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INSTITUIÇÕES DE DIREITO

CIVIL
PROF. M. IWAO C. SUZUKI

murasuzuki@uni9.pro.br

Aula 3: principais classificações dos bens.


Teoria geral dos negócios jurídicos: escada
ponteana. Elementos acidentais dos
negócios jurídicos.
Bens
 Conceito: Bens são coisas materiais ou imateriais, úteis
aos homens e de expressão econômica, suscetíveis de
apropriação.

 Os bens corpóreos/materiais(“bens”) são alienados por


meio de contratos em geral; os bens
incorpóreos/imateriais(“direitos”) são alienados por meio
de cessão de crédito.
Obrigatoriedade da lei
 Regra “iura novit curia: como consequência da
obrigatoriedade da lei, não é necessário pro var em juízo
a existência da norma jurídica invocada, pois se parte do
pressuposto de que o juiz conhece o direito.

 Essa regra não se aplica ao direito municipal, estadual,


estrangeiro ou consuetudinário (CPC, art. 376).

 A obrigatoriedade da lei pode ser suspensa na hipótese


de controle de constitucionalidade concentrado ou
difuso em sede de decisão do STF, pela teoria da
abstrativização do controle difuso
Obrigatoriedade da lei
 Teoria da abstrativização do controle difuso: se uma lei ou ato
normativo é declarado inconstitucional pelo STF, incidentalmente,
ou seja, em sede de controle difuso, essa decisão - assim como
acontece no controle abstrato-também produz eficácia erga
omnes e efeitos vinculantes, suspendendo-se a lei
inconstitucional

 Suspensão provisória da lei: medida liminar do órgão que


exercer o controle de constitucionalidade(Lei 9.868/99, arts. 10 e
11) – a lei considera-se suspensa desde a publicação da
decisão do órgão no DO

 Suspensão definitiva da lei: decisão final do STF, por meio de


resolução do Senado Federal(art. 52, X, CF/88) – a lei
considera-se suspensa desde o momento indicado na
decisão do STF, segundo a modulação de efeitos adotada.
Conflito de leis no tempo
 Regra geral do conflito de leis no tempo: os atos e situações
sujeitos à aplicação da lei se regem pela lei em vigor na época em
que ocorreram(“tempus regit actum”), estabelecendo-se assim o
efeito imediato e geral da lei e a irretroatividade das leis(art.
6.º da LINDB e art. 5º, XXXVI, da CF/88) – o Brasil adota a teoria
subjetiva de Gabba quanto à (ir)retroatividade das leis

 Teoria subjetiva de Gabba: Aplica -se a lei nova aos casos


pendentes(“facta pendentia” – efeito imediato da lei) e aos futuros
(“facta futura”), respeitados o ato jurídico perfeito, ao direito
adquirido e à coisa julgada(“facta praeterita”)

IMPORTANTE II: Pela teoria de Gabba, a irretroatividade da lei


não é absoluta, admitindo-se a irretroatividade de grau médio
Conflito de leis no tempo
 Ato jurídico perfeito é o já consumado segundo a lei vigente ao
tempo em que se efetuou (LINDB, art. 6º, § 1º), produzindo seus
efeitos jurídicos, uma vez que o direito gerado foi constituído.

 Direito adquirido é o que já se incorporou definitivamente ao


patrimônio e à personalidade de seu titular, não podendo lei nem
fato posterior alterar tal situação jurídica (LINDB, art. 6º, § 2º).

 Coisa julgada (LINDB, art. 6º, § 3º, CPC, art 502). é a


imutabilidade dos efeitos da sentença, não mais sujeita a
alterações futuras; a coisa julgada material trata-se de
preclusão extraprocessual, pelo qual o mérito da decisão não
poderá ser rediscutido em nenhum ação futura e a coisa julgada
formal trata-se de preclusão intraprocessual, em que não se
admite a rediscussão da lide na mesma ação, mas que não
impede a rediscussão em ação futura(preclusão máxima)
Conflito de leis no tempo
 RETROATIVIDADE DE GRAU MÉDIO: a lei nova aplica-se
aos fatos pendentes, que já iniciaram a formação do direito
subjetivo do sujeito, mas cujo ciclo de aquisição ainda não se
completou(direitos futuros, deferidos e não-deferidos, direitos
eventuais, direitos condicionais)

 Hipóteses de retroatividade da lei penal

 REGRA GERAL(CF/88, art. 5.º, XL) - a lei penal não retroagirá,


salvo para beneficiar o réu;

 LEI PENAL MATERIAL(CP, art. 2º: "Ninguém pode ser punido


por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando
em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória”) – a lei penal material não retroage, salvo para
beneficiar o réu, extinguindo a punibilidade do sujeito –
trata-se do instituto da “abolitio criminis”
Conflito de leis no tempo
 LEI PENAL PROCESSUAL(CPP, art. 2º: “A lei processual
penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos
atos realizados sob a vigência da lei anterior.” – a lei penal
processual não retroage, salvo para beneficiar o réu, porém
mantendo-se os atos processuais já praticados

 LEI PENAL PROCESSUAL-MATERIAL/MISTA(sujeitam-se à


regra da lei penal material)

 Hipóteses de retroatividade da lei tributária

 REGRA GERAL(CF/88, art. 105, a, III) - Art. 150. Sem prejuízo


de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

(...) III - cobrar tributos:


Conflito de leis no tempo
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da
vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;

b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei


que os instituiu ou aumentou;

c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido


publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto
na alínea b

 LEI TRIBUTÁRIA INTERPRETATIVA(CTN, art. 106, I) - A lei


aplica-se a ato ou fato pretérito:

 I - em qualquer caso, quando seja expressamente


interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração
dos dispositivos interpretados;
Conflito de leis no tempo
 LEI TRIBUTÁRIA ABOLITIVA(CTN, art. 106, II) - A lei aplica-se
a ato ou fato pretérito:

 II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:

a) quando deixe de defini-lo como infração;

b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de


ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não
tenha implicado em falta de pagamento de tributo;

c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na


lei vigente ao tempo da sua prática.
Conflito de leis no tempo
 LEI TRIBUTÁRIA ABOLITIVA(CTN, art. 106, II) - A lei aplica-se
a ato ou fato pretérito:

 II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:

a) quando deixe de defini-lo como infração;

b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de


ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não
tenha implicado em falta de pagamento de tributo;

c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na


lei vigente ao tempo da sua prática.
Lei nº 13.655/2018
• Em abril de 2018, foi aprovada a Lei nº 13.655/2018, que
promoveu profundas alterações no Direito brasileiro ao inserir
10 novos artigos na LINDB.

• A Lei nº 13.655/2018 incluiu na LINDB os arts. 20 a 30


prevendo regras sobre segurança jurídica e eficiência na
criação e na aplicação do direito público. Vale ressaltar que o
art. 25 foi vetado. Tal Lei foi regulamentada em 2019 pelo
Decreto nº 9.830/2019.

• A interpretação dos arts. 20 a 30, portanto, deve ser a de que


eles se aplicam para temas de direito público, mais
especificamente para matérias de Direito Administrativo,
Financeiro, Orçamentário e Tributário.

• Tais regras não se aplicam, portanto, para temas de direito


privado.
.
Lei nº 13.655/2018
 Objetivos da Lei n. 13.655/2018

 Incluir no ordenamento jurídico brasileiro normas que


assegurem a segurança jurídica e eficiência na criação e na
aplicação do direito público.

 Reduzir as interpretações formalistas, para que também


sejam levadas em consideração as circunstâncias que
influenciaram na conduta do agente.

 Adequar o regime administrativo à EC 95(teto dos gastos


públicos) e à jurisprudência do STJ/STF das leis de
Improbidade Administrativa e Responsabilidade Fiscal
Lei nº 13.655/2018
 Principais características da Lei n. 13.655/2018

 1. Motivação das decisões judiciais, administrativas e de


controle financeiro e orçamentário na aplicação de normas
jurídicas de conteúdo aberto ou indeterminado (art. 20)

 2. Necessidade de indicação expressa das consequências


jurídicas e administrativas da decisão que decretar a
invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma
administrativa(art. 21)

 3. Dever de consideração dos obstáculos e dificuldades


reais do administrador público na interpretação de normas
administrativas e regras para a aplicação de sanções a
agentes públicos(art. 22)
Lei nº 13.655/2018
 4. Dever de criação de regime de transição em decisões
que fixem nova interpretação sobre norma de conteúdo
indeterminado(art. 23)

 5. Irretroatividade de nova interpretação de cláusula geral


para efeito de invalidação de ato, contrato, ajuste, processo
ou norma administrativa(art. 24)

 6. Ação declaratória da validade de ato público, de rito


especial, com sentença de eficácia erga omnes(art. 25)

 7. Possibilidade de celebração de compromisso


administrativo com o fito de eliminar irregularidade,
incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação do
direito público(art. 26)
Lei nº 13.655/2018
 8. Possibilidade de fixação de indenização por dano
processual no bojo da própria decisão do processo
administrativo ou judicial(art. 27)

 9. Responsabilidade pessoal do agente público por


decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro
grosseiro(art 28)

 10. Possibilidade de realização de consulta pública para a


edição de atos normativos pela Administração Pública no
âmbito dos três Poderes(art 29)

 11. Estímulo à edição de súmulas administrativas,


regulamentos, respostas a consultas e demais atos
tendentes a reforçar a segurança jurídica(art 30)

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