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Mesa: Doenças Crônicas e Regulação

Estatal de Produtos de Uso Humano no


Contexto das Desigualdades Internacionais
em Saúde
TABAGISMO: UMA EPIDEMIA CONTROLÁVEL?

ABRASCO/GOIANIA
30 de julho 2015
José Agenor Álvares da Silva
EPIDEMIOLOGIA DO TABAGISMO
“ Todas as epidemias têm um meio
de contágio, um vetor que
dissemina doença e morte. Para a
epidemia do tabagismo, o vetor não
é um vírus, uma bactéria ou outro
microrganismo – ele é uma
indústria e sua estratégia de
negócio”.(OMS)
É LEGAL ,MAS É LETAL
 TABAGISMO – VETOR DA MAIOR CAUSA DE
MORTE EVITÁVEL DO MUNDO – 6
MILHÕES/ANO (OMS);

 NO BRASIL – 200 MIL/ANO (OMS);

 ALEM DAS DOENÇAS TABACO


RELACIONADAS – UMA NOVA DOENÇA –
FORA DA MÍDIA – A DOENÇA DA FOLHA
VERDE.
 A DOENÇA DA FOLHA VERDE: UMA NOVA
DOENÇA FORA DA MÍDIA.
 Proveniente da absorção dérmica da nicotina
consoante às condições insalubres de trabalho. Sem
qualquer equipamento de proteção individual (EPI) –
 Pelas condições sócio econômicas das famílias, a
colheita e transporte da folha de tabaco são feitos em
contato direto com a pele dos agricultores e isso
favorece a absorção da nicotina em quantidade
infinitamente superior à nicotina presente nos
produtos derivados dessa folha.
 DOENÇA DA FOLHA VERDE – Pesquisa em
Arapiraca (AL) e Candelária (RS)-(MS -
2007).
 Mostrou gravidade da situação - contaminação de crianças,
que mesmo em idade escolar, são utilizadas como mão de obra
na época da colheita em razão da grande demanda de trabalho
para as famílias.
 Exames de urina constataram a presença de nicotina entre os
grupos examinados, mesmo quando não fumante, em
proporção superior à encontrada em fumantes contumazes.
 Os principais sintomas da doença são: dores de cabeça,
tontura, náuseas e cólica, entre outros.
REGULAÇÃO NO BRASIL
 No Brasil a regulação dos produtos derivados do Tabaco
tem início em 1988: frases de advertência, comerciais só
após as 21 horas; proibição de correlacionar o produto
com embalagens com simulaão de alimentos; proibe
venda pela internet e propaganda em jornais, revistas e
eventos culturais; normatiza embalagens; proibe
descritores, entre outros.

 Faltava uma regulação sobre os aditivos que tornava os


produtos mais palataveis e favorecer a iniciação ao
tabagismo, principalmente, para jovens e adolescente.
Consulta
Pública 112 da
ANVISA
Reação dos aliados
da indústria no setor
fumageiro
Consulta
Pública 117 da
ANVISA
Reação dos
aliados da indústria
da hospitalidade

Jornais mais
importantes do
Brasil
Consulta Pública
112 e 117 da
ANVISA
Reação dos aliados da
indústria da hospitalidade

Jornais mais importantes


do Brasil
Site da
ABRASEL
março de
2011
Site da ABIP –
Associação
Brasileira das
Indústrias de
Panificação e
(com apoio da
SINDICOM – Sindicato
dos Distribuidores de
Combustíveis)
Respostas às Consultas públicas
REGULAÇÃO INTERNACIONAL
 1 - CANADÁ – TRÊS PROVINCIAS:
Nova Escócia - proibida a venda de tabaco aromatizado. Exceção
charutos; vigência a partir de 31/05/2015;
Alberta: produtos derivados do tabaco com sabor estão proibidos,
com algumas exceções: charutos (que custam mais de US $ 4 cada e
pesam cinco gramas ou mais) e fumo para cachimbo. Produtos com
mentol estão isentos até 30 de setembro de 2015;
New Brunswick - proibido produtos derivados do tabaco com
aditivos de sabor, incluindo os que contêm mentol – a partir de 01
de janeiro de 2016.
2 - CHILE – Senado aprovou a restrição do uso de aditivos,
inclusive o mentol.
3 – Vários outros países
A Nova Face da Indústria do Tabaco:
“Responsabilidade
Social Empresarial está
ligada à maneira de
gerenciar e não ao
produto em si. Eu não
conheço uma definição
de Responsabilidade
Social que trabalhe
prioritariamente sobre o
produto” José Roberto
Cosmo, gerente de
planejamento em
assuntos corporativos
da Souza Cruz.
REGULAÇÃO E O PODER DO LOBBY

 DENÚNCIA RECENTE (16/07/2015) DE INSTITUIÇÕES QUE


LUTAM CONTRA O TABACO NO MUNDO APÓS UMA SÉRIE
DE REPORTAGENS DO THE NEW YORK TIMES.
 PRESSÃO DA CÂMARA DE COMERCIO DOS EUA EM FAVOR
DA INDÚSTRIA E CONTRA PAÍSES QUE IMPLEMENTAM
POLÍTICAS CONTRA O TABAGISMO.
 DENÚNCIA ASSINADA POR VÁRIAS INSTITUIÇÕES DE
DEFESA DA LUTA CONTRA O TABAGISMO NO MUNDO.
PRESSÃO da Am Cham

A Câmara de Comercio dos EUA apoia a industria do


tabaco contra as políticas públicas “para salvar vidas
em varios países”, tais como Burkina Faso, El Salvador,
Jamaica, Kosovo, Moldavia, Nepal, Filipinas, Uruguay e
Ucrania, além de Australia, Irlanda, etc.

A Câmara de Comercio dos EUA se defende afirmando que


suas atividades, em nome da industria do tabaco, envolvem
a proteção da propriedade intelectual e das patentes de
marcas registradas.
 TRECHO DE CARTA DA AMCHAM
 ... considerando a importância do mercado de produtos de tabaco
para a economia da República da Moldávia, gostaríamos de chamar
a sua atenção que a indústria do tabaco é um dos principais
contribuintes do Estado. Em 2013-2014, cerca de 5% das receitas
fiscais do Estado foram provenientes do imposto de consumo sobre
os produtos do tabaco. Além disso, existem mais de 10.000 POS de
venda de produtos de tabaco, e cerca de 40.000 cidadãos moldavos
estão direta ou indiretamente ativo na indústria do tabaco.
 Estamos convencidos de que, especialmente agora, que a República
da Moldávia assinou o Acordo de Associação com a União
Europeia, deve garantir a adesão aos valores europeus e do Estado
de Direito, incluindo a supremacia da lei.
 Em conclusão, nós respeitosamente solicitamos uma reunião de
emergência com você e os representantes da comissão especializada
envolvidos no processo de revisão do regulamento.
 El informe, “Humo que sopla de las grandes
tabacaleras”, fue publicado por Campaign for
Tobacco-Free Kids (Campaña para Niños Libres de
Tabaco), Public Citizen (Ciudadano Público),
Corporate Accountability International, la Alianza
del Convenio Marco, Action on Smoking and
Health (Acción para el Tabaco y la Salud, Estados
Unidos), Smoke-Free Partnership (Alianza Libre
de Humo), InterAmerican Heart Foundation
(Fundación Interamericana del Corazón),
Southeast Asia Tobacco Control Alliance (Alianza
para el Control del Tabaco del Sudeste de Asia) y la
African Tobacco Control Alliance (Alianza
Africana para el Control del Tabaco).
 Recomendações do informe:
 Los gobiernos deben rechazar los argumentos engañosos y amenazas
de la Cámara de Comercio de EE.UU. y sus afiliados, y adoptar las
medidas de control de tabaco requeridas por el Tratado del FCTC.
 Los gobiernos deberían proteger las políticas de salud pública contra la
interferencia de la industria tabacalera y sus aliados, también como lo
exige el Tratado.
 Los acuerdos internacionales de comercio e inversión deben proteger el
derecho soberano de los gobiernos para adoptar medidas de salud
pública encaminadas a reducir el consumo de tabaco y sus daños.
 La Cámara de Comercio de EE.UU. y sus afiliados de AmCham deben
revelar públicamente sus donantes para que los legisladores y otros
funcionarios del gobierno puedan estar plenamente informados acerca
de sus relaciones con la industria del tabaco.
 Para leer el informe completo acuda a: www.tfk.org./uschamber
O QUOCIENTE DE FELICIDADE
 Associam este quociente ao fator felicidade para compensar
a perda do prazer que os fumantes sofrem ao parar de
fumar em contraposição à redução dos riscos de
adoecimento, incapacidade e mortes. As supostas perdas
econômicas do segmento industrial em questão devem ser
compensadas em até 70% numa relação custo benefício do
produto em relação às restrições de seu consumo.
O QUOCIENTE DE FELICIDADE
 Enterrado nos novos regulamentos de tabaco do governo federal (FDA)
é um cálculo pouco conhecido de custo-benefício que os especialistas
de saúde pública veem como potencialmente venenosos: o quociente
de felicidade. Assume-se que os benefícios da redução do tabagismo -
menos mortes e doenças dos pulmões e do coração, em primeiro lugar,
tem que ser descontado em 70 por cento para compensar a perda de
prazer que os fumantes sofrem quando desistir de seu hábito.

 “A idéia de felicidade perdida é nova para a regulação da saúde. Mas


veio à tona como parte de uma exigência de longa data - primeira
codificada sob o presidente Bill Clinton - que cada conjunto de
regulamentos federais com efeito de US$ 100.000.000 sobre a economia
precisa de uma análise para evitar a adoção de regulamentos com
altos custos e baixos benefícios”. (TNY times)
O QUOCIENTE DE FELICIDADE
 A introdução de um "presumível desconto" do fator
"felicidade" ou de perda do prazer que os fumantes sofrem
quando deixam de fumar (perdas) em 70%
como contraposição à redução dos riscos de adoecimento,
incapacidade e mortes (benefícios) no cálculo do custo-
benefício de uma medida de saúde pública.
 Associam este quociente ao fator felicidade para
compensar a perda do prazer que os fumantes sofrem ao
parar de fumar em contraposição à redução dos riscos de
adoecimento, incapacidade e mortes. As supostas perdas
econômicas do segmento industrial em questão devem ser
compensadas em até 70% numa relação custo benefício do
produto em relação às restrições de seu consumo.
NO BRASIL: ESTADO ASSUMIR SEU PAPEL
 O cultivo do tabaco foi incentivado pelo Estado;
 Folhas de tabaco – campo nuclear do complexo
produtivo dos derivados do tabaco;
 Milhares de famílias de agricultores,
majoritariamente no campo da agricultura
familiar com propriedades, em média, entre 10 e
15 ha;
 Produção para um único comprador;
 Dependência de financiamento bancário e aval da
indústria.
 Plano de reconversão da atividade financiado e
subsidiado pelo ESTADO BRASILEIRO.
“O TABACO É O ÚNICO
PRODUTO DE CONSUMO LEGAL
QUE MATA QUANDO USADO
EXATAMENTE DE ACORDO COM
AS INSTRUÇÕES DO
FABRICANTE”.
É letal, mas é legal
OBRIGADO
joseagenor@fiocruz.br
DIREB/BRASÍLIA

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