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UNIVERSIDADE POLITECNICA

Instituto Superior Universitário de Tete

Curso de Licenciatura em Engenharia Civil - 3° ano


Disciplina: Instalações Hidráulicas

Tema 1:

SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

O docente: Eng° David Malôa


Introdução
 A água é o constituinte inorgânico mais abundante na matéria viva: no homem, mais de 60%
do seu peso é constituído por água, e, em certos animais aquáticos, essa percentagem sobe
para 98%. A água é fundamental para a manutenção da vida, razão pela qual é importante
saber como ela se distribui no planeta e como ela circula de um meio para outro.
 A água abrange quase 4/5 da superfície terrestre; desse total, 97% referem-se aos mares e os
3% restantes às águas doces. Dentre as águas doces, 2,7% são formadas por geleiras, vapor de
água e lençóis existentes em grandes profundidades (mais de 800m), não sendo
economicamente viável seu aproveitamento para o consumo humano.
 Em consequência, constata-se que somente 0,3% do volume total de água do planeta pode ser
aproveitado para nosso consumo, sendo 0,01% encontrada em fontes de superfície (rios e
lagos) e o restante, ou seja, 0,29%, em fontes subterrâneas (poços ou nascentes).
 A água subterrânea vem sendo acumulada no subsolo há séculos e somente uma fração
desprezível é acrescentada anualmente através de chuvas ou retirada pelo homem. Em
compensação, a água dos rios é renovada cerca de 31 vezes, anualmente.

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Distribuição da água
Através das figuras 1 e 2, podem ser observadas como a água se encontra distribuída no nosso
planeta.

Figura 1: Distribuição da agua doce Figura 2: Distribuição da agua no planeta

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Ciclo hidrológico

Também conhecido como “O Ciclo da Água”,


é o contínuo movimento da água em nosso
planeta. É a representação do
comportamento da água no globo terrestre,
incluindo: ocorrência, transformação,
movimentação e relações com a vida
humana.
É um verdadeiro retrato dos vários
caminhos da água em interação com os
demais recursos naturais. Na figura 3, é
apresentado o ciclo hidrológico de forma
simplificada. Nele, distinguem-se os
seguintes mecanismos de transferência da
água: precipitação, escoamento superficial,
infiltração, evaporação e transpiração. Figura 3: Ciclo hidrológico

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Mecanismos de transferência da água
Precipitação - compreende toda a água que cai da atmosfera na superfície da Terra, nas formas
de chuva, neve, granizo e orvalho.

Escoamento superficial - quando a precipitação atinge a superfície ela tem dois caminhos por
onde seguir: escoar pela superfície ou infiltrar no solo. O escoamento superficial é responsável
pelo deslocamento da água sobre o solo, formando córregos, lagos e rios e, eventualmente,
chegando ao mar.

Infiltração - corresponde à porção de água que, ao chegar à superfície, infiltra-se no solo,


formando os lençóis d’água.

Evaporação - transferência da água superficial do estado líquido para o gasoso; a evaporação


depende da temperatura e da umidade relativa do ar.

Transpiração - as plantas retiram a água do solo pelas raízes; a água é transferida para as folhas
e, então, evapora.
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Ciclo do uso da água
Além do ciclo da água no globo terrestre (ciclo hidrológico), existem ciclos internos, em que a
água permanece em sua forma líquida, mas tem suas características alteradas em virtude
de sua utilização. Na figura 4, mostra-se um exemplo de um ciclo típico do uso da água. Nesse
ciclo, a qualidade da água é alterada em cada etapa do seu percurso.

Figura 4: Uso da agua


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Critérios da qualidade da água
O Ministério da Saúde é o órgão responsável por definir quais são as características adequadas
para que a água possa ser consumida pelos seres humanos sem causar danos à saúde. Através
da Portaria nº 2914/2011, foram definidos os procedimentos de controle e de vigilância da
qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. É essa legislação que
define conceitos importantes sobre a água que bebemos:

I - Água para consumo humano: água potável destinada à ingestão, preparação e produção
de alimentos e à higiene pessoal, independentemente da sua origem.

II - Água potável: água que atenda ao padrão de potabilidade estabelecido na Portaria nº


2914/2011 do Ministério da Saúde e que não ofereça riscos à saúde.

III - Água tratada: água submetida a processos físicos, químicos ou combinação destes, visando
atender ao padrão de potabilidade.

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Critérios da qualidade da água
IV - Sistema de abastecimento de água para consumo humano: instalação composta por um
conjunto de obras civis, materiais e equipamentos, desde a zona de captação até as
ligações prediais, destinada à produção e ao fornecimento coletivo de água potável, por meio
de rede de distribuição.

V - Controle da qualidade da água para consumo humano: conjunto de atividades


exercidas regularmente pelo responsável pelo sistema de abastecimento de água, destinado
a verificar se a água fornecida à população é potável, de forma a assegurar a manutenção desta
condição.

Depois de conhecidos os principais conceitos faz-se também necessário conhecer as impurezas


que podem ser encontradas na água, podendo ser classificadas as impurezas mais comuns,
indicando seus principais efeitos em: impurezas em suspensão, impurezas em estado coloidal e
impurezas em dissolução.

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Impurezas identificadas na água
Impurezas em suspensão:
 Bactérias: Patogênicas e outras prejudiciais as instalações;
 Microrganismos, podendo causar cheiro, cor e turbidez;
 Areia, silte e argila;
 Resíduos industriais e domésticos.

Impurezas em estado coloidal:


 Substancias vegetais (corantes), ocasionam cor, acidez e sabor;
 Sílica.

Impurezas em dissolução:
 Sais de cálcio e magnésio (bicarbonatos, carbonatos, sulfatos e cloretos), seus principais
efeitos são a alcalinidade, dureza e corrosividade para caldeiras;
 Sais de sódio (bicarbonatos, carbonatos, sulfatos e cloretos – sabor);

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Grandezas características das condições da água
 Sais de ferro, ocasionam sabor, cor e corrosividade bacteriana;
 Sais de manganês, dão a agua coloração escura;
 Gases (oxigênio, bióxido de carbono, gás sulfídrico e nitrogênio), tem como seus efeitos a
corrosividade, acidez e cheiro.

As condições de potabilidade da água podem ser definidas pelas seguintes principais grandezas:
pH, condutividade, dureza total, alcalinidade total e sólidos totais dissolúveis.

pH (Potencial hidrogênio) - o pH de uma solução é uma medida direta da sua actividade
química e pode ter alguma relação com a sua qualidade industrial. O pH da agua pura é 7, de
uma solução acida e inferior a 7, e o de uma solução básica é superior a 7. Duma forma geral,
a água com o pH compreendido entre 6,8 e 7,2 é considerada potável sob esse aspeto.

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Grandezas características das condições da água
Condutividade - parâmetro que relaciona a quantidade de eletrólitos dissolvidos na água
responsáveis ou não pela condutibilidade da corrente elétrica. Fato que conduz a métodos
que permitem determinar a concentração aproximada de eletrólitos nela dissolvidos, de
enorme valia no controle da qualidade da agua para fins industriais.
Dureza Total - é a soma das concentrações de sais de cálcio e magnésio em uma água,
decorrente da presença de bicarbonatos, sulfatos, cloretos e nitratos de cálcio e magnésio na
agua. A dureza total deve ser inferior a 500 mg/L, no caso de agua potável como se pode ver
na tabela seguinte.
Alcalinidade Total - resulta da presença de bicarbonatos. Além do efeito nocivo direto sobre
as superfícies onde esteja ocorrendo troca de calor, libera o gás carbônico CO2 , o qual
dissolvido na agua, tem acção corrosiva sobre as superfícies metálicas dos tubos e trocadores
de calor.

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Grandezas características das condições da água
Sólidos Totais Dissolvidos - a concentração de sólidos dissolvidos é uma indicação para a
escolha do tratamento industrial para a água. O valor máximo permissível para o parâmetro
sólidos totais dissolvidos é de 1.000 mg/L.

De acordo com a portaria nr. 518 de 25/03/2004 do Ministério da Saúde – Brasil, indica as
tabelas de padrões microbiológicos de potabilidade e de aceitação da água para o consumo
humano, mostrados nas paginas seguintes.

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Padrão microbiológico de potabilidade da água
Tabela 1: Padrão microbiológico de potabilidade da agua para o consumo humano
Parâmetro VMP (1)
Agua para o consumo humano(2)
Escherichia colo ou coliformes termotolerantes(3) Ausência em 100 ml
Agua na saída do tratamento
Coliformes totais Ausencia em 100 ml
Agua tratada no sistema de distribuicao
(reservatorios e redes)
Escherichia coli ou coliformes termotolerantes(3) Ausencia em 100 ml
Sistemas que analisam 40 ou mais amostras por mes:
Ausência em 100 ml em 95% das amostras examinadas no
mês.
Coliformes totais
Sistemas que analisam 40 ou mais amostras por mes:
apenas uma amostra poderá apresentar mensalmente
resultado positivo em 100 ml.

(1) Valor máximo permitido


(2) Agua para o consumo humano em toda e qualquer situação, incluindo fontes individuais como poços, minas, nascentes,
dentre outras.
(3) A detecção de Escherichia coli deve ser perfeitamente adoptada.

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Padrão de aceitação para o consumo humano
Tabela 2: Padrão de aceitação para o consumo humano

(1) Valor máximo permitido


(2) Unidade de Hazen (mg Pt-Co/l)
(3) Critério de referencia
(4) Unidade de turbidez

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Sistema de abastecimento de água
Sistema de abastecimento de água é composto pelo conjunto de obras, instalações e serviços,
destinado a produzir e a distribuir água a uma comunidade, em quantidade e qualidade
compatíveis com as necessidades de população, para fins de consumo doméstico, serviços,
consumo industrial, entre outros usos. Tecnicamente, podemos descrever um Sistema como
sendo formado pelas seguintes etapas: captação, adução de água bruta, tratamento, reservação,
distribuição da água tratada, medição/fornecimento ao usuário.

Entende-se por captação, obras de captação, o conjunto de estruturas e dispositivos construídos


ou montados junto a um manancial com a finalidade de criar condições para que dali seja
retirada água em quantidade capaz de atender ao consumo. Existem duas principais formas:
captação de águas subterrâneas e captação de águas superficiais. A primeira se dá através de
poços rasos, profundos, tubulares ou escavados. Já as captações superficiais recolhem água de
mananciais de superfície como rios, lagos, barragens, sendo que a captação pode ser: direta, por
barragem de nível, por canal de regularização, por canal de derivação, por torre de tomada, por
poço de derivação e por reservatório de regularização.
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Componentes do sistema
Adução de água bruta, antes de definir “adução de água bruta”, cabe definir ”adutoras”, isto é,
canalizações dos sistemas de abastecimento de água destinadas a conduzir água entre as
diversas unidades do sistema. Então, “adução de água bruta” é o conjunto de canalizações e
equipamentos destinados a conduzir água desde o ponto de captação até a unidade de
tratamento.

Tratamento de água - conjunto de processos físicos e químicos destinados a transformar água


bruta, in natura, em água potável, adequando-a ao consumo humano e atendendo aos padrões
legais de potabilidade.
[Qual o tipo de tratamento de água é usado na cidade de Tete?]
Os reservatórios de distribuição tem por finalidade o armazenamento de água para atender
variações de consumo e a melhoria nas condições de pressão da água na rede de distribuição
pois garante uma altura manométrica constante.

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Componentes do sistema
Distribuição de água - destina-se a conduzir a água tratada, através de tubulações, aos diversos
pontos de consumo da comunidade. É formada, basicamente, por malhas hidráulicas compostas
por tubulações de adução, subadução, redes distribuidoras e ramais prediais, que juntos
disponibilizam a água tratada na entrada do imóvel do consumidor. Em muitos casos, essas
malhas possuem também grandes reservatórios de distribuição, estações de bombeamento para
regiões mais elevadas, além de outros equipamentos de controle que garantam a continuidade
da distribuição.

Medição de água - quando a água chega ao ponto de consumo, passando por um medidor e
ficando, a partir dali, disponível para utilização, leva o nome de micromedição. A micromedição
é a forma de medir e permitir a justa cobrança do consumo de cada ramal, atendendo, assim, à
legislação que regulamenta a matéria, bem como consagrando a ideia de que o consumidor
deva pagar somente o que realmente consumir.

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Componentes do sistema
A micromedição é também uma grande aliada para o combate ao desperdício, pois antes dela,
ou mesmo onde ela ainda não exista, os consumos individuais médios ficam superiores aos de
áreas micromedidas. Seu uso racionaliza a distribuição e evita problemas de falta de água nos
pontos de mais difícil abastecimento. A unidade de medida geralmente utilizada para a medição
da água potável que chega ao consumidor é o volume, normalmente expresso em m3 (metros
cúbicos) e o instrumento responsável pela micromedição mais comum é o hidrômetro.

Instalação predial de água - conjunto de canalizações, aparelhos, equipamentos e dispositivos


hidráulicos empregados na distribuição de água em um determinado prédio. A instalação aqui
definida se inicia no ramal predial e estende-se até os pontos internos de consumo.

Na pagina seguinte através da figura 5, mostra-se um esquema de um sistema típico de


abastecimento de agua.

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Esquema de um sistema de abastecimento de água
a) Planta

b) Perfil

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FIM DA APRESENTAÇÃO

[Água – “princípio da vida”, básico, essencial, singular, não tem cor, credo, classe
social ou partido, não é mercadoria, é um direito de todos.]

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