Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
_
Guri
DO DIREITO DE
SE RECONHECER,
DO DIREITO DE
(SE) PERTENCER
A palavra cinema permite múltiplas associações, e talvez uma das mais emblemáticas, por seu
potencial afetivo, seja o ritual de ver um filme em uma sala escura, tal como sugere a conven-
ção. Esta magia, como assim se referem à chamada sétima arte, é resultado das técnicas que
a produzem, do emaranhado de significados articulados por meio das escolhas de visualidades
e roteiros – e também, é claro, pela relação estabelecida com indivíduos que a assistem. É a
percepção de quem a testemunha que dá sentido à cena, e neste contato, criam-se memórias,
assim como signos de aproximação ou distanciamento com suas realidades e imaginações.
Em seu livro Pele Negra, Máscaras Brancas, Frantz Fanon descreve como o projeto de coloni-
zação e o racismo fraturam a humanidade de pessoas negras em um sofisticado sistema de
violência. Ao escrever que é “impossível ir ao cinema sem me encontrar”, o filósofo e psiquiatra
negro refere-se aos estereótipos que regem a presença de corpos negros no campo das artes
e do entretenimento – em geral associados a valores negativos, violentos, alienantes ou tidos
como primitivos. Em outras palavras, ele cita a expectativa angustiante de encontrar na tela a
imagem daquilo que ele não é.
Nesta reflexão, Fanon aponta mais do que uma demanda pessoal: revela o desejo por uma
representação que alcance a humanidade de pessoas negras em suas subjetividades e plu-
ralidades. A construção de histórias e personagens que desarticulem uma negritude pensada
segundo a lógica do racismo estrutural é fundamental para a elaboração de imagens e imagi-
nários com dignidade suficiente para que seja possível se reconhecer, para além das máscaras
embranquecedoras.
OJU: Roda Sesc de Cinema Negro é um projeto que se empenha neste sentido, e destaca o pro-
tagonismo de pessoas e narrativas negras no audiovisual brasileiro, seja diante das câmeras ou
nos bastidores da ampla trama que compreende a produção cinematográfica. Com exibições de
longas e curtas-metragens, ações formativas e bate-papos, busca-se ampliar o debate acerca
das questões raciais e viabilizar experiências mais democráticas e acessíveis.
Tanto a difusão da arte quanto a criação de espaços que contemplem as diversidades signifi-
cam, para o Sesc, oportunidades de encontro: com o outro, e sobretudo consigo. Quando um
ambiente é capaz de proporcionar afeto e reafirmar formas de existência, algo de transformador
pode acontecer. Se um dos significados de OJU na língua Yorubá é “olho”, que seja possível a to-
das as pessoas frequentar cinemas, assim como todos os espaços sociais, e enxergar-se neles.
20 AÇÕES AFIRMATIVAS:
POLÍTICA PÚBLICA INDISPENSÁVEL
À CONSOLIDAÇÃO E FORTALECIMENTO
DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL
NEGRA NO BRASIL
36 LONGAS METRAGENS
42 CURTAS METRAGENS
66 LONGAS METRAGENS
NA PLATAFORMA SESC
68 CURTAS METRAGENS
NA PLATAFORMA SESC
76 DEBATES
79 RODA DE CONVERSA
80 CURSOS E LABORATÓRIOS
86 AGENDA DE PROGRAMAÇÃO
POR UMA
CARTOGRAFIA
DE AFETOS
8
O que é possível ver no cinema negro brasileiro? A expressão Oju – olho em yorubá - transcen-
de percepções e estimula para o olhar para além do que se vê. A pluralidade das produções
audiovisuais pretas, assim como suas corporeidades, carrega em si uma infinidade de memó-
rias, narrativas e contextos.
Um corpo negro no mundo nunca está isolado de sua experiência histórica coletiva. Seu ter-
ritório de pertencimento é sua existência, cujas manifestações artísticas, consequentemente,
testemunham os efeitos dessas vivências. Escrevivências que se fazem som e imagem no
cinema e (re)anunciam a ancestralidade.
A partir de uma cosmopercepção ancestral, o corpo negro se faz presença, atrás e na frente
das câmeras, reverenciando quem veio antes - em continuidade aos seus ensinamentos, co-
nhecimentos e tecnologias, e respeitando o tempo vívido e fecundo para adubar e pavimentar
possibilidades. As narrativas contemporâneas audiovisuais de pessoas negras ressignificam
e atualizam saberes, produzem novas subjetividades e deslocam o foco para imagens que
anunciam e reivindicam outros personagens, cenários, figurinos.
O sonho, entre a realidade e a ficção, cria e recria universos em um tempo espiral no qual pas-
sado, presente e futuro se encontram e as cartografias de afetos se reencontram nos territórios
da diáspora a partir de reconexões familiares, amorosas, espirituais, onde todos os corpos
são convidados a participar. Em roda, a Mostra OJU permite que novos olhares enxerguem e
reconheçam de quem se faz nosso país.
Equipe de Curadoria
9
_
Kbela
CRONOLOGIA
E ‘RODA’ DO
TEMPO DO
CINEMA NEGRO
NO BRASIL
EDILEUZA PENHA DE SOUZA
1 Sobre o assunto ler: História geral da África, I: Metodologia e pré-história da África / editado por Joseph Ki‑Zerbo. – 2.ed. rev. –
Brasília: UNESCO, 2010.
12
Assim como a territorialidade, a comunalidade parte de uma filosofia que se refere a lin-
guagens, valores do contínuo civilizatório africano, se ancora na memória, no legado ances-
tral e na identidade. Desse modo, aderimos ao princípio de que somente a partir desse pre-
âmbulo ancestral é possível estruturar uma cronologia do e para o Cinema Negro Brasileiro
(CNB). Importantes pesquisas de cientistas negros, a exemplo do clássico texto do sociólogo
e cineasta Noel de Carvalho “Esboço para uma História do Negro no Cinema Brasileiro2”, não se
dão conta dessa circularidade e memória ancestral e engessam suas produções em coloniali-
dades e epistemicídio da branquitude.
O pai do cinema africano Ousmane Sembène reafirma o quanto a oralidade e o cotidiano asse-
guram a identidade do cinema3. Desse modo, como defendemos em nossa tese de doutorado4, o
nascimento do CNB ocorre no momento em que aqui aportam os/as primeiros/as trabalhadores/
as negros/as. Postulamos, portanto, o entendimento de que o CNB é antes de tudo um ensaio
sobre a ancestralidade e a memória, uma vez que ela devolve nossas humanidades enquanto
sujeitos que ao longo do processo escravagista nos foi negado.
O CNB é um aporte ancestral e tecnológico que busca desde a sua concepção projetar histórias
plurais que democratizam as pluralidades e edificam as diversidades de poder e de liberdade.
Noutras palavras, a construção de um cronograma para o CNB deriva da produção direta dos
Movimentos Sociais Negros. Entendendo que, esses se perpetuaram nos quase quatro séculos
de escravidão – período durante o qual importantes movimentos como a Imprensa Negra, a Re-
volta dos Malês, os Terreiro, os Quilombos, as Congadas, Reisados, Bumba meu Boi, Maracatu,
Irmandades e tantos outros foram se estabelecendo como espaço de existência e comunalida-
de, muito além da resistência e continuidade de nossas humanidades.
Após o 13 de maio de 1888 outros movimentos como a Imprensa Negra; a Frente Negra, o Te-
atro Experimental do Negro - TEN; a Carta Grande Otelo (1953); o Movimento Negro Unificado
(MNU), as Escolas de Samba, os Clubes Negros e as inúmeras entidades de mulheres negras,
cada MSN com suas especificidades, deu origem ao que podemos chamar de contempora-
neidades do CNB como o Dogma Feijoada, o Movimento do Recife, do Centro Afro Carioca de
Cinema e do Iº Encontro de Cinema Negro Brasil-África por Zózimo Bulbul em 2007, da criação
da Associação dos Profissionais Negros do Audivisual (Apan, 2016) e da eclosão de incontáveis
Mostras, Festivais Cine Clube e demais produções de circulação e debates do CNB.
2 DE, Jeferson; CARVALHO, Noel dos Santos. Dogma Feijoada: o cinema negro brasileiro. Col. Aplauso Cinema Brasileiro. São Paulo:
Imprensa Oficial, 2005.
3 Ver: DIAWARA, Manthia. African Cinema: Politics & Culture. Bloomington, Indiana: Indiana University Press, 1992.
4 SOUZA, Edileuza Penha de. Cinema Negro – conceito corporificado pela militância. In: Cinema na Panela de Barro: Mulheres
Negras, narrativas de amor, afeto e identidade. Brasília, UNB, 2013. (Capítulo: - pág. 64 - 84). Disponível em: http://repositorio.unb.br/
bitstream/10482/17262/1/2013_EdileuzaPenhadeSouza.pdf
13
A ancestralidade desses e de inúmeros outros espaços do MSN demarcam a Roda do Tempo
do CNB como espaço território de circularidade e bases epistemológica de Zózimo Bulbul, Adé-
lia Sampaio (somente para citar dois gigantes) e de todos aqueles e aquelas realizadores que
estruturam suas narrativas fílmicas a partir do compromisso e afeto que caracterizam nossas
narrativas. Ao construirmos a roda do tempo do Cinema Negro Brasileiro, produzimos sentidos
e valores como centralidade, movemos conceitos de interseccionalidade, giramos nossa corpo-
ralidade e instrumentamos os conceitos de gênero, raça, classe, sexualidade, pertencimento,
territorialidade e afetos.
Parafraseando o escritor e filósofo africano Tierno Bokar, podemos dizer que o Cinema é uma
coisa, e o Cinema Negro Brasileiro, outra. Cinema Negro Brasileiro é a fotografia do saber, mas
não o saber em si. “O saber é uma luz que existe no homem [e na mulher]. A herança de tudo
aquilo que nossos ancestrais vieram a conhecer e que se encontra latente em tudo o que nos
transmitiram, assim como o baobá já existe em potencial em sua semente”.
O CNB, assim como nossos corpos, é constituído de histórias, tempo e memória. Histórias ale-
gres que inventamos e reinventamos com zelo na criação de roteiros e argumentos; no tempo
e no olhar áspero dos planos e contraplanos que escolhemos para fotografar peles negras em
seus múltiplos tons e tessituras; na memória dos sons que reverbera canções e ritmos refeitos
em cada movimento corporal. Em uma cronologia circular unimos os elos da vida, do trabalho
e das artes (Sillva, 2009)5.
5 SANTOS, Inaicyra Falcão. Dança e pluralidade cultural: corpo e ancestralidade. Revista múltiplas leituras, Santa Catarina, v.2, n.1, p.
31-38, 2009.
14
15
O PROTAGONISMO
NEGRO QUEER
BRASILEIRO
BRUNO VICTOR
No presente ensaio, propõe-se refletir acerca das confluências artísticas, performáticas e políticas
de cineastas e multi artistas negros LGBTQIA+ que perpassam as fronteiras impostas entre as
artes visuais e o cinema. Estar nessa constante travessia se faz característica de realizadores
que, em sua maioria, viveram uma busca de referenciais imagéticos inexistentes ou apagados da
historicidade cinematográfica brasileira.
Antes de adentrar nessa busca incansável de pessoas negras e de suas subjetividades nas telas,
retorno a Grada Kilomba, que - no prefácio da Obra Pele Negras, Máscaras Brancas de Frantz Fa-
non pela editora UBU 2020 - compartilha sua busca de escritores negres durante suas pesquisas
em Lisboa no ano de 1990. “Eu passava horas à procura de palavras, frases ou parágrafos que
eventualmente me pudessem dar uma linguagem. Eram recortes, retalhos que eu tentava cuida-
dosamente incluir na minha escrita.” (pg 12).
Edileuza Penha questiona: “quantos cineastas negros vocês conhecem?”, no início do meu primei-
ro curta-metragem - Afronte - em 2017. A questão reformulada me acompanhou por muitos mo-
mentos de minhas pesquisas acadêmicas e de minha carreira cinematográfica: quantos cineasta
negros queers vôces conhecem e, por conseguinte, onde estão as suas obras?
16
Em 2016, eu e meu companheiro de universidade Marcus Azevedo iniciamos o mapeamento acer-
ca de afetos entre negros gays para a pesquisa do nosso documentário/produto de conclusão
de curso em Audiovisual pela Universidade de Brasília, o curta-metragem Afronte. Para além da
abordagem temática em si, o processo do documentário consistiu em refletir a respeito da nossa
subjetividade como negros, gays e diretores da obra.
Assim, a busca de um relevo rico em referências, produções e trocas se tornou o grande objetivo
das nossas pesquisas. Compreendo hoje que essa busca era pautada pela afroperspectividade,
conceituada pelo filósofo Renato Nogueira, que reivindica uma nova perspectiva, uma conceitua-
ção decolonial acerca de seus estudos no campo filosófico. Nogueira (2015) recorre às tradições
indígena, africana e afro-brasileira, distanciando-se das tradições europeias para conceituar uma
filosofia brasileira.
“Numa sociedade racista que apresenta dados alarmantes de violência urbana em que as prin-
cipais vítimas são jovens negras e negros, filosofar pode ajudar a repensar o cenário político e
social. Mas, insisto, eles devem estudar uma Filosofia que seja marginal e antidogmática. Uma
Filosofia que pense o racismo, uma Filosofia que trate da violência, uma Filosofia que pense o
Brasil, uma Filosofia enredada no nosso território cultural, uma Filosofia que está porvir e que, tal-
vez, possa estar em semente no pluriverso filosófico afro perspectivista.” Renato Nogueira, 2015.
Para refletir sobre essa tarefa política que é a construção da subjetividade negra ou nossa afro-
perspectiva, referencio Neusa Santos, que expressa sua intenção de criar narrativas feitas para
pessoas negras em sua obra Tornar se Negro (1983). Ela pontua que só temos autonomia in-
dividual, ao possuir narrativas que partem das nossas próprias subjetividades e quando temos
conhecimento dos nossos contextos históricos.
Somando-se às citações anteriores, que fazem desse ensaio uma linha narrativa interdisciplinar, em
um exercício de costurar nossos retalhos, para então chegarmos às reflexões do fazer cinemato-
gráfico, relembro uma importante análise presente no artigo “Identidade Cultural e Diáspora” (1994),
17
no qual Stuart Hall cita o cinema negro caribenho em sua buscade novas representações de sua
identidade cultural por meio do audiovisual. Um processo de contranarrativa e busca de identifi-
cação imagética negra foi posto em evidência neste movimento cinematográfico executado por“
novos sujeitos pós-coloniais”.(pg:68)
Hoje, para além de sujeitos pós-coloniais, agregamos características mais profundas que abar-
cam a compreensão da nossa territorialidade como realizadores periféricos, que refletem raça,
interseccionando sexualidade e gênero de forma disruptiva.
O Manifesto Reivindicando os Estudos de Mídias Pretos (2019) nos guia como proposta de avan-
çarmos na discussão aqui iniciada pela minha subjetividade como pesquisador e diretor de cine-
ma. Para além dessa especificidade autoral, proponho a reflexão acerca das referências midiá-
ticas racializadas, perfomances ou produções textuais que confluem para as produções negras
queers. “Devemos parar de defender a representação como um marcador do progresso racial e,
em vez disso, começar a nos concentrar nos temas e ideias com os quais essas representações
se engajam” (Gates, Gillespie, 2019, p. 6).
Sendo assim, analisar os métodos narrativos que constroem o que se compreende como cinema
negro queer se torna exercício fundamental para que os processos fílmicos sejam discutidos
com maior profundidade no campo de estudos do cinema. Extrapolar a temática e se debru-
çar na linguagem ainda tem sido um desafio para nós realizadores, que inúmeras vezes somos
tokenizados em festivais de cinema, onde nos limitam como corpos negros em nome de uma
diversidade superficial.
O cinema negro LGBTQIA+ ou cinema de negritude queer é aqui compreendido por uma prática
executada por individuos LGBTQIA+ negros que utilizam sua subjetividade como ponto de partida
para a construção de vertentes artisticas e narrativas de autorepresentação.
Gilberto Alexandre Sobrinho e Natasha Rodrigues se aprofundam nessa perpectiva dos novos
artistas que são atravessados por esses recortes, no artigo O cinema negro LGBT+ e queer no
Brasil (2022), em que destacam a multiplicidade estética e cultural na produção audiovisual negra
da segunda década do século XX, indagando como seus realizadores constroem representações
da negritude. Levando em consideração essa percepção dos realizadores, a narração em primeira
18
pessoa e os processos de figuração de corpos negros representam papéis estratégicos nessas
articulações, nos filmes de ficção, documentário e experimental, em que também se preveem
combinações não óbvias entre essas tradições, articulando-se trabalhos com voz própria.
Aqui não pretendemos encontrar uma resposta definitiva a respeito do que é o cinema de negritu-
de queer, mas sim abrir um novo olhar sobre as produções que estão em efervescência pelas ja-
nelas nacionais. É um convite para observar as complexidades do fazer artístico e político dessas
obras para além de sua temática e contemplá-las como arte.
Olhar esse movimento cinematográfico é entender que ele floresce a partir da interação e constru-
ção de uma narrativa a partir de corpos que expõem diferentes especificidades. Esse encontro se
dá em uma perspectiva de fronteiras, sejam elas fronteiras físicas, culturais ou sociais, pois a ideia
de fronteira não indica delimitações mas sim ponto de início. Compreende-se, também, que onde
existem as marginalizações sociais é onde podem ocorrer as ressignificações dos imaginários
sociais e a criação de contra narrativas como afere Bhabha (1988).
Esses “entre lugares” fornecem o terreno para elaboração de estratégias de subjetivação - singular
ou coletiva - que dão início a novos signos de identidade e postos inovadores de colaboração e
contestação, no ato definir a própria ideia de sociedade. (Bhabha, 1988. p.20)
Assim, essas novas narrativas vislumbram um novo olhar, uma nova perspectiva, a qual o cinema
nacional tradicional não contempla: são nossas intersecções elaboradas em telas. O convite se-
gue para um olhar atento ao processo fílmico de protagonismo negro queer brasileiro.
BRUNO VICTOR é formado em audiovisual pela Universidade de Brasília e mestrando em Multimeios pela Unicamp. Codirigiu
e corroteirizou o curta “Afronte”, documentário exibido em Harvard, Festival Internacional de Cinema de Rotterdam e Festival de
Havana, premiado com o Coelho de Ouro de melhor curta-metragem no Festival Mix de 2017; Prêmio Saruê e melhor montagem
da Mostra Câmara Legislativa no 50º Festival de Brasília. Ministrou a oficina “O corpo negro LGBT” no Cinema Contemporâneo na
UFRJ (RJ, 2019), no Festival Negritudes Infinitas (CE, 2020) e no Festival no seu Quadrado (DF, 2020). Foi professor de roteiro pelo
programa educativo do Instituto LGBT+ (DF, 2020). Representou o Brasil no documentário, “Kreativ durch die Krise” para a ZDF TV
(Alemanha, 2020). Foi curador do Festival de Documentário Internacional Rastro (DF, 2020 e 2021), integrante do comitê de seleção
Festival Mix Brasil (SP, 2020 e 2021), integrante do corpo curatorial do concurso de roteiros do Fade To Black Festival (RS, 2021) e
curador do Festival Conexcine (DF, 2021). Finalista Prêmio ABRA de Roteiro (2021) e coordenador do Queer Festival for Palestine
(2021). Foi assistente de direção do curta-metragem “Lubrina” (2023), codirigiu e corroteirizou o curta-metragem “Pirenopolynda”
(2023), Story Producer do documentário “Cartas Marcadas” Warner Bros. Discovery/Trip Filmes (2022), diretor assistente,
pesquisador do longa “Afeminadas” (Selecionado para o 55° Festival de Brasília). Codirigiu o longa-metragem “Rumo” (Prêmio
Zózimo Bulbul, Prêmio Especial do Júri e Melhor Longa-metragem do Júri Popular no 55° Festival de Brasília).
19
AÇÕES AFIRMATIVAS:
POLÍTICA PÚBLICA
INDISPENSÁVEL À
CONSOLIDAÇÃO E
FORTALECIMENTO DA
PRODUÇÃO AUDIOVISUAL
NEGRA NO BRASIL
VIVIANE FERREIRA
Em tempos de retomada das políticas públicas culturais, em âmbito federal, temos esperanças
renovadas de que segmentos e grupos historicamente alijados dos acessos à recursos públicos
ou privados para prover suas produções culturais tornem-se prioridade no novo ciclo de formu-
lação, implementação e monitoramento das políticas públicas. Entendendo os movimentos de
cinemas negros, como um segmento que se manteve na trincheira e em constante diálogo com
as estruturas estatais, nas diversas esferas federativas, é importante historicizarmos e evidenciar-
mos a importância das políticas de Ações Afirmativas como política pública indispensável para a
consolidação e o fortalecimento da produção audiovisual negra no país.
A denominação Ações Afirmativas, tem berço na Índia, na década de 1950 quando a Constituição
Indiana estabelece cotas na legislatura, no emprego público e no ensino superior para as Schedu-
led Castes e Schedulend Tribe. E ganha força na década de 1960, nos Estados Unidos, referindo-se
a um sistema de políticas públicas e privadas voltadas à população negra norte-americana, no
pós-luta pelos direitos civis, que trazia a extensão da igualdade a todos como bandeira principal.
A experiência das políticas de Ações Afirmativas não se restringiu apenas aos Estados Unidos;
sendo tratada desde 1972 na Europa sob a denominação de “ação ou discriminação positiva”,
foi inserida no primeiro “Programa de Ação para a Igualdade de Oportunidades” da Comunidade
Econômica Europeia, no ano de 1982.
As Ações afirmativas têm em seu foco grupos como minorias étnicas, raciais e mulheres, visando
atender as áreas de desenvolvimento educacional, econômico, profissional e cultural. Traz em
seu complexo de possibilidades de efetivação o sistema conhecido como “sistema de cotas”, que
estabelece um percentual ou número a ser ocupado em área específica por determinado grupo;
o sistema de taxas e metas, que estabelece parâmetros para mensurar progressos obtidos em
20
relação a determinados objetivos, dentro de um cronograma específico, com etapas a serem ob-
servadas em um planejamento de médio prazo; dentre tantas outras formas existentes ou a serem
criadas. As Ações Afirmativas guardam em si profundas afinidades com a garantia da diversidade
cultural e identitária, e a possibilidade de implementações de políticas públicas eficazes.
Sua definição pode ser traduzida de diversas formas, entretanto, no âmbito do presente artigo,
nos contentaremos com as definições coadunadas com as ciências jurídicas. Dessa maneira, na
acepção de Joaquim Barbosa, Ações Afirmativas devem ser sintetizadas como:
No âmbito dos estudos do Direito Público no Brasil a autora Carmem Lúcia Antunes Rocha classi-
ficou as Ações Afirmativas como a mais avançada tentativa de concretização do princípio jurídico
de Igualdade, ao expor que:
Sendo assim, a aceitação das ações afirmativas como componente capaz de promover a redução
das desigualdades e a defesa da garantia da fruição do Direito à cultura é legitimamente consti-
tucional, dentro do ordenamento de um Estado Democrático de Direito como o Estado Brasileiro,
reafirmando a necessidade de existência de programas de governo e políticas públicas de Estado
formuladas que tomem como componente indispensável as políticas de ações afirmativas.
A historicidade das Ações Afirmativas com foco nas pessoas negras no âmbito nacional começa
no regime militar e nos acompanha até a redemocratização. Principia com a manifestação favo-
rável, durante o regime militar no ano de 1968, de técnicos do Ministério do Trabalho e do Tribunal
Superior do Trabalho pela criação de uma Lei que obrigasse empresas privadas a manter uma
percentagem mínima de empregados “de cor” em seus quadros de funcionários, manifestação
frustrada, uma vez que tal Lei não foi criada.
21
Já na década de 80 circulou na Câmara Federal o projeto de Lei no 1.332 de 1983, editado pelo
então Deputado Federal Abdias do Nascimento, que propunha uma “ação compensatória” à popu-
lação afro-brasileira após séculos de discriminação, projeto também frustrado pela não aprovação
no Congresso Nacional. Na mesma década, no ano de 1988, mesmo ano de promulgação da
Constituição Federal, por força das manifestações do centenário da abolição, o Estado Brasileiro
criou a Fundação Cultural Palmares, vinculada ao Ministério da Cultura, órgão que recebeu a fun-
ção de apoiar a ascensão social da população negra. É nessa encruzilhada da história que moram
as razões pelas quais no atual contexto de reorganização das políticas públicas culturais a Fun-
dação Cultural Palmares, precisa ter sua reputação e sua finalidade resgatadas após os severos
ataques sofridos durante a gestão do bolsonarista Sérgio Camargo.
Os anos 2000 ficaram marcados por acolherem iniciativas governamentais que buscaram garantir
a inserção de pessoas negras em espaços institucionais. Desta maneira, no Ministério do De-
senvolvimento Agrário e no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra foram
adotadas cotas de 20% para negros – com meta de 30% a ser atingida em 2003; no Ministério
da Justiça (2001) aderiu-se a 20% de cotas para negros, 20% para mulheres, e 5% para pessoas
com deficiência na contratação de serviços terceirizados; já o Ministério das Relações Exteriores
(2002) criou 20 bolsas de estudos para negros que se candidatem à carreira de diplomata do
Instituto Rio Branco.
22
afirmativas no ensino superior, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro – Uerj, entrando em
vigor a partir da seleção de 2002/2003. A lei estadual estabeleceu que 50% das vagas dos cursos
de graduação das universidades estaduais sejam destinadas a alunos oriundos de escolas pú-
blicas selecionados por meio do Sistema de Acompanhamento do Desempenho dos Estudantes
do Ensino Médio – Sade. Devendo ser aplicada em conjunto com outra medida, decorrente de lei
aprovada em 2002, a qual estabelece que as mesmas universidades destinem 40% de suas vagas
a candidatos negros e pardos.
Depois, foi a vez da Universidade de Brasília – UnB e da Universidade Estadual da Bahia – UNEB,
no ano de 2004, aprovarem o sistema de cotas raciais nos próprios vestibulares. Culminando com
a aprovação da lei no 12.711/2012, regulamentada pelo decreto no 7.824/2012, sancionada pela
Presidenta Dilma Rousseff, popularmente conhecida como “Lei de Cotas”, que instituiu que todas
as universidades federais deveriam, até o final de 2016, apontar o regime próprio que garantiria
a reserva de 24% das suas vagas para estudantes oriundos da rede pública, com renda igual ou
inferior a 1,5 salário mínimo; 25% para candidatos que estudaram integralmente no ensino médio
e que possuem renda igual ou superior a 1,5 salário mínimo e, ainda, um percentual para pretos,
pardos e indígenas, conforme o último Censo Demográfico do IBGE na região.
A implementação das Políticas de Ações Afirmativas chega no campo da cultura em meio a turbu-
lências políticas. Isso porque a pasta do Ministério da Cultura esteve envolvida em polêmicas des-
de o primeiro momento do Governo Dilma Rousseff, que teve início no dia 01 de janeiro de 2011.
A classe artística brasileira demonstrou sua insatisfação por diversos meios de comunicação e
canais abertos de diálogo com o governo. Dentre as reivindicações da classe, encontravam-se
reclamações sobre a política do mecenato, por meio da Lei Rouanet, carro-chefe do complexo le-
gislativo cultural brasileiro, sob alegações de que os recursos circulam nas mãos de poucos, sen-
do esses sempre os grandes produtores culturais, legando aos pequenos produtores condições
precárias para concepção, produção e disseminação de seus produtos culturais. Dentre o grupo
dos desfavorecidos com a política cultural nacional, destacamos a presença da população negra.
A Presidenta Dilma Rousseff, na expectativa de fazer as pazes com a classe dos produtores cultu-
rais, destituiu a então ministra Ana de Hollanda e entregou a pasta para a Senadora Marta Suplicy.
A nova Ministra da Cultura fora provocada pela Ministra Luiza Bairros, titular da pasta da Secretaria
de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República – SEPPIR (com status
de ministério), militante histórica do movimento de mulheres negras e defensora das políticas de
ações afirmativas, a dar um giro pelo país se reunindo com os diversos grupos e eixos culturais
no campo das artes negras. Após dialogar com diversos setores das artes negras, o Ministério
da Cultura, convocou à Fundação Cultural Palmares, a Fundação Nacional de Artes – Funarte, e
a Secretaria do Audiovisual, todas subordinadas ao Ministério da Cultura, para que em parceria
23
com a SEPPIR elaborassem um complexo de editais em consonância com as diretrizes das ações
afirmativas, a fim de garantir participação do grupo de produtores negros do país no orçamento
destinado à cultura.
Assim, no dia 19 de novembro de 2012, foram lançados os editais: Prêmio Funarte de Arte Negra;
Apoio à coedição de livros de autores negros; Apoio a pesquisadores negros; e o edital Curta
Afirmativo, esse último em parceria com a Secretaria do Audiovisual. Os editais receberam um
conglomerado de mais de 4.000 inscrições, de acordo com publicações do Ministério da Cultura,
sendo considerados um grande sucesso e reveladores de um universo significativo de produtores
culturais negros que encontram dificuldades para acessar os meios de produção cultural permiti-
dos na legislação brasileira. Entretanto, no dia 21 de maio de 2013, os inscritos nos editais foram
surpreendidos com comunicado da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República, que dizia:
Pois bem, o Edital voltado para o audiovisual, Curta Afirmativo, como comum a todo edital de fo-
mento ao setor, trouxe sua fundamentação jurídica no primeiro parágrafo do instrumento, seguido
por seu objetivo, da seguinte forma:
24
A União, por intermédio do Ministério da Cultura – MinC, neste ato representado pela
1.1 O presente edital tem por objeto o fomento a 30 (trinta) obras audiovisuais de curta-
-metragem, a partir de 10 (dez) minutos, dirigidos ou produzidos por jovens negros, de 18
a 29 anos, pessoa física, com temática livre, podendo ser ficção ou documentário, com a
possibilidade de utilização de técnicas de animação. (BRASIL, Edital no 03, Curta Afirmati-
vo, Diário Oficial da União, 2012, p. 1).
3.1. Os projetos audiovisuais de curta-metragem deverão ser inscritos por pessoas físicas
autodeclaradas negras (pretos e pardos, de acordo com as categorias do Instituto Brasi-
leiro de Geografia e Estatística – IBGE), que se apresentem como produtores, diretores
ou que, cumulativamente, exerçam as duas funções na obra proposta; 3.2. Os produtores
e/ou diretores devem ser jovens negros, de 18 a 29 anos; 3.3. Será permitida a inscrição
de apenas 1 (um) projeto por concorrente, independente [sic] de sua apresentação como
produtor, diretor ou em ambas as funções; 3.4. As obras audiovisuais de curta-metragem
deverão ser inscritas por concorrentes pessoas físicas individualmente que sejam brasilei-
ros natos ou naturalizados. (ibidem).
A vitória jurídica obtida no Superior Tribunal Federal à qual o comunicado da SEPPIR se refere
foi o reconhecimento da constitucionalidade da Política de Ações Afirmativas e implementação
da Política de Cotas nos vestibulares das Universidades Públicas brasileiras, como instrumento
capaz de permitir que o Estado assegure o acesso à educação superior para a população negra. O
que demonstra que toda trilha que conduz à implementação das políticas de ações afirmativas no
Brasil, até tal decisão do Supremo, já tinha enfrentado diversas batalhas no sistema judiciário, na
academia, na mídia e com toda a sociedade para desconstruir os argumentos contrários às políti-
cas de ações afirmativas. Considere-se que o principal deles trata da proteção à “meritocracia”, um
dos aspectos mais enraizados do pensamento liberalizante do sistema capitalista.
25
Não foi diferente no campo da cultura; o processo se estendeu na justiça até dezembro de 2013,
o que significou que os realizadores contemplados no Edital Curta Afirmativo só tivessem um
acesso ao recurso no ano de 2014.
A política se mostrou acertada, e mobilizou o país e setores das artes negras de tal forma que
o MinC publicou no ano de 2015 a segunda edição do Curta Afirmativo e o 1º Edital B.O. Longa
Afirmativo, este último voltado para premiação de até 3 (três) narrativas audiovisuais de ficção,
com orçamento de até R$ 1.250.000,00 (um milhão, duzentos e cinquenta mil reais) cada um. Em
virtude deste edital, por ter sido uma das contempladas para realização do longa-metragem “Um
Dia com Jerusa”, pude dirigir meu primeiro longa-metragem de ficção. Os outros dois realizadores
negros contemplados foram Déo Cardoso (CE), que dirigiu o aclamado “Cabeça de Nêgo” e Gabriel
Martins (MG), que dirigiu “Marte Um”, representante do Brasil na disputa por uma vaga no Oscar
em 2023. Não há dúvidas de que a política pública atingiu 100% de eficácia ao observarmos a
trajetória dos três filmes por ela contemplados.
No ano de 2016, inspirados nas políticas dos curtas e longa afirmativos, e sob pressão dos movi-
mentos culturais negros locais, o Estado de Pernambuco aprovou o sistema de cotas, combinan-
do reserva de vagas com indução na pontuação, garantindo 20% dos recursos do Fundo Pernam-
bucano de Incentivo à Cultura – Funcultura PE investidos em projetos cujos proponentes sejam
pessoas negras ou indígenas, e atribuição de maior peso a projetos que apresentassem mulheres
e pessoas negras ou indígenas como proponentes. No mesmo ano, na cidade de São Paulo, a
SPCINE, lança um edital, o Curta Afirmativo Municipal, com sistema de indução, reservando cotas
para mulheres, negros, indígenas, e pessoas periféricas.
O ano de 2017 foi momento do movimento de Cinemas Negros empunhar a bandeira das Ações
Afirmativas no Audiovisual como principal agenda, para enfrentar os retrocessos políticos trazidos
pelo golpe. O primeiro foi a suspensão do Edital Curta Afirmativo SPCINE, por parte do Tribunal
de Contas do Município de São Paulo – TCM. O órgão fiscalizador questionava a metodologia
utilizada pela empresa para garantia das reservas de cotas, dando um prazo de 15 (quinze) dias
para que a metodologia fosse revista, sob o risco de cancelamento do edital sem pagamento dos
contemplados. Parecia, aos olhos do movimento de Cinemas Negros, uma repetição de tudo que
já havia sido vivenciado pelos contemplados do Edital Curta Afirmativo do MinC. Em carta aberta
à SPCINE, no dia 16 de fevereiro de 2017, a Associação de Profissionais do 2 Audiovisual Negro
26
– APAN se posicionou, pondo-se em vigilância dos questionamentos e respostas no processo em
curso, entre o TCM e a SPCINE. Na comunicação citada, a APAN afirma que:
os debates políticos pela consolidação das políticas de ações afirmativas no Brasil, pas-
sam pela desconstrução das interpretações enviesadas do arcabouço legal que regula-
mentou os processos licitatórios no país. Fortalecer um “Sistema de Ações Afirmativas no
Setor Audiovisual” não se trata de manutenção de privilégios e, sim, garantia de Direitos. E
o direito positivado não pode e nem deve estar a serviço da exclusão de grande parte da
população em acessar seus direitos.³
O ano de 2017 foi intenso para as reflexões sobre as políticas afirmativas no audiovisual, vale ain-
da resgatar que no dia 10 de julho de 2017 a APAN editou uma carta aberta, endereçada à 4ª Se-
cretaria do Audiovisual – MinC, expondo o descontentamento do movimento de Cinemas Negros
com a ausência dos editais Curta Afirmativo e Longa Afirmativo no conjunto de editais que foram
lançados no dia 07/07/2017, e que a secretaria anunciou como Programa Nacional de Fomento
ao Audiovisual. Dentre suas ponderações a carta dizia que:
A APAN tem dialogado com diversos entes do audiovisual brasileiro como a ANCINE, SPCI-
NE, além de secretarias estaduais, sempre no intuito de constituir diversas iniciativas que
contemplem ações afirmativas no audiovisual brasileiro. Desta forma, a APAN entende que
a ausência dos editais afirmativos marca RETROCESSO na política audiovisual brasileira e,
nesse sentido, solicitamos agenda com a Ilustríssima Senhora Mariana Ribas, Secretária
do Audiovisual, para que possamos retomar a existência dos editais afirmativos e elaborar
em conjunto outras importantes ações afirmativas relacionadas à SAV.
Sob pressão do Movimento de Cinemas Negros, e a dinâmica própria de uma gestão conduzida
ao poder por meio de um golpe de Estado, em 2018 a ANCINE anuncia aprovação de cotas raciais
e de gênero no edital destinado a produção cinematográfica, reservando, de um total 5 de R$
100.000.000,00 (cem milhões de reais), o percentual de 35% dos valores para projetos propostos
por mulheres, e 10% para projetos propostos por pessoas negras e/ou indígenas. A pegadinha
do edital está na ausência de obrigatoriedade de aprovação de projetos que atinjam os valores
reservados, uma vez que não há reserva de vagas entre os projetos selecionados. O que permite
que os recursos reservados possam retornar para os cofres do Fundo Setorial do Audiovisual sob
a alcunha de ausência de projeto para serem fomentados com o recurso reservado.
27
Já a Secretaria do Audiovisual – SAV, no mesmo ano, em resposta às reivindicações presentes
na carta da APAN e à insatisfação do Movimento de Cinemas Negros, anunciou o Programa Au-
diovisual Gera Futuro, com um pacote de oito editais, dentre eles um específico para seis produ-
ções voltadas a temáticas negras, e instituindo “se possível” uma reserva de 25% dos projetos
contemplados para pessoas negras, de modo que a seleção deveria acontecer em duas etapas:
na primeira não se aplicariam critérios de cotas raciais, se na segunda etapa houvessem projetos
cujos proponentes fossem pessoas negras; aí, “se possível”, deveria-se aplicar a ação afirmativa.
Até o presente momento desta pesquisa, não foi publicado o resultado de tais editais, o que nos
impede de saber o resultado de tais “políticas afirmativas”.
Não obstante, como último ponto da trilha que guia a construção das políticas de Ações Afirma-
tivas do Audiovisual Brasileiro, temos a atuação da APAN junto ao Congresso Nacional para a
propositura do projeto de lei no 10516/2018, pela Deputada Federal Jandira Feghali (PCdoB/RJ)
e Deputado Federal Paulo Teixeira (PT/SP ), que dispõe sobre políticas de ação afirmativa para
o 7º setor audiovisual, determinando reserva de recursos para negros, indígenas e mulheres em
processos seletivos financiados com recursos públicos federais. O projeto seguiu em tramitação
na casa, recebeu parecer do relator da Comissão de Cultura da Câmara Federal, até que foi arqui-
vado, contudo, recebeu atualização no último dia 6 de fevereiro de 2023 a partir de um pedido de
desarquivamento protocolado pela deputada autora.
Por fim, entendendo que por todo histórico aqui exposto, em um momento de debate e reabertura
de diálogos para pensarmos e construirmos políticas públicas culturais consistentes e eficazes,
as ações afirmativas são importantes e indispensáveis ferramentas para o fortalecimento e con-
solidação das produções audiovisuais negras e indígenas no país.
VIVIANE FERREIRA é uma jovem advogada, ativista negra e cineasta. Mestre em Comunicação pela Universidade de Brasília
(UnB), presidiu a Comissão de Seleção Brasileira 2021 do Oscar®, que escolheu o representante brasileiro na Academia. É também
professora universitária de Mídia Cinematográfica da ESPM, fundadora da Odun Filmes e uma das fundadoras da APAN, Associação
Brasileira dos Profissionais Negros da Indústria Audiovisual. Seu curta “O Dia de Jerusa” (2014) foi selecionado para o Cannes Short
Film Corner e posteriormente se tornou o longa-metragem “Um dia com Jerusa” (2020).
Em 2021, Viviane Ferreira foi nomeada pelo Most Influential People of African Descent (MIPAD) como uma das 100 Afrodescendentes
Mais Influentes do mundo, com menos de 40 anos, na categoria Humanitarismo e Ativismo. A ação faz parte da agenda global da ONU
e é uma iniciativa global da sociedade civil em apoio à Década Internacional das Nações Unidas para os Afrodescendentes.
Especialista em políticas públicas para a indústria audiovisual na Spcine, lidera o desenvolvimento, financiamento e implementação de
programas e políticas para os setores de cinema, TV, games e novas mídias.
28
REFERÊNCIAS:
BARBALHO, Alexandre (Org.). Cultura e desenvolvimento: perspectivas políticas e econômicas. Salvador: Edufba, 2011.
BARBOSA, Joaquim. O Debate Constitucional sobre ações afirmativas. In SANTOS, Renato e Lobato, Fátima (Org.). Ações
Afirmativas: Políticas públicas contra as desigualdades raciais. Org. Renato Santo e Fátima Lobato. – RJ , 2003.
BRASIL, Edital 03, Curta Afirmativo, Diário Oficial da União, 2012, p. 1
BOYER, Robert. Teoria da Regulação: os fundamentos. Trad. Paulo Cohen. Brasil: Estação Liberdade, 2010.
BIKO, Banto. A Definição da Consciência Negra”, 1971. Tradução: Núcleo de Estudantes Negras “Ubuntu” / Universidade
do Estado da Bahia – UNEB Collins, Patricia Hill. Pensamento feminista negro: conhecimento, consciência e a política do
empoderamento. Trad. Natália Luchini. Seminário “Teoria Feminista”, Cebrap, 2013. [Em inglês, Black feminist thought:
knowledge, consciousness, and the politics of empowerment. Nova York/Londres, Routledge, 1990.
CHAUí, Marilena. Cidadania Cultural: o Direito à cultura. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2006.
CRUZ, Viviane. A aplicabilidade dos princípios constitucionais de igualdade e isonomia pelo Estado Brasileiro à luz da
diversidade étnico racial: uma análise da sentença que suspendeu os efeitos do edital Curta Afirmativo na garantia do
Direito à cultura. São Paulo, 2013. Monografia de Graduação, Faculdade de Direito, Universidade Paulista, 2013.
PT é a sigla do Partido dos Trabalhadores; PCdoB é Partido Comunista do Brasil.
CURIEL, Ochy. Construyendo metodologías feministas desde el feminismo decolonial, 2014. In Otras formas de (re)
conocer. Reflexiones, herramientas y aplicaciones desde la investigación feminista Edición: Irantzu Mendia Azkue, Marta
Luxán, Matxalen Legarreta, Gloria Guzmán, Iker Zirion, Jokin Azpiazu Carballo 2014.
DAVIS, Angela. Mulheres, Cultura e Política. tradução Heci Regina Candiani. 1 ed. São Paulo: Boitempo, 2017.
DAVIS, Angela. A liberdade é uma luta constante. In Frank Barat (Org); tradução Heci Regina Candiani. 1 ed. São Paulo:
Boitempo, 2018.
MONTEIRO, Adriano. Os territórios simbólicos do Cinema Negro: racialidade e relações de poder no campo audiovisual
brasileiro. Vitória: UFES, 2017.
OLIVEIRA, Janaína. Kbela e Cinzas: o cinema negro no feminino do Dogma Feijoada aos dias de hoje. In AVANCA: Edições
Cine-Clube de Avanca, 2016. P. 1-9.
OLIVEIRA, Janaína. Cinema negro contemporâneo e protagonismo feminino. In: FREITAS, Kênia e ALMEIDA, Paulo
Ricardo (Org.). Catálogo da Mostra Diretoras Negras no Cinema Brasileiro. Brasília: Voa Comunicação e Cultura, 2017.
PAIXÃO, Fernanda. Espelho do real: Oscar Micheaux e o cinema negro durante a segregação racial. O Fluminense, Rio de
Janeiro, 2013.
SUELI, Carneiro. Contribuições do Cinema Negro para um Novo Pacto Civilizatório. Palestra In Encontro de Cinema Negro:
Zózimo Bulbul, Rio de Janeiro, Cine Oden, 2017.
ZENUM, Maíra. Cinema Negro: sobre uma categoria de análise para a sociologia das Relações Raciais, 2014. Disponível
em: <http://ficine.org/?p=1097>. Acesso em: 27 jan. 2016.
29
CINEMA NEGRO BRASILEIRO
CONTEMPORÂNEO:
SONHANDO COM O
FUTURO E COM O ESPAÇO
KÊNIA FREITAS
mas isso não pode ser cinema negro. isso não pode ser cinema negro. este fil-
me não pode ser desprezado por conta de seu elenco ou público. este filme não
pode ser uma metáfora pra pessoas negras & extinção. este filme não pode ser
sobre raça. este filme não pode ser sobre a dor do negro ou causar dor ao negro.
este filme não pode ser sobre uma longa história de haver uma longa história
de mágoa. este filme não pode ser sobre raça. ninguém pode dizer negão neste
filme se não pode dizer isso na minha cara em público. sem piadas de frango
neste filme. sem buracos de bala nos heróis. & ninguém mata o menino negro. &
ninguém mata o menino negro. & ninguém mata o menino negro.
(“os dinos da rua”, Danez Smith, 2014)1
Em “os dinos da rua” Danez Smith, poeta e performer, nos propõem imaginar um filme a partir de
uma cena em que um garotinho negro que brinca dentro de um onibus segurando o seu dinossau-
ro de plástico. Nessa cena, por um instante, esse garotinho olha pela janela sonhador e cheio de
possibilidades. Para assegurar que essa cena exista e seja preservada em sua plenitude mágica,
no resto do poema Danez Smith lista as inúmeras formas de cooptação dessa possibilidade ino-
cente de sonhar negra por um sistema industrial cinematográfico que equivale a nossa produção
audiovisual a uma série de estereótipos ou de temas e abordagens limitadores.
30
Abrimos esse texto com essa imagem e esse desejo - de que o menino negro não seja morto no fim
e de que possamos sonhar - para pensar as táticas e caminhos do cinema negro brasileiro contem-
porâneo. Entendemos a expressão “cinema negro” como um movimento político atravessado por
linhas de criação estéticas que se contaminam e se transformam. Falar nesse contexto em cinema
negro é assim pensar as aberturas de possibilidade de criação (os olhos sonhadores nas janela que
os filmes nos oferecem) - e não em uma classificação crítica ou acadêmica que se encerra em si.
Falar em cinema negro é tratar portanto também das contradições e ambivalências que cercam
esse campo. Afinal, é ou não é cinema negro o cinema um filme como “Ôrí” (Raquel Gerber, 1989)?
A obra foi dirigida por uma mulher não negra, mas conduzida pelo pensamento da intelectual
negra Beatriz Nascimento. Ou quando Spike Lee dirige “O Plano Perfeito” (Inside Man, 2006) - um
filme que traz a discussão racial em uma perspectiva múltipla e não ancorada unicamente nas
experiências negras -, o diretor estadunidensde está deixando de fazer cinema negro? E como
falar dos filmes de Adélia Sampaio: que em 1980 foi produtora de “Parceiros da Aventura” (José
Medeiros), um filme que reúne no elenco e nas participações especiais grande parte dos atores
negros do cinema nacional da época e quatro anos depois dirige “Amor Maldito” (Adélia Sampaio,
1984) - sendo a primeira mulher negra brasileira a lançar um filme de longa-metragem -, um filme
não centrado na presença ou discussão racial? Ou ainda, como pensar da perspectiva do cinema
negro um filme como “Fantasmas” (André Novais Oliveira, 2010), em que o que vemos são as ima-
gens da rua e presença das personagens está toda concentrada no plano sonoro do filme? Cada
pergunta dessa abre um caminho de discussão e produção de afetos e que nos interessam mais
do que o simples “isso é (ou não é) cinema negro”. Como defende Michael B. Gillespie em “Film
blackness” (2016), acreditamos que trata-se menos de impor “prescrições” e mais em assumir a
potencialidade como pergunta dos filmes negros. Ou seja, trata-se de mergulhar no emaranhado
de discussões estéticas e políticas que se colocam em jogo quando evocamos a denominação
cinema negro.
Afinal, dos race movies da indústria segregada dos EUA no final dos anos 1910 ao momento con-
temporâneo de cinemas negros cada vez mais interseccionalizados e decoloniais, muitas defi-
nições já atravessaram esse termo. A marcação pela autoria: o cinema negro é o feito (dirigido?
roteirizado?) por pessoas negras. Ou a definição temática: é um cinema que trata de “questões
negras” (ancestralidade? racismo? escravização? vida na periferia? samba ou funk? Afinal, quais
são essas questões?). E até mesmo a marcação mais estrutural: a recusa, por exemplo, de um ci-
nema industrial negro, visto que a estrutura industrial é financiada pelo capital de pessoas brancas
(o cinema negro seria sinônimo de cinema artesanal? precário?). Como podemos ver, cada uma
dessas definições nos abrem para mais um conjunto de perguntas, que ao serem respondidas nos
puxam a outras.
31
Acreditamos, pois, que o campo gravitacional mais potente para uma tentativa de definição esteja
na intersecção entre esses elementos: autoria, tema e estrutura. Até porque, historicamente, o
cinema negro se faz e define contextualmente reformulando-se a partir de perspectivas históri-
cas, culturais e geográficas, mas constantemente associado às lutas dos Movimentos Negros por
inclusão, representação, direitos civis, autonomias nacionais e culturais, etc. Refletir então sobre
o cinema negro brasileiro contemporâneo, é olhar para os contextos que cercam essa produção,
tanto quanto para as linhas de criação que surgem desses contextos.
A partir das pesquisas de Janaína Oliveira (2018), destacamos quatro característica dessa produ-
ção: realizadores com formação universitária ou em cursos livres em cinema (desdobramento das
políticas públicas de ações afirmativas nas universidades, nos editais e nas oficinas e minicursos
públicos); uma referencialidade dessa geração à diretores pioneiros, como Zózimo Bulbul e Adélia
Sampaio; o aumento da presença de mulheres negras na direção, roteiro e produção dos filmes; e
o curta-metragem como formato onde essa produção se concentra. E, nesse momento, notamos
no cinema brasileiro “simultaneamente à intensificação das narrativas de ficção imaginadas e das
presenças não hegemônicas no campo de criação audiovisual brasileiro”. Transformações que
reverberam diretamente no cinema negro nacional.
Uma observação do cinema brasileiro feito por pessoas negras ressalta também uma tendência
cada vez maior na criação de narrativas que mesclam a ficção científica, a fantasia e/ou o terror
sobrenatural e o protagonismo negro - algo que pode ser pensado pelo guarda-chuva do afrofutu-
rismo. Observamos essas características em filmes como: Elekô (Mulheres de Pedra, 2015), Kbela
(Yasmin Thayná, 2015), Quintal (André Novais Oliveira, 2015), Rapsódia para um homem negro
(Gabriel Martins, 2015), Experimentando o Vermelho em Dilúvio (MuSa Michelle Mattiuzzi, 2016),
Arco do Medo (Juan Rodrigues, 2017), Chico (Irmãos Carvalho, 2017), HIC (Alexander S. Buck,
2017), NoirBLUE – Deslocamentos de uma Dança (Ana Pi, 2017), Carne (Mariana Jaspe, 2018),
Cartuchos de Super Nintendo em Anéis de Saturno (Leon Reis, 2018), Negrum3 (Diego Paulino,
2018), Brooklin (Coletivo Cine Leblon, 2019), Pattaki (Everlane Moraes, 2018), Abjetas 288 (Júlia
da Costa e Renata Mourão, 2020), Caminhos na Noite (Douglas Oliveira, 2020), Egum (Yuri Cos-
ta, 2020), Inabitável (Enock Carvalho e Matheus Farias, 2020), Morde & Assopra (Stanley Albano,
2020), Preces Precipitadas de um Lugar Sagrado que Não Existe Mais (Rafael Luan e Mike Dutra,
2020), República (Grace Passô, 2020), “Blackness = Time ÷ Media = ∞” (Márcio Cruz, 2021), Ímã
de Geladeira (Carolen Meneses e Sidjonathas Araújo, 2021) — para citarmos apenas alguns filmes
com os quais tivemos contato mais direto por meio de processos curatoriais, participação em júris
de festivais e/ou escrita crítica.
32
Em relação aos eixos de criação dessa filmografia negra contemporânea, percebemos três linhas
(que se separam, mas também convergem): Performatividade, Fugitividade e Futuridade. No pri-
meiro caso, a presença performativa e muitas vezes afrofabular dos corpos negros torna-se um
elemento marcante dos filmes. No segundo, temos filmes que escapam/fogem das convenções
e expectativas da representação e narrativas feitas por pessoas negras. E no terceiro, filmes que
negociam e forjam espaços de intimidade entre quem filma e quem é filmado.
No início dos anos 2000, o cinema negro brasileiro foi movimentado por dois manifestos - O Fei-
joada (2000) e o De Recife (2001) -, contextualizados pelo momento de retomada da produção
cinematográfica nacional e pelo problemas relacionados às desigualdades das presenças negras
no audiovisual brasileiro. Cerca de duas décadas depois, acompanhamos uma geração que rei-
vindica pelo futuro - “Manifesto do Futuro” (GALINDO, 2018) - e por outros espaços - “Manifesto
pelo espaço” (no filme “Negrum3”, Diego Paulino, 2018). Tal qual o menino negro no ônibus no
poema de Danez Smith, as personagens de Paulino afirmam: “Aspiramos aos cosmos pela simples
possibilidade de sonhar!”.
REFERÊNCIAS
FREITAS, KÊNIA. Cinemas Negros Brasileiros: rotas de criação e de fuga. In: CLEBER, Eduardo; D’ANGELO, Raquel Hallak;
D’ANGELO, Fernanda Hallak. (Org.). O Cinema Brasileiro em Resposta ao País - 2016-2021. 1ed. Belo Horizonte: Universo
Produção, 2022.
GALINDO, Bruno. “Manifesto do Futuro”. In: Sessão Aberta. Publicado em Novembro de 2018. Disponível em: https://sessao-
aberta.com/2018/11/07/livre-manifesto-de-um-jovem-negro-critico-de-um-critico-negro-jovem-de-tudo-ao-mesmo-tempo/.
GILLESPIE, Michael Boyce. Film blackness: American cinema and the idea of black film. Durham: Duke University Press, 2016.
OLIVEIRA, Janaína. Kbela e Cinzas: o cinema negro no feminino, do “Dogma Feijoada” aos dias de hoje. In: SIQUEIRA,
Ana [et al]. Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte (catálogo). Belo Horizonte: Fundação Clóvis Salgado, 2018.
KÊNIA FREITAS é curadora e programadora do Cinema do Dragão. Doutora em Comunicação e Cultura pela
UFRJ. Realiza palestras, oficinas e minicursos sobre Afrofuturismo e Crítica de Cinema. Escreve para o site de
cinema Multiplot! desde 2012. Integra o FICINE - Forúm Itinerante de Cinema Negro.
33
_
Manhã de domingo
LONGAS
METRAGENS
DIÁLOGOS COM
RUTH DE SOUZA
107’ | Brasil | São Paulo | 2002 | +10
Direção, Produção, Roteiro Juliana Vicente Elenco Ruth Direção Thiago Zanato Roteiro Prof King, Thiago
de Souza, Dani Ornellas, Jhenyfer Lauren, Ya Wanda Zanato, Marcos “Nasi” Valadã Produção Chica
Araujo, Luísa Dionísio, Rosana Paulino, Livia Laso, Barbosa, Prof King, Marcos “Nasi” Valadão Direção de
Mirrice de Castro Direção de Fotografia Lilis Soares, Ana Fotografia Marco Antônio Ferreira Edição Danilo Santos
Paula Mathias Direção de Arte Márcia Beatriz Granero, Som Thiago Zanato, Fred França, Raul Costa, Tales
Juliana Vicente Música Original Renato Gama Edição Manfrinato Edição de Som e Mixagem Tiago Bello Cor e
Washington Deoli Finalização MIA - Marcelo Rodriguez Produção Druzina
Content, Livres Filmes, Thiago Zanato
Ana, uma escritora, recentemente órfã, que decide se Direção, Roteiro e Realização Júlia Fávero, Victoria
aventurar pelos becos da memória e do relacionamento Negreiros Direção de Fotografia Giuliana Lanzoni Elenco
rompido com a mãe e a avó, atravessando a calunga para Raphaella Rosa, Dárcio de Oliveira, Giovana Lima,
resolver questões do passado. Taty Godoi, Oswaldo Eugênio, Riggo Oliveira, Daniel
Melotti Som Direto Bia Hong, Mariana Suzuki Direção
Direção de Produção Carolina Porto Direção e Roteiro de Arte Ana Iajuc Montagem Luiza Freire Produção e
Thiago Costa Assistente de Direção Raysa Prado Distribuição Ricardo Santos
Assistente de Produção Jô Pontes Produção Executiva
Luzia Costa Fotografia Luis Barbosa Montagem e
Cor Edson Lemos Akatoy Direção de Arte e Figurino
Ana Dinniz Som Juca Gonzaga Edição de Som Vitor
Galmarini Elenco Mariana, Laíz de Oyá, Danny Barbosa,
Norma Goés, Vera Baroni Narração inicial Leda Maria
Martins Produção Tajá Filmes
E SE JOSÉ FOSSE DEUS? Enquanto dois irmãos assistem uma matéria de jornal
sobre seres extraterrestres, o irmão mais velho faz uma
2’ | Brasil | São Paulo | 2020 | Livre
analogia sobre o seu mundo ser invadido por visitantes
indesejados.
Um retrato feito de José Carlos Marciano a partir do olhar
de sua filha. O curta traz a presença divina dentro de uma
Direção e Roteiro Pedro Oranges, Victor Cazuza
pessoa real, num paralelo entre o José pai de Jesus, a
Assistente de Direção Tays Perez Produção Executiva
figura do Deus católico e o próprio pai da artista. Entre
Pedro Oranges, Victor Cazuza Produção João Caroli
uma marcenaria e o cuidado das plantas, José se mostra
Elenco Dante Aganju, Gustavo Coelho, Teka Romualdo,
um personagem de várias facetas, com composições
Denis Franco da Silva Direção de Arte Winnie Ramos,
musicais autorais que formam a trilha sonora do
Lunna Touronoglou Direção de Fotografia Victor Cazuza
filme, além de referências de uma ancestralidade
Coordenador de Pós e Montagem João Falsztyn Trilha
negrodiaspórica transmitidas pela dança e pelo axé.
Sonora Original e Direitos Autorais das Trilhas Deekapz
Gravado em celular durante o período de pandemia.
Realização Pedro Oranges e Victor Cazuza
Direção, Roteiro, Fotografia e Montagem Aryani
Marciano Elenco e Trilha Sonora José Carlos Marciano
Assistente de Fotografia Fabinho Santos Masterização
Gago Ferreira Apoio Maria Tereza de Almeida Marciano
Realização e Distribuição Filme Independente - Aryani
Marciano
Direção Pâmela Peregrino Direção Musical MAROON Direção e Roteiro Adriano Monteiro Produção Bule
Roteiro Pâmela Peregrino (Baseado no livro “Òsányìn Estúdio Criativo Direção de Produção Daiana Rocha
Os segredos e Mistérios das Folhas Sagradas” de Alzení Direção de Fotografia Francisco Xavier Direção de Arte
Tomáz, 2019) Produção Alzení Tomáz, Sílvia Janayna Castiel Vitorino Brasileiro Som Direto Natália Dornelas
Ilébomim, Pâmela Peregrino Fotografia e Direção de Elenco Wesley Silva, Rejane Faria, Joaquim Marques
Arte Pâmela Peregrino Bonecos Pâmela Peregrino, Rosa de Novais, Kauã Golfeto Escodino, Marina Maciel
Natália Fróes, Yuri Kevin, MAROON, Alzení Tomáz, Sílvia Vargas, Lucas Ricardo Assunção Rangel, Assíria Vitória
Janayna Ilébomim, Maria Santos Esqueletos Pâmela Fernandes Silva, Markus Konka, Margareth Galvão,
Peregrino, MAROON, Maria Santos Adereços Pâmela Leonardo Patrocínio Apoio Cultural Edital de Produção
Peregrino, Alzení Tomáz, Sílvia Janayna Ilébomim, de Curta-metragem do FUNCULTURA da Secretaria de
Maria Santos, MAROON, Cícero de Oliveira Araújo Estado da Cultura do Espírito Santo
Filho (Quilombo Serra das Viúvas), Natália Fróes
Dançarinos Natália Fróes, Jhonatan Almeida Desenho
de Som Anderson Barros Som Direto Anderson Barros,
MAROON Distribuição Borboletas Filmes & Pombagens
Realização ÌTÀN - Cinema Negro de Animação,
Coletivo Ekàn - Abassá da Deusa Òsùn de Idjemim
NOSSA MÃE ERA ATRIZ do Rio de Janeiro que buscam, além do conhecimento,
nutrir suas inquietações a partir das produções e
26’ | Brasil | Minas Gerais | 2023 | Livre
referências negras do cinema brasileiro. A linguagem
ficcional e o making of também “compõem a mesa” da
Maria José Novais Oliveira, uma senhora negra,
narrativa do filme e o cinema se torna o alimento a
moradora da periferia de Contagem (MG), já nos
ser servido.
seus 60 anos se tornou atriz de cinema, com uma
carreira premiada no Brasil e internacionalmente. Este
Direção e Roteiro Leila Xavier e Stefano Motta Produção
documentário rememora a imagem de uma mulher
Camila Catarino, Leila Xavier, Stefano Motta Direção
ímpar, que marcou o cinema brasileiro dos anos 2010.
de Fotografia Nathalia Pires Som Pedro Moraes e
Bernardo Carvalho de Góes Montagem Nathalia Pires
Direção e Roteiro André Novais Oliveira, Renato Novais
e Maria Litago Aguirre Elenco Evelyn Estevam, João
Produção André Novais Oliveira, Thiago Macêdo Correia,
Vinicius Pereira, Leila Xavier, Nathalia Pires, Pedro
Gabriel Martins, Maurilio Martins Produção Executiva
Moraes, Tuanny Medeiros, Victoria Carvalho Distribuição
Thiago Macêdo Correia Elenco Bárbara Colen, Grace
Borboletas Filmes & Pombagens
Passô, Gláucia Vandeveld, Gilda Nomacce Montagem
Higor Gomes e André Novais Oliveira Tratamento de Áudio
Priscila Nascimento Tratamento de Cor João Gabriel
Riveres Realização e Distribuição Filmes de Plástico
Através da plataforma Sesc Digital, a “OJU - Roda Sesc de Cinemas Negros” recebe filmes con-
temporâneos de pessoas negras que dialogam direta ou indiretamente com o legado do intelec-
tual, cineasta e ator Zózimo Bubul.
Autor de filmes como Alma no Olho (1973) e Abolição (1988), Zózimo é considerado fundador
e precursor do cinema negro no Brasil. O Professor e Pesquisador Noel dos Santos Carvalho
chegou a dar a ele o título de inventor do cinema negro brasileiro. Zózimo não foi a primeira
pessoa negra a realizar um filme em nosso país, no entanto, sua obra inaugura o território fílmico
negro no cinema brasileiro, trazendo inventividade estética e narrativa, além de uma busca por
uma linguagem que conseguisse traduzir a experiência negra no mundo. Um cinema inspirado
nas proposições de bell hooks sobre a importância do olhar como um gesto de resistência das
pessoas negras. Um cinema que vá além do mero reflexo da realidade e que proponha novas
formas de representação que possibilitem descobrirmos quem somos. Um cinema que olha e
devolve o olhar.
Nesse sentido, a recente produção cinematográfica negra propõe interessantes diálogos. Nos
últimos anos, o cinema negro brasileiro vive sua primavera. Como indicou a pesquisadora e cura-
dora Janaína Oliveira, o cinema negro se tornou um movimento de realidade incontestável. Aliás,
não se trata de um cinema negro, mas múltiplos. Promovidos em diferentes regiões do país e
extremamente diversos do ponto de vista estético, discursivo e narrativo, são cinemas que bus-
cam novas formas de representar as complexidades e ambiguidades das experiências negras.
Cinemas que são, muitas vezes, voltados para o cotidiano, para dentro. Feito por pessoas negras
e para pessoas negras. Cinemas que se inspiram em realizadores africanos e afro diaspóricos de
diferentes partes do mundo, com marco essencial na obra de Zózimo Bulbul.
64
Quem foi Zózimo Bulbul?
Jorge da Silva, nasceu no Rio de Janeiro em 21 de setembro
de 1937 e, como cineasta, ator, produtor e roteirista, tornou-se
conhecido como Zózimo Bulbul. Atuou em diversos filmes de ficção,
entre eles Terra em Transe (Dir: Glauber Rocha, 1967), Compasso de
Espera (Dir: Antunes Filho, 1973) e As Filhas do Vento (Dir: Joel Zito,
2005), e na televisão, integrou elenco de algumas novelas, também
como protagonista. Foi como cineasta, a partir de 1974, que Zózimo
se destacou como artista político afirmativo, tendo o cinema como
propulsor para ressaltar as culturas negras, contextualizar diálogos
do presente com a história e fomentar a participação legítima de
artistas negros e negras no audiovisual nacional.
A reivindicação da ancestralidade é vital para as pessoas negras. Afinal, uma das facetas mais
perversas do racismo estrutural, é o apagamento da memória negra da história oficial e a conse-
quente fragmentação da nossa identidade histórica, cultural e psicológica. Quando uma pessoa
negra reivindica sua ancestralidade, percebendo-se como parte de uma história mais longa, te-
cida a muitas mãos ao longo de décadas, ela resgata sua humanidade, identidade e sentimento
de pertencimento. Cria uma conexão dialógica com o passado, permitindo a ressignificação do
presente e a invenção do futuro.
CAROL RODRIGUES é diretora e roteirista. Realizou três curtas premiados que tiveram ampla carreira em festivais
nacionais e internacionais: “A boneca e o silêncio” (2015), “A felicidade delas” (2019) e “Mãe não chora” (2019), que co-dirigiu e
co-roteirizou com Vaneza Oliveira. Prepara-se para dirigir o seu primeiro longa, “Criadas”, no final de 2023. Integrou a equipe de
curadoria desta atual edição da OJU - Roda Sesc de Cinemas Negros.
65
LONGA
METRAGEM NA
PLATAFORMA
SESC DIGITAL
66
ILHA
98’ | Brasil | Bahia | 2018 | +12
68
À BEIRA DO PLANETA
MAINHA SOPROU A
GENTE
14’ | Brasil | Bahia | 2020 | Livre
22/03 - 20H
CINEMA NEGRO DECOLONIAL
Debate após a exibição de Noites Alienígenas.
Com Mariana Queen Nwabasili e Michel Carvalho. Mediação: Viviane Pistache
MARIANA QUEEN NWABASILI é jornalista e pesquisadora, pesquisa questões relacionadas a gênero, raça e sexualidade
doutoranda e mestra em Meios e Processos Audiovisuais pela no cinema. Estudou roteiro com Patrick Vanetti, diretor do
Escola de Comunicações e Artes da USP, onde também se Conservatório Europeu de Escrita Audiovisual, Lucas Paraízo
graduou em Jornalismo. Mestra em Curadoria Cinematográfica e Zé Carvalho. É especialista em Cinema Etnográfico pela
pela Elías Querejeta Zine Eskola, na Espanha, com bolsa do Fiocruz. Cursou a Oficina de Roteiristas e a Oficina de Escrita
Projeto Paradiso. Curadora de curtas-metragens da Mostra de de Humor da Rede Globo de Televisão. Atuou ainda como
Cinema de Tiradentes 2023 e do Cabíria Festival Audiovisual consultor de roteiro e questões raciais em série de ficção
2022. Foi selecionadora de filmes brasileiros da 24ª edição do ainda não anunciada para rede de streaming e em série
FestCurtasBH, em 2022, na qual idealizou a mostra paralela documental para a Globoplay. Trabalha também como cura-
“Filmes decoloniais?”, e da 29ª edição do Festival Internacional dor de roteiros no FRAPA e no Laboratório Novas Histórias.
de Curtas-Metragens de São Paulo, em 2018. Escreve ensaios Atualmente se dedica à escritura de seu longa ficcional A
e análises críticas sobre Teatro e Cinema, tendo participado da Mais Forte, contemplado em edital do Ministério da Cultura, à
10ª edição do Critics Academy do Festival de Cinema de Locar- adaptação audiovisual de um romance para a Barry Company
no, na Suíça, em 2021. Interessada nas conexões entre Cinema, e faz parte da equipe de colaboradores de uma das próximas
Comunicação, História e Ciências Sociais, pesquisa autorias, novelas da Rede Globo.
representações e recepções cinematográficas vinculadas a
raça, gênero, classe e (de)colonialidade nos cinemas nacional e VIVIANE PISTACHE é preta das Minas Gerais. É pesquisa-
internacional. dora, roteirista e crítica de cinema com passagem pela Casa
de Criação e Cinema, pelo Departamento de Desenvolvimen-
MICHEL CARVALHO atuou como roteirista em mais de 20 to de Roteiros da O2 Filmes. Doutoranda em Psicologia e
obras, onde se destacam a novela Malhação (Rede Globo), Cinema pela USP. Graduada em Psicologia pela UFMG. For-
as séries de ficção Temporada de Verão (Netflix), Perrengue mada em Roteiro e Direção pela Academia Internacional de
(MTV), Matches (Warner Channel) e Bola pra Frente (TV Brasil), Cinema de São Paulo AIC/SP.
os longas-metragens documentais Torre das Donzelas, Mus-
sum - um filme do cacildis e Prazer em Conhecer. Atualmente
desenvolve o longa ficcional A Mais Forte (selecionado para
o Cine Qua Non - México), é colaborador em telenovela na
Rede Globo e dá aulas na Pós-Graduação em Roteiro da FAAP.
Graduado, Mestre e Doutorando em Antropologia pela UFRJ,
78
RODA DE CONVERSA
11/04 – 19H30
SESC SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
RACISMO ESTRUTURAL NO AUDIOVISUAL
O racismo estrutural, principalmente estudado e divulgado no Brasil por Silvio de Almeida, aborda como questões
jurídicas, políticas, sociais e culturais formam o racismo no Brasil. No contexto do audiovisual, da representatividade
ao “Cartão Shirley”, das narrativas à falta de oportunidades de trabalho, ainda se trata de um setor a ser vivenciado
em sua plenitude por pessoas racializadas -- que mesmo tendo conquistado um certo acesso aos meios de produção
audiovisual nos últimos tempos, não chegou ainda a uma equidade em relação a pessoas não racializadas.
Com o Grupo Komunga e Viviane Pistache
LUCAS BAUMGRATZ é professor, produtor audiovisual e mú- realizados em parceria com ou contemplados em editais
sico de São José dos Campos. Bacharelado em Audiovisual da Fundação Cultural Cassiano Ricardo - SJC. Seu trabalho
pelo Centro Universitário SENAC em São Paulo em 2012, conti- mais recente foi na co-direção e edição audiovisual do
nuou seus estudos na área de Motion Graphic pela Faculdade espetáculo de dança “Relatos Amefricanos”. Na música, é
Melies de Tecnologia, pós-graduação em Docência em Ensino integrante do grupo Komunga.
Superior também pelo SENAC e Mestre em Linguística pela
UNIFESP Guarulhos. Foi um dos criadores da Mostra Formiga VIVIANE PISTACHE é preta das Minas Gerais. É pesqui-
Independente, de curtas-metragens de São José dos Campos. sadora, roteirista e crítica de cinema com passagem pela
No campo do audiovisual, já atuou como diretor e editor de Casa de Criação e Cinema, pelo Departamento de Desenvol-
videoclipes de artistas como o rapper Rappin Hood, Rael, Dom vimento de Roteiros da O2 Filmes. Doutoranda em Psicolo-
Pescoço, Eduardo Agni, entre outros. Atualmente é coordenador gia e Cinema pela USP. Graduada em Psicologia pela UFMG.
e professor no curso de Licenciatura em Artes Visuais pela Formada em Roteiro e Direção pela Academia Internacional
Universidade do Vale do Paraíba. Na música, é integrante do de Cinema de São Paulo AIC/SP.
grupo Komunga.
79
CURSOS E LABORATÓRIOS
06/04 - 18H30
SESC RIBEIRÃO PRETO
CINEMAS NEGROS
NARRATIVAS DECOLONIAIS
Com Mariana Queen Nwabasili
Se apenas uma década separa a Conferência de Berlim Maldoror”, durante a Mostra Ecofalante de Cinema em
(1884-1885) da primeira sessão com cinematógrafo 2022; na atuação como idealizadora da mostra “Filmes
promovida pelos irmãos Lumière na já colonialista decoloniais?”, exibida durante a 24ª edição do Festival
França de 1895, seria equivocado dizer que o cinema Internacional de Curtas-Metragens de Belo Horizonte em
é uma arte industrial cunhada e influenciada pelo 2022, e no processo de autoria do artigo “Entre Europa,
colonialismo? Partindo das articulações históricas África e América Latina: representações de mulheres
presentes nessa pergunta, o workshop tem como negras e brancas em filmes coloniais espanhóis”,
objetivo abordar as ralações básicas entre colonialismo, publicado na Revista Rebeca neste ano.
colonialidade, cultura visual, cinema e (des)construções
cinematográficas quanto a históricas formas
estigmatizantes e estereotipadas de mostrar e ver
determinados corpos e vidas humanas em filmes e
na realidade.
80
25/03 - 16H
SESC VILA MARIANA
NARRATIVAS NEGRAS
INFANTOJUVENIS
Conversa em torno das construções de personagens e
narrativas negras infantojuvenis.
MARIA SHU
Dramaturga e roteirista com peças de teatro encenadas em
diversos países. Autora de “Quando eu morrer vou contar tudo a
Deus” e “12 anos ou a memória da queda”. Escreveu os curtas
“Sobre Alices” e “Uma porção de cólera”. É co-roteirista das
séries de ficção “Onisciente”, “Irmandade”, “Bom dia, Veronica”,
“Sentença”, “Franjinha e Milena em busca da ciência”, do especial
“Mães do Brasil” e de outras ainda não anunciadas. Atualmente,
escreve a série “Torto Arado’’ para a HBO Max, baseado no best
seller de Itamar Vieira Junior.
81
CURSOS E LABORATÓRIOS
PÂMELA PEREGRINO
É animadora, cenógrafa, professora de Artes da Universidade Federal
do Sul da Bahia e tem buscado a realização de curtas de animação em
processos educativos comunitários, de imersão e vivência em comunidades
tradicionais negras e indígenas. Possui bacharelado e licenciatura em
História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), bacharelado em Artes
Cênicas, habilitação em Cenografia pela Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro (UNIRIO), Mestrado em História (UFF) e em Educação
(PUC-Rio) e doutorado no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas
da UNIRIO. Entre seus principais trabalhos estão os curtas: “Partir” (2012),
“Òpárá de Òsùn: quando tudo nasce” (2018), “Oríkì” (2020); “Porto e Raiz”
(2021) e “Ewé de Òsányín: o segredo das folhas” (2021).
_
Sethico
PROGRAMAÇÃO
CINESESC
14h30 15h30 16h
15-Mar
86
18h 20h DEBATES
Sessão de curtas 1 (93) Sethico (PE, 15) + Raízes (SP, 72') Cinema negro coletivo e colaborativo
Brankura (RJ, 15') Debate após a exibição com
Benzederia (PA, 15') Simone Nascimento (co-diretora do longa
Mutirão (SP, 10') metragem Raízes ) e Renato Cândido,
Afronte (DF, 16') pesquisador e cineasta.
Time de dois (RN, 11')
Nossa mãe era atriz (BH, 26')
Solmatalua (SC, 15’) Sessão especial Racionais Sessão apresentada por Semayat Oliveira
Exu e o universo (RS, 85’’) (SP, 116') (gratuita)
Sessão de curtas 4 (92') Marte um (MG, 110') Por uma cartografia de afetos
Interiores (RJ, 22') Debate após a exibição com a cineasta e
Manhã de Domingo (RJ, 25') roteirista Carol Rodrigues e o pesquisador
Adão, eva e o Fruto Proibido (PB, 20') Bruno Victor.
Procura-se Bichas Pretas (BA, 25')
Sessão de curtas 5 (102') Eles não vem em paz (SP, 4') Cinema negro decolonial
As Vezes que não Estou Lá (PE, 25') Noites alienígenas (AC, 80') Debate após a sessão com
Bendita (PA, 18') Mariana Queen Nwabasili (pesquisadora) e
Mulheres do aiê (SP, 38') Michel Carvalho (pesquisador e roteirista).
Como Respirar Fora d'água (SP, 16') Mediação de Viviane Pistache.
Ta Fazendo Sabão (BA, 5')
87
SESC BELENZINHO
19h30
22-Mar
Workshop “Cinema negro de animação” (19h30 as
23-Mar
21h30) Com Pâmela Peregrino (BA)
24-Mar
18-Mar
Produção Audiovisual Negra com Érika Freitas
19-Mar
06-Abr Workshop
Cinemas Negros - Narrativas Decoloniais
Com Mariana Queen Nwabasili
SESC DIGITAL
16/03 a 16/04
Ilha (BA, 98') Eu, negra (BA, 10') BR3 (RJ, 23') Elekô (RJ, 7') Tudo que é apertado
Rasga (BA, 28")
Travessia (RJ, 5') Brankura (RJ, 15') Kbela (RJ, 22') Noir Blue – A Beira do Planeta
Deslocamento de uma Mainha soprou a gente
dança (MG, 27') (BA, 14)
89
_
Marte Um
Sesc – Serviço Social do Comércio
Administração Regional no Estado de São Paulo
EQUIPE SESC
PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL Aline Ribenboim, Ana Carolina Garcez, Ana Carolina
Abram Szajman Rios Gomes, Ana Paula Rodrigues, Carolina Paes de
DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONAL Andrade, Carlos Petrachini, Cesar Albornoz, Claudia
Danilo Santos de Miranda Vieira Garcia, Cleber Rocha, Denis Salzano, Érica Dias,
Fernanda De Freitas Goncalves, Fernando Hugo Fialho,
SUPERINTENDENTES Graziela Marcheti, Humberto Silva, Jane Eyre Piego,
Técnico-social João Cotrim, José Gonçalves Junior, Jose Henrique
Rosana Paulo da Cunha Osoris Coelho, Karina Camargo Leal Musumeci, Lucas
Comunicação Social Carbonera Molina, Luiz Fernando Dos Santos Silva,
Aurea Leszczynski Vieira Gonçalves Mariana Rosa, Poliana Queiroz, Regina Gambini,
Administração Renato Diego Alves de Jesus, Ricardo Tacioli, Simone
Jackson Andrade de Matos Yunes, Solange dos Santos Alves Nascimento, Suzana
Assessoria Técnica e de Planejamento Souza
Marta Raquel Colabone
Consultoria Técnica OJU – RODA SESC DE CINEMAS NEGROS
Luiz Deoclécio Massaro Galina Curadoria Cecília de Nichile, Carol Rodrigues, Fabiano
Maranhão, Gabriella Rocha, Livia Lima da Silva e
GERENTES Rodrigo Gerace
Ação Cultural Érika Mourão Trindade Dutra Artes
Gráficas Rogério Ianelli Centro de Produção Audiovisual Identidade Visual Daniel Brito Produção Gráfica Camila
Wagner Palazzi Perez Estudos e Desenvolvimento Joao Teresa Vinheta Arte: Naná Prudencio Trilha Sonora:
Paulo Leite Guadanucci Estudos e Programas Sociais DiPa e PiPo Pegoraro Produção Friccione Produções:
Flavia Andrea Carvalho Sesc Digital Fernando Amodeo Bea Andrade e Thaís Oliversi Imprensa Flávia Miranda
Tuacek CineSesc Gilson Packer Sesc Belenzinho José Redes Sociais Erasmo Penteado
Roberto Ramos Sesc São José dos Campos Claudia
Maria Da Silva Righetti Sesc São José do Rio Preto
Thiago Aguiar Freire Silva Sesc Jundiaí Wagner Dini de
Castro Sesc Ribeirão Preto Mauro Cesar Jensen Sesc
Vila Mariana Kelly Adriano de Oliveira