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ANEXO 4
PROJETO DE PESQUISA
Dos pés à ponta do fio: o corpo negro que dança no Brasil.
Traçando caminhos por essa perspectiva, sobre o corpo negro que (re)existe/resiste no
Brasil através da Arte, com um olhar neste projeto em especial através das Artes Cênicas, tem-
se como referência a performance “Bombril” (2010) da artista plástica e performista Priscila
Rezende (nascida em 1985).
(...) em sua performance a artista esfrega uma determinada quantidade de
objetos de material metálico, e usualmente de origem doméstica, com seus
próprios cabelos. ‘Bombril’, além de uma conhecida marca de produtos para
limpeza e de uso doméstico, faz parte de uma extensa lista de apelidos
pejorativos, utilizados em nossa sociedade para se referir a uma característica
do indivíduo negro: O CABELO. Além dessa performance, a artista também
tem outros trabalhos performáticos que se concentram principalmente em
apropriar, expor e promover uma reflexão crítica sobre os estereótipos
pejorativos e formas estruturais de violência que o racismo e a branquitude
cometem sobre pessoas negras, sobre seus corpos, subjetividades, direitos e
histórias. (REZENDE, 2021)
Ainda trilhando essa linha de pesquisa e processos criativos que discutem sobre o tema
apresentado “o cabelo afro e corpo negro que dança no Brasil”, temos o artista da dança Leandro
Souza (nascido em 1980) em sua performance “Eles Fazem Dança Contemporânea” (2019),
conforme encontramos no catálogo:
enquanto manipula uma pilha de cabelos sintéticos, o artista Leandro Sousa
repete incessantemente a pergunta “Eu sou suficientemente negro para
você?”, refrão de uma música do afro-estadunidense Billy Paulo. “Eles Fazem
Dança Contemporânea” é um solo coreográfico gerado pelo emaranhamento
da fala, do corpo e do objeto. Nele, o artista procura por uma cena síntese
capaz de dar vazão aos dilemas, ruídos e tensões, envolvendo as presenças
negras na arte contemporânea ocidental. A dança é articulada a partir de novos
entendimentos sobre coreografia, dialogando com as artes visuais e a
performance e se alinhando à crescente demanda por representatividade e
descolonização da produção de arte e conhecimento. Leandro busca tensionar
as questões da negritude, em relação aos modos eurocentrados de fazer, pensar
e ver arte. Ele provoca reflexões acerca de uma lógica do “lugar específico”,
pelas quais operam instituições artísticas e às quais corpos racializados e
subalternizados são relegados. (MITsp - Ed: 8º, 2019)
Objetivo Geral
Sobre perspectivas não eurocêntricas e pensamentos afrodiaspóricos influenciados por
alguns autores que discutem o tema, realizar uma pesquisa aprofundada que, junto ao relatório
teórico, resultará em uma performance como conclusão da pesquisa, a qual conterá todo o
processo de experiência e vivências observadas e realizadas pelo corpo da discente
pesquisadora.
Objetivos Específicos
8. Metodologia
ALMEIDA, Djaimilia Pereira de. Esse Cabelo: a Tragicomédia de um Cabelo Crespo Que
Cruza Fronteiras. São Paulo: Leya, 2017
ANTONACCI, Maria Antonieta. Memórias Ancoradas em corpos negros. São Paulo: Educ
– PUC/SP, 2014.
BARBOSA, Rogério Andrade. O segredo das tranças e outras histórias africanas. São
Paulo: Scipione, 2008.
COSTA, Daniel Santos (org.). Corpo e diásporas performativas. Jundiaí: Paco Editorial,
2019.
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Tradução de Renato da Silveira. Salvador:
EDUFBA, 2008.
GOMES, Nilma Lino. Sem perder a raiz: corpo e cabelo como símbolo da identidade negra.
Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
LOPES, Carlos Herculano. A dança dos cabelos. Belo Horizonte: Record, 2017.
MARTINS, L. Performances da oralitura: corpo, lugar da memória. Letras, [S. l.], n. 26,
p. 63–81, 2003. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/letras/article/view/11881. Acesso
em: abr. 2023.
MITsp - Ed: 8º, 2019. Eles Fazem Dança Contemporânea, por Leandro de Souza. Disponível
em: https://mitsp.org/2022/eles-fazem-danca-contemporanea/. Acessado em: 08 abr 2023.
SABINO, Jorge. LODY, Raul. Danças de Matriz Africana: Antropologia do movimento. Rio
de Janeiro: Pallas, 2011.
SANTOS, Inaicyra Falcão dos. Corpo e Ancestralidade: uma proposta pluricultural de dança-
arte-educação. Curitiba: CRV, 2021.
SILVA, Celia Regina Reis da. Cabelo crespo, corpo negro na luta cultural por
representação afirmativa da identidade negra. Revista Trilhas da história, v. 10, n.19, ago.-
dez, 2020.
SIMAS, Luiz Antonio. RUFINO, Luiz. LOBO, Rafael Haddock. Arruaças: uma filosofia
popular brasileira. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.
SOARES, Anita Maria Pequeno. Cabelo importa: os significados do cabelo crespo/cacheado
para mulheres negras que passaram pela transição capilar. Dissertação (Mestrado em
Sociologia) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2018 Disponível em:
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/39065. Acessado: 02 jul 2022