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História da música 2

Período clássico e romântico da música europeia


Principal bibliografia sobre história
da música "ocidental" em português

• História da Música Ocidental — Grout; Palisca

• Uma breve história da música — Roy Bennett

• História Universal da Música — Roland de Candé


• EMENTA: formação musical: estilos, formas
musicais, aspectos históricos sociais, políticos e
econômicos, padrões estéticos e filosóficos da
época e suas influências para música do período
clássico ao início do século XX. Interações com a
música no Brasil.
Objetivos
• GERAL: Reconhecer e entender o processo
histórico da música ocidental, tencionando o
desenvolvimento do espírito de análise e
investigação como ingredientes indispensáveis ao
entendimento das manifestações musicais do nosso
tempo

• ESPECÍFICOS: Perceber as diferenças e


características das formas vocais e instrumentais ao
longo da história.
Conhecer as diferentes vertentes da música ocidental e
sua influência para a contemporaneidade.

Entender a música enquanto expressão de um


determinado contexto, comprometida com aspectos
sócio-econômicos e com as condições materiais e
espirituais de épocas e culturas específicas.

Reconhecer e diferenciar a músicas dos períodos


estudados.

Desenvolver o potencial crítico-reflexivo e de habilidades


de sistematização e pesquisa.
Plano de curso
• 3/4 Apresentação

• 10/4 e 17/4 Classicismo — Contexto histórico-


social; características gerais; Reflexão sobre a
função da história.

• 24/4 Classicismo — música vocal/instrumental;


principais formas e gêneros; a forma sonata.

• 8/5 e 15/5 Principais compositores; características;


biografia; apreciação de obras chave
• 22/5 Apresentação de trabalhos

• 29/5 e 5/6 Romantismo — Contexto histórico-social;


características gerais;

• 12/6 Romantismo — música vocal/instrumental;


principais formas e gêneros; o Lied

• 19/6 e 26/6 Romantismo — Principais compositores;


características; biografia; apreciação de obras chave

• 3/7 e10/7 — Apresentação de trabalho e prova final


respectivamente.
Aula 10/4
Revisão dos períodos anteriores (idade
média, Renascimento e Barroco);
Perspectiva crítica
• Não existe imparcialidade. Todo conhecimento tem
uma base ideológica (Paulo Freire)

• Eurocentrismo; Positivismo;

• Desenvolvimento e progresso x Transmutação do


poder e dominação.

• Música enquanto manifestação social x Música


enquanto arte
• Superioridade implícita na visão tradicional sobre
música de concerto em relação à popular. (questão
do registro, tanto historiográfico quanto de
partituras).

• A própria natureza do “conhecimento”, como é


ensinado e transmitido é ideológica (ideologia
dominante); categorias; instituições.

• O que fazer?
Revisão — Idade Média
• 800 -1400

• Feudalismo — surge após a decadência do Império


Romano (Império bizantino e invasões); Idade Média
Alta e baixo; Peste

• Poder local - Senhor feudal (Nobreza medieval); Poder


Nacional - Monarquia; Poder Universal - igreja católica
(Papado)

• Escolástica e as primeiras universidades —Justificação


do poder divino
• Cantochão ou canto gregoriano — Monódico;
principalmente movido por graus conjuntos; ritmo livre;
latin; missa;

• Modos gregos; notação neumática;

• Organum paralelo (sec.IX); surgimento da polifonia —


Organum livre (sec. XI); Organum melismático (XII)

• Leonin; Perotin (Notre Dame)

• Trovadores e canções — ligação com dança e poesia.


• Trovadores e as canções — Ligação com a poesia
e dança

• Ars-Nova — desenvolvimento da polifonia; ritmos


flexíveis; intervalos

• Guilhaume de Machaut; Missa (Kirie, Glória, Credo,


Sanctus e Agnus Dei)
Renascimento
• +-1400 até o 1600

• Grande Interesse ao saber e cultura; Retomada de


ideias greco-romanas; Observação, questionamento
e dedução em oposição ao dogmatismo do período
anterior; Avanços na ciência e astronomia; Grandes
navegações; “descoberta” das Américas;
Humanismo.

• Transição do Feudalismo para o absolutismo e


capitalismo comercial, acumulação material.
• Grande desenvolvimento da polifonia; imitação;
desenvolvimento da harmonia — ampliação de recurso
permite maior expressão; texturas mais cheias

• Grande desenvolvimento da música vocal (ex.: policoral)


principalmente sacra em consequência à srs nova;
Crescente valorização da música secular e incorporação
nos modelos sacros; Surgem composições especificamente
para instrumentos (ex.: alaúde renascentista), instrumentos
eram divididos em baixos e altos (volume)

• Motetos; Madrigais; Ballets, Arye; Canções populares


(provavelmente acompanhadas por instrumentos - caracter
de dança
Barroco
• 1600 -1750

• Consolidação do absolutismo e estados nacionais;


Contra-reforma na igreja católica (Retorno a um
pensamento mais dogmático); Crescimento da burguesia;
Jesuitas; Continuação do desenvolvimento científico e
humanista

• Função do músico de corte se estabelece; O conceito de


arte (atividade intelectual, louvável) como entendemos
hoje é formada. Estabelecimento da “tradição” da música
de concerto
• Abandono dos modos gregos e estabelecimento do
tonalismo, maior e menor (primeiro tratado de harmonia
de Rameau); Invenção de muitas formas musicais
conhecidas e usadas até hoje; grande desenvolvimento
dos instrumentos (ex.: violino); Música instrumental
ganha o mesmo prestígio da música vocal; Surgimento
da ópera; Primórdios da orquestra.

• Surgimento do "novo estilo" (melodia acompanhada);


baixo contínuo ou cifra (cravo); Transição e coexistência
de estilos mais polifonias que caracterizavam a
renascença para estilos mais enxutos-formais (com
textura homofônica e de melodia acompanhada)
• Exuberância musical, ritmos enérgicos, imprecisão
formal, linhas melódicas extensas, muita
ornamentação, grandes contrastes de dinâmica e
timbre.

• Ópera, Oratório (ópera bíblica), Cantata, Tocata, Fuga,


Invenção, Suite (Prelúdio, Allemande, Courante,
Sarabanda, Giga, Gavotte [algumas em forma rondó],
Recitativo, Tema e Variações, Concerto Grosso,
Abertura Italiana, Abertura Francesa, Sonata Barroca.

• Monteverdi, Vivaldi, Scarlatti, Lully, Purcell, Rameau,


Haendel, Bach
Aula 17/4
Contexto histórico social e características gerais do
Classicismo
Classicismo
• 1730 - 1820

• Contexto histórico-social (absolutismo-colonialismo, capitalismo


mercantil/ascensão da burguesia, Iluminismo, revolução francesa,
nascimento da ideologia liberal)

• Pensamento estético clássico, re-retomada greco-romana;


Superioridade eurocêntrica; Estabelecimento da tradição da música de
concerto.

• Características gerais; Transição do barroco ao clássico, A Orquestra

• Forma Sonata, Sinfonia, Música de Câmara, Ópera, Música vocal

• Principais Compositores
Absolutismo-Colonialismo
• Também conhecido com antigo regime (Idade
Moderna), foi o sistema político-social que predominou
na europa e em suas colônias entre século XV e XIX,
ou seja, perpassando o final da idade média até
período Romântico, estudados nessa disciplina.

• Surge em decorrência da transformação do modo de


produção feudalista para o capitalista primitivo
(mercantilista) e tem seu declínio, a partir da revolução
industrial, na transição do capitalismo mercantil para o
industrial.
Principais características
• Economia baseada na agricultura e no trafego
comercial de escravos; extração mineral e agrícola
(Espanha e Portugal)

• Sociedade fortemente estratificada (classes sociais


extremamente intransponíveis): Trabalhadores
braçais < Artífices < Lavradores < Burguesia < Clero
< Nobreza

• Poder Absoluto do Rei.


Aliança Rei-Burguesia
• A Burguesia, a partir do final da idade média, com
as cruzadas e gradual desenvolvimento do
comércio, progressivamente vai ganhando força e
influência política (principalmente pela acumulação
de capital). Nessa transição de uma sociedade
feudal para uma mercantil (que coincide com o
Renascimento, mas se estende até o fim do
classicismo) unem-se os interesses da burguesia
aos da nobreza nacional-monarquica, que antes
dividia sua influência com o poder universal (igreja
católica) e nobreza feudal (Local):
• À Burguesia interessava a unificação monetária, fiscal,
Jurídica e territorial promovida pela centralização do
poder na monarquia; A burguesia por sua vez financiava,
através de impostos a monarquia e seus luxos.

• A adoção de mecanismos protecionistas e incentivo do


comercio a nível nacional e colonial contribuiu para o
enfraquecimento da nobreza feudal e por consequência
garantindo a supremacia política do rei.

• As reformas religiosas (Reforma protestante e Contra-


Reforma católica) enfraqueceram o poder universal da
igreja também fortalecendo a monarquia.
Mecanismos absolutistas
• Economia mercantilista (Metalismo, Tráfico
escravocrata [agricultura, ex.: café], Cunhagem de
moedas, Intervencionismo, Monopólio comercial,
Teoria da balança comercial favorável)

• Criação de exército nacional (centralização e poder)

• Controle Legislativo e Judicial nas mãos do Rei.

• Corte, Corpo burocrático (funcionários


administrativos, obras, etc.)
Iluminismo
• A partir de meados do século XVIII (período clássico)
surge o que ficou conhecido como um movimento
filosófico, intelectual e científico. Representando
basicamente a visão de mundo da burguesia, é
caracterizado pelo racionalismo, cientificismo, anti-
absolutismo, anti-clericalismo, liberalismo econômico e
defesa das liberdades individuais.

• Grande salto político-filosófico se comparado aos


pensadores anteriores de carácter bem mais dogmático:
Maquiavel, Hobbes, Bossuet, Boldin (Justificação do
absolutismo)
• Liberdade econômica; Liberdade individual; Fraternidade;
Democracia (estado constitucional, com poderes definidos
e delimitados); Ciência sobre os dogmas religiosos;
Universalidade, Individualidade e Autonomia.

• Base do pensamento político atual, influenciaram


revoluções e diversas mudanças políticas na europa e no
mundo (ex.: revolução americana).

• Locke (empirismo, combatia o determinismo divino);


Montesquieu (legislativo, executivo, judiciário); Voltaire
(anti-clerical, racionalismo); Diderot (enciclopédia);
Rousseau (o homem é bom, a sociedade que o corrompe;
origem das desigualdades; democrata)
Revolução francesa e
Despotismo esclarecido
• Influenciados pelas ideias iluministas, cansados
com os desmandos do Rei Luis XIV — por conta de
crise econômica —, a burguesia, liderando camadas
mais populares, organiza um levante contra o
absolutismo Francês, toma o poder e instaura uma
democracia sob o lema igualdade, liberdade e
fraternidade. Após um período de grande
instabilidade e conflitos internos o governo se
estabiliza nas mão de Napoleão, que, ironicamente
se caracteriza por um império de expansão — desta
vez apoiado pela burguesia.
• Despotismo Esclarecido: Reis que no final do séc.
XVIII, sob influência das ideias iluministas,
comandavam de forma mais justa atendendo e
promovendo mudanças de caracter mais social-
liberal. (Austria, Russia e Prússia — países mais
agrários com burguesia menos desenvolvida o
estado toma o lugar da burguesia) (criação de
universidades, liberdade de imprensa, fim de
torturas, obras de bem público, diminuição do poder
clerical [ex.:Pompal Portugal])
Nascimento da Ideologia
Liberal
• Importante entender esses acontecimentos e
mudanças políticas sempre em decorrência de uma
mudança estrutural mais fundamental da sociedade.
Segundo Marx, há uma primazia do modo de
produção de uma sociedade em relação a
construção de seu pensamento (ideologia). As
mudança políticas e pensamento liberal só
acompanharam pela gradual crescimento da classe
burguesa e necessidade e ajuste ideológico para
próxima fase, industrial, do capitalismo.
• A Burguesia que se instaura no novo modo de produção
como a classe dominante (tomando o lugar da nobreza) e
necessita de novo pensamento (ideologia) tanto para sí, no
sentido da legitimação de seus privilégios, mas
principalmente para dominação, através da alienação, que
se concretiza na âmago de suas instituições (família,
escola, igreja, mídia).

• O discurso da que a razão e o conhecimento como agentes


da mudança social mascara a dominação e desigualdade
existente — até hoje; A falsa idéia de liberdade e
democracia; A Família como a responsável pelo bem-estar
da coletividade; A escola pela preparação da mão-de-obra
e ensinamento da ordem social; O Individualismo.
Pensamento estético
Classico
• O pensamento estético — a arte como atividade libertadora —
também funciona, em conjunto com todas os outros aparelhos,
como função ideóloga (falsificação da realidade) de uma
sociedade.

• A estética clássica nasce como o estudo do belo; da fruição; do


deleite desinteressado; Aproximação da natureza; Arte como
função decorativa; Kant (o belo muda entretanto o parâmetro de
julgamento é o sentimentos); Retomada a estética greco-romana,
metafísica, de valores morais.

• Sugere a superioridade da arte européia; Se afasta da arte


enquanto linguagem; Estabelece uma tradição (ex.: musicologia
estudo da partitura) cultural que atropofage outras culturas.
• Novo público e mercado artístico (burguesia e
ascensão da classe média); popularização da arte e
do ensino (requer novas temáticas e forma de
apresentação); Mecenato em declínio, subimento de
concertos “públicos” pagos (salas de concerto);
Partituras para amadores.

• Musica devia ir de encontro ao ouvinte; cativar e


comover sem propor muita dificuldade de
apreensão; Inicialmente de imitar a natureza depois
surge a teoria de sua natureza intrínseca;
Aula 24/4
Características da música do período clássico e a forma
sonata
Observação!
• Interessante lembrar que nas outras “artes” se classifica
como classicismo o período da renascença — o que ocorre
no séc. XVIII é chamado de neoclassicismo. Suas
características gerais (da renascença-classicismo, ex. artes
plásticas) são a valorização da cultura greco-romana, o
universalismo, perfeição formal, mitologia e o humanismo.

• Por conta das grandes mudanças nas características


musicais, mas principalmente pelo que veio a representar
dentro da tradição da música de concerto, convencionou-se
chamar a música do sec. XVIII de clássica.
Características gerais da
música classica
• Texturas mais homofônicas, leves e claras; Melodia
acompanhada; Baixo de Alberti

• Estilo galante (leve; procura agradar o ouvinte;


identificamos alegre e com pouca profundidade estética)
especialmente na transição

• Ênfase na "beleza" e na “graça”, proporção e equilíbrio,


moderação e controle.

• Maior coesão formal (geralmente associada aos ideais


de proporção e equilíbrio da estética clássica)
• Ritmo harmônico mais lento, trocas geralmente nos tempos
fortes e inícios de compasso

• Melodias regulares, mais curtas e simples, estrutura


periódica (frases bem delineadas e cadências bem
definidas)

• Maior variedade e contraste em uma peça: de tonalidades,


melodias, ritmos e dinâmica (crescendo, sforzando);
frequentes mudanças de disposição e timbres

• Orquestra cresce em tamanho e âmbito; o cravo cai em


desuso e as madeiras se tornam uma seção independente
• O cravo é substituído pelo piano: as primeiras músicas para
piano são pobres em textura, com largo emprego do
baixote Alberti (Haydn e Mozart), mas depois se tornam
mais sonoras, ricas e vigorosas (Beethoven)

• Atribui-se importância à musica instrumental — muitos tipo:


sonata, trio, quarteto de cordas sinfonia, concerto,
serenata, divertimento

• A forma alegro sonata aparece como a concepção mais


importante — usada para o primeiro movimento de quase
todas as grandes obras, mas também em outros
movimentos e em peça isoladas (como as aberturas)
Transição do Barroco para o
Clássico
• A Transição não é linear, não se deve entender os
dois períodos de forma opositora. Ao mesmo tempo
que houveram mudanças, muitas característica foram
se consolidando e representam um continuum na
tradição clássica: o estabelecimento de uma cultura
superior e auto-visão progressista (dentro da lógica
ideológica classicista e de transmutação do poder [da
nobreza absolutista à burguesia]); a busca em
direção a uma arte mais abstrata, que se concretiza
na crescente valorização da música instrumental, na
forma sonata e na sinfonia;
• O estilo “antigo” e o “novo” (barroco x clássico)
conviveram por algum tempo. Suas principais
diferenças foram: a forma de compor as melodias,
antes (antigo) continuas através da peça, depois
(novo) articuladas num sistema periódico, gerando
mais contrates dentro da peça; a principal técnica
usada deixa de ser conta-ponto e o pensamento
compositivo se volta mais para as macro-estruturas;
Há também um gradual aumento no tratamento das
dinâmicas e do timbre por parte dos compositores;
Também é facilmente notável a “simplificação”
temática (em partes por influência da ópera),
principalmente nos compositores da transição.
• Para a composição ainda: a nova sintaxe muito
mais linear contrasta com constante mudança
motívica anterior e baixo continuo; Abandona-se a
ideia de afecto ou emoção fundamental passa a se
fazer muito mais contrastes internos do movimento
(ou mesmo dentro de um tema); Diminuição gradual
da ornamentação;

• Os compositores (da transição) Domenico Scarlatti,


C.P.E. Bach, J.C. Bach e Stamitz foram
fundamentais para a instauração do novo estilo e
desenvolvimento da forma sonata.
• No período clássico a orquestra se consolida, assim
como o piano, no centro do panteon da tradição de
concerto em importância (a sinfonia e os concertos);
Perde-se o baixo continuo e responsabilidade de a dirigir
passa ao spala (não existia maestro ainda); Cresce em
número, mas ainda era muito menor que atual; A
orquestração habitual confia às corda praticamente todo
o material musical, usando as madeiras e metais para
dobramentos.

• A música de câmara também ganha muito mais


expressão e importância também se “libertando” do
cravo. O quarteto de cordas se torna o formato por
excelência, dos compositores. A Serenata veneziana
Forma Sonata
• A história da sonata é contada à semelhança da própria
história do período clássico: Se delinea a partir das trio-
sonatas e canzona barrocas, estabelece-se enquanto
padrão formal e representa uma grande mudança no
pensamento compositivo — e posteriormente
musicológico, pedagógico e teoricamente — em direção à
abstração, da elaboração do sistema tonal.

• É importantes termos em mente que a forma como


compreendemos, de forma esquemática, só foi definida
no período seguinte por teóricos-analistas, e apesar
desses estudos se basearem no repertório mais tocado
(Haynd, Mozart e Beethoven), existem muitas exceções
práticas e esse modelo é, naturalmente, bem flexível.
• É importante diferenciar a sonata do allegro de sonata:
esta primeira se refere a um nível formal maior que se
caracteriza por três movimentos (rápido - lento - rápido)
enquanto a segunda por uma estrutura específica muito
usada até a hoje (caracteriza-se também por ter três
partes: exposição, desenvolvimento e reexposição).

• A sonata de três movimentos também se desdobrou


noutra macro-forma muito usada a sinfonia, para
orquestra, onde além dos três movimentos típicos se
introduziu mais um movimento (há exceções) entre o
movimento lento e o rápido final: uma dança ou scerzo
Aula 8/5
A ópera; Os principais compositores e sua obra.
Trabalho para entregar dia
05/06
• Transição entre o período barroco e o clássico na
música de concerto europeia: discorra sobre as
principais mudanças e continuidades nas
características musicais, relacione-as com mudanças
sócio-culturais vividas nestes períodos. (1 lauda)

• A ópera no século XVIII: discorra sobre as principais


características musicais-cenográficas tencionando a
reforma encabeçada por Gluck com questões socio-
culturais e a influência do ideal iluminista para as
artes. (1 lauda)
A ópera
• Proveniente da cultura popular de mestres flamencos e
venezianos, no final da renascença, a ópera é um
gênero teatral e musical que se desenvolveu no
barroco e ganhou grande expressão no período
clássico. A princípio uma tradição muito forte na Itália,
se espalhou por toda a Europa, sendo muito apreciada
pela nova classe média. Inicialmente um divertimento
aristocrático, após uma reforma no período clássico,
prenuncia uma nova função-social à noção de arte e a
profissão do músicos: a do mercado do
entretenimento, e a do profissional liberal (a própria
visão do artista como temos hoje, que se consolidou
no período seguinte, o romantismo)
• Uma tradição específica e distinta (entre o teatro e
música) ao mesmo tempo que dentro da tradição da
música clássica

• Uma ação desenvolvida, geralmente dramática,


também podendo ser cômica e satírica (ópera buffa).
Em muitos casos envolve o drama de um casal
principal; um ato heróico; valores morais; o tirano
magnâmico e a feiticeira são outras figuras
recorrentes.

• Divida em atos (dois ou três) — além de uma abertura


instrumental (a qual se relega ser uma das formas
percursoras da sonata) — a ópera é a intercalação de
recitativos e árias. Esta primeira algo entre a fala e o
canto; a segunda, canção com forma muito variável
• Até a metade do séc XVIII a ópera tinha uma
característica mais coletiva de criação (libreto/
compositor/cantores/montagem); Cada vez mais, o
que ficaram conhecidos como maneirismos
(exageros cenográficos e musicais) foram
aumentando, o cantor ganhando importância
(virtuosismo dos castrati, coloraturas) e as árias
mais peso do que os recitativos (o que diz-se
simbolizar a vitória do gosto popular sobre o
requinte aristocrático);

• O desenvolvimento de estilos nacionais, muito por


conta das peculiaridades vocais de cada língua,
acompanhava rivalidades entre estes países
(ex.:Italia x França)
• Os principais compositores de ópera do período
barroco foram Monteverdi, Alessandro Scarlatti
(entre outros muitos italianos), Haendel, Rameau,
Lully, Purcell..

• Em meados do séc. XVIII ocorre uma reforma


encabeçada por Gluck transformou a ópera pelos
ideias remodelaram os outros gêneros nesse
período: Clara, simples, racional, fiel à natureza;
Contra o aspecto espetacular (pompa barroca), a
fragmentação cênica, e a improvisação vocal nas
árias da capo; Valorização do coro e dos recitativos
e a redução da ária;
• As diferenças nacionais se flexibilizam mas ainda se
mantém, inclusive com surgimentos de novos sub-
gêneros (comedie-lyrique, singspiel, ballad-opera,
intermezzo, etc..); As aberturas e as orquestra
ganham maior importância, e as árias e os
recitativos assimilam procedimentos da música
instrumental. Principalmente a partir de Mozart as
óperas ganham temáticas mais contemporânea
(afastamento da temática mitológica-greco-romana)
com personagens como o nobre, o criado, o
soldado, o camponês — por vezes abordando
tensões sociais (ex.:Figaro, Flauta mágica estreadas
pouco antes da revolução francesa)
Os principais compositores
• Uma forma tradicional de se contar a história da
música europeia é a partir da biografia de seus
compositores. Se por um lado é importante para
uma história se conhecer seus personagens, por
outro lado, dentro desse âmbito há uma sabida
super-estimação dessa figura, que inclusive
contribuiu para criação de estereótipos
romantizados, e todo um enfoque desequilibrado,
na musicologia tradicional, da partitura e do extra-
musical sobre a performance em si (crítica na nova
musicologia)
Domenico Scarlatti (1865 - 1757)
• Italiano, trabalhou em cortes na Itália, na Espanha e
Portugal.

• Maior representante da transição entre o Barroco e


Clássico; A maior parte de sua obra são sonatas
para cravo/piano, compôs mais de 500. Essas
sonatas tem grande relevância para a teoria-análise
musical pois apesar de ainda não apresentam a
forma allegro-sonata, pelo tratamento do material
temático, apresentam a transposição característica,
mesmo que ainda sob a forma AABB da sonata
barroca.
Johann Stamitz (1717-57)
• Tcheco, radicado na alemanhã; Violinista; Trabalhou
na corte de Mannhein e dirigia uma orquestra que ficou
muito famosa pela virtuosidade e versatilidade, na
direção do que conhecemos hoje (uso mais frequente
do crescendo e do dimunuendo, maior amplitude
dinâmica);

• Relega-se (juntamente Wagenseil e outros vienenses)


ser o precursor da estilo sinfônico, que vai vir ganhar
grande importância até os dias de hoje dentro da
tradição de concerto (compôs 58 sinfonias, além
muitos concertos, música de câmara e vocal) e foi um
dos primeiros a introduzir um segundo tema
contrastante na forma allegro-sonata;
C.P.E. Bach (1714-88) e J.C. Bach (1735-82)
• Este primeiro fez carreira na Alemanha, na corte de
rei, em Berlim, e posteriormente em igrejas de
Hamburgo; Oratórias (ópera sacra), sinfonias,
música de câmara, muitas peças para cravo/piano;
Ensaio sobre ornamentação. Representante do
empfindsamer still (strum and drang); Desenvolveu o
desenvolvimento :D (forma sonata)

• O segundo trabalhou na Italia como organista, na


catedral de Milão, depois se mudou para Londres
onde foi compositor, executante, professor,
empresário (mas corte tbm); Mais conhecido pelos
seus concertos para piano, compôs operas,
sinfonias, sonatas; Representante do esilo galante.
Christoph Willibald Gluck (1714-87)
• Alemão, filho de não músicos, trabalhou mais
“liberalmente” que outros compositores (apesar de
ainda muito ligado às cortes): formação na Italia,
passagem por londres, companhia de ópera itinerante,
e estabeleceu-se na corte de viena; Renomado, teve
carreira paralela nas cortes de Paris;

• Apesar de ter composto noutros estilos é amplamente


conhecido por suas óperas e a reforma que promoveu
neste gênero. Além das características já mencionadas
aqui, foi o primeiro a caracterizar os personagens
musicalmente, e defendia a música servir à poesia.
Buscou uma síntese dos estilos fra e it
Haydn (1732-1809)
• Compositor mais produtivo de sua época, junto com
Mozart e Beethoven, personifica o estilo clássico-
vienense que teve enorme influência na tradição
"erudita” que se segue; Um dos últimos
compositores a trabalhar para um nobre, viveu a
maior da vida em Eszterhaza, a serviço uma família
nobre húngara; Em seus anos finais se fixa em
Viena (passagem de alguns anos em Londres) já
como compositor “liberal”

• É considerado o pai da sinfonia clássica (108) e do


quarteto de cordas (83), mas compôs muitas
óperas, concertos, trios e música sacra.
• Sua obra é geralmente divida em vocal e
instrumental (sem grandes fases estéticas)

• Sua grande relevância dentro da tradição se deve


ao fato de ter praticamente inventado a forma
allegro-sonata como conhecemos hoje
(formalmente foi C.P.E Bach, porém Haydn
inaugurou vários procedimentos composicionais
típicos que passarão a ser muito usados); Ter
criado um novo estilo sinfônico que se tem por
característica a auto-suficiência do conjunto
instrumental de cordas, uma nova “polifonia-
instrumental” (paradoxalmente homofônica em
relação a textura) sem o apoio harmônico do baixo
contínuo; Desenvolveu e sintetizou uma linguagem
musical e o estilo de seu tempo-meio-social.
Wolfgang Amadeus Mozart (1755-91)
• Conhecido — muitas vezes hiper-fantasiado — por
sua genialidade, apesar de ter morrido jovem,
deixou uma grande obra musical; Viajou como
jovem prodígio pela Europa; Trabalhou a maior
parte de sua vida para os nobre de sua cidade,
Salzburgo, porém atendia muitas composições por
encomendas de outros pontos da Europa, onde
ficou famoso por suas viagens; Viveu os últimos
anos como compositor liberal quando passou por
dificuldades financeiras.

• 20 ópera, 17 missas, 29 conc. piano, conc. muitos


instrumentos, muitas sonatas piano, 41 sinfo, 27 qu
• Juntamente com Haydn, representa o estilo clássico
— do ponto de vista formal e compositivo — que
veio a ser o eleito como ideal para a tradição da
música de concerto que se segue (menos
conservador e mais dramático que seu
contemporâneo e amigo); Desenvolveu o allegro-
sonata e a sinfonia, e foi continuador da reforma
operistica; Apesar de dominar e estar plenamente
inserido o estilo galante de sua época, sua música
aponta para uma recomplexificação temática que
estéticamente veio a ser considerada mais profunda
e artísticamente relevante (Beethoven apontando
nessa direção mais ainda).
Ludwig van Beethoven (1770-1827)
Texto Treitler
• Historiografia não-materialista, mítica e ideológica
(ascenção e superioridade da cultura europeia);
Questão da representação; Positivismo; Dualidade
Clássico/ não clássico;

• Exclusão histórica da música negra e os próprios


conceitos e axiomas ligados ao conceito de Obra
musical; A capacidade de escrita como paradigma,
e por consequência o pouco enfoque na
performance (musicologia tradicional);
• Objetividade descentralizada estranha ao espírito
africano; incorporação a poesia contra metodo
acadêmico positivista; Música negra só pode ser
compreendida a partir da experiência afro-
americana;

• Dentro do suposto método impessoal, a história não


seria sempre um representação? (busca pelo
materialismo)

• Novidade como significado e valor histórico;


Herança sobre invenção;

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