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O teatro é, e sempre foi, por essência, uma arte marginalizada e de cunho político,
sempre representada por artistas que buscavam apresentar, através de sua arte, as
mazelas da sociedade de uma forma que as autoridades políticas sempre buscam
reprimir. O teatro no Brasil, que veio da Europa com o intuito de catequizar os povos
originários e possui o conceito de escola de teatro definido apenas no século XX,
sempre levou artistas a relatarem em suas obras o que viam nas ruas e a maneira
como enxergavam o que viam inseridos dentro de um contexto sociopolítico. Mas
por que eles faziam isso? E por que ainda fazem isso atualmente? Quem dedica
sua vida ao teatro no Brasil tende a seguir uma vida conturbada e miserável, com a
única explicação para tal insistência é o sentimento de pertencimento que a
“vocação” traz ao indivíduo.
Há vertentes do teatro que possuem origens de caráter burguês, e por conta disso,
acabam deixando de lado as questões sociais que os artistas populares costumam
trazer. Os artistas de origens proletárias tendem a ter a noção de que a história e
cultura de um local é construída através das classes populares, portanto carregam
sempre uma carga política e social, com a inclusão e diversidade que a sociedade
estruturada e dominante não costuma carregar consigo. O artista possui um ímpeto
de querer sempre criar e mostrar sua criação ao mundo, sendo resistência durante
toda a sua história, até mesmo em momentos onde artistas eram queimados na
fogueira por trazerem à tona seus questionamentos sociais e o papel da doutrina
cristã dominante vigente na época, que carregamos até hoje como herança em
países do Sul Global, como o Brasil, um país colonizado pela Europa com um vão
social imenso como resultado do capitalismo tardio. Portanto, a história provou que
os artistas nunca irão parar, ou conseguirão ser parados. A realização do teatro
atualmente promove e fortalece o cenário cultural nos locais, exercendo assim o
exercício de integração da população e gerar sentimentos nela, seja de alegria,
angústia, tristeza ou reflexão.
Toda vez que se inaugura um palco os deuses do teatro ficam contentes e festejam!
Não porque ganharam um novo templo, são deuses humildes, não querem ser
adorados nem gostam...
Mas porque sabem que assim os homens ao redor serão mais felizes.
Terão ali a oportunidade rara de assistir à própria grandeza, de ver espelhada ali a
sua própria grandeza.
Ali serão vividas grandes amizades e amores.
Ali todos trabalharão juntos, criando acontecimentos que jamais ocorreriam sem o
palco.
O palco sabe que não é apenas tábuas no chão, que é um gerador de significados.
Ali é o lugar onde a imaginação ficará livre, sendo a imaginação o único campo
onde um homem é realmente livre.
Ali serão discutidos os problemas da comunidade, porque o palco sempre foi a
melhor tribuna.
Ali homens diante de homens falarão de sua alma, discutirão e compartilharão
alegrias e tristezas como se fossem um só.
Trabalharão alegremente por um mundo melhor, mais solidário.
Inaugurar um teatro é criar uma ilha de liberdade, de lucidez, de solidariedade.
Nada une mais as pessoas do que o teatro.
Não é apenas um local de diversão, é isso também, mas principalmente é um lugar
de reflexão, de descoberta, da revolução e do encontro com o outro.