Teoria geral dos negócios jurídicos: escada ponteana. Elementos acidentais dos negócios jurídicos. Bens Conceito: Bens são coisas materiais ou imateriais, úteis aos homens e de expressão econômica, suscetíveis de apropriação.
Os bens corpóreos/materiais(“bens”) são alienados por
meio de contratos em geral; os bens incorpóreos/imateriais(“direitos”) são alienados por meio de cessão de crédito. Obrigatoriedade da lei Regra “iura novit curia: como consequência da obrigatoriedade da lei, não é necessário pro var em juízo a existência da norma jurídica invocada, pois se parte do pressuposto de que o juiz conhece o direito.
Essa regra não se aplica ao direito municipal, estadual,
estrangeiro ou consuetudinário (CPC, art. 376).
A obrigatoriedade da lei pode ser suspensa na hipótese
de controle de constitucionalidade concentrado ou difuso em sede de decisão do STF, pela teoria da abstrativização do controle difuso Obrigatoriedade da lei Teoria da abstrativização do controle difuso: se uma lei ou ato normativo é declarado inconstitucional pelo STF, incidentalmente, ou seja, em sede de controle difuso, essa decisão - assim como acontece no controle abstrato-também produz eficácia erga omnes e efeitos vinculantes, suspendendo-se a lei inconstitucional
Suspensão provisória da lei: medida liminar do órgão que
exercer o controle de constitucionalidade(Lei 9.868/99, arts. 10 e 11) – a lei considera-se suspensa desde a publicação da decisão do órgão no DO
Suspensão definitiva da lei: decisão final do STF, por meio de
resolução do Senado Federal(art. 52, X, CF/88) – a lei considera-se suspensa desde o momento indicado na decisão do STF, segundo a modulação de efeitos adotada. Conflito de leis no tempo Regra geral do conflito de leis no tempo: os atos e situações sujeitos à aplicação da lei se regem pela lei em vigor na época em que ocorreram(“tempus regit actum”), estabelecendo-se assim o efeito imediato e geral da lei e a irretroatividade das leis(art. 6.º da LINDB e art. 5º, XXXVI, da CF/88) – o Brasil adota a teoria subjetiva de Gabba quanto à (ir)retroatividade das leis
Teoria subjetiva de Gabba: Aplica -se a lei nova aos casos
pendentes(“facta pendentia” – efeito imediato da lei) e aos futuros (“facta futura”), respeitados o ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e à coisa julgada(“facta praeterita”)
IMPORTANTE II: Pela teoria de Gabba, a irretroatividade da lei
não é absoluta, admitindo-se a irretroatividade de grau médio Conflito de leis no tempo Ato jurídico perfeito é o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou (LINDB, art. 6º, § 1º), produzindo seus efeitos jurídicos, uma vez que o direito gerado foi constituído.
Direito adquirido é o que já se incorporou definitivamente ao
patrimônio e à personalidade de seu titular, não podendo lei nem fato posterior alterar tal situação jurídica (LINDB, art. 6º, § 2º).
Coisa julgada (LINDB, art. 6º, § 3º, CPC, art 502). é a
imutabilidade dos efeitos da sentença, não mais sujeita a alterações futuras; a coisa julgada material trata-se de preclusão extraprocessual, pelo qual o mérito da decisão não poderá ser rediscutido em nenhum ação futura e a coisa julgada formal trata-se de preclusão intraprocessual, em que não se admite a rediscussão da lide na mesma ação, mas que não impede a rediscussão em ação futura(preclusão máxima) Conflito de leis no tempo RETROATIVIDADE DE GRAU MÉDIO: a lei nova aplica-se aos fatos pendentes, que já iniciaram a formação do direito subjetivo do sujeito, mas cujo ciclo de aquisição ainda não se completou(direitos futuros, deferidos e não-deferidos, direitos eventuais, direitos condicionais)
Hipóteses de retroatividade da lei penal
REGRA GERAL(CF/88, art. 5.º, XL) - a lei penal não retroagirá,
salvo para beneficiar o réu;
LEI PENAL MATERIAL(CP, art. 2º: "Ninguém pode ser punido
por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória”) – a lei penal material não retroage, salvo para beneficiar o réu, extinguindo a punibilidade do sujeito – trata-se do instituto da “abolitio criminis” Conflito de leis no tempo LEI PENAL PROCESSUAL(CPP, art. 2º: “A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.” – a lei penal processual não retroage, salvo para beneficiar o réu, porém mantendo-se os atos processuais já praticados
LEI PENAL PROCESSUAL-MATERIAL/MISTA(sujeitam-se à
regra da lei penal material)
Hipóteses de retroatividade da lei tributária
REGRA GERAL(CF/88, art. 105, a, III) - Art. 150. Sem prejuízo
de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...) III - cobrar tributos:
Conflito de leis no tempo a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei
que os instituiu ou aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido
publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b
LEI TRIBUTÁRIA INTERPRETATIVA(CTN, art. 106, I) - A lei
aplica-se a ato ou fato pretérito:
I - em qualquer caso, quando seja expressamente
interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; Conflito de leis no tempo LEI TRIBUTÁRIA ABOLITIVA(CTN, art. 106, II) - A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de
ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na
lei vigente ao tempo da sua prática. Conflito de leis no tempo LEI TRIBUTÁRIA ABOLITIVA(CTN, art. 106, II) - A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de
ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na
lei vigente ao tempo da sua prática. Lei nº 13.655/2018 • Em abril de 2018, foi aprovada a Lei nº 13.655/2018, que promoveu profundas alterações no Direito brasileiro ao inserir 10 novos artigos na LINDB.
• A Lei nº 13.655/2018 incluiu na LINDB os arts. 20 a 30
prevendo regras sobre segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do direito público. Vale ressaltar que o art. 25 foi vetado. Tal Lei foi regulamentada em 2019 pelo Decreto nº 9.830/2019.
• A interpretação dos arts. 20 a 30, portanto, deve ser a de que
eles se aplicam para temas de direito público, mais especificamente para matérias de Direito Administrativo, Financeiro, Orçamentário e Tributário.
• Tais regras não se aplicam, portanto, para temas de direito
privado. . Lei nº 13.655/2018 Objetivos da Lei n. 13.655/2018
Incluir no ordenamento jurídico brasileiro normas que
assegurem a segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do direito público.
Reduzir as interpretações formalistas, para que também
sejam levadas em consideração as circunstâncias que influenciaram na conduta do agente.
Adequar o regime administrativo à EC 95(teto dos gastos
públicos) e à jurisprudência do STJ/STF das leis de Improbidade Administrativa e Responsabilidade Fiscal Lei nº 13.655/2018 Principais características da Lei n. 13.655/2018
1. Motivação das decisões judiciais, administrativas e de
controle financeiro e orçamentário na aplicação de normas jurídicas de conteúdo aberto ou indeterminado (art. 20)
2. Necessidade de indicação expressa das consequências
jurídicas e administrativas da decisão que decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa(art. 21)
3. Dever de consideração dos obstáculos e dificuldades
reais do administrador público na interpretação de normas administrativas e regras para a aplicação de sanções a agentes públicos(art. 22) Lei nº 13.655/2018 4. Dever de criação de regime de transição em decisões que fixem nova interpretação sobre norma de conteúdo indeterminado(art. 23)
5. Irretroatividade de nova interpretação de cláusula geral
para efeito de invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa(art. 24)
6. Ação declaratória da validade de ato público, de rito
especial, com sentença de eficácia erga omnes(art. 25)
7. Possibilidade de celebração de compromisso
administrativo com o fito de eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação do direito público(art. 26) Lei nº 13.655/2018 8. Possibilidade de fixação de indenização por dano processual no bojo da própria decisão do processo administrativo ou judicial(art. 27)
9. Responsabilidade pessoal do agente público por
decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro(art 28)
10. Possibilidade de realização de consulta pública para a
edição de atos normativos pela Administração Pública no âmbito dos três Poderes(art 29)
11. Estímulo à edição de súmulas administrativas,
regulamentos, respostas a consultas e demais atos tendentes a reforçar a segurança jurídica(art 30)