A arte é o reflexo de uma sociedade e, no Brasil, o cinema assumiu o principal papel de construir a identidade nacional. Contudo, as artes sempre foram menosprezadas pela população brasileira e o desincentivo às produções artísticas reflete em um país com um povo de baixa capacidade crítica. O cinema é um espaço importantíssimo para analisar a história da nação e também para compreender as críticas de cada época. Ele forma a identidade do brasileiro porque seu caráter engajado evidencia a situação do país e representa uma face importante de representatividade.
CINEMA E A PRODUÇÃO DA IDENTIDADE
O papel da arte é criticar. Positiva ou negativamente, ela critica algum ponto da sociedade e influencia a reflexão do espectador. No cinema, isso não poderia ser diferente: além de criticar, ele representa a sociedade e carrega a história do país desde o estilo de produção até o produto final. O cinema, assim como toda arte, encontra-se em constante mudança e sua trajetória é completamente diferente em determinadas épocas, por exemplo, no Cinema Novo, depois o Cinema Marginal e logo na criação da Embracine, em meio à Ditadura Militar e suas tensões políticas; também a retomada das pazes com a população com o cinema nacional nos anos 2000 a partir da produção de O Auto da Compadecida e a criação da Ancine, promovendo um estopim de filmes de todos os gêneros, rendendo várias indicações ao Oscar, como foi o caso de Cidade de Deus e abrindo uma grande vertente para os filmes de entretenimento e comédia sucessos de bilheteria, como Minha Mãe é uma Peça. Entretanto, há ainda muito preconceito das produções nacionais porque as pessoas, por muitas vezes, não entendem que a arte, além do intuito de entretenimento, é feita para desconstruir padrões e provocar desconforto e reflexão do espectador. O reflexo da sociedade estará gravado para sempre na história, mas a sociedade continua a querer desviar o olhar das críticas. Devido a isso, o cinema brasileiro ainda se encontra muito desvalorizado e frases como “Ah, não! É filme nacional, não quero ver!” são comuns hoje.
REPRESENTATIVIDADE DA CULTURA NACIONAL
Além do seu caráter crítico, o cinema, considerado como produção audiovisual, também é um dos principais veículos propagadores de representatividade. Filmes que abordam a diversidade cultural do país são potenciais de ampliação da visão de mundo das pessoas. O poder de influência das artes conta muito com a capacidade de representar a diversidade brasileira, pois a pluralidade de experiências enfatiza a necessidade de desconstrução das bolhas sociais existentes. Porém, a representatividade no Brasil continua sendo uma enorme batalha. A permanência da discussão sobre a repercussão de conteúdos LGBTQIA+, o fato de ainda ser estranho para vários indivíduos encontrar negros e indígenas interpretando papéis superiores e a falta de representatividade de todos os tamanhos de corpos revela uma situação escandalosa. Compreender o cinema como identidade nacional está diretamente ligado à compreensão do Brasil como uma nação. Em um cenário como esse, há muito o que se aprender do cinema brasileiro e, principalmente, a entendê- lo como uma forma de julgamento e reflexo do mundo. _______________________________
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