Doutrinas internacionalistas
Para as doutrinas internacionalistas, o problema do DIP, tem natureza e fundamento
super-estadual, põe-se no quadro das relações inter-estaduais que, normalmente,
transcendem a autonomia de cada Estado em singular.
Estas doutrinas (principalmente as universalistas) atribuem ao DIP a função de
delimitar a esfera de exercício das soberanias Estaduais relativamente à
regulamentação das relações jurídicoprivadas.

«Os conflitos de leis traduzir-se-iam em conflitos de soberanias». Neste caso estas


normas seriam necessariamente normas de direito supra-estadual, uma vez que
nenhum Estado singular dite normas delimitadoras da esfera de soberania de outros
Estados.
Mas com isso não querem dizer que o DIP. deva, necessariamente, ser formado de
normas de fonte internacional. Neste caso o DIP seria formalmente direito interno e
materialmente direito internacional.
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Fundamento geral do DIP
Crítica as doutrinas internacionalistas
A soberania é um poder incarnado no aparelho da coação e a lei, desintegrada de tal
aparelho de coação, não constitui qualquer afirmação de poder efectivo.
Consequentemente, a delimitação territorial da soberania exclue de antemão qualquer
possibilidade de conflitos de soberanias no plano do DIP.

O estabelecimento de um vinculo necessário entre soberania e lei aplicável conduziria ao


puro territorialismo na aplicação do direito e, consequentemente, ao desaparecimento do
DIP.

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Fundamento geral do DIP
Doutrinas nacionalistas
O problema central do DIP na necessidade de dar satisfação a exigências próprias da
vida interindividual – e não interestadual.

O DIP é dominado por critérios de justiça, de equidade, de oportunidade e necessidade


atinentes às relações do comércio-jurídico-privado.

Como direito regulador das relações entre indivíduos, o DIP não seria direito
internacional supra-estadual.

Na verdade, a natureza formalmente interna de tais normas não exclui que a sua matéria
seja internacional.

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Fundamento geral do DIP
Doutrinas ecléticas

Conferem ao DIP um fundamento misto, fazendo-o derivar tanto das exigências do


comércio jurídico-privado, como das exigências da vida internacional.

Partindo de uma concepção dualista das relações entre direito internacional e direito
estadual, atribuem às normas de conflitos estaduais o carácter de verdadeiro direito
interno (estadual).

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Fundamento geral do DIP
Posição adoptada
 Sem resto de dúvidas as normas do DIP são estaduais;

 Poderemos considerar como normas de direito internacional aquelas que vigoram para
vários Estados. E é o que acontece com as Regras de Conflitos que têm por fonte um
tratado internacional.

 No que respeita à liberdade de escolha, por cada legislador nacional, dos elementos de
conexão considerados relevantes no domínio desta ou daquela matéria, ela parece não
sofrer quaisquer restrições por força de quaisquer princípios do Direito Internacional
Público.

 Logo adoptamos a doutrina positivista-nacionalista.

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Elementos de Conexão
Estrutura da regra de conflitos
São dois os elementos que se destacam na estrutura da regra de conflitos e por
referência aos quais havemos de construir a teoria desta regra: o elemento de conexão e
o conceito quadro.

Elemento de conexão – é o elemento da situação susceptível de apontar para uma , e


apenas uma, das leis em concurso (exemplo: nacionalidade, situação da coisa, etc.).

Com base no princípio da especialização, cada Regra de Conflitos adjudica à lei apontada
por uma determinada conexão (exemplo: a lei do lugar da celebração do negócio), uma
determinada tarefa normativa, uma determinada matéria ou sector de regulamentação
(exemplo: a forma, a questão da validade formal do negócio).

Ora, o conceito que na Regra de Conflitos designa a matéria, questão jurídica ou sector
normativo relativamente ao qual é´decidido o elemento de conexão por essa mesma regra
escolhido chama-se conceito-quadro.
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Elementos de Conexão
Exemplifiquemos com a regra contida no artigo 45/1 CC: “a responsabilidade
extracontratual (…) é regulada pela lei do Estado onde decorreu a principal
actividade causadora do prejuízo”.

Neste preceito temos:


Conceito quadro: responsabilidade extracontratual.
Elemento de conexão: lugar do facto danoso.

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Elementos de Conexão
Espécies de elementos de conexão:
A nacionalidade, domicílio, residência habitual, residência símples, sede;
A situação duma coisa (lex rei sitae)
O lugar da prática de um facto (lexi loci actus, lex loci delicti commissi)
O lugar do cumrimento de uma obrigação
A convenção das partes sobre a lei aplicável
O lugar onde o processo decorre
O nexo de interligação com uma outra relação jurídica (embora indirecta).

Então os elementos de conexão relevantes para o DIP podem ser pessoais ou reais.

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Obrigado

Até a próxima aula

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