Cinema e Educação, um grande encontro. Há alguns anos atrás, mais precisamente em 1995, comemorou-se o centenário da invenção dos irmãos Lumiére. O cinema foi celebrado mundo afora como sendo uma grande contribuição para as artes e espetáculos, como forma de lazer e engrandecimento da cultura entre os homens. Os irmãos Louis e Auguste Lumiére. No início, ainda de forma tímida, as telas apresentavam cenas do cotidiano e despertavam imensa curiosidade entre o grande público. Máquinas como o quinetoscópio, inventada por Thomas Édison, em 1894, chamaram a atenção dos espectadores e fizeram com que já na primeira década do século XX, os cinemas se tornassem uma grande A imagem acima faz parte do filme “Viagem a Lua”, de 1902, do atração. cineasta francês Georges Méliès Charles Chaplin, um dos gênios da Sétima Arte brilhou com filmes como “Tempos Modernos”, “O Grande Ditador”,...
No entanto, a produção cinematográfica, da forma como
a conhecemos, só veio a desenvolver-se a partir da década de 1910, especialmente a partir da produção de alguns países europeus, como a Inglaterra e a França, e a realização dos norte-americanos. Harold Lloyd, um dos mestres da comédia nos anos 1910-1920
Desde o princípio, porém, foram estreitos os laços que uniam
a produção dos recém-surgidos estúdios cinematográficos e os acontecimentos que tomavam conta do mundo. Os anos da Grande Guerra (1914-1919), por exemplo, foram retratados em obras dos países envolvidos, despertando um grande sentimento de nacionalismo e conclamando homens e mulheres a contribuírem no esforço de guerra. As imagens do chamado PRIMEIRO CINEMA (1895- 1910) enfocaram o cotidiano e também grandes fatos como mudanças políticas, reformas urbanas e acidentes de grandes proporções, por isso, acabaram por constituir uma grande fonte de pesquisa para os historiadores especializados no período. Grandes grupos de pesquisa, surgidos a partir de importantes universidades européias e norte- americanas passaram a utilizar filmagens como fonte de documentação; institutos de pesquisa renomados, como o National Geographic Society, além de belos trabalhos fotográficos sobre as várias paisagens do planeta, se preocuparam em produzir películas que retratassem não só os ambientes enfocados, mas também, o próprio processo de pesquisa e levantamento de dados. Mas, e as escolas? De que forma tem utilizado todos os recursos provenientes da produção cinematográfica (filmes comerciais ou documentários)? Existem possibilidades de utilização e aprofundamento desses recursos no ambiente escolar? Os filmes, que eventualmente são apresentados em sua escola, são utilizados de uma forma adequada ou tem sido usados para "matar o tempo"? Seus professores apresentam o vídeo e pedem um relatório ou procuram aprofundar a discussão e promover a integração entre os elementos mostrados nas telinhas e aquilo que está sendo trabalhado em pesquisas, nos livros e apostilas e nas discussões de aula? Você (educador), acha que os filmes podem ou não podem ser um recurso de grande utilidade nas escolas? Nós estamos vivendo uma época de grandes avanços e constante renovação tecnológica. Recursos como as transmissões via satélite, a tv a cabo, os jornais diários e as revistas semanais, além da grande estrela, a Internet, trouxeram a informação a toque de caixa para nossas casas e escolas. Mas, como estamos lidando com esses meios num dos mais importantes espaços ocupados pela sociedade, as escolas? Vídeos e televisores estão ficando empoeirados em sua escola? Os computadores estão sendo utilizados apenas na secretaria ou para “datilografar” alguns trabalhos no Word? Como podemos selecionar um filme para utilizar em aula? O primeiro passo consiste em manter-se informado acerca dos lançamentos que estão sendo disponibilizados nos cinemas e em vídeo (ou DVD); com o auxílio prestimoso dos jornais e de revistas, através de sites sobre cinema e cultura, em conversas com colegas e alunos,... Mas, como posso ter certeza de que um filme pode ser útil a uma aula? O mais importante dos pré-requisitos é que o tema da aula seja bem conhecido por você. O professor deve ter em mente cada passo da aula, os tópicos que estarão sendo discutidos, os temas complementares que irão auxiliá-lo na explicação, quais outros recursos (além do filme ou filmes que pretenda utilizar) poderão implementar o trabalho, que estratégias devem ser usadas para dinamizar o rendimento, com que ações individuais (refiro-me a postura a ser adotada) o professor deve contar para fazer com que os alunos se interessem pelo assunto, além dos melhores textos que possam ser oferecidos para discutir o assunto da aula. A partir do momento em que você tenha feito um bom planejamento de suas atividades e esteja totalmente “por dentro” de como sua aula se desenvolverá e dos tópicos primordiais a serem abordados ficará mais fácil encontrar filmes que possam ser utilizados como recurso complementar e enriquecedor das atividades. Tenha sempre em mente que não é fácil encontrar um filme que fale especificamente sobre o tema que você pretende trabalhar, você terá que, literalmente, “garimpar” uma película que possa ser lhe útil (em determinadas áreas, como literatura ou história em que encontrar um título adequado é muito mais fácil; geografia e as ciências biológicas em geral tem a sua disposição um bom acervo de documentários). Suponhamos que o tema a ser discutido e trabalhado em um projeto que reúna professores de história, literatura, geografia, filosofia e redação seja a questão dos direitos, da cidadania. Cada uma das áreas vai dar ênfase em um determinado aspecto dessa questão e a proposta da escola é a de que utilizem-se recursos variados que devem ser monitorados por todos os professores, conjuntamente. Reportagens sobre a fome, artigos que destaquem a luta pelos direitos trabalhistas, sites onde a situação das crianças de rua ou dos idosos seja apresentada, dados e estatísticas apresentadas no site do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ou do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) são sugeridos e, entre as várias idéias, surge a de se utilizarem filmes. Os professores podem não conhecer um título específico onde palavras ou expressões como “Cidadania” ou “Direitos Humanos” estejam evidenciados no título, porém, podem conhecer livros que falem sobre o assunto e verificar se eles, por acaso, não se tornaram filmes, podem contextualizar os acontecimentos e verificar quando ocorreram movimentos que geraram transformações relacionadas ao tema, temas correlatos a questão central “Cidadania” podem mobilizar a ação dos professores rumo a locadoras onde façam perguntas que os levem a títulos que trabalhem esses assuntos. A busca por um bom título, que tenha relação com a aula que você pretende dar tem, como dissemos, uma relação de proximidade muito grande com o planejamento justamente porque, é a partir dessa estruturação das atividades que você poderá fazer um levantamento das possibilidades que existem em relação ao tema que você vai trabalhar. Tendo visualizado os caminhos, feito os mapas que o conduzirão nessa empreitada, tudo fica muito mais fácil!