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Cristiane Sobral para nos apresentar um breve histórico da participação negra na arte teatral
brasileira. Sobral comenta os célebres grupos e representantes dos teatros negros no país, sua
atuação artística, política e pedagógica, e chama a atenção para a urgência de se fazer uma
discussão sobre o tema também no teatro.
É importante dizer que os teatros negros são construídos e/ou constituídos de forma pulsante
e diária, portanto precisaria de muitas laudas e caracteres para analisar grupos, coletivos,
companhias e seus respectivos trabalhos no intuito de categorizá-los a partir das concepções
apresentada acima, e dizer de suas estéticas e poéticas. Sendo assim, me atenho a dizer do
Teatro Negro e Atitude (TNA) que, em seus 25 anos de atuação, se utilizou, de formas variadas,
dessas concepções e forjou, na forja de Ogum, a Estética da Atitude e a Poética da Negrura,
incitando a construção da Pedagogia da Insurgência que tem o teatro negro como processo de
descontinentalização da compreensão dos fatos, ou seja, possibilita um redesenho dos corpos
negros na cena artística e política, numa perspectiva de descolonização desses corpos, criando,
assim, estratégia metodológica de emancipação baseada na arte/ginga e, com isso, produz
uma mudança significativa na narrativa dominante que insiste em invisibilizar toda a
contribuição da população negra para a sociedade brasileira e diaspórica.
A Poética da Negrura também vem sendo burilada há tempo. Se em Cantares do meu Povo
apenas a palavra trazia a poesia para cena, n’A Sombra da Goiabeira, respectivamente
primeiro e último trabalho do grupo, a poética é sentida por todos os sentidos: olfato, audição,
paladar e toque. Essa poética traz identificações e conexões, possibilita outras formas de
conhecimento, pertencimento e nova configuração de inscrição, transmissão e transcriação do
saber, sendo esse identitário, político, estético-corpóreo.
Concluo que mais que uma ação pedagógica, uma ação coletiva, uma ação educativa, uma
ação poética, estética, política, ética, o Teatro Negro e Atitude mostrou-se na investigação
como uma ação de aquilombamento, pois se ele não faz despertar nos atores a consciência da
negrura, ele os acolhe por conjugar nesse espaço sujeitos e práticas imersos nela. E nos fez
perceber, sobretudo, que o TNA, com sua poética da negrura e estética da atitude, é uma das
formas de se pensar o negro no teatro e/ou o(s) teatro(s) negro(s) hoje no Brasil.
Então sigamos!