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A EMPRESA INOVADORA

SÍNTESE 

     1. AS DIMENSÕES DA EMPRESA INOVADORA

2. A HISTÓRIA DA EMPRESA INOVADORA


- A EMPRESA INGLESA
- A EMPRESA AMERICANA
- A EMPRESA JAPONESA

3. A EMPRESA INOVADORA DA ATUALIDADE

BIBLIOGRAFIA: W. LAZONICK, “THE INNOVATIVE FIRM”, IN THE OXFORD


HANDBOOK OF INNOVATION, PP. 29-55.
1.AS DIMENSÕES DA EMPRESA INOVADORA

O que torna uma empresa inovadora?


O que faz com que transforme recursos produtivos em bens
e serviços inovadores?

Resposta: o modo como se envolve em 3 atividades


genéricas:
- estratégia
- financiamento
- organização
- e a base de competências
Estas actividades (ou dimensões) variam com o tempo e
podem variar muito entre actividades e ambientes
institucionais
1.AS DIMENSÕES DA EMPRESA INOVADORA

A distinção entre empresa inovadora e empresa otimizadora está


implícita já em marshall

A empresa optimizadora toma como dadas as capacidades


tecnológicas e os preços de mercado (inputs e outputs) e
procura maximizar os lucros.

A empresa inovadora procura transformar as condições de


mercado e tecnológicas
1.AS DIMENSÕES DA EMPRESA INOVADORA

DO PONTO DE VISTA DA TEORIA ECONÓMICA (1)

Schumpeter salientou o papel do empresário e mostrou a


alteração ocorrida desde a fase do empresário individual,
indivíduo dotado de capacidades excepcionais (fase i,
1911) até à da grande corporação (fase ii, 1942).

Alfred chandler (1962, 1977 e 1990) assinalou a ascensão


da corporação gestionária nos eua nas últimas décadas
do séc. xix, a evolução da respectiva estrutura
multidivisional desde os anos 1920, e a emergência da
empresa gestionária em inglaterra e na alemanha.
1.As dimensões da empresa inovadora

Do ponto de vista da teoria económica (2)

Edith Penrose (1959, “The Theory of the Growth of the


Firm”) concebeu a moderna empresa corporativa como
uma organização que administra um conjunto de
recursos humanos e físicos.

Nelson & Winter (1982) avançaram uma teoria da


existência da grande corporação industrial baseada em
capacidades organizativas, caracterizada por
conhecimento tácito e encastrada em rotinas
organizacionais, acrescentando assim uma dimensão
cumulativa à teoria da empresa.
A evolução da empresa inovadora

A empresa inglesa no final do séc. XIX

O poder produtivo residia em distritos industriais com uma enorme acumulação


de capacidades para construir máquinas e usá-las para manufacturar produtos
tão variados como navios e vestuário

Sem recurso às universidades, existiam:


- Cursos nocturnos em institutos de mecânica locais
- e aprendizagem “on-the-job”
- Trabalhadores manuais muito qualificados (craft workers – profissionais de um
ofício)

Como produtores e utilizadores de maquinaria, estes trabalhadores eram a


principal fonte de inovação

Limitações ao crescimento da empresa: a questão da sucessão


A evolução da empresa inovadora

A empresa inglesa no final do séc. XIX

O poder produtivo residia em distritos industriais com uma enorme


acumulação de capacidades para construir máquinas e usá-las
para manufacturar produtos tão variados como navios e vestuário

Sem recurso às universidades, existiam:


- Cursos nocturnos em institutos de mecânica locais
- e aprendizagem “on-the-job”
- Trabalhadores manuais muito qualificados (craft workers –
profissionais de um ofício)
Como produtores e utilizadores de maquinaria, estes trabalhadores
eram a principal fonte de inovação
A evolução da empresa inovadora

A corporação gestionária americana (1)

Nas primeiras décadas do século XX ocorreu a separação entre a


propriedade das ações e o controlo estratégico – o que foi a
essência da “revolução gestionária” que começou nos EUA nos
anos 1890 em indústrias como a siderurgia, a refinação de
petróleo, a carne enlatada, o tabaco, os equipamentos
agrícolas, as telecomunicações e a energia elétrica.

Wall Street (e a J.P. Morgan, em particular) organizaram a fusão


das empresas dominantes.
Teve início a formação universitária de gestores de carreira: em
1908 Harvard lançou a primeira escola de gestão.
A evolução da empresa inovadora

A corporação gestionária americana (2)

Com a expansão:

- Diversificaram os negócios
- Investiram em I&D

A construção de um sistema nacional de transportes e comunicações criou


um amplo mercado nacional e permitiu às corporações começarem a
produzir em grande massa, investindo na produção, na distribuição e na
gestão (anos 1920).

Nestas empresas havia uma total segmentação entre gestores assalariados


e trabalhadores “à hora” – mão-de-obra muito móvel – e grande pressão
para investir em tecnologias poupadoras de trabalho.
A evolução da empresa inovadora

A corporação gestionária americana (3)

A solução para o problema era a estandardização dos


componentes e dos produtos e a produção em massa – para
prescindir de operários qualificados, embora mantendo uma
base estável de operários semiqualificados.

Ponto fraco desta organização: a não integração de milhares de


trabalhadores nos processos de aprendizagem organizacional
das empresas.

Nos anos 1970 e 1980 apareceu uma forma organizacional que


superava esta.
A evolução da empresa inovadora

A empresa japonesa (1)

Nos anos 1970 e 1980 as empresas japonesas entraram em


concorrência com as americanas mesmo em sectores de
produção de massa – siderurgia, chips de memória, máquinas-
ferramenta, maquinaria elétrica, eletrónica de consumo e
automóveis

As 3 dimensões que fizeram o enorme sucesso da empresa


japonesa foram:
- cross-shareholding entre empresas industriais e bancos
comerciais para evitar a perda de controlo no pós-Guerra
- O sistema do banco principal
A evolução da empresa inovadora

A empresa japonesa (2)

- Ponto forte: a integração do trabalhador direto no


processo de aprendizagem organizacional da empresa –
difusão deste modelo nos EUA e na Europa

- Ponto fraco: o sistema financeiro que se virou para o


investimento especulativo
A empresa inovadora da Nova Economia (1)
Antecedentes: os investimentos públicos e o papel das
universidades americanas e das grandes empresas nos
computadores e nas tecnologias de comunicação a partir dos
anos da 2ª Guerra Mundial

O ressurgimento das TIC e a Nova Economia nos EUA a partir da


2ª metade dos anos 1990s

O surgimento do Silicon Valley: a Universidade de Stanford e a


indústria de semicondutores

As novas empresas (muitas vezes spin-offs e start-ups) foram


criadas tipicamente por engenheiros, apoiadas por capital de
A empresa inovadora da Nova Economia (2)

Uso das ações com compensação – stock options – forma


de impedir a fuga dos trabalhadores muito qualificados
e construir e manter uma base integrada de
competências na empresa

Outras características: não pagavam dividendos, nem


recorriam ao endividamento bancário

Do ponto de vista organizacional, as empresas eram


“systems integrators”, fazendo outsourcing de produtos
ou demasiado complexos ou rotineiros – o que implicava
que tinham uma mão-de-obra muito qualificada em
média
A empresa inovadora da Nova Economia (3)

As empresas cresceram também através da aquisição de outras com


as suas próprias ações
A Cisco passou de 200 empregados nos anos 1990 (momento do IPO)
para 38.000 em 2001
(entre 1993 e 2002 a Cisco fez 78 aquisições )

Ponto fraco: o uso das ações das empresas para compensação dos
empregados e a correlativa vulnerabilidade financeira às flutuações
bolsistas

Formas mais típicas:


- start-ups
- Empresas de pequena dimensão
- Empresas em rede

ao contrário das empresas U (organizadas por funções) e M


(organizadas por divisões), geralmente de maior escala.
Conclusões

– O que é importante são as capacidades e os incentivos


dos gestores que exercem o controlo estratégico e não a
forma de propriedade da empresa

- A integração organizacional é que determina a


capacidade inovadora da empresa

Necessidade de compreender os processos de


aprendizagem – relação entre conhecimento tácito e
codificado; entre capacidades individuais e capacidades
coletivas; e a acumulação de conhecimento

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