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Literatura e Memória: O Holocausto e a ditadura

militar

Nathalia Malini, Umáyra Durgo e Viviane Azevedo


Literatura de testemunho: o que é (ficção, não ficção)
“A literatura de testemunho é mais que um gênero: é uma face
da literatura que vem à tona na nossa época de catástrofes e faz
com que toda a história da literatura (...) seja revista a partir do
questionamento da sua relação com o ‘real’.”
(Márcio Seligmann-Silva - O testemunho: entre a ficção e o
“real” in: História, Memória, Literatura. O testemunho na era
das catástrofes, org. por M. Seligmann-Silva, Campinas: Editora
da UNICAMP, 2003.)
Literatura de testemunho: o que é (ficção, não ficção)
O testemunho é denominado em latim com duas palavras: testis e superstes. A
primeira indica o depoimento de um terceiro em um processo e a segunda indica
a pessoa que atravessou uma provação, o sobrevivente.

"O testemunho justamente quer resgatar o que existe de mais terrível no ‘real’ para
apresentá-lo. Mesmo que para isso ele precise da literatura."

(Márcio Seligmann-Silva - O testemunho: entre a ficção e o “real” in: História,


Memória, Literatura. O testemunho na era das catástrofes, org. por M. Seligmann-
Silva, Campinas: Editora da UNICAMP, 2003.)
Objetivo
O objetivo deste projeto consiste em proporcionar aos alunos do 2º ano do
Ensino Médio a compreensão sobre o episódio do Holocausto e o período da
Ditadura Militar no Brasil por meio da produção literária brasileira (contos),
integrando os conteúdos trabalhados na disciplina de História. Como material de
apoio, utilizaremos outros recursos como história em quadrinhos, filmes e músicas.
Testemunho no Holocausto: autores famosos

PRIMO LEVI (1919-1987)


RUTH KLUGER (1931 - )
ELIE WIESEL (1928-2016)
Testemunho no Holocausto: art spiegelman
ART SPIEGELMAN (1948- ) é ilustrador e cartunista americano. Além de criar
histórias em quadrinhos nas décadas de 1960-70, trabalhou na década de 1990
como chargista e ilustrador na revista The New Yorker. É mais conhecido pelo seu
romance gráfico Maus (publicado entre 1986-1991), baseado nas memórias de seu
pai - um sobrevivente do Holocausto.
Testemunho no Holocausto: judeus no Brasil
MOACYR SCLIAR (1937-2011) foi médico e escritor. Sua
literatura foi inicialmente permeada pelo pensamento
judaico (pela sua origem familiar), em livros como O
centauro no Jardim (1980) e Cenas da vida minúscula
(1991). Scliar também escreve contos com teor crítico, e
novelas que abordam questões políticas no Brasil.

CONTO: “Na minha cabeça suja, o Holocausto” (1986)


Testemunho no Holocausto: judeus no Brasil
JACOB GUINSBURG (1921- )
Crítico, ensaísta, jornalista e professor.
Atual presidente da Editora Perspectiva,
escreveu sobre literatura brasileira e
internacional, e atuou como colaborador
em revistas da comunidade judaica sobre
arte, literatura e teatro.

CONTO: “O Retrato” (1946)


Testemunho na ditadura
BERNARDO KUCINSKI (1937 - ) Filho de imigrantes
poloneses, atuou como jornalista e professor.
Apenas aos 74 anos de idade passou a dedicar sua
carreira à literatura.
Em 2011 publicou K. Relato de uma busca, inspirado na
busca de seu pai pela irmã Ana Rosa Kucinski e seu
marido, desaparecidos no período da Ditadura Militar.

CONTO: “Tio André” (2014)


Testemunho na ditadura
LUIZ FERNANDO EMEDIATO (1951 - )
Ainda criança mudou-se do interior de Minas Gerais para
uma Brasília em construção em busca de oportunidades,
tendo sua história familiar fortemente atrelada aos anos
iniciais da Ditadura Militar.
Graduado em Comunicação Social, atuou como jornalista
em boa parte da sua carreira profissional.
Em 1992 fundou a editora Geração Editorial e relançou
alguns de seus livros: O Outro Lado do Paraíso (infanto-
juvenil), A Grande Ilusão, Um Projeto para o Brasil e Trevas
no Paraíso.
CONTO: “Trevas no paraíso” (1977-1978)
Programa de aulas
1ª aula: → contextualizar historicamente o Holocausto (Segunda Guerra
Mundial; avanço do poder Nazi-Fascista);
→ perseguição e genocídio da população judaica;
→ importância da preservação da Memória: relatos dos
sobreviventes, relatos escritos nos campos, citar e exemplificar literaturas
de testemunho.
Programa de aulas
2ª aula: → introduzir a história de “Maus:a história de um
sobrevivente”, de Art Spiegelman (1991)
→ selecionar partes do quadrinho;
→ apresentar um trecho do documentário “O
Judeu Eterno” (1940)
→ conversar com os alunos sobre a simbologia
da HQ; por que a imagem do rato? (buscar mais pontos
pra conversar com os alunos)
Programa de aulas
3ª aula: → leitura em sala do conto “Na minha cabeça suja, o Holocausto”, de
Moacyr Scliar (1986)
→ conversar com os alunos sobre o que tem de diferente no
conto. É relatado de sobrevivente ou de uma geração depois da dos
sobreviventes? Qual o ponto de vista do narrador? No que isso pode
influenciar o conto?
Programa de aulas
4ª aula: → leitura do conto “O retrato”, de Jacob Guinsburg (1946)
→ identificar os pontos semelhantes e diferentes do conto
de Scliar.
Programa de aulas
5ª aula: → contextualizar a Ditadura Militar e Repressão: os governos militares
(1964-1684)
1) falar de como se instalou a ditadura
2) AI Nº5 (14/12/1968): censura aos componentes divergentes da orientação
político-ideológica que orientava o regime; atentado ao ideal nacional; Estado como
defensor da nação e combate aos “inimigos internos” - governo Médici (1969-1974)
3) repressão aos autores (exemplificar com casos no teatro, na literatura e na
música)
Programa de aulas
6ª aula: → a Ditadura e a Música
“Apesar de você”, de Chico Buarque (1970)
“Pra não dizer que não falei das flores (Caminhando)”, de Geraldo Vandré (1967)
“Debaixo dos caracóis dos seus cabelos”, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos (1971)
Programa de aulas
7ª aula: → leitura de trechos do conto “Trevas no paraíso”, de Luiz Fernando
Emediato (1979); leitura integral como tarefa de casa
→ analisar e discutir o conto e o contexto histórico: justificar o
título do conto; a que período da história brasileira o conto se refere (Guerrilha do
Araguaia)
→ conversar sobre semelhanças e dissonâncias com os contos
sobre Holocausto (narrador criança, que busca reconstruir memórias de casos
traumáticos)
Programa de aulas
8ª aula: → leitura em sala do conto “Tio André”, de Bernardo Kucinski (2014)
→ analisar e discutir o conto e contexto histórico
→ discutir sobre o narrador-criança
Programa de aulas
9ª aula: exibição do filme "O ano que meus pais saíram
de férias", de Cao Hamburguer (2006)

10ª aula: → discussão sobre o filme


→ analisar e discutir o conto e o
contexto histórico; relação entre Ditadura e Copa de 70,
para desviar a atenção aos acontecimentos; papel da mídia
na censura; quais eram os principais alvos dos órgãos
de repressão
→ conversar sobre semelhanças e
dissonâncias com o conto do Emediato (narrador criança,
que busca reconstruir memórias de casos traumáticos)
PROSPECÇÃO - PROGRAMA DE AULAS
Antes das aulas, conversar com os alunos sobre o conhecimento que eles
têm sobre os eventos citados. O que eles sabem sobre Holocausto? Quais
filmes viram? E sobre ditadura? Quais músicas conhecem?
Proposta de PROJETOS - na prática
- Projeto que misture virtual e escrita. Levar fotos de pessoas de sumiram na
ditadura, fazer uma pesquisa breve sobre a vida deles e escrever o que eles poderiam
ser se não tivessem sumido (ex: Ana Kucinski poderia ter seguido a carreira
acadêmica na química, estar na livre docência, ter feito mais pesquisa etc)
- Criação de uma HQ coletiva (curta) sobre Ditadura Militar
- Fazer uma linha do tempo do episódio da guerra da Maria Antônia (entre USP e
Mackenzie)

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