Você está na página 1de 96

15 de março a 16 de abril de 2023

_
Guri
DO DIREITO DE
SE RECONHECER,
DO DIREITO DE
(SE) PERTENCER
A palavra cinema permite múltiplas associações, e talvez uma das mais emblemáticas, por seu
potencial afetivo, seja o ritual de ver um filme em uma sala escura, tal como sugere a conven-
ção. Esta magia, como assim se referem à chamada sétima arte, é resultado das técnicas que
a produzem, do emaranhado de significados articulados por meio das escolhas de visualidades
e roteiros – e também, é claro, pela relação estabelecida com indivíduos que a assistem. É a
percepção de quem a testemunha que dá sentido à cena, e neste contato, criam-se memórias,
assim como signos de aproximação ou distanciamento com suas realidades e imaginações.

Em seu livro Pele Negra, Máscaras Brancas, Frantz Fanon descreve como o projeto de coloni-
zação e o racismo fraturam a humanidade de pessoas negras em um sofisticado sistema de
violência. Ao escrever que é “impossível ir ao cinema sem me encontrar”, o filósofo e psiquiatra
negro refere-se aos estereótipos que regem a presença de corpos negros no campo das artes
e do entretenimento – em geral associados a valores negativos, violentos, alienantes ou tidos
como primitivos. Em outras palavras, ele cita a expectativa angustiante de encontrar na tela a
imagem daquilo que ele não é.

Nesta reflexão, Fanon aponta mais do que uma demanda pessoal: revela o desejo por uma
representação que alcance a humanidade de pessoas negras em suas subjetividades e plu-
ralidades. A construção de histórias e personagens que desarticulem uma negritude pensada
segundo a lógica do racismo estrutural é fundamental para a elaboração de imagens e imagi-
nários com dignidade suficiente para que seja possível se reconhecer, para além das máscaras
embranquecedoras.

OJU: Roda Sesc de Cinema Negro é um projeto que se empenha neste sentido, e destaca o pro-
tagonismo de pessoas e narrativas negras no audiovisual brasileiro, seja diante das câmeras ou
nos bastidores da ampla trama que compreende a produção cinematográfica. Com exibições de
longas e curtas-metragens, ações formativas e bate-papos, busca-se ampliar o debate acerca
das questões raciais e viabilizar experiências mais democráticas e acessíveis.

Tanto a difusão da arte quanto a criação de espaços que contemplem as diversidades signifi-
cam, para o Sesc, oportunidades de encontro: com o outro, e sobretudo consigo. Quando um
ambiente é capaz de proporcionar afeto e reafirmar formas de existência, algo de transformador
pode acontecer. Se um dos significados de OJU na língua Yorubá é “olho”, que seja possível a to-
das as pessoas frequentar cinemas, assim como todos os espaços sociais, e enxergar-se neles.

Danilo Santos de Miranda


Diretor do Sesc São Paulo
SUMÁRIO
12 CRONOLOGIA E ‘RODA’ DO TEMPO
DO CINEMA NEGRO NO BRASIL

16 O PROTAGONISMO NEGRO QUEER


BRASILEIRO

20 AÇÕES AFIRMATIVAS:
POLÍTICA PÚBLICA INDISPENSÁVEL
À CONSOLIDAÇÃO E FORTALECIMENTO
DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL
NEGRA NO BRASIL

30 CINEMA NEGRO BRASILEIRO


CONTEMPORÂNEO: SONHANDO
COM O FUTURO E COM O ESPAÇO

36 LONGAS METRAGENS
42 CURTAS METRAGENS

64 O LEGADO DE ZÓZIMO BULBUL

66 LONGAS METRAGENS
NA PLATAFORMA SESC
68 CURTAS METRAGENS
NA PLATAFORMA SESC

76 DEBATES
79 RODA DE CONVERSA
80 CURSOS E LABORATÓRIOS

86 AGENDA DE PROGRAMAÇÃO
POR UMA
CARTOGRAFIA
DE AFETOS

8
O que é possível ver no cinema negro brasileiro? A expressão Oju – olho em yorubá - transcen-
de percepções e estimula para o olhar para além do que se vê. A pluralidade das produções
audiovisuais pretas, assim como suas corporeidades, carrega em si uma infinidade de memó-
rias, narrativas e contextos.

Um corpo negro no mundo nunca está isolado de sua experiência histórica coletiva. Seu ter-
ritório de pertencimento é sua existência, cujas manifestações artísticas, consequentemente,
testemunham os efeitos dessas vivências. Escrevivências que se fazem som e imagem no
cinema e (re)anunciam a ancestralidade.

A partir de uma cosmopercepção ancestral, o corpo negro se faz presença, atrás e na frente
das câmeras, reverenciando quem veio antes - em continuidade aos seus ensinamentos, co-
nhecimentos e tecnologias, e respeitando o tempo vívido e fecundo para adubar e pavimentar
possibilidades. As narrativas contemporâneas audiovisuais de pessoas negras ressignificam
e atualizam saberes, produzem novas subjetividades e deslocam o foco para imagens que
anunciam e reivindicam outros personagens, cenários, figurinos.

As estéticas refletem as diversas possibilidades e perspectivas. A ética reconhece as histórias,


visibiliza afetos que humanizam cotidianos à grandiosidade das pequenas alegrias da vida,
sem banalizar nem ignorar as adversidades das condições estruturais a que estão submetidas.
Ela exalta a resistência a partir da alegria, da dança, do desejo, do amor.

O sonho, entre a realidade e a ficção, cria e recria universos em um tempo espiral no qual pas-
sado, presente e futuro se encontram e as cartografias de afetos se reencontram nos territórios
da diáspora a partir de reconexões familiares, amorosas, espirituais, onde todos os corpos
são convidados a participar. Em roda, a Mostra OJU permite que novos olhares enxerguem e
reconheçam de quem se faz nosso país.

Equipe de Curadoria

9
_
Kbela
CRONOLOGIA
E ‘RODA’ DO
TEMPO DO
CINEMA NEGRO
NO BRASIL
EDILEUZA PENHA DE SOUZA

Escrevo [e filmo] palavras [e imagens] negras


Tatuando a ancestralidade na alma
Para refletir a nossa luz.
Cristiane Sobral - Ancestralidade na alma

Foram as tecnologias desenvolvidas no continente africano que possibilitaram a criação e evo-


lução da medicina, da matemática, da arquitetura, da metalurgia e tantas outras ciências e
ramos do conhecimento humano oriundos desse território e territorialidade ancestral, drastica-
mente interrompidas pelo projeto de escravidão mercantilista1.

Ao tomarem posse de 20,3% do solo do planeta Terra, os europeus destruíram e se apropriaram


(ou pelo menos tentaram destruir) da produção científica, histórica, social, cultural e política
dos povos africanos. No entanto, o propósito de exterminar os povos africanos e esvaziar o
continente a partir do sequestro de pessoas arrancadas de suas comunidades não foi maior
que o desígnio de todes aqueles/as que sobreviveram e reconstruíram suas comunalidades
ancestrais.

1 Sobre o assunto ler: História geral da África, I: Metodologia e pré-história da África / editado por Joseph Ki‑Zerbo. – 2.ed. rev. –
Brasília: UNESCO, 2010.

12
Assim como a territorialidade, a comunalidade parte de uma filosofia que se refere a lin-
guagens, valores do contínuo civilizatório africano, se ancora na memória, no legado ances-
tral e na identidade. Desse modo, aderimos ao princípio de que somente a partir desse pre-
âmbulo ancestral é possível estruturar uma cronologia do e para o Cinema Negro Brasileiro
(CNB). Importantes pesquisas de cientistas negros, a exemplo do clássico texto do sociólogo
e cineasta Noel de Carvalho “Esboço para uma História do Negro no Cinema Brasileiro2”, não se
dão conta dessa circularidade e memória ancestral e engessam suas produções em coloniali-
dades e epistemicídio da branquitude.

O pai do cinema africano Ousmane Sembène reafirma o quanto a oralidade e o cotidiano asse-
guram a identidade do cinema3. Desse modo, como defendemos em nossa tese de doutorado4, o
nascimento do CNB ocorre no momento em que aqui aportam os/as primeiros/as trabalhadores/
as negros/as. Postulamos, portanto, o entendimento de que o CNB é antes de tudo um ensaio
sobre a ancestralidade e a memória, uma vez que ela devolve nossas humanidades enquanto
sujeitos que ao longo do processo escravagista nos foi negado.

O CNB é um aporte ancestral e tecnológico que busca desde a sua concepção projetar histórias
plurais que democratizam as pluralidades e edificam as diversidades de poder e de liberdade.
Noutras palavras, a construção de um cronograma para o CNB deriva da produção direta dos
Movimentos Sociais Negros. Entendendo que, esses se perpetuaram nos quase quatro séculos
de escravidão – período durante o qual importantes movimentos como a Imprensa Negra, a Re-
volta dos Malês, os Terreiro, os Quilombos, as Congadas, Reisados, Bumba meu Boi, Maracatu,
Irmandades e tantos outros foram se estabelecendo como espaço de existência e comunalida-
de, muito além da resistência e continuidade de nossas humanidades.

Após o 13 de maio de 1888 outros movimentos como a Imprensa Negra; a Frente Negra, o Te-
atro Experimental do Negro - TEN; a Carta Grande Otelo (1953); o Movimento Negro Unificado
(MNU), as Escolas de Samba, os Clubes Negros e as inúmeras entidades de mulheres negras,
cada MSN com suas especificidades, deu origem ao que podemos chamar de contempora-
neidades do CNB como o Dogma Feijoada, o Movimento do Recife, do Centro Afro Carioca de
Cinema e do Iº Encontro de Cinema Negro Brasil-África por Zózimo Bulbul em 2007, da criação
da Associação dos Profissionais Negros do Audivisual (Apan, 2016) e da eclosão de incontáveis
Mostras, Festivais Cine Clube e demais produções de circulação e debates do CNB.

2 DE, Jeferson; CARVALHO, Noel dos Santos. Dogma Feijoada: o cinema negro brasileiro. Col. Aplauso Cinema Brasileiro. São Paulo:
Imprensa Oficial, 2005.
3 Ver: DIAWARA, Manthia. African Cinema: Politics & Culture. Bloomington, Indiana: Indiana University Press, 1992.
4 SOUZA, Edileuza Penha de. Cinema Negro – conceito corporificado pela militância. In: Cinema na Panela de Barro: Mulheres
Negras, narrativas de amor, afeto e identidade. Brasília, UNB, 2013. (Capítulo: - pág. 64 - 84). Disponível em: http://repositorio.unb.br/
bitstream/10482/17262/1/2013_EdileuzaPenhadeSouza.pdf

13
A ancestralidade desses e de inúmeros outros espaços do MSN demarcam a Roda do Tempo
do CNB como espaço território de circularidade e bases epistemológica de Zózimo Bulbul, Adé-
lia Sampaio (somente para citar dois gigantes) e de todos aqueles e aquelas realizadores que
estruturam suas narrativas fílmicas a partir do compromisso e afeto que caracterizam nossas
narrativas. Ao construirmos a roda do tempo do Cinema Negro Brasileiro, produzimos sentidos
e valores como centralidade, movemos conceitos de interseccionalidade, giramos nossa corpo-
ralidade e instrumentamos os conceitos de gênero, raça, classe, sexualidade, pertencimento,
territorialidade e afetos.

Parafraseando o escritor e filósofo africano Tierno Bokar, podemos dizer que o Cinema é uma
coisa, e o Cinema Negro Brasileiro, outra. Cinema Negro Brasileiro é a fotografia do saber, mas
não o saber em si. “O saber é uma luz que existe no homem [e na mulher]. A herança de tudo
aquilo que nossos ancestrais vieram a conhecer e que se encontra latente em tudo o que nos
transmitiram, assim como o baobá já existe em potencial em sua semente”.

O CNB, assim como nossos corpos, é constituído de histórias, tempo e memória. Histórias ale-
gres que inventamos e reinventamos com zelo na criação de roteiros e argumentos; no tempo
e no olhar áspero dos planos e contraplanos que escolhemos para fotografar peles negras em
seus múltiplos tons e tessituras; na memória dos sons que reverbera canções e ritmos refeitos
em cada movimento corporal. Em uma cronologia circular unimos os elos da vida, do trabalho
e das artes (Sillva, 2009)5.

EDILEUZA PENHA DE SOUZA é professora, documentarista e pesquisadora. Pós-doutora em comunicação e doutora em


educação pela Universidade de Brasília (UnB), com estágio e atuação na Cátedra de documentário na Escuela Internacional de Cine
y TV (EICTV), de San Antonio de los Banõs (Cuba). É idealizadora e organizadora da Mostra Competitiva de Cinema Negro – Adelia
Sampaio. Atuou na curadoria e no júri de mostras e festivais nacionais e internacionais, como o Festival de Cinema de Brasília e o 2º
Los Angeles Internacional Music Video Festival. Seu último filme, “Filhas de Lavadeiras” (2020) recebeu valiosos prêmios, entre eles, o
da Academia Francesa de Cinema - Prêmio César, em 2022. Tem experiência em ensino, pesquisa e consultoria nas áreas de educação
das relações étnico-raciais, educação quilombola, cinema negro e cineastas negras no Brasil.

5 SANTOS, Inaicyra Falcão. Dança e pluralidade cultural: corpo e ancestralidade. Revista múltiplas leituras, Santa Catarina, v.2, n.1, p.
31-38, 2009.

14
15
O PROTAGONISMO
NEGRO QUEER
BRASILEIRO

BRUNO VICTOR

No presente ensaio, propõe-se refletir acerca das confluências artísticas, performáticas e políticas
de cineastas e multi artistas negros LGBTQIA+ que perpassam as fronteiras impostas entre as
artes visuais e o cinema. Estar nessa constante travessia se faz característica de realizadores
que, em sua maioria, viveram uma busca de referenciais imagéticos inexistentes ou apagados da
historicidade cinematográfica brasileira.

Antes de adentrar nessa busca incansável de pessoas negras e de suas subjetividades nas telas,
retorno a Grada Kilomba, que - no prefácio da Obra Pele Negras, Máscaras Brancas de Frantz Fa-
non pela editora UBU 2020 - compartilha sua busca de escritores negres durante suas pesquisas
em Lisboa no ano de 1990. “Eu passava horas à procura de palavras, frases ou parágrafos que
eventualmente me pudessem dar uma linguagem. Eram recortes, retalhos que eu tentava cuida-
dosamente incluir na minha escrita.” (pg 12).

Esse percurso de busca, de costura de retalhos de representatividade ou contemplação se faz


método para muitos de nós, realizadores do audiovisual negro queer brasileiro.

Edileuza Penha questiona: “quantos cineastas negros vocês conhecem?”, no início do meu primei-
ro curta-metragem - Afronte - em 2017. A questão reformulada me acompanhou por muitos mo-
mentos de minhas pesquisas acadêmicas e de minha carreira cinematográfica: quantos cineasta
negros queers vôces conhecem e, por conseguinte, onde estão as suas obras?

16
Em 2016, eu e meu companheiro de universidade Marcus Azevedo iniciamos o mapeamento acer-
ca de afetos entre negros gays para a pesquisa do nosso documentário/produto de conclusão
de curso em Audiovisual pela Universidade de Brasília, o curta-metragem Afronte. Para além da
abordagem temática em si, o processo do documentário consistiu em refletir a respeito da nossa
subjetividade como negros, gays e diretores da obra.

Assim, a busca de um relevo rico em referências, produções e trocas se tornou o grande objetivo
das nossas pesquisas. Compreendo hoje que essa busca era pautada pela afroperspectividade,
conceituada pelo filósofo Renato Nogueira, que reivindica uma nova perspectiva, uma conceitua-
ção decolonial acerca de seus estudos no campo filosófico. Nogueira (2015) recorre às tradições
indígena, africana e afro-brasileira, distanciando-se das tradições europeias para conceituar uma
filosofia brasileira.

“Numa sociedade racista que apresenta dados alarmantes de violência urbana em que as prin-
cipais vítimas são jovens negras e negros, filosofar pode ajudar a repensar o cenário político e
social. Mas, insisto, eles devem estudar uma Filosofia que seja marginal e antidogmática. Uma
Filosofia que pense o racismo, uma Filosofia que trate da violência, uma Filosofia que pense o
Brasil, uma Filosofia enredada no nosso território cultural, uma Filosofia que está porvir e que, tal-
vez, possa estar em semente no pluriverso filosófico afro perspectivista.” Renato Nogueira, 2015.

O afroperpectivismo também se faz método na escrita do Professor Gilberto Alexandre Sobrinho,


ao analisar as obras de Juan Rodrigues, em seu artigo O Afroperspectivismo de A Trilogia da Bicha
Preta, de Juan Rodrigues: construindo as estéticas das resistências, 2020. Acredito ser fundamen-
tal citar Juan Rodrigues ao falar de subjetividades que atravessam raça, gênero e sexualidade.
Juan foi o primeiro cineasta bixa preta que conheci pessoalmente, em 2017, no Festival Univer-
sitário de cinema de Brasília. Até então, em meu trajeto, éramos eu e meu amado colega Marcus
Azevedo, juntando nossos retalhos de referências e tentando discutir as subjetividades das bixas
pretas por meio do coletivo Afrobixas em Brasília.

Para refletir sobre essa tarefa política que é a construção da subjetividade negra ou nossa afro-
perspectiva, referencio Neusa Santos, que expressa sua intenção de criar narrativas feitas para
pessoas negras em sua obra Tornar se Negro (1983). Ela pontua que só temos autonomia in-
dividual, ao possuir narrativas que partem das nossas próprias subjetividades e quando temos
conhecimento dos nossos contextos históricos.

Somando-se às citações anteriores, que fazem desse ensaio uma linha narrativa interdisciplinar, em
um exercício de costurar nossos retalhos, para então chegarmos às reflexões do fazer cinemato-
gráfico, relembro uma importante análise presente no artigo “Identidade Cultural e Diáspora” (1994),

17
no qual Stuart Hall cita o cinema negro caribenho em sua buscade novas representações de sua
identidade cultural por meio do audiovisual. Um processo de contranarrativa e busca de identifi-
cação imagética negra foi posto em evidência neste movimento cinematográfico executado por“
novos sujeitos pós-coloniais”.(pg:68)

Hoje, para além de sujeitos pós-coloniais, agregamos características mais profundas que abar-
cam a compreensão da nossa territorialidade como realizadores periféricos, que refletem raça,
interseccionando sexualidade e gênero de forma disruptiva.

Racquel J. Gates e Michael Boyce Gillespie se aprofundam na compreensão do cinema negro. Em


manifesto, Gates e Gillespie, convocam uma compreensão da prática cinematográfica que extra-
pola as caracteristicas firmadas apenas pela presença do profissional negro como agente dessa
narrativa. Busca-se, assim, compreender as linguagens, processos criativos e fomentar possibili-
dades de estudos acerca do audiovisual racializado.

O Manifesto Reivindicando os Estudos de Mídias Pretos (2019) nos guia como proposta de avan-
çarmos na discussão aqui iniciada pela minha subjetividade como pesquisador e diretor de cine-
ma. Para além dessa especificidade autoral, proponho a reflexão acerca das referências midiá-
ticas racializadas, perfomances ou produções textuais que confluem para as produções negras
queers. “Devemos parar de defender a representação como um marcador do progresso racial e,
em vez disso, começar a nos concentrar nos temas e ideias com os quais essas representações
se engajam” (Gates, Gillespie, 2019, p. 6).

Sendo assim, analisar os métodos narrativos que constroem o que se compreende como cinema
negro queer se torna exercício fundamental para que os processos fílmicos sejam discutidos
com maior profundidade no campo de estudos do cinema. Extrapolar a temática e se debru-
çar na linguagem ainda tem sido um desafio para nós realizadores, que inúmeras vezes somos
tokenizados em festivais de cinema, onde nos limitam como corpos negros em nome de uma
diversidade superficial.

O cinema negro LGBTQIA+ ou cinema de negritude queer é aqui compreendido por uma prática
executada por individuos LGBTQIA+ negros que utilizam sua subjetividade como ponto de partida
para a construção de vertentes artisticas e narrativas de autorepresentação.

Gilberto Alexandre Sobrinho e Natasha Rodrigues se aprofundam nessa perpectiva dos novos
artistas que são atravessados por esses recortes, no artigo O cinema negro LGBT+ e queer no
Brasil (2022), em que destacam a multiplicidade estética e cultural na produção audiovisual negra
da segunda década do século XX, indagando como seus realizadores constroem representações
da negritude. Levando em consideração essa percepção dos realizadores, a narração em primeira

18
pessoa e os processos de figuração de corpos negros representam papéis estratégicos nessas
articulações, nos filmes de ficção, documentário e experimental, em que também se preveem
combinações não óbvias entre essas tradições, articulando-se trabalhos com voz própria.

Aqui não pretendemos encontrar uma resposta definitiva a respeito do que é o cinema de negritu-
de queer, mas sim abrir um novo olhar sobre as produções que estão em efervescência pelas ja-
nelas nacionais. É um convite para observar as complexidades do fazer artístico e político dessas
obras para além de sua temática e contemplá-las como arte.

Olhar esse movimento cinematográfico é entender que ele floresce a partir da interação e constru-
ção de uma narrativa a partir de corpos que expõem diferentes especificidades. Esse encontro se
dá em uma perspectiva de fronteiras, sejam elas fronteiras físicas, culturais ou sociais, pois a ideia
de fronteira não indica delimitações mas sim ponto de início. Compreende-se, também, que onde
existem as marginalizações sociais é onde podem ocorrer as ressignificações dos imaginários
sociais e a criação de contra narrativas como afere Bhabha (1988).

Esses “entre lugares” fornecem o terreno para elaboração de estratégias de subjetivação - singular
ou coletiva - que dão início a novos signos de identidade e postos inovadores de colaboração e
contestação, no ato definir a própria ideia de sociedade. (Bhabha, 1988. p.20)

Assim, essas novas narrativas vislumbram um novo olhar, uma nova perspectiva, a qual o cinema
nacional tradicional não contempla: são nossas intersecções elaboradas em telas. O convite se-
gue para um olhar atento ao processo fílmico de protagonismo negro queer brasileiro.

BRUNO VICTOR é formado em audiovisual pela Universidade de Brasília e mestrando em Multimeios pela Unicamp. Codirigiu
e corroteirizou o curta “Afronte”, documentário exibido em Harvard, Festival Internacional de Cinema de Rotterdam e Festival de
Havana, premiado com o Coelho de Ouro de melhor curta-metragem no Festival Mix de 2017; Prêmio Saruê e melhor montagem
da Mostra Câmara Legislativa no 50º Festival de Brasília. Ministrou a oficina “O corpo negro LGBT” no Cinema Contemporâneo na
UFRJ (RJ, 2019), no Festival Negritudes Infinitas (CE, 2020) e no Festival no seu Quadrado (DF, 2020). Foi professor de roteiro pelo
programa educativo do Instituto LGBT+ (DF, 2020). Representou o Brasil no documentário, “Kreativ durch die Krise” para a ZDF TV
(Alemanha, 2020). Foi curador do Festival de Documentário Internacional Rastro (DF, 2020 e 2021), integrante do comitê de seleção
Festival Mix Brasil (SP, 2020 e 2021), integrante do corpo curatorial do concurso de roteiros do Fade To Black Festival (RS, 2021) e
curador do Festival Conexcine (DF, 2021). Finalista Prêmio ABRA de Roteiro (2021) e coordenador do Queer Festival for Palestine
(2021). Foi assistente de direção do curta-metragem “Lubrina” (2023), codirigiu e corroteirizou o curta-metragem “Pirenopolynda”
(2023), Story Producer do documentário “Cartas Marcadas” Warner Bros. Discovery/Trip Filmes (2022), diretor assistente,
pesquisador do longa “Afeminadas” (Selecionado para o 55° Festival de Brasília). Codirigiu o longa-metragem “Rumo” (Prêmio
Zózimo Bulbul, Prêmio Especial do Júri e Melhor Longa-metragem do Júri Popular no 55° Festival de Brasília).

19
AÇÕES AFIRMATIVAS:
POLÍTICA PÚBLICA
INDISPENSÁVEL À
CONSOLIDAÇÃO E
FORTALECIMENTO DA
PRODUÇÃO AUDIOVISUAL
NEGRA NO BRASIL
VIVIANE FERREIRA

Em tempos de retomada das políticas públicas culturais, em âmbito federal, temos esperanças
renovadas de que segmentos e grupos historicamente alijados dos acessos à recursos públicos
ou privados para prover suas produções culturais tornem-se prioridade no novo ciclo de formu-
lação, implementação e monitoramento das políticas públicas. Entendendo os movimentos de
cinemas negros, como um segmento que se manteve na trincheira e em constante diálogo com
as estruturas estatais, nas diversas esferas federativas, é importante historicizarmos e evidenciar-
mos a importância das políticas de Ações Afirmativas como política pública indispensável para a
consolidação e o fortalecimento da produção audiovisual negra no país.

A denominação Ações Afirmativas, tem berço na Índia, na década de 1950 quando a Constituição
Indiana estabelece cotas na legislatura, no emprego público e no ensino superior para as Schedu-
led Castes e Schedulend Tribe. E ganha força na década de 1960, nos Estados Unidos, referindo-se
a um sistema de políticas públicas e privadas voltadas à população negra norte-americana, no
pós-luta pelos direitos civis, que trazia a extensão da igualdade a todos como bandeira principal.
A experiência das políticas de Ações Afirmativas não se restringiu apenas aos Estados Unidos;
sendo tratada desde 1972 na Europa sob a denominação de “ação ou discriminação positiva”,
foi inserida no primeiro “Programa de Ação para a Igualdade de Oportunidades” da Comunidade
Econômica Europeia, no ano de 1982.

As Ações afirmativas têm em seu foco grupos como minorias étnicas, raciais e mulheres, visando
atender as áreas de desenvolvimento educacional, econômico, profissional e cultural. Traz em
seu complexo de possibilidades de efetivação o sistema conhecido como “sistema de cotas”, que
estabelece um percentual ou número a ser ocupado em área específica por determinado grupo;
o sistema de taxas e metas, que estabelece parâmetros para mensurar progressos obtidos em

20
relação a determinados objetivos, dentro de um cronograma específico, com etapas a serem ob-
servadas em um planejamento de médio prazo; dentre tantas outras formas existentes ou a serem
criadas. As Ações Afirmativas guardam em si profundas afinidades com a garantia da diversidade
cultural e identitária, e a possibilidade de implementações de políticas públicas eficazes.

Sua definição pode ser traduzida de diversas formas, entretanto, no âmbito do presente artigo,
nos contentaremos com as definições coadunadas com as ciências jurídicas. Dessa maneira, na
acepção de Joaquim Barbosa, Ações Afirmativas devem ser sintetizadas como:

conjunto de políticas públicas e privadas de caráter compulsório, facultativo ou voluntário,


concebidas com vistas ao combate à discriminação racial, de gênero, por deficiência física
e de origem nacional, bem como para corrigir ou mitigar os efeitos presentes da discrimi-
nação praticada no passado, tendo por objetivo a concretização do ideal de efetiva igualda-
de de acesso a bens fundamentais como a educação e o emprego. (BARBOSA,2017, p. 27).

No âmbito dos estudos do Direito Público no Brasil a autora Carmem Lúcia Antunes Rocha classi-
ficou as Ações Afirmativas como a mais avançada tentativa de concretização do princípio jurídico
de Igualdade, ao expor que:

a definição jurídica objetiva e racional da desigualdade dos desiguais, histórica e cultural-


mente discriminados, é concebida como uma forma para se promover a igualdade daque-
les que foram e são marginalizados por preconceitos encravados na cultura dominante na
sociedade. Por esta razão desigualação positiva promove-se a igualação jurídica efetiva;
por ela afirma-se uma fórmula jurídica para se provocar uma efetiva igualação social, po-
lítica, econômica no e segundo o Direito, tal como assegurado formal e materialmente
no sistema constitucional democrático. A ação afirmativa é, então, uma forma jurídica
para se superar o isolamento ou a diminuição social a que se acham sujeitas as minorias.
(BARBOSA, 2017, p. 28).

Sendo assim, a aceitação das ações afirmativas como componente capaz de promover a redução
das desigualdades e a defesa da garantia da fruição do Direito à cultura é legitimamente consti-
tucional, dentro do ordenamento de um Estado Democrático de Direito como o Estado Brasileiro,
reafirmando a necessidade de existência de programas de governo e políticas públicas de Estado
formuladas que tomem como componente indispensável as políticas de ações afirmativas.

A historicidade das Ações Afirmativas com foco nas pessoas negras no âmbito nacional começa
no regime militar e nos acompanha até a redemocratização. Principia com a manifestação favo-
rável, durante o regime militar no ano de 1968, de técnicos do Ministério do Trabalho e do Tribunal
Superior do Trabalho pela criação de uma Lei que obrigasse empresas privadas a manter uma
percentagem mínima de empregados “de cor” em seus quadros de funcionários, manifestação
frustrada, uma vez que tal Lei não foi criada.

21
Já na década de 80 circulou na Câmara Federal o projeto de Lei no 1.332 de 1983, editado pelo
então Deputado Federal Abdias do Nascimento, que propunha uma “ação compensatória” à popu-
lação afro-brasileira após séculos de discriminação, projeto também frustrado pela não aprovação
no Congresso Nacional. Na mesma década, no ano de 1988, mesmo ano de promulgação da
Constituição Federal, por força das manifestações do centenário da abolição, o Estado Brasileiro
criou a Fundação Cultural Palmares, vinculada ao Ministério da Cultura, órgão que recebeu a fun-
ção de apoiar a ascensão social da população negra. É nessa encruzilhada da história que moram
as razões pelas quais no atual contexto de reorganização das políticas públicas culturais a Fun-
dação Cultural Palmares, precisa ter sua reputação e sua finalidade resgatadas após os severos
ataques sofridos durante a gestão do bolsonarista Sérgio Camargo.

Na crista da redemocratização do país e do engajamento dos movimentos sociais na estruturação


da institucionalidade, desde a promulgação da Constituição Brasileira em 1988 – que com fim
de reduzir as assimetrias de gênero no mercado de trabalho estabeleceu em seu art. 7º, inciso
XX indicativos de incentivos para empresas que contratem mulheres –, uma série de legislações
apontando medidas de ações afirmativas foi criada, dentre elas: a Constituição Estadual da Bahia,
de 1989, que em seu Capítulo XXIII – Do negro, art. 289, institui a obrigatoriedade de inclusão de
uma pessoa negra quando é “veiculada publicidade estadual com mais de duas pessoas; a Lei no
8.112/90, art. 5o, § 2o estabelecendo um sistema de cotas de até 20% para pessoas com deficiên-
cia; a Lei no 8.213/91, que estabelece um percentual na contratação de pessoas com deficiência
pelas empresas privadas, com limitação de até 5% para as que têm acima de mil empregados;
a Lei no 8.666/93, que no art. 24, inciso XX (Lei das Licitações) determina a inexigibilidade de
licitação para a contratação de entidades filantrópicas para pessoas com deficiência; e a Lei no
9.100/96, de autoria da deputada federal Martha Suplicy (PT-SP), que reserva um percentual míni-
mo de 20% das candidaturas nos partidos políticos para as mulheres.

Os anos 2000 ficaram marcados por acolherem iniciativas governamentais que buscaram garantir
a inserção de pessoas negras em espaços institucionais. Desta maneira, no Ministério do De-
senvolvimento Agrário e no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra foram
adotadas cotas de 20% para negros – com meta de 30% a ser atingida em 2003; no Ministério
da Justiça (2001) aderiu-se a 20% de cotas para negros, 20% para mulheres, e 5% para pessoas
com deficiência na contratação de serviços terceirizados; já o Ministério das Relações Exteriores
(2002) criou 20 bolsas de estudos para negros que se candidatem à carreira de diplomata do
Instituto Rio Branco.

À medida que o processo de redemocratização ia se estabelecendo e fortificando, os movimentos


sociais negros seguiam implementando sua agenda política, com foco na melhoria da vida das
pessoas negras no Brasil. Assim conseguiu-se a primeira lei com aprovação de política de ações

22
afirmativas no ensino superior, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro – Uerj, entrando em
vigor a partir da seleção de 2002/2003. A lei estadual estabeleceu que 50% das vagas dos cursos
de graduação das universidades estaduais sejam destinadas a alunos oriundos de escolas pú-
blicas selecionados por meio do Sistema de Acompanhamento do Desempenho dos Estudantes
do Ensino Médio – Sade. Devendo ser aplicada em conjunto com outra medida, decorrente de lei
aprovada em 2002, a qual estabelece que as mesmas universidades destinem 40% de suas vagas
a candidatos negros e pardos.

Depois, foi a vez da Universidade de Brasília – UnB e da Universidade Estadual da Bahia – UNEB,
no ano de 2004, aprovarem o sistema de cotas raciais nos próprios vestibulares. Culminando com
a aprovação da lei no 12.711/2012, regulamentada pelo decreto no 7.824/2012, sancionada pela
Presidenta Dilma Rousseff, popularmente conhecida como “Lei de Cotas”, que instituiu que todas
as universidades federais deveriam, até o final de 2016, apontar o regime próprio que garantiria
a reserva de 24% das suas vagas para estudantes oriundos da rede pública, com renda igual ou
inferior a 1,5 salário mínimo; 25% para candidatos que estudaram integralmente no ensino médio
e que possuem renda igual ou superior a 1,5 salário mínimo e, ainda, um percentual para pretos,
pardos e indígenas, conforme o último Censo Demográfico do IBGE na região.

A implementação das Políticas de Ações Afirmativas chega no campo da cultura em meio a turbu-
lências políticas. Isso porque a pasta do Ministério da Cultura esteve envolvida em polêmicas des-
de o primeiro momento do Governo Dilma Rousseff, que teve início no dia 01 de janeiro de 2011.
A classe artística brasileira demonstrou sua insatisfação por diversos meios de comunicação e
canais abertos de diálogo com o governo. Dentre as reivindicações da classe, encontravam-se
reclamações sobre a política do mecenato, por meio da Lei Rouanet, carro-chefe do complexo le-
gislativo cultural brasileiro, sob alegações de que os recursos circulam nas mãos de poucos, sen-
do esses sempre os grandes produtores culturais, legando aos pequenos produtores condições
precárias para concepção, produção e disseminação de seus produtos culturais. Dentre o grupo
dos desfavorecidos com a política cultural nacional, destacamos a presença da população negra.

A Presidenta Dilma Rousseff, na expectativa de fazer as pazes com a classe dos produtores cultu-
rais, destituiu a então ministra Ana de Hollanda e entregou a pasta para a Senadora Marta Suplicy.
A nova Ministra da Cultura fora provocada pela Ministra Luiza Bairros, titular da pasta da Secretaria
de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República – SEPPIR (com status
de ministério), militante histórica do movimento de mulheres negras e defensora das políticas de
ações afirmativas, a dar um giro pelo país se reunindo com os diversos grupos e eixos culturais
no campo das artes negras. Após dialogar com diversos setores das artes negras, o Ministério
da Cultura, convocou à Fundação Cultural Palmares, a Fundação Nacional de Artes – Funarte, e
a Secretaria do Audiovisual, todas subordinadas ao Ministério da Cultura, para que em parceria

23
com a SEPPIR elaborassem um complexo de editais em consonância com as diretrizes das ações
afirmativas, a fim de garantir participação do grupo de produtores negros do país no orçamento
destinado à cultura.

Assim, no dia 19 de novembro de 2012, foram lançados os editais: Prêmio Funarte de Arte Negra;
Apoio à coedição de livros de autores negros; Apoio a pesquisadores negros; e o edital Curta
Afirmativo, esse último em parceria com a Secretaria do Audiovisual. Os editais receberam um
conglomerado de mais de 4.000 inscrições, de acordo com publicações do Ministério da Cultura,
sendo considerados um grande sucesso e reveladores de um universo significativo de produtores
culturais negros que encontram dificuldades para acessar os meios de produção cultural permiti-
dos na legislação brasileira. Entretanto, no dia 21 de maio de 2013, os inscritos nos editais foram
surpreendidos com comunicado da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República, que dizia:

A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR-PR)


comunica a decisão do Juiz Federal José Carlos do Vale Madeira, do Tribunal Regional Federal –
1a Região/TRF, publicada em 21 de maio de 2013, que “determina a imediata sustação de todo e
qualquer ato de execução dos Concursos que estejam relacionados aos Editais impugnados pela
presente ação popular (Edital n. 03, de 19 de novembro de 2012, do Ministério da Cultura, Secretaria
do Audiovisual; Edital Prêmio Funarte de Arte Negra; Edital de Apoio à Coedição de Livros de Autores
Negros; e Edital de Apoio à Pesquisadores Negros)”. Entenda o caso: Os Editais do MinC, realizados
em parceria com a SEPPIR, foram impugnados por uma ação popular apresentada por Pedro Leonel
Pinto de Carvalho, procurador aposentado do estado do Maranhão. Para a ministra Luiza Bairros
(Igualdade Racial), “a decisão judicial demonstra que a vitória jurídica obtida no STF (Superior Tribu-
nal Federal) deverá ser seguida por uma outra batalha, a ideológica, até que as ações afirmativas se-
jam entendidas como necessárias em todos os campos da vida social, e não apenas na educação”.
A SEPPIR fará todo o esforço, juntamente com a Advocacia Geral da União – AGU e o MinC, para
que esta decisão seja revertida; para fazer valer o direito de artistas negros a recursos públicos que
assegurem a expressão da nossa diversidade cultural.

Quadro 1 – Comunicado da Seppir sobre editais afirmativos


Fonte: CRUZ, 2013

Pois bem, o Edital voltado para o audiovisual, Curta Afirmativo, como comum a todo edital de fo-
mento ao setor, trouxe sua fundamentação jurídica no primeiro parágrafo do instrumento, seguido
por seu objetivo, da seguinte forma:

24
A União, por intermédio do Ministério da Cultura – MinC, neste ato representado pela

Secretaria do Audiovisual (SAv/MinC), em parceria com a Secretaria de Políticas de Promo-


ção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR/PR), neste ato representada
pela Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas, no uso de suas atribuições legais e nas
condições e exigências estabelecidas neste Edital e seus anexos, em conformidade com o
disposto na Lei no 12.288/2010, na Lei no 8.313/1991, no Decreto no 5.761/2006, na Por-
taria no 29/2009-MinC e, supletivamente, na Lei no 8.666/1993 e suas eventuais modifica-
ções, torna público o EDITAL DE APOIO PARA CURTA-METRAGEM – CURTA AFIRMATIVO:
PROTAGONISMO DA JUVENTUDE NEGRA NA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL.

1.1 O presente edital tem por objeto o fomento a 30 (trinta) obras audiovisuais de curta-
-metragem, a partir de 10 (dez) minutos, dirigidos ou produzidos por jovens negros, de 18
a 29 anos, pessoa física, com temática livre, podendo ser ficção ou documentário, com a
possibilidade de utilização de técnicas de animação. (BRASIL, Edital no 03, Curta Afirmati-
vo, Diário Oficial da União, 2012, p. 1).

O instrumento segue regulando as condições de participação dos candidatos no certame:

3.1. Os projetos audiovisuais de curta-metragem deverão ser inscritos por pessoas físicas
autodeclaradas negras (pretos e pardos, de acordo com as categorias do Instituto Brasi-
leiro de Geografia e Estatística – IBGE), que se apresentem como produtores, diretores
ou que, cumulativamente, exerçam as duas funções na obra proposta; 3.2. Os produtores
e/ou diretores devem ser jovens negros, de 18 a 29 anos; 3.3. Será permitida a inscrição
de apenas 1 (um) projeto por concorrente, independente [sic] de sua apresentação como
produtor, diretor ou em ambas as funções; 3.4. As obras audiovisuais de curta-metragem
deverão ser inscritas por concorrentes pessoas físicas individualmente que sejam brasilei-
ros natos ou naturalizados. (ibidem).

A vitória jurídica obtida no Superior Tribunal Federal à qual o comunicado da SEPPIR se refere
foi o reconhecimento da constitucionalidade da Política de Ações Afirmativas e implementação
da Política de Cotas nos vestibulares das Universidades Públicas brasileiras, como instrumento
capaz de permitir que o Estado assegure o acesso à educação superior para a população negra. O
que demonstra que toda trilha que conduz à implementação das políticas de ações afirmativas no
Brasil, até tal decisão do Supremo, já tinha enfrentado diversas batalhas no sistema judiciário, na
academia, na mídia e com toda a sociedade para desconstruir os argumentos contrários às políti-
cas de ações afirmativas. Considere-se que o principal deles trata da proteção à “meritocracia”, um
dos aspectos mais enraizados do pensamento liberalizante do sistema capitalista.

25
Não foi diferente no campo da cultura; o processo se estendeu na justiça até dezembro de 2013,
o que significou que os realizadores contemplados no Edital Curta Afirmativo só tivessem um
acesso ao recurso no ano de 2014.

A política se mostrou acertada, e mobilizou o país e setores das artes negras de tal forma que
o MinC publicou no ano de 2015 a segunda edição do Curta Afirmativo e o 1º Edital B.O. Longa
Afirmativo, este último voltado para premiação de até 3 (três) narrativas audiovisuais de ficção,
com orçamento de até R$ 1.250.000,00 (um milhão, duzentos e cinquenta mil reais) cada um. Em
virtude deste edital, por ter sido uma das contempladas para realização do longa-metragem “Um
Dia com Jerusa”, pude dirigir meu primeiro longa-metragem de ficção. Os outros dois realizadores
negros contemplados foram Déo Cardoso (CE), que dirigiu o aclamado “Cabeça de Nêgo” e Gabriel
Martins (MG), que dirigiu “Marte Um”, representante do Brasil na disputa por uma vaga no Oscar
em 2023. Não há dúvidas de que a política pública atingiu 100% de eficácia ao observarmos a
trajetória dos três filmes por ela contemplados.

No ano de 2016, inspirados nas políticas dos curtas e longa afirmativos, e sob pressão dos movi-
mentos culturais negros locais, o Estado de Pernambuco aprovou o sistema de cotas, combinan-
do reserva de vagas com indução na pontuação, garantindo 20% dos recursos do Fundo Pernam-
bucano de Incentivo à Cultura – Funcultura PE investidos em projetos cujos proponentes sejam
pessoas negras ou indígenas, e atribuição de maior peso a projetos que apresentassem mulheres
e pessoas negras ou indígenas como proponentes. No mesmo ano, na cidade de São Paulo, a
SPCINE, lança um edital, o Curta Afirmativo Municipal, com sistema de indução, reservando cotas
para mulheres, negros, indígenas, e pessoas periféricas.

Aparentemente, parecia que no audiovisual, de maneira incipiente, o diálogo entre os movimentos


de Cinemas Negros e os órgãos responsáveis por fomento ao audiovisual estava ocorrendo e
apontando horizontes mais democráticos e empenhados em reduzir as assimetrias raciais e de
gênero no setor. No entanto, com o advento do golpe configurado no impeachment de Dilma Rou-
sseff (2016), o retrocesso se apresentou, também, no campo das políticas do audiovisual.

O ano de 2017 foi momento do movimento de Cinemas Negros empunhar a bandeira das Ações
Afirmativas no Audiovisual como principal agenda, para enfrentar os retrocessos políticos trazidos
pelo golpe. O primeiro foi a suspensão do Edital Curta Afirmativo SPCINE, por parte do Tribunal
de Contas do Município de São Paulo – TCM. O órgão fiscalizador questionava a metodologia
utilizada pela empresa para garantia das reservas de cotas, dando um prazo de 15 (quinze) dias
para que a metodologia fosse revista, sob o risco de cancelamento do edital sem pagamento dos
contemplados. Parecia, aos olhos do movimento de Cinemas Negros, uma repetição de tudo que
já havia sido vivenciado pelos contemplados do Edital Curta Afirmativo do MinC. Em carta aberta
à SPCINE, no dia 16 de fevereiro de 2017, a Associação de Profissionais do 2 Audiovisual Negro

26
– APAN se posicionou, pondo-se em vigilância dos questionamentos e respostas no processo em
curso, entre o TCM e a SPCINE. Na comunicação citada, a APAN afirma que:

os debates políticos pela consolidação das políticas de ações afirmativas no Brasil, pas-
sam pela desconstrução das interpretações enviesadas do arcabouço legal que regula-
mentou os processos licitatórios no país. Fortalecer um “Sistema de Ações Afirmativas no
Setor Audiovisual” não se trata de manutenção de privilégios e, sim, garantia de Direitos. E
o direito positivado não pode e nem deve estar a serviço da exclusão de grande parte da
população em acessar seus direitos.³

A batalha se seguiu, e a SPCINE conseguiu responder todos os questionamentos do TCM e garan-


tir o pagamento dos contemplados no edital. Podendo contar atualmente com uma das experiên-
cias mais consistentes de aplicabilidade das políticas de ações afirmativas do país, por ter uma
portaria que regulamenta as políticas, uma comissão própria de verificação, e metodologia mista
que combina o método de indutores e o método de reservas em seus editais.

O ano de 2017 foi intenso para as reflexões sobre as políticas afirmativas no audiovisual, vale ain-
da resgatar que no dia 10 de julho de 2017 a APAN editou uma carta aberta, endereçada à 4ª Se-
cretaria do Audiovisual – MinC, expondo o descontentamento do movimento de Cinemas Negros
com a ausência dos editais Curta Afirmativo e Longa Afirmativo no conjunto de editais que foram
lançados no dia 07/07/2017, e que a secretaria anunciou como Programa Nacional de Fomento
ao Audiovisual. Dentre suas ponderações a carta dizia que:

A APAN tem dialogado com diversos entes do audiovisual brasileiro como a ANCINE, SPCI-
NE, além de secretarias estaduais, sempre no intuito de constituir diversas iniciativas que
contemplem ações afirmativas no audiovisual brasileiro. Desta forma, a APAN entende que
a ausência dos editais afirmativos marca RETROCESSO na política audiovisual brasileira e,
nesse sentido, solicitamos agenda com a Ilustríssima Senhora Mariana Ribas, Secretária
do Audiovisual, para que possamos retomar a existência dos editais afirmativos e elaborar
em conjunto outras importantes ações afirmativas relacionadas à SAV.

Sob pressão do Movimento de Cinemas Negros, e a dinâmica própria de uma gestão conduzida
ao poder por meio de um golpe de Estado, em 2018 a ANCINE anuncia aprovação de cotas raciais
e de gênero no edital destinado a produção cinematográfica, reservando, de um total 5 de R$
100.000.000,00 (cem milhões de reais), o percentual de 35% dos valores para projetos propostos
por mulheres, e 10% para projetos propostos por pessoas negras e/ou indígenas. A pegadinha
do edital está na ausência de obrigatoriedade de aprovação de projetos que atinjam os valores
reservados, uma vez que não há reserva de vagas entre os projetos selecionados. O que permite
que os recursos reservados possam retornar para os cofres do Fundo Setorial do Audiovisual sob
a alcunha de ausência de projeto para serem fomentados com o recurso reservado.

27
Já a Secretaria do Audiovisual – SAV, no mesmo ano, em resposta às reivindicações presentes
na carta da APAN e à insatisfação do Movimento de Cinemas Negros, anunciou o Programa Au-
diovisual Gera Futuro, com um pacote de oito editais, dentre eles um específico para seis produ-
ções voltadas a temáticas negras, e instituindo “se possível” uma reserva de 25% dos projetos
contemplados para pessoas negras, de modo que a seleção deveria acontecer em duas etapas:
na primeira não se aplicariam critérios de cotas raciais, se na segunda etapa houvessem projetos
cujos proponentes fossem pessoas negras; aí, “se possível”, deveria-se aplicar a ação afirmativa.
Até o presente momento desta pesquisa, não foi publicado o resultado de tais editais, o que nos
impede de saber o resultado de tais “políticas afirmativas”.

Não obstante, como último ponto da trilha que guia a construção das políticas de Ações Afirma-
tivas do Audiovisual Brasileiro, temos a atuação da APAN junto ao Congresso Nacional para a
propositura do projeto de lei no 10516/2018, pela Deputada Federal Jandira Feghali (PCdoB/RJ)
e Deputado Federal Paulo Teixeira (PT/SP ), que dispõe sobre políticas de ação afirmativa para
o 7º setor audiovisual, determinando reserva de recursos para negros, indígenas e mulheres em
processos seletivos financiados com recursos públicos federais. O projeto seguiu em tramitação
na casa, recebeu parecer do relator da Comissão de Cultura da Câmara Federal, até que foi arqui-
vado, contudo, recebeu atualização no último dia 6 de fevereiro de 2023 a partir de um pedido de
desarquivamento protocolado pela deputada autora.

Por fim, entendendo que por todo histórico aqui exposto, em um momento de debate e reabertura
de diálogos para pensarmos e construirmos políticas públicas culturais consistentes e eficazes,
as ações afirmativas são importantes e indispensáveis ferramentas para o fortalecimento e con-
solidação das produções audiovisuais negras e indígenas no país.

VIVIANE FERREIRA é uma jovem advogada, ativista negra e cineasta. Mestre em Comunicação pela Universidade de Brasília
(UnB), presidiu a Comissão de Seleção Brasileira 2021 do Oscar®, que escolheu o representante brasileiro na Academia. É também
professora universitária de Mídia Cinematográfica da ESPM, fundadora da Odun Filmes e uma das fundadoras da APAN, Associação
Brasileira dos Profissionais Negros da Indústria Audiovisual. Seu curta “O Dia de Jerusa” (2014) foi selecionado para o Cannes Short
Film Corner e posteriormente se tornou o longa-metragem “Um dia com Jerusa” (2020).
Em 2021, Viviane Ferreira foi nomeada pelo Most Influential People of African Descent (MIPAD) como uma das 100 Afrodescendentes
Mais Influentes do mundo, com menos de 40 anos, na categoria Humanitarismo e Ativismo. A ação faz parte da agenda global da ONU
e é uma iniciativa global da sociedade civil em apoio à Década Internacional das Nações Unidas para os Afrodescendentes.
Especialista em políticas públicas para a indústria audiovisual na Spcine, lidera o desenvolvimento, financiamento e implementação de
programas e políticas para os setores de cinema, TV, games e novas mídias.

28
REFERÊNCIAS:

BARBALHO, Alexandre (Org.). Cultura e desenvolvimento: perspectivas políticas e econômicas. Salvador: Edufba, 2011.
BARBOSA, Joaquim. O Debate Constitucional sobre ações afirmativas. In SANTOS, Renato e Lobato, Fátima (Org.). Ações
Afirmativas: Políticas públicas contra as desigualdades raciais. Org. Renato Santo e Fátima Lobato. – RJ , 2003.
BRASIL, Edital 03, Curta Afirmativo, Diário Oficial da União, 2012, p. 1
BOYER, Robert. Teoria da Regulação: os fundamentos. Trad. Paulo Cohen. Brasil: Estação Liberdade, 2010.
BIKO, Banto. A Definição da Consciência Negra”, 1971. Tradução: Núcleo de Estudantes Negras “Ubuntu” / Universidade
do Estado da Bahia – UNEB Collins, Patricia Hill. Pensamento feminista negro: conhecimento, consciência e a política do
empoderamento. Trad. Natália Luchini. Seminário “Teoria Feminista”, Cebrap, 2013. [Em inglês, Black feminist thought:
knowledge, consciousness, and the politics of empowerment. Nova York/Londres, Routledge, 1990.
CHAUí, Marilena. Cidadania Cultural: o Direito à cultura. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2006.
CRUZ, Viviane. A aplicabilidade dos princípios constitucionais de igualdade e isonomia pelo Estado Brasileiro à luz da
diversidade étnico racial: uma análise da sentença que suspendeu os efeitos do edital Curta Afirmativo na garantia do
Direito à cultura. São Paulo, 2013. Monografia de Graduação, Faculdade de Direito, Universidade Paulista, 2013.
PT é a sigla do Partido dos Trabalhadores; PCdoB é Partido Comunista do Brasil.
CURIEL, Ochy. Construyendo metodologías feministas desde el feminismo decolonial, 2014. In Otras formas de (re)
conocer. Reflexiones, herramientas y aplicaciones desde la investigación feminista Edición: Irantzu Mendia Azkue, Marta
Luxán, Matxalen Legarreta, Gloria Guzmán, Iker Zirion, Jokin Azpiazu Carballo 2014.
DAVIS, Angela. Mulheres, Cultura e Política. tradução Heci Regina Candiani. 1 ed. São Paulo: Boitempo, 2017.
DAVIS, Angela. A liberdade é uma luta constante. In Frank Barat (Org); tradução Heci Regina Candiani. 1 ed. São Paulo:
Boitempo, 2018.
MONTEIRO, Adriano. Os territórios simbólicos do Cinema Negro: racialidade e relações de poder no campo audiovisual
brasileiro. Vitória: UFES, 2017.
OLIVEIRA, Janaína. Kbela e Cinzas: o cinema negro no feminino do Dogma Feijoada aos dias de hoje. In AVANCA: Edições
Cine-Clube de Avanca, 2016. P. 1-9.
OLIVEIRA, Janaína. Cinema negro contemporâneo e protagonismo feminino. In: FREITAS, Kênia e ALMEIDA, Paulo
Ricardo (Org.). Catálogo da Mostra Diretoras Negras no Cinema Brasileiro. Brasília: Voa Comunicação e Cultura, 2017.
PAIXÃO, Fernanda. Espelho do real: Oscar Micheaux e o cinema negro durante a segregação racial. O Fluminense, Rio de
Janeiro, 2013.
SUELI, Carneiro. Contribuições do Cinema Negro para um Novo Pacto Civilizatório. Palestra In Encontro de Cinema Negro:
Zózimo Bulbul, Rio de Janeiro, Cine Oden, 2017.
ZENUM, Maíra. Cinema Negro: sobre uma categoria de análise para a sociologia das Relações Raciais, 2014. Disponível
em: <http://ficine.org/?p=1097>. Acesso em: 27 jan. 2016.

29
CINEMA NEGRO BRASILEIRO
CONTEMPORÂNEO:
SONHANDO COM O
FUTURO E COM O ESPAÇO
KÊNIA FREITAS

mas isso não pode ser cinema negro. isso não pode ser cinema negro. este fil-
me não pode ser desprezado por conta de seu elenco ou público. este filme não
pode ser uma metáfora pra pessoas negras & extinção. este filme não pode ser
sobre raça. este filme não pode ser sobre a dor do negro ou causar dor ao negro.
este filme não pode ser sobre uma longa história de haver uma longa história
de mágoa. este filme não pode ser sobre raça. ninguém pode dizer negão neste
filme se não pode dizer isso na minha cara em público. sem piadas de frango
neste filme. sem buracos de bala nos heróis. & ninguém mata o menino negro. &
ninguém mata o menino negro. & ninguém mata o menino negro.
(“os dinos da rua”, Danez Smith, 2014)1

Em “os dinos da rua” Danez Smith, poeta e performer, nos propõem imaginar um filme a partir de
uma cena em que um garotinho negro que brinca dentro de um onibus segurando o seu dinossau-
ro de plástico. Nessa cena, por um instante, esse garotinho olha pela janela sonhador e cheio de
possibilidades. Para assegurar que essa cena exista e seja preservada em sua plenitude mágica,
no resto do poema Danez Smith lista as inúmeras formas de cooptação dessa possibilidade ino-
cente de sonhar negra por um sistema industrial cinematográfico que equivale a nossa produção
audiovisual a uma série de estereótipos ou de temas e abordagens limitadores.

1 Traduzido por André Capilé. Disponível: https://escamandro.wordpress.com/2020/06/13/danez-smith-por-andre-capile/.

30
Abrimos esse texto com essa imagem e esse desejo - de que o menino negro não seja morto no fim
e de que possamos sonhar - para pensar as táticas e caminhos do cinema negro brasileiro contem-
porâneo. Entendemos a expressão “cinema negro” como um movimento político atravessado por
linhas de criação estéticas que se contaminam e se transformam. Falar nesse contexto em cinema
negro é assim pensar as aberturas de possibilidade de criação (os olhos sonhadores nas janela que
os filmes nos oferecem) - e não em uma classificação crítica ou acadêmica que se encerra em si.

Falar em cinema negro é tratar portanto também das contradições e ambivalências que cercam
esse campo. Afinal, é ou não é cinema negro o cinema um filme como “Ôrí” (Raquel Gerber, 1989)?
A obra foi dirigida por uma mulher não negra, mas conduzida pelo pensamento da intelectual
negra Beatriz Nascimento. Ou quando Spike Lee dirige “O Plano Perfeito” (Inside Man, 2006) - um
filme que traz a discussão racial em uma perspectiva múltipla e não ancorada unicamente nas
experiências negras -, o diretor estadunidensde está deixando de fazer cinema negro? E como
falar dos filmes de Adélia Sampaio: que em 1980 foi produtora de “Parceiros da Aventura” (José
Medeiros), um filme que reúne no elenco e nas participações especiais grande parte dos atores
negros do cinema nacional da época e quatro anos depois dirige “Amor Maldito” (Adélia Sampaio,
1984) - sendo a primeira mulher negra brasileira a lançar um filme de longa-metragem -, um filme
não centrado na presença ou discussão racial? Ou ainda, como pensar da perspectiva do cinema
negro um filme como “Fantasmas” (André Novais Oliveira, 2010), em que o que vemos são as ima-
gens da rua e presença das personagens está toda concentrada no plano sonoro do filme? Cada
pergunta dessa abre um caminho de discussão e produção de afetos e que nos interessam mais
do que o simples “isso é (ou não é) cinema negro”. Como defende Michael B. Gillespie em “Film
blackness” (2016), acreditamos que trata-se menos de impor “prescrições” e mais em assumir a
potencialidade como pergunta dos filmes negros. Ou seja, trata-se de mergulhar no emaranhado
de discussões estéticas e políticas que se colocam em jogo quando evocamos a denominação
cinema negro.

Afinal, dos race movies da indústria segregada dos EUA no final dos anos 1910 ao momento con-
temporâneo de cinemas negros cada vez mais interseccionalizados e decoloniais, muitas defi-
nições já atravessaram esse termo. A marcação pela autoria: o cinema negro é o feito (dirigido?
roteirizado?) por pessoas negras. Ou a definição temática: é um cinema que trata de “questões
negras” (ancestralidade? racismo? escravização? vida na periferia? samba ou funk? Afinal, quais
são essas questões?). E até mesmo a marcação mais estrutural: a recusa, por exemplo, de um ci-
nema industrial negro, visto que a estrutura industrial é financiada pelo capital de pessoas brancas
(o cinema negro seria sinônimo de cinema artesanal? precário?). Como podemos ver, cada uma
dessas definições nos abrem para mais um conjunto de perguntas, que ao serem respondidas nos
puxam a outras.

31
Acreditamos, pois, que o campo gravitacional mais potente para uma tentativa de definição esteja
na intersecção entre esses elementos: autoria, tema e estrutura. Até porque, historicamente, o
cinema negro se faz e define contextualmente reformulando-se a partir de perspectivas históri-
cas, culturais e geográficas, mas constantemente associado às lutas dos Movimentos Negros por
inclusão, representação, direitos civis, autonomias nacionais e culturais, etc. Refletir então sobre
o cinema negro brasileiro contemporâneo, é olhar para os contextos que cercam essa produção,
tanto quanto para as linhas de criação que surgem desses contextos.

A partir das pesquisas de Janaína Oliveira (2018), destacamos quatro característica dessa produ-
ção: realizadores com formação universitária ou em cursos livres em cinema (desdobramento das
políticas públicas de ações afirmativas nas universidades, nos editais e nas oficinas e minicursos
públicos); uma referencialidade dessa geração à diretores pioneiros, como Zózimo Bulbul e Adélia
Sampaio; o aumento da presença de mulheres negras na direção, roteiro e produção dos filmes; e
o curta-metragem como formato onde essa produção se concentra. E, nesse momento, notamos
no cinema brasileiro “simultaneamente à intensificação das narrativas de ficção imaginadas e das
presenças não hegemônicas no campo de criação audiovisual brasileiro”. Transformações que
reverberam diretamente no cinema negro nacional.

Uma observação do cinema brasileiro feito por pessoas negras ressalta também uma tendência
cada vez maior na criação de narrativas que mesclam a ficção científica, a fantasia e/ou o terror
sobrenatural e o protagonismo negro - algo que pode ser pensado pelo guarda-chuva do afrofutu-
rismo. Observamos essas características em filmes como: Elekô (Mulheres de Pedra, 2015), Kbela
(Yasmin Thayná, 2015), Quintal (André Novais Oliveira, 2015), Rapsódia para um homem negro
(Gabriel Martins, 2015), Experimentando o Vermelho em Dilúvio (MuSa Michelle Mattiuzzi, 2016),
Arco do Medo (Juan Rodrigues, 2017), Chico (Irmãos Carvalho, 2017), HIC (Alexander S. Buck,
2017), NoirBLUE – Deslocamentos de uma Dança (Ana Pi, 2017), Carne (Mariana Jaspe, 2018),
Cartuchos de Super Nintendo em Anéis de Saturno (Leon Reis, 2018), Negrum3 (Diego Paulino,
2018), Brooklin (Coletivo Cine Leblon, 2019), Pattaki (Everlane Moraes, 2018), Abjetas 288 (Júlia
da Costa e Renata Mourão, 2020), Caminhos na Noite (Douglas Oliveira, 2020), Egum (Yuri Cos-
ta, 2020), Inabitável (Enock Carvalho e Matheus Farias, 2020), Morde & Assopra (Stanley Albano,
2020), Preces Precipitadas de um Lugar Sagrado que Não Existe Mais (Rafael Luan e Mike Dutra,
2020), República (Grace Passô, 2020), “Blackness = Time ÷ Media = ∞” (Márcio Cruz, 2021), Ímã
de Geladeira (Carolen Meneses e Sidjonathas Araújo, 2021) — para citarmos apenas alguns filmes
com os quais tivemos contato mais direto por meio de processos curatoriais, participação em júris
de festivais e/ou escrita crítica.

32
Em relação aos eixos de criação dessa filmografia negra contemporânea, percebemos três linhas
(que se separam, mas também convergem): Performatividade, Fugitividade e Futuridade. No pri-
meiro caso, a presença performativa e muitas vezes afrofabular dos corpos negros torna-se um
elemento marcante dos filmes. No segundo, temos filmes que escapam/fogem das convenções
e expectativas da representação e narrativas feitas por pessoas negras. E no terceiro, filmes que
negociam e forjam espaços de intimidade entre quem filma e quem é filmado.

No início dos anos 2000, o cinema negro brasileiro foi movimentado por dois manifestos - O Fei-
joada (2000) e o De Recife (2001) -, contextualizados pelo momento de retomada da produção
cinematográfica nacional e pelo problemas relacionados às desigualdades das presenças negras
no audiovisual brasileiro. Cerca de duas décadas depois, acompanhamos uma geração que rei-
vindica pelo futuro - “Manifesto do Futuro” (GALINDO, 2018) - e por outros espaços - “Manifesto
pelo espaço” (no filme “Negrum3”, Diego Paulino, 2018). Tal qual o menino negro no ônibus no
poema de Danez Smith, as personagens de Paulino afirmam: “Aspiramos aos cosmos pela simples
possibilidade de sonhar!”.

REFERÊNCIAS

FREITAS, KÊNIA. Cinemas Negros Brasileiros: rotas de criação e de fuga. In: CLEBER, Eduardo; D’ANGELO, Raquel Hallak;
D’ANGELO, Fernanda Hallak. (Org.). O Cinema Brasileiro em Resposta ao País - 2016-2021. 1ed. Belo Horizonte: Universo
Produção, 2022.
GALINDO, Bruno. “Manifesto do Futuro”. In: Sessão Aberta. Publicado em Novembro de 2018. Disponível em: https://sessao-
aberta.com/2018/11/07/livre-manifesto-de-um-jovem-negro-critico-de-um-critico-negro-jovem-de-tudo-ao-mesmo-tempo/.
GILLESPIE, Michael Boyce. Film blackness: American cinema and the idea of black film. Durham: Duke University Press, 2016.
OLIVEIRA, Janaína. Kbela e Cinzas: o cinema negro no feminino, do “Dogma Feijoada” aos dias de hoje. In: SIQUEIRA,
Ana [et al]. Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte (catálogo). Belo Horizonte: Fundação Clóvis Salgado, 2018.

KÊNIA FREITAS é curadora e programadora do Cinema do Dragão. Doutora em Comunicação e Cultura pela
UFRJ. Realiza palestras, oficinas e minicursos sobre Afrofuturismo e Crítica de Cinema. Escreve para o site de
cinema Multiplot! desde 2012. Integra o FICINE - Forúm Itinerante de Cinema Negro.

33
_
Manhã de domingo
LONGAS
METRAGENS
DIÁLOGOS COM
RUTH DE SOUZA
107’ | Brasil | São Paulo | 2002 | +10

Ruth de Souza inaugura a existência de atrizes negras


em palcos, televisão e cinema no Brasil. Carrega em si
EXU E O UNIVERSO
a gênese de parte importante das conquistas para as
85’ | Brasil - Nigéria | Rio Grande do Sul | 2022 | +12
mulheres negras ao longo de quase um século de vida.
A partir de conversas com a diretora da obra, também Filme sobre a descolonização do pensamento e a
uma mulher negra, materiais de arquivos da vida de Ruth influência do povo Iorubá na diáspora. No Brasil, um país
em um cruzamento com o universo mitológico, em uma onde a liberdade religiosa está sob ataque e o racismo
interpretação ficcional e transcendental de sua vida, é sistêmico, um nigeriano e sua comunidade lutam para
temos um longa protagonizado por Ruth de Souza. provar que Exu não é o Diabo.

Direção, Produção, Roteiro Juliana Vicente Elenco Ruth Direção Thiago Zanato Roteiro Prof King, Thiago
de Souza, Dani Ornellas, Jhenyfer Lauren, Ya Wanda Zanato, Marcos “Nasi” Valadã Produção Chica
Araujo, Luísa Dionísio, Rosana Paulino, Livia Laso, Barbosa, Prof King, Marcos “Nasi” Valadão Direção de
Mirrice de Castro Direção de Fotografia Lilis Soares, Ana Fotografia Marco Antônio Ferreira Edição Danilo Santos
Paula Mathias Direção de Arte Márcia Beatriz Granero, Som Thiago Zanato, Fred França, Raul Costa, Tales
Juliana Vicente Música Original Renato Gama Edição Manfrinato Edição de Som e Mixagem Tiago Bello Cor e
Washington Deoli Finalização MIA - Marcelo Rodriguez Produção Druzina
Content, Livres Filmes, Thiago Zanato

FILMES | LONGAS METRAGENS 37


IJÓ DUDU –
MEMÓRIAS DA DANÇA
NEGRA NA BAHIA
84’ | Brasil | Bahia | 2022 | Livre

Filme documentário construído a partir da Memória Viva.


Uma DENÚNCIA POÉTICA, contada através das vivências e
saberes das Mestras e Mestres pioneiros e protagonistas
da Dança Negra na Bahia.
A Memória da Dança Negra na Bahia é também a memória MARTE UM
da resistência negra na Bahia, memória da história da 115’ | Brasil | Minas Gerais | 2022 | +16
Bahia e memória da resiliência democrática da Bahia.
O dia a dia de uma família negra de classe média baixa
Direção José Carlos Arandiba “Zebrinha” Roteiro Susan na periferia de uma grande capital. Entre trabalhos,
Kalik, José Carlos Arandiba “Zebrinha” Colaboração de utopias, amores e traumas, os Martins tentam seguir
Roteiro Igor Correia Produção Executiva Susan Kalik vivendo num Brasil em mudanças.
Produção José Carlos Arandiba “Zebrinha”, Susan Kalik,
Thiago Gomes Rosa Diretor Assistente e Montador Thiago Direção e Roteiro Gabriel Martins Produção André
Gomes Rosa Direção de Fotografia Gabriel Teixeira Novais Oliveira, Gabriel Martins, Maurilio Martins e
Direção Musical e Trilha Original Jarbas Bittencourt Elenco Thiago Macêdo Correia Elenco Rejane Faria, Carlos
Altair Amazonas e Silva (Amazonas), Clyde Morgan, Francisco, Camilla Damião, Cícero Lucas, Ana Hilário,
Edeise Gomes, Edileuza Santos, Elísio Pitta, Eurico de Russo APR, Dircinha Macedo, Tokinho, Juan Pablo
Jesus, Eusébio Lobo, Inaicyra Falcão, Ivete Ramos, Sorrin Direção de Fotografia Leonardo Feliciano Som
Jorge Silva, Lindete Souza, Luiz Bokanha, Luiza Meireles, Tiago Bello, Marcos Lopes Montagem Gabriel Martins,
Macalé, Nadir Nóbrega, Nildinha Fonsêca, Reginaldo Thiago Ricarte Música Daniel Simitan Distribuição
Daniel Flores (Conga), Renivaldo Nascimento (Flexinha) Embaúba Filmes Realização Filmes de Plástico
e Vânia Oliveira In memoriam Augusto Omolú, Raimundo
Bispo dos Santos (Mestre King), Raimundo Senzala Som
Direto Napoleão Cunha Produtora Modupé Produtora em
Cooperação com a Fundação Pedro Calmon/Secult Ba

38 FILMES | LONGAS METRAGENS


NOITES ALIENÍGENAS
MIRADOR 91’ | Brasil | Acre | 2023 | +16
94’ | Brasil | Paraná | 2022 | +16
“Noites Alienígenas” apresenta uma Amazônia urbana,
Maycon é um boxeador que treina para retornar onde a ancestralidade dos povos tradicionais resiste
aos ringues enquanto divide seu tempo com dois frente à contemporaneidade que parece negar a floresta.
subempregos. Pai de Malu, fruto de uma relação casual Na periferia de Rio Branco, Acre, as vidas de três jovens
que teve com Michele, ele tem sua vida revirada quando amigos de infância se entrelaçam e, por fim, encontram-
se vê na situação de ter que cuidar da filha sozinho. Entre se em uma tragédia comum, em uma sociedade em
a rotina exaustiva de treinos e bicos para sobreviver, a transformação e impactada de forma violenta com a
maior luta de Maycon ainda está por ser vencida: tornar- chegada do crime organizado do sudeste do Brasil.
se pai.
Direção: Sérgio de Carvalho Roteiro: Camilo Cavalcante,
Direção Bruno Costa Roteiro Bruno Costa, William Rodolfo Minari, Sérgio de Carvalho Assistente de
Biagioli Assistente de Direção Eugenia Castello Direção: Adler Kibe Paz Produção Executiva: Karla
Produção Fran Camilo, Bruno Costa, William Biagioli Martins, Pedro von Krüger, Sérgio de Carvalho Elenco:
Direção de Produção Andréa Tomeleri Produção Gabriel Knoxx, Adanilo, Gleici Damasceno, Chico
Executiva Chris Spode, Fran Camilo Direção de Diaz, Joana Gatis, Chica Arara, Bimi Huni Kuin, Duace,
Fotografia Elisandro Dalcin Montagem Matheus Kerniski Jefferson Xavier, Kika Sena Direção de Arte: Alonso
Som Direto Lucas Maffini Elenco Edilson Silva, Maria Pafyeze Direção de Fotografia: Pedro von Krüger, ABC
Luiza Costa, Stephanie Fernandes, Luiz Pazello, Léa Trilha Sonora Original e Edição de Som: Bernardo Gebara
Albuquerque, Victor Haygert, Jordan Machado, Rafaelle Montagem: André Sampaio Empresa Produtora: Saci
Becker, Giovana Soar, Sandro Tueros Produtoras Metafix Filmes Coprodução: Domínio Filmes
Produções, Costa Filmes, Guaipeca Filmes Distribuidora
Olhar Distrib Distribuição

FILMES | LONGAS METRAGENS 39


RACIONAIS: DAS RUAS DE
SÃO PAULO PRO MUNDO
106’ | Brasil | São Paulo | 2022 | +14

Com seus protestos em forma de música, o lendário grupo


de rap Racionais MC’s transformou a poesia de rua em um
movimento poderoso no Brasil e no mundo.
RAÍZES
72’ | Brasil | São Paulo | 2020 | Livre
Direção e Roteiro: Juliana Vicente Produção: Juliana
Vicente e Eliane Dias Coprodução: Cosa Nostra Com Em busca de suas raízes, Kelton resgata a ancestralidade
Racionais MC’s: Edi Rock, Ice Blue, DJ Kljay, Mano Brown de sua família e se depara com o apagamento da história
Depoimentos de Eliane Dias, Meire de Jesus, Luís Serafim, do povo negro brasileiro.
Dexter, Dona Lourdes Produção Executiva: Beatriz
Carvalho, Gustavo Maximiliano e Juliana Vicente Direção Direção Simone Nascimento, Well Amorim Elenco
Fotografia: Flávio Rebouças, Rodrigo Machado, Carlos Kelton Campos F Roteiro Carlos De Nicola, Simone
Firmino Montagem: Washington Deoli e Yuri Amaral Nascimento, Well Amorim Produção Executiva Nayana
Direção de Arte: Isabel Xavier Direção de Produção: Ferreira, Wellington Amorim Montagem e Direção de
Camila Abade e Mari Santos Trilha Sonora Original: Fotografia Nay Mendl Produção Bruna Lima, Larissa
Racionais Mcs Empresa produtora: Preta Portê Filmes Castanha, Nayana Ferreira Direção de Arte Bruna Lima
Som Direto Adller Oliveira, Carlos De Nicola e Ivan
Salomão Realização Maloka Filmes Distribuidora Forte
Filmes e Kuarup

40 FILMES | LONGAS METRAGENS


CURTAS
METRAGENS
A INVISIBILIDADE DA
IDENTIDADE NEGRA NA
EDUCAÇÃO
13’ | Brasil | Bahia | 2017 | Livre ADÃO, EVA E O FRUTO
Jovens negros discutem o epistemicídio e a importância
PROIBIDO
20’ | Brasil | Paraíba | 2021 | +14
da representatividade dentro do âmbito escolar. O
documentário a “Invisibilidade da Identidade negra na
Após 15 anos, Ashley finalmente tem a oportunidade
educação” nos faz questionar: Que tipo de educação é
de se aproximar do filho, fruto da relação com a amiga
dada aos jovens negros de escola pública?
Suzana.
Direção e Roteiro Tais Amordivino Direção de Fotografia
Roteiro e Direção RB Lima Assistente de Direção Diego
Danilo Garcia Áudio Igor Correia Câmera Rafael Santa
Lima Produção Executiva e Direção de Produção Tais
Clara Produção Ricardo Bacellar e Sonia Rauédys Edição
Pascoal Elenco Danny Barbosa, Lay Gonçalves, Manoa
Luiz Henrique
Vitorino, Margarida Santos, William Cabral Direção de
Fotografia Carine Fiúza Direção de Arte e Figurinos Ingrid
Marla Montagem e Finalização Edson Lemos Akatoy
Desenho de Som e Mixagem Vitor Galmarini Som Direto
Janaína Lacerda e Gian Orsini Produção Electricprism
Incentivo Lei Aldir Blanc - Estado da Paraíba Apoio
Escola de Artes Recriar, Érica Rocha, Tzôra Gang,
Massas Litorânea

FILMES | CURTAS METRAGENS 43


AS VEZES QUE EU NÃO
ESTOU LÁ
AFRONTE 25’ | Brasil | Pernambuco | 2020 | +14
16’ | Brasil | Brasília | 2017 | Livre
Rossana enxerga e vive o mundo através de um vidro
Ficção e documentário se cruzam para mostrar o borderline. Entre pliés, delírios dançantes e duros golpes
processo de transformação e empoderamento de Victor de realidade, ela busca seu lugar no mundo.
Hugo, um jovem negro e gay, morador da periferia do
Distrito Federal. Seu relato se mistura aos depoimentos Direção e Roteiro Dandara de Morais Montagem
de outros jovens, cujas histórias revelam diferentes Dandara de Morais, Ana Julia Travia Produção
formas de resistência encontradas em discursos de Executiva Danielle Valentim Direção de Fotografia Safira
valorização do negro gay. Moreira Direção de Arte Lia Letícia Figurino Mariana
Souza e Rayanne Layssa Coreografia Anne Costa,
Roteiro e Direção Bruno Victor, Marcus Azevedo Dandara de Morais Elenco Dandara de Morais, Aurora
Produção Executiva e Direção de Produção Renata Jamelo, Anne Costa, Ayaname Gonçalves, Claudio
Schelb, Juliana Melo Direção de Fotografia Ana Carolina Ferrario, Eliane Santos, Erick Felipe, Everton Gomes,
Matias Direção de Arte e Cenografia Ana Júlia Melo Gustavo Patriota, Jean Santos, Maria Laura Catão,
Elenco Vhfro, Edileuza Penha de Souza, Eduardo Meujaela Gonzaga, Una Martins, Sophia Williams
Rosa, Thiago Almeida, Victor Matos, Ricardo Caldeira,
Agostinho Santos, Damien Browne, Gabriel Nascimento
Som Direto Martha Suzana, Ana Carolina Nicolau
Mixagem de Som Arnold Gules Finalização e Edição
Lucas Araque

44 FILMES | CURTAS METRAGENS


BELEZA DA NOITE
38’ | Brasil | Bahia | 2022 | Livre

Michellini é uma mulher jovem e batalhadora que se


candidata ao Concurso da Beleza Negra para que sua
filha se inspire e valorize a própria beleza. Uma história
BENDITA
18’ | Brasil | Mato Grosso | 2022 | Livre
emocionante sobre gerações de mulheres e o poder
transformador do amor.
O curta documentário Bendita é um fragmento do
cotidiano de Benedita Silveira, mulher-universo que não
Criação e Roteiro Gildon Oliveira Direção e Produção
é resumida somente à descrição de líder comunitária,
Cecília Amado, Dayse Porto Assistente de Direção Lis
agente de saúde, mãe e avó. Benedita representa em
Schwabacher Produção Executiva Tiago TAO Direção de
seu dia-a-dia o “ordinário” que se revela extraordinário,
Arte Erick Saboya Elenco Larissa Luz, Mayana Aleixo,
através de cada expressão sua, de cada gesto, cada
Edvana Carvalho, Diogo Lopes Filho, Fernanda Silva, Véu
palavra dita.
Pessoa, Paula Lice, Iana Nascimento, Evana Jeyssan,
Mônica Santana, Sabrina Bispo, Paolo Fraga, Valentina
Direção, Roteiro, Montagem e Finalização Juliana
Cunha, Mathias Cunha Direção de Fotografia Maoma
Segóvia Produção e Produção Executiva Carolina Barros
Faria Montagem Pablo Oliveira Som Direto Pedro Garcia
Elenco Benedita Silveira, Yasmim da Silveira, Valentina
Realização Movida Conteúdo e Globo Filmes Distribuição
Agnes da Silveira, Ricardina Tome, Valdeci Pinto,
Globo Filmes
Gislaine Custódio, Celso Gustavo da Silveira Direção
de Fotografia Julia Muxfeldt Direção de Som, Mixagem
e Desenho de Som Augusto Krebs Trilha Sonora Aline
Veras, Augusto Krebs

FILMES | CURTAS METRAGENS 45


BENZEDEIRA
15’ | Brasil | Pará | 2021 | Livre

O curta imerge no universo da benzedeira Maria do Bairro CAFUNDÓ: O QUILOMBO


que escolheu o silêncio para dividir a sabedoria que
lhe foi confiada. Esta ciência da natureza se esconde
NÃO ESTÁ NO PASSADO
25’ | Brasil | São Paulo | 2021 | Livre
ao longe em uma ilha na comunidade do Tamatateua,
interior do município de Bragança. Manoel Amorim,
Filmado no Quilombo do Cafundó em 2021, o curta-
conhecido como Maria do Bairro, é uma bicha preta
documentário propõe uma atualização dos conceitos
conhecedora de ervas e benzedeira que se dedica à
de quilombo, tecnologia e relacionamentos. Partindo
cura do corpo e da alma de quem a procura. O saber
de relatos pessoais de cinco moradoras do Quilombo,
que a habita não vem do achismo, mas sim da vivência
que fica a cerca de 100 km de São Paulo, política,
e resistência direta com a natureza, seus espíritos e
agricultura e ancestralidade se transformam em
filosofia.
alimentos diários de alegria e resistência mostrando
que definitivamente o Quilombo não está no passado.
Direção Pedro Olaia, San Marcelo Roteiro, Câmera,
Direção de Fotografia, Drone e Montagem San Marcelo
Direção Daiane Pettine Direção de Arte Alexandra
Produtora Executiva Cecília Nascimento Produção
Tulani Produção Juliana Rosa e Maíra Berutti Pesquisa
Pedro Olaia Produzido por Sapucaia Filmes Protagonista
Larissa Macedo Edição Daiane Pettine Trilha Sonora
Manoel Amorim (Maria do Bairro)
Ilú Obá De Min Elenco Lucimara Rosa Aguiar, Cintia
Delgado, Lucimari Aguiar Pires, Regina Aparecida
Pereira, Gabriela Delgado Luiz Som Daiane Petrine
Realização Poiesis

46 FILMES | CURTAS METRAGENS


COMO RESPIRAR FORA
D’ÁGUA
17’ | Brasil | São Paulo | 2021 | +14

Na volta de um dos seus treinos de natação, Janaína é


enquadrada por policiais. Já em casa e livre de perigo,
CALUNGA MAIOR ela enfrenta a relação com seu pai, também policial
19’ | Brasil | Paraíba | 2022 | Livre militar, com outros olhos.

Ana, uma escritora, recentemente órfã, que decide se Direção, Roteiro e Realização Júlia Fávero, Victoria
aventurar pelos becos da memória e do relacionamento Negreiros Direção de Fotografia Giuliana Lanzoni Elenco
rompido com a mãe e a avó, atravessando a calunga para Raphaella Rosa, Dárcio de Oliveira, Giovana Lima,
resolver questões do passado. Taty Godoi, Oswaldo Eugênio, Riggo Oliveira, Daniel
Melotti Som Direto Bia Hong, Mariana Suzuki Direção
Direção de Produção Carolina Porto Direção e Roteiro de Arte Ana Iajuc Montagem Luiza Freire Produção e
Thiago Costa Assistente de Direção Raysa Prado Distribuição Ricardo Santos
Assistente de Produção Jô Pontes Produção Executiva
Luzia Costa Fotografia Luis Barbosa Montagem e
Cor Edson Lemos Akatoy Direção de Arte e Figurino
Ana Dinniz Som Juca Gonzaga Edição de Som Vitor
Galmarini Elenco Mariana, Laíz de Oyá, Danny Barbosa,
Norma Goés, Vera Baroni Narração inicial Leda Maria
Martins Produção Tajá Filmes

FILMES | CURTAS METRAGENS 47


ELES NÃO VÊM EM PAZ
4’ | Brasil | São Paulo | 2021 | Livre

E SE JOSÉ FOSSE DEUS? Enquanto dois irmãos assistem uma matéria de jornal
sobre seres extraterrestres, o irmão mais velho faz uma
2’ | Brasil | São Paulo | 2020 | Livre
analogia sobre o seu mundo ser invadido por visitantes
indesejados.
Um retrato feito de José Carlos Marciano a partir do olhar
de sua filha. O curta traz a presença divina dentro de uma
Direção e Roteiro Pedro Oranges, Victor Cazuza
pessoa real, num paralelo entre o José pai de Jesus, a
Assistente de Direção Tays Perez Produção Executiva
figura do Deus católico e o próprio pai da artista. Entre
Pedro Oranges, Victor Cazuza Produção João Caroli
uma marcenaria e o cuidado das plantas, José se mostra
Elenco Dante Aganju, Gustavo Coelho, Teka Romualdo,
um personagem de várias facetas, com composições
Denis Franco da Silva Direção de Arte Winnie Ramos,
musicais autorais que formam a trilha sonora do
Lunna Touronoglou Direção de Fotografia Victor Cazuza
filme, além de referências de uma ancestralidade
Coordenador de Pós e Montagem João Falsztyn Trilha
negrodiaspórica transmitidas pela dança e pelo axé.
Sonora Original e Direitos Autorais das Trilhas Deekapz
Gravado em celular durante o período de pandemia.
Realização Pedro Oranges e Victor Cazuza
Direção, Roteiro, Fotografia e Montagem Aryani
Marciano Elenco e Trilha Sonora José Carlos Marciano
Assistente de Fotografia Fabinho Santos Masterização
Gago Ferreira Apoio Maria Tereza de Almeida Marciano
Realização e Distribuição Filme Independente - Aryani
Marciano

48 FILMES | CURTAS METRAGENS


ESCASSO
16’ | Brasil | Rio de Janeiro | 2022 | Livre

Um mockumentary político que nunca fala de política.


Um filme excessivo, verborrágico, faminto e cômico.
ESCASSO acompanha Rose, uma passeadora profissional
de pets que apresenta sua nova casa para uma equipe EU SOU RAIZ
documental enquanto celebra a realização de um sonho: 8’ | Brasil | Pernambuco | 2021 | Livre
o da casa própria, mesmo que ocupada. Enquanto diz
cuidar do imóvel e aguardar o retorno da proprietária, a Mestra Mariinha é líder quilombola, e há mais de 40 anos
nova “inquilina” cria intimidade com a casa, assumindo luta à beira do rio São Francisco para preservar a cultura
um estado de paixão pela dona ausente. e a natureza de seu território. Ela se dedica aos saberes
das ervas medicinais, é benzedeira e Mestra do Reisado
Um filme de Clara Anastácia, Gabriela Gaia Meirelles do Quilombo da Mata de São José.
Direção Artística, Roteiro e Atuação Clara Anastácia
Direção e Produção Executiva Gabriela Gaia Meirelles Direção Cíntia Lima, Lílian de Alcântara Roteirista
Assistente de Direção Madara Luiza Direção de Produção Convidada Mestra Mariinha Roteiro Cíntia Lima, Lílian de
Madara Luiza Elenco Clara Anastácia Fotografia Luís Alcântara Direção de Produção Cíntia Lima Assistente de
Gomes Montagem Bruno Ribeiro Som Direto Ísis Araújo Produção Bruna Neves Produção Executiva Olar Filmes
Produtora Fomo Filmes, Encruza Montagem Ivich Elenco Mestra Mariinha, Ludmila,
Reisado da Mata de São José Fotografia Letícia Batista,
Lílian de Alcântara Som e edição de Som Priscila
Nascimento

FILMES | CURTAS METRAGENS 49


EWÉ DE ÒSÁNYÌN:
O SEGREDO DAS FOLHAS
23’ | Brasil | Alagoas, Bahia e Rio de Janeiro | 2021 | Livre

Uma criança nasce com folhas em seu corpo e sua mãe


busca a cura. Na escola, porém, as outras crianças a
discriminam e ela foge para a mata. Na Caatinga, encontra GURI
seres encantados de tradições indígenas e negras, e 13’ | Brasil | Espírito Santo | 2019 | Livre
caminha numa aventura de autoconhecimento. Sua busca a
leva até Òsányìn, o orisà das folhas, que apresenta o poder Victor é um menino de 12 anos que sonha em vencer um
das plantas e a importância da preservação ambiental. campeonato de bolinha de gude do seu bairro.

Direção Pâmela Peregrino Direção Musical MAROON Direção e Roteiro Adriano Monteiro Produção Bule
Roteiro Pâmela Peregrino (Baseado no livro “Òsányìn Estúdio Criativo Direção de Produção Daiana Rocha
Os segredos e Mistérios das Folhas Sagradas” de Alzení Direção de Fotografia Francisco Xavier Direção de Arte
Tomáz, 2019) Produção Alzení Tomáz, Sílvia Janayna Castiel Vitorino Brasileiro Som Direto Natália Dornelas
Ilébomim, Pâmela Peregrino Fotografia e Direção de Elenco Wesley Silva, Rejane Faria, Joaquim Marques
Arte Pâmela Peregrino Bonecos Pâmela Peregrino, Rosa de Novais, Kauã Golfeto Escodino, Marina Maciel
Natália Fróes, Yuri Kevin, MAROON, Alzení Tomáz, Sílvia Vargas, Lucas Ricardo Assunção Rangel, Assíria Vitória
Janayna Ilébomim, Maria Santos Esqueletos Pâmela Fernandes Silva, Markus Konka, Margareth Galvão,
Peregrino, MAROON, Maria Santos Adereços Pâmela Leonardo Patrocínio Apoio Cultural Edital de Produção
Peregrino, Alzení Tomáz, Sílvia Janayna Ilébomim, de Curta-metragem do FUNCULTURA da Secretaria de
Maria Santos, MAROON, Cícero de Oliveira Araújo Estado da Cultura do Espírito Santo
Filho (Quilombo Serra das Viúvas), Natália Fróes
Dançarinos Natália Fróes, Jhonatan Almeida Desenho
de Som Anderson Barros Som Direto Anderson Barros,
MAROON Distribuição Borboletas Filmes & Pombagens
Realização ÌTÀN - Cinema Negro de Animação,
Coletivo Ekàn - Abassá da Deusa Òsùn de Idjemim

50 FILMES | CURTAS METRAGENS


LUAZUL
21’ | Brasil | São Paulo | 2022 | Livre
INTERIORES Riva volta ao Brasil e se encontra mais sozinha do que
22’ | Brasil | Rio de Janeiro | 2021 | +12
nunca. Flávia não tem tempo para se sentir sozinha.
As duas se conhecem, e se distraem, ao redor dos
Jonathan é um menino de 9 anos que trabalha como
campinhos e quadras de futebol.
vendedor ambulante na praia do Leme ao lado de
Sandra, sua avó de criação. Em mais um dia de trabalho,
Direção, Roteiro e Produção Letícia Batista, Vitória Liz
ele conhece diversas realidades enquanto procura por
Assistente de Direção Bruno Galindo Produção Executiva
clientes que queiram comprar seus óculos escuros.
Patricia Lima Produção Lais Reis Assistente de
Produção Maya Souza Elenco U vnancio, Larissa Noel,
Direção e Roteiro Matheus Bizarrias Produção Ana
Lucas Bebiano, Tobias, Taty Godoi, Nicole Zuim, Rogério
Sanz, Wesley Prado, Matheus Bizarrias Assistência de
Costa Direção de Fotografia Jéssica Borges Mixagem
Produção Camila Lins Direção de Fotografia Tassiana
de Som Priscila Nascimento Montagem, Finalização
Catein Direção de arte Cacica Candela, Valentina
e Correção de Cor Tiago Lima Técnico de Som Danilo
Caraffa Direção de Som João Paulo Gohar Elenco Pedro
Carvalho Mixagem de Som Priscila Nascimento
Libânio, Dja Marthins, Priscila Mayer, Tatiana Henrique,
Produtora Complô Produções Coprodutora Ç Filmes
Ricardo Romão, Wilson Caetano, Matheus Bizarrias,
Mira Barbosa, Eloana Gabriel, Thatiana Verthein, Luciana
de Sousa Félix, Alexandre do Leme, Carla dos Santos
Edição Bia Póvoa, Matheus Bizarrias Mixagem de
som Gustavo Silveira Trilha sonora Pedro Lima, Felipe
Cavalieri, Foguete Barreto, Duo Pope

FILMES | CURTAS METRAGENS 51


MEU NOME É MAALUM
8’ | Brasil | Rio de Janeiro | 2021 | Livre

Maalum é uma menina negra brasileira que nasce e


MANHÃ DE DOMINGO cresce em um lar rodeado de amor e de referências
afrocentradas. Logo que Maalum sai do seio de sua
25’ | Brasil | Rio de Janeiro | 2022 | Livre
casa, ela se depara com os desafios impostos pelos
discursos e práticas de uma sociedade racista. Assim
Gabriela é uma jovem pianista que irá se apresentar em
que ela chega na escola, todos riem do seu nome. Ela
seu primeiro grande recital. No entanto, um sonho com
não entende o porquê e, com ajuda da sua família,
sua falecida mãe desestabiliza a mente e o coração de
Maalum irá descobrir que a tristeza pode se transformar
Gabriela, colocando em risco a sua apresentação. A partir
em orgulho através da sua ancestralidade.
de uma série de encontros ao longo de um dia, Gabriela
irá se jogar em uma jornada de reconciliação com suas
Direção Luísa Copetti Roteiro Magna Domingues,
memórias e sua mãe.
Eduardo Lurnel Produção Executiva Marcela Baptista,
Eduardo Lurnel Trilha Sonora Maíra Freitas Elenco Layza
Direção Bruno Ribeiro Roteiro Bruno Ribeiro, Tuanny
Griot, Flavio Bauraqui, Roberta Rodrigues Produção,
Medeiros Produção Executiva Laís Diel Produção Bruno
Realização e Distribuição Pé de Moleque Filmes
Ribeiro, Julia Monnerat, Laís Diel Fotografia Wilssa Esser
Som Direto Gustavo Andrade Montagem Vinícius Silva
Arte Diogo Hayashi Elenco Raquel Paixão, Leonardo
Castro, Silvana Stein, André Pacheco, Indira Nascimento,
Valéria Lima, Ítalo Pereira, Layza Griot Empresa
Produtora Reduto Filmes

52 FILMES | CURTAS METRAGENS


MULHERES DO AYÊ:
SABERES ANCESTRAIS
ATRAVÉS DAS ERVAS
14’ | Brasil | São Paulo | 2019 | Livre

Mulheres do Ayê é um documentário que conta a vivência


de cinco mulheres pretas e afro indígenas residentes da
zona leste de São Paulo e suas relações com as plantas e
ervas no autocuidado do corpo em diversas dimensões.
Benedita, Iracema, Mauralis, Iyá Cristina D’Osun e Dona
Elena contam suas histórias, resistem e se fortalecem na
MUTIRÃO: O FILME
10’ | Brasil | São Paulo | 2022 | Livre
troca de energia com as ervas pelos saberes ancestrais
que receberam em suas trajetórias e repassam em
Uma criança apresenta a construção da sua quebrada.
tentativa de continuidade e construção de afeto.

Direção, Produção, Pesquisa, Roteiro, Fotografia,


Direção Geral e Direção de Fotografia Bea Andrade,
Montagem e Captação de Som Lincoln Péricles (LKT)
Bruna Vieira Roteiro Coletivo Onilé (Bea Andrade, Bruna
Produção Francineide Bandeira Pesquisa Sassá
Vieira, Nani Oliveira, Priscila Estevão, Thais Nascimento)
Tupinambá, Jonnas Rosa, Amanda Pereira Elenco Maria
Direção de Produção Bea Andrade Produção Nani
Eduarda Isaú, Edna Pereira Matos Edição e Mixagem
Oliveira, Priscila Estevão, Luana Almeida Entrevistas Nani
de Som Priscila Nascimento (PRINPS) Assistente de
Oliveira Montagem, Edição e Finalização Maya Guedes
Fotografia Adriano Araujo Realização e Distribuição
Operação de áudio Bruna Vieira Edição e Tratamento
Astúcia Filmes
de Áudio Elias Andrade (Oficial Stam Studios)

FILMES | CURTAS METRAGENS 53


MÃE SOLO
15’ | Brasil | Bahia | 2021 | Livre

Curta-metragem que conta as histórias de mulheres


pretas, mães e moradoras de comunidades da cidade NEM O MAR TEM
de Salvador (BR). Apresentando suas identidades
como mães solteiras, através de relatos autorais
TANTA ÁGUA
20’ | Brasil | Paraíba | 2022 | +14
de suas vivências, fugindo dos estereótipos que
cercam as mulheres mães pretas solteiras e trazendo
Babi é uma mulher que vive, ama e se movimenta na
consigo algumas reflexões essenciais sobre como a
mesma intensidade que pedala sua bicicleta.
responsabilidade pela criação de seus filhos recaem
sobre as mulheres e expõe as questões que envolvem
Roteiro Mauricio Garcia, Mayara Valentim, Marcelo
a falta de apoio e acolhimento da família, dos pais das
Quixaba, Guilherme Deganello, Leticia Albuquerque
crianças, da sociedade e do Estado.
Direção Geral Mayara Valentim Assistente de Direção
Raysa Prado Produção Executiva Anna Amélia Direção
Direção Camila de Moraes Assistente de Direção
de Produção Luzia Costa Direção de Fotografia Marcelo
Engels Miranda Roteiro Nane Sacramento, Danilo Stael
Quixaba Direção de Arte e Figurino Ana Moravi Elenco
Projeto e Produção Executiva Danilo Stael Diretor de
Laíz de Oyá, Raana Rocha, Paulo Phillipe, Anderson
Fotografia Uiran Paranhos Produção Danilo Stael Mães
Breno, Leticia Albuquerque Montagem e Correção de
Entrevistadas Lúcia Batista dos Santos, Keisiane Santos
cor Edson Lemos Edição, Som Direto e Mixagem de Som
Pereira Filhos Entrevistados Ângelo Máximo Batista dos
Daniel Moraes (Jack) Assistência de Produção Maurício
Santos, Bernardo Santos Pereira Socióloga Entrevistada
Garcia, Guilherme Deganello, Leticia Albuquerque
Vilma Reis Performance - Atrizes Brenda Matos, Kalú
Realização Coletivo Mangaba e Filmes Urgentes
Santana, Lindete Souza Montagem Gabriel Lake, Camila
de Moraes Técnica de som - Captação de Som Direto
Marise Urbano Edição e Mixagem de Som David Aynan
Produção Musical Tiago Pinto, Danilo Stael Composição
Tiago Pinto, Danilo Stael Produtora Aworan

54 FILMES | CURTAS METRAGENS


O CINEMA ESTÁ SERVIDO
15’ | Brasil | Rio de Janeiro | 2020 | Livre

O filme mostra a essencialidade do cinema negro na


formação e subjetividade de jovens artistas da periferia

NOSSA MÃE ERA ATRIZ do Rio de Janeiro que buscam, além do conhecimento,
nutrir suas inquietações a partir das produções e
26’ | Brasil | Minas Gerais | 2023 | Livre
referências negras do cinema brasileiro. A linguagem
ficcional e o making of também “compõem a mesa” da
Maria José Novais Oliveira, uma senhora negra,
narrativa do filme e o cinema se torna o alimento a
moradora da periferia de Contagem (MG), já nos
ser servido.
seus 60 anos se tornou atriz de cinema, com uma
carreira premiada no Brasil e internacionalmente. Este
Direção e Roteiro Leila Xavier e Stefano Motta Produção
documentário rememora a imagem de uma mulher
Camila Catarino, Leila Xavier, Stefano Motta Direção
ímpar, que marcou o cinema brasileiro dos anos 2010.
de Fotografia Nathalia Pires Som Pedro Moraes e
Bernardo Carvalho de Góes Montagem Nathalia Pires
Direção e Roteiro André Novais Oliveira, Renato Novais
e Maria Litago Aguirre Elenco Evelyn Estevam, João
Produção André Novais Oliveira, Thiago Macêdo Correia,
Vinicius Pereira, Leila Xavier, Nathalia Pires, Pedro
Gabriel Martins, Maurilio Martins Produção Executiva
Moraes, Tuanny Medeiros, Victoria Carvalho Distribuição
Thiago Macêdo Correia Elenco Bárbara Colen, Grace
Borboletas Filmes & Pombagens
Passô, Gláucia Vandeveld, Gilda Nomacce Montagem
Higor Gomes e André Novais Oliveira Tratamento de Áudio
Priscila Nascimento Tratamento de Cor João Gabriel
Riveres Realização e Distribuição Filmes de Plástico

FILMES | CURTAS METRAGENS 55


PEDRO
12’ | Brasil | Ceará | 2022 | +10

Pedro vê sua rotina dividida, frente a TV, ir à escola e


brincar com seus amigos na rua de sua casa. Em fins
de tarde, enquanto o pôr do sol desce, o inesperado
acontece. Um silêncio toma o espaço.

Direção e Roteiro Leo Silva Produção Vitória Helen


Direção de Fotografia Arthur Rodrigues, Thiago Campos
Elenco Pedro Nunes, Veronizia Sales Direção de
Arte Rebeca Eloi Som e Desenho Sonoro Mike Dutra
Montagem, Colorização e Finalização Gabi Trindade
Produção Água Imagens
O PANTANAL É PRETO
5’ | Brasil | Mato Grosso do Sul | 2022 | Livre

Os fantasmas insistem em perseguir, mas não estavam


preparados para o esquecimento.

Direção, Roteiro, Direção de Fotografia, Produção,


Montagem, Som e Mixagem Raylson Chaves Direção de
Arte Leo Sales Elenco Raylson Chaves, Josefina Chaves

56 FILMES | CURTAS METRAGENS


PROCURA-SE
BIXAS PRETAS
25’ | Brasil | Bahia | 2022 | +14

Durante a audição de um teste de elenco, concorrentes SETHICO


realizam um monólogo em que contam as vivências 14’ | Brasil | Pernambuco | 2021 | +10
sobre afeto e identidade de duas personagens. Contudo,
a cena entregue sobre Darnley e Tigrezza, se entrelaçam Esta travessia começa no rio Capibaribe, por onde
com suas próprias vivências criando uma linha tênue muitas pessoas traficadas de África entraram no Brasil.
entre ficção e realidade. Seguimos por lugares que quase escondem o horror
da tragédia colonial. Apesar de tudo isso, encontramos
Roteiro Vinicius Eliziário, Omibulu Direção e Montagem estratégias para sobrevivermos à feiura do mundo. Seth
Vinicius Eliziário Produção Omibulu Assistente de é o juiz; e Sethico, seu julgamento.
Direção Omibulu Assistente de Produção Nathalie
Rosa, Luan Javé Fotografia Otávio Conceição, Vinicius Direção e Elenco Wagner Montenegro Roteiro Andréa
Eliziário Fotografia Still João Lima Motorista Adilson Veruska, Danielle Valentim, Wagner Montenegro
Sampaio Docentes Francisco Serafim, Marcus Curvelo Produção Executiva Andréa Veruska Direção de
Elenco Cleidson Baby, Nola Criola, Lunna Montty, Paulilo, Fotografia / Frame da Videoarte Breno César Edição,
Caique Copque, Vittor Adél, Pietá Cuture, Fernando Montagem e Finalização Felipe Correia Som Direto e
Alves, Vagner Jesus Produtora Boca de Filmes Fotografia Still Camila Silva Orientadora de Pesquisa
Danielle Valentim Pesquisa Andréa Veruska, Wagner
Montenegro Mixagem, Masterização, Trilha Sonora
Original / Sound Design Rafaella Orneles

FILMES | CURTAS METRAGENS 57


SOBRE NOSSAS CABEÇAS
15’ | Brasil | Bahia | 2020 | +12

Cícero perdeu seu irmão para o ódio racial. Agora, seu


cunhado quer salvá-lo do mesmo destino, levando-o à
força para outro lugar.

Roteiro Susan Kalik Direção Geral, Direção de Arte


e Produção Executiva Susan Kalik, Thiago Gomes
SOLMATALUA
15’ | Brasil | Santa Catarina | 2022 | Livre
Assistente de direção Luciana Flores Direção de
Fotografia Jeronimo Soffer Elenco Dan Ferreira, Danilo
Em uma onírica odisseia afro-diaspórica, paisagens
Mesquita Montagem Thiago Gomes Trilha Sonora Original
e vielas encontram-se nas encruzilhadas do tempo.
Peter Marques Som Direto e Mixagem Napoleão Cunha
“SOLMATALUA” percorre um vertiginoso itinerário
Realização Modupé Produtora
por territórios ancestrais e contemporâneos,
realizando uma mística viagem que resgata
memórias e busca possíveis futuros.

Direção e Roteiro Rodrigo Ribeiro-Andrade Montagem


Rodrigo Ribeiro-Andrade, Julia Faraco, Carlos Eduardo
Ceccon Produtores Rodrigo Ribeiro-Andrade, Eryk Rocha,
Mariana Mansur, Bernardo Oliveira Edição de Som
Rodrigo Ribeiro-Andrade, Mbé Coprodução QTV Selo,
Aruac Filmes Produção e Distribuição Gata Maior Filmes

58 FILMES | CURTAS METRAGENS


TE GUARDO NO BOLSO
DA SAUDADE
11’ | Brasil | Rio Grande do Norte | 2021 | Livre

Uma filha tece memórias sobre a sua mãe.

Direção Rosy Nascimento Roteiro Rosy Nascimento,

SUELLEN E A Brunelita Nascimento Assistente de Direção Manul Lira


Direção de Arte Rosy Nascimento, Manul Lira Produção
DIÁSPORA PERIFÉRICA Executiva Diana Coelho Elenco Rosy Nascimento,
04’ | Brasil | Minas Gerais | 2020 | +10 Rosineide Nascimento Direção de Produção Allyne Paz
Direção de Fotografia Álvaro Miranda Som Direto Kaê
Filha da Diáspora Periférica, Renata Suellen nasceu no Montagem e Finalização Fábio de Oliveira Mixagem
Formigueiro das Américas, apelido de uma das cidades Ricardo Félix Distribuição Tarrafa Produtora
com maior adensamento populacional da América Latina,
São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Suellen e a
Diáspora Periférica é um exercício fílmico na tentativa de
desapagar a memória de uma infância entre as margens
do Rio de Janeiro.

Direção, Produção, Realização, Roteiro, Montagem, Som,


Fotografia e Argumento Renata Dorea Elenco Renata
Dorea, Agostinha Dorea, Sueli Dorea

FILMES | CURTAS METRAGENS 59


TIME DE DOIS
11’ | Brasil | Rio Grande do Norte | 2021 | Livre

TERREMOTO Flávio e Wendel são da mesma escolinha de


futebol e compartilham o sonho de serem
27’ | Brasil | Minas Gerais | 2022 | +10
jogadores profissionais. Flávio tem dúvidas se deve
continuar tentando e com a possibilidade de sua
Niky, Nicolson e Ralph, três irmãos Haitianos
desistência, Wendel percebe que o que eles sentem
sobreviventes do terremoto de 2010 e recém-chegados
um pelo outro pode ser mais que amizade.
ao Brasil, tentam se adaptar à vida escolar na periferia
de Contagem (MG) enquanto o Brasil passa por uma de
Direção e Roteiro André Santos Produção André
suas maiores crises econômicas e sanitárias.
Santos, Babi Baracho Produção Executiva Babi
Baracho Assistente de Direção Tereza Duarte Direção
Direção Gabriel Martins Pesquisa Gabriel Martins,
de Produção Larissa Sales, Luiza Oest Assistente de
Matheus Will Produção Executiva Thiago Macêdo
Produção Leka Castro, Luci Braga Direção de Arte
Correia Direção de Produção Luna Gomides Elenco
Mamba Negra Assistente de Arte Judson Andrade
Nicolson Augustin, Niky Augustin, Ralph Johnson
Direção de Fotografia Johann Jean Montagem e
Augustin, Nephtalie Kira Augustin, Marie Nerline
Finalização Pipa Dantas, edt. Mixagem de Som Ricardo
Augustin, Bazile, Nicoly Augustin, Juliana Márcia Reis
Felix Elenco Firmino Brasil, Thásio Igor, Célia Melo,
Fotografia Leonardo Feliciano Som Direto Gustavo
Leonardo Prata, Wallace Martin, Artur Sousa Realização
Fioravante Montagem Victor Furtado Elétrica/Maquinaria
Caboré Audiovisual Patrocínio Prefeitura de Natal:
Luciano Negro Drama Coordenação de Pós Giordano
Secult/Funcarte e Governo Federal via Lei Aldir Blanc
Lima Correção de Cor João Gabriel Rivers Finalizadora
Sem Rumo - Projeto Audiovisual

60 FILMES | CURTAS METRAGENS


TÁ FAZENDO SABÃO
06’ | Brasil | Bahia | 2022 | +16

Filme ensaístico que retrata a construção da identidade


e sexualidade da criança preta sapatão. Narrado e
documentado em primeira pessoa, o curta apresenta
em sua trama os vínculos afetivos que unem a garotinha
moleque macho às mulheres negras de sua família em
uma performance atemporal e surrealista.

Direção, Roteiro, Direção de Som, Narração, Montagem


Ianca Oliveira Direção de Arte e Direção de Fotografia
Jaci Lima Elenco Ianca Oliveira Produção Ianca Oliveira, VOCÊ JÁ TENTOU OLHAR
Jaci Lima Realização Aterrar Produções
NOS MEUS OLHOS?
4’ | Brasil | Paraná | 2020 | +14

Quem dita o que um corpo negro necessita? Você já


tentou olhar nos meus olhos?

Direção, Roteiro e Montagem Tiago Felipe Produção


Tiago Felipe, Stefano Lopes Direção de Fotografia
Lívia Zanuni Som Direto e Finalização de Som Juliano
Pasqualini Por Prisma Cocriações Elenco Tiago Felipe

FILMES | CURTAS METRAGENS 61


62
_
Ewé de Òsányìn:
o segredo das folhas
63
O LEGADO
DE ZÓZIMO
BULBUL
CAROL RODRIGUES

Para as pessoas negras que vieram antes de nós...

Através da plataforma Sesc Digital, a “OJU - Roda Sesc de Cinemas Negros” recebe filmes con-
temporâneos de pessoas negras que dialogam direta ou indiretamente com o legado do intelec-
tual, cineasta e ator Zózimo Bubul.

Autor de filmes como Alma no Olho (1973) e Abolição (1988), Zózimo é considerado fundador
e precursor do cinema negro no Brasil. O Professor e Pesquisador Noel dos Santos Carvalho
chegou a dar a ele o título de inventor do cinema negro brasileiro. Zózimo não foi a primeira
pessoa negra a realizar um filme em nosso país, no entanto, sua obra inaugura o território fílmico
negro no cinema brasileiro, trazendo inventividade estética e narrativa, além de uma busca por
uma linguagem que conseguisse traduzir a experiência negra no mundo. Um cinema inspirado
nas proposições de bell hooks sobre a importância do olhar como um gesto de resistência das
pessoas negras. Um cinema que vá além do mero reflexo da realidade e que proponha novas
formas de representação que possibilitem descobrirmos quem somos. Um cinema que olha e
devolve o olhar.

Nesse sentido, a recente produção cinematográfica negra propõe interessantes diálogos. Nos
últimos anos, o cinema negro brasileiro vive sua primavera. Como indicou a pesquisadora e cura-
dora Janaína Oliveira, o cinema negro se tornou um movimento de realidade incontestável. Aliás,
não se trata de um cinema negro, mas múltiplos. Promovidos em diferentes regiões do país e
extremamente diversos do ponto de vista estético, discursivo e narrativo, são cinemas que bus-
cam novas formas de representar as complexidades e ambiguidades das experiências negras.
Cinemas que são, muitas vezes, voltados para o cotidiano, para dentro. Feito por pessoas negras
e para pessoas negras. Cinemas que se inspiram em realizadores africanos e afro diaspóricos de
diferentes partes do mundo, com marco essencial na obra de Zózimo Bulbul.

64
Quem foi Zózimo Bulbul?
Jorge da Silva, nasceu no Rio de Janeiro em 21 de setembro
de 1937 e, como cineasta, ator, produtor e roteirista, tornou-se
conhecido como Zózimo Bulbul. Atuou em diversos filmes de ficção,
entre eles Terra em Transe (Dir: Glauber Rocha, 1967), Compasso de
Espera (Dir: Antunes Filho, 1973) e As Filhas do Vento (Dir: Joel Zito,
2005), e na televisão, integrou elenco de algumas novelas, também
como protagonista. Foi como cineasta, a partir de 1974, que Zózimo
se destacou como artista político afirmativo, tendo o cinema como
propulsor para ressaltar as culturas negras, contextualizar diálogos
do presente com a história e fomentar a participação legítima de
artistas negros e negras no audiovisual nacional.

A reivindicação da ancestralidade é vital para as pessoas negras. Afinal, uma das facetas mais
perversas do racismo estrutural, é o apagamento da memória negra da história oficial e a conse-
quente fragmentação da nossa identidade histórica, cultural e psicológica. Quando uma pessoa
negra reivindica sua ancestralidade, percebendo-se como parte de uma história mais longa, te-
cida a muitas mãos ao longo de décadas, ela resgata sua humanidade, identidade e sentimento
de pertencimento. Cria uma conexão dialógica com o passado, permitindo a ressignificação do
presente e a invenção do futuro.

Os filmes dessa seleção, propõem diálogos de aproximação e de alargamento com o legado


de Zózimo. Performativos, se afastam da encenação realista/naturalista em tom afirmativo. Ao
mesmo tempo, na maior parte dos filmes, agora são os corpos de mulheres negras (cis e trans)
que ocupam as telas, investigando as possibilidades de cura e celebrando os encontros. Uma se-
leção que propõe aos espectadores traçar uma cartografia afetiva, mapeando as sensibilidades,
os sentimentos, as vivências, o que é visível e o que é invisível nos corpos que habitam os filmes
e suas próprias vidas, criando possibilidades infinitas.

CAROL RODRIGUES é diretora e roteirista. Realizou três curtas premiados que tiveram ampla carreira em festivais
nacionais e internacionais: “A boneca e o silêncio” (2015), “A felicidade delas” (2019) e “Mãe não chora” (2019), que co-dirigiu e
co-roteirizou com Vaneza Oliveira. Prepara-se para dirigir o seu primeiro longa, “Criadas”, no final de 2023. Integrou a equipe de
curadoria desta atual edição da OJU - Roda Sesc de Cinemas Negros.

65
LONGA
METRAGEM NA
PLATAFORMA
SESC DIGITAL

66
ILHA
98’ | Brasil | Bahia | 2018 | +12

Emerson, um jovem da periferia, quer fazer um filme


sobre a sua história na Ilha, lugar de onde os nativos
nunca conseguem sair. Para isso, ele sequestra Henrique,
um premiado cineasta. Juntos, reencenam a própria vida,
com algumas licenças poéticas.

Direção Ary Rosa e Glenda Nicácio Roteiro e Direção


Executiva Ary Rosa Assistente de Direção Tidi Eglantine
Direção de Arte Glenda Nicácio Assistente de Arte
e Figurinista Larissa Brandão Direção de Produção
Thamires Vieira Direção de Som Ary Rosa e Rafael Beck
Som Direto Napoleão Cunha Direção de Fotografia e
Câmera Augusto Bortolini, Poliana Costa e Thacle de
Souza Direção Musical Moreira Elenco Aldri Anunciação,
Renan Motta, Thacle de Souza, Valdinéia Soriano,
Arlete Dias, Aline Brune, Sérgio Laurentino, Ridson Reis
Montagem Poliana Costa e Thacle de Souza Colorista
Augusto Bortolini

FILMES | LONGAS METRAGENS 67


CURTAS
METRAGENS NA
PLATAFORMA
SESC DIGITAL

68
À BEIRA DO PLANETA
MAINHA SOPROU A
GENTE
14’ | Brasil | Bahia | 2020 | Livre

Através de imagens de arquivo pessoal e reflexões sobre


as ambivalências que às vezes se imprimem em relações
cheias de amor, “à beira do planeta mainha soprou a
BR3
23’ | Brasil | Rio de Janeiro | 2018 | +16
gente” apresenta recortes de afeto entre duas sapatonas
e suas mães.
Kastelany chega na casa da Luciana. Mia se prepara para
sair à noite com suas amigas. Dandara transa com Johi
Direção, Roteiro, Produção, Fotografia, Som, Montagem,
pela primeira vez.
Elenco e Realização Bruna Barros, Bruna Castro

Direção, Roteiro e Montagem Bruno Ribeiro Assistente


de Direção Victor Rodrigues Produção Executiva Laís
Diel Produção Laís Diel, Mariana Melo Assistente de
Produção Amina Sophia Produção Local Geo Abreu
Direção de Fotografia Thais Faria Elenco Dandara Vital,
Johi Farias, Kamyla Galdeano, Kastelany Silva, Leona
Kalí, Luciana Vasconcellos, Mia Divva Som Direto Felipe
Carneiro Equipe Maré Sobre Saltos Carlos Marra, Gabriel
Félix, Karina Marinho, Marcos Aprigio

FILMES | CURTAS METRAGENS 69


ELEKÔ
7’ | Brasil | Rio de Janeiro | 2015 | +16

Um fio de poesia vermelha conduzindo a experiência


audiovisual de fazer-se e
afirmar-se na loucura das condições de ser negra e
mulher. Olhando a história a partir do porto, reconhecer
e afirmar as potências e a beleza. Parir do próprio
sofrimento um horizonte de liberdade, apoio e
colaboração. Encontrar na presença de outras mulheres
BRANKURA a força do feminino e o sagrado sentido de ser, até poder
celebrar a vida, em fêmea comunhão e sociedade.
15’ | Brasil | Rio de Janeiro | 2022 | +12

Direção e Roteiro Coletivo Direção de Fotografia Ana


Curta experimental que atravessa colagens, imagens de
Rovati Direção de Arte Gaya Rachel Produção Erika
arquivo e performance com o desejo de colocar o branco
Candido, Monique Rocco, Roberta Costa Elenco Simone
em cena como objeto de análise do negro.
Ricco, Livia Vidal, Dai Ramos, Ana Magalhães, Dani
Gomes, Angela Peres, Veronica da Costa, Eva Costa,
Direção e Roteiro Thamyra Thâmara Assistente
Andrea dos Anjos, Míllena Lízia, Andrea Villas Boas,
de Direção e Produção Marcela Lisboa Direção de
Fernanda Torres Lima, Leila Netto, Roberta Costa
Fotografia e Montagem João Araió Trilha Sonora Bira
Montagem e Edição Amanda Palma, Adriana Bassi Trilha
Reis Supervisão de Trilha Sonora Yasmin Reis Elenco
Sonora Ana Magalhães
Igor Nickal

70 FILMES | CURTAS METRAGENS


EU, NEGRA
10’ | Brasil | Bahia | 2022 | Livre

Ayo é uma artista que vive sozinha submersa em seu


próprio mar e começa a questionar sua identidade
NOIR BLUE:
quando através de autorretratos percebe que não se DESLOCAMENTOS
enxerga como realmente é. A partir daí ela começa a se
desvencilhar do processo de embranquecimento social e
DE UMA DANÇA
27’ | Brasil - França | Minas Gerais | 2018 | Livre
trava uma luta consigo mesma pela reivindicação da
sua negritude.
No continente africano, Ana Pi se reconecta às suas
origens através do gesto coreográfico, engajando-se
Direção e Roteiro Juh Almeida, inspirado em “Alma no
num experimento espaço-temporal que une o movimento
Olho” de Zózimo Bulbul, Jamile Cazumbá Direção de
tradicional ao contemporâneo. Em uma dança de
Fotografia 1ª unidade Safira Moreira Produção e Direção
fertilidade e de cura, a pele negra sob o véu azul se integra
de Fotografia 2ª unidade Juh Almeida Elenco, Texto e
ao espaço, reencenando formas e cores que evocam
Voz Jamile Cazumbá Som Direto Gabriela Palha Direção
a ancestralidade, o pertencimento, a resistência e o
de Arte Juliana Pina, Olívia Pitô Montagem Bruna Castro
sentimento de liberdade.
Distribuição Amanda Pó Realização Pródigo Filmes
Direção, Roteiro, Produção, Fotografia, Direção de Arte
e Montagem Ana Pi Elenco Paloma, Pape Klè Fall, Les
Wongari, Apsath Bagaya, Les Génies de Babi - Stephane
Tehe, Ibrahim & Yves, Roger Mignon, Hamed Tralala,
Devisseur Terrible, Daniel Blensi Distribuição NA MATA LAB

FILMES | CURTAS METRAGENS 71


TRAVESSIA
05’ | Brasil | Rio de Janeiro | 2017 | Livre

Num ensaio visual íntimo e poético, “Travessia” procura


registros fotográficos de famílias negras. Enquanto
explora histórias pessoais, o filme gradualmente adota
uma postura crítica em relação à estigmatização TUDO QUE É
e quase ausência de retratos de pessoas negras.
Finalmente, nos afetando com uma contra-narrativa
APERTADO RASGA
28’ | Brasil | Bahia | 2019 | +14
visual sensível do que permaneceu invisível.

Na tentativa de forjar uma ferramenta capaz de operar o


Direção, Roteiro, Montagem, Produção e Som Safira
corte por justiça, este filme retoma e intervém em imagens
Moreira Elenco Angelica Moreira, Marina Silva, Vladimir
de arquivo, reestudando parte da cinematografia nacional
Ventura, Viviane Laprovita, Fernanda Canuta, Nilo
à luz da presença e agência do ator e da atriz negra.
Canuta, Miguel Jorge, Valdenir Nunes da Silva, Marisa
Santana da Encarnação da Silva, Mariana Santana da
Direção, Roteiro, Som e Montagem Fabio Rodrigues
Encarnação da Silva, Pedro Santana da Encarnação da
Filho Elenco Antônio Pitanga, Antônio Pompeo, Elida
Silva, Alline Guimarães Cipriano, Adriano Guimarães
Palmer, Eliezer Gomes, Grande Otelo, Henrique Felipe
Cipriano, Neisi Maria Guimarães Cipriano, José Geraldo
da Costa (Henricão), João da Cunha, Jorge Coutinho,
Cipriano, Unaí de Paula Cipriano Caiuá de Paula
Lázaro Ramos, Léa Garcia, Lélia Gonzales, Luíza
Cipriano, Neuza Guimarães dos Santos Fotografia e
Maranhão, Mário Gusmão, Milton Gonçalves, Ruth de
Câmera Caíque Mello Realização Safira Moreira
Souza, Watusi, Zezé Motta, Zózimo Bulbul Produção,
Distribuição e Realização Fabio Rodrigues Filho

72 FILMES | CURTAS METRAGENS


73
_
Interiores
ENCONTROS E DEBATES
NO CINESESC
Encontros com profissionais do cinema e das artes para debater
temáticas presentes nos filmes em exibição.

15/03 – 20H 16/03 – 20H


DIÁLOGOS COM REPRESENTAÇÃO
RUTH DE SOUZA AFRORELIGIOSAS NO
Apresentação do documentário CINEMA NEGRO
por Naruna Costa Debate após a exibição de Exu e o Universo.
Com Baba Julio (Júlio Cezar de Andrade) e Ellen de Souza

NARUNA é Co-fundadora do Espaço Clariô, do Grupo Clariô de


JÚLIO CEZAR DE ANDRADE
Teatro e do grupo de pesquisa musical Clarianas. Interpretou
Morador de Guaianases, Zona Leste de SP. É assistente social,
a cantora ELZA SOARES, na montagem “Garrincha”, do diretor
pós graduado em direito da criança e do adolescente e mestre
norte-americano Robert Wilson. Foi indicada ao Prêmio APCA
em Serviço Social. Colaborou com a fundação e articulação de
de Melhor atriz de 2017, com a personagem ANTÍGONA da mon-
núcleos de base da UNEafro Brasil entre 2009 e 2012. Foi Conse-
tagem produzida pelo Ágora Teatro. No cinema filmou “MARI-
lheiro Tutelar na região do Lajeado de 2011 a 2016. Atuou como
GUELLA”, de WAGNER MOURA, o longa “ANNA”, de Heitor Dhalia
educador social em serviços de acolhimento e abordagem de
e Nara Mendes, e “CANO CERRADO” de Erick Castro. Protago-
rua e atualmente coordena um serviço de convivência e fortale-
nizou filmes como “Causa & Efeito” de André Marouço e “Toro”
cimento da criança e do adolescente. É profissional e reconheci-
- Eduardo Felistoque, além de participar de longas como “Mundo
do ativista do Serviço Social e Babalorixá da casa Ile Aye Dun.
Deserto de Almas Negras” e “Hoje eu Quero Voltar Sozinho”. Na
Netflix protagoniza a série “Irmandade” ao lado de Seu Jorge.
ELLEN DE SOUZA é pesquisadora, escritora, possui graduação
em Pedagogia pela UNESP, mestrado e doutorado em Educação
pela UFSCar, e pós doutorado em Ciências Humanas pela UERJ.
Professora adjunta no Departamento de Educação, é credencia-
da ao Programa de Pós-graduação em Educação da UNIFESP e
coordenadora do Grupo de Pesquisa LAROYÊ - Culturas Infantis
e Pedagogias Descolonizadoras. Possui vasta experiência na
área de Educação e atua, principalmente, nas seguintes temáti-
cas: relações étnico-raciais, filosofia da infância, descolonização,
religiosidade afro-brasileira, racismo religioso, territórios negros
e educação antirracista. Ministra pelo Brasil, entre outras for-
mações, o curso Giro Epistemológico, recorde de inscrições na
UNICAMP, tendo se tornado um livro homônimo publicado no
ano de 2022 (Editora Pedro e João). Desenvolve e integra na Áfri-
ca do Sul o projeto Conexões Epistêmicas: Conceitos de Criança
e Infância na Ética Ubuntu, que se tornará matéria de suas novas
76 atividades de formação e literárias.
17/03 – 20H
CINEMA NEGRO COLETIVO
E COLABORATIVO
Debate após a exibição de Raízes.
Com Simone Nascimento e Renato Cândido

SIMONE NASCIMENTO é jornalista formada na PUC SP e mes-


tranda na USP. Co-diretora do longa metragem Raízes e membra
da coordenação nacional do Movimento Negro Unificado.
21/03 – 20H
RENATO CANDIDO é cineasta negro formado em 2007 no
bacharelado em Audiovisual pela ECA/USP. Desde 2011, Renato
CARTOGRAFIA DE
Candido é mestre em Ciências da Comunicação e doutor em AFETOS EM MARTE UM
Meios e Processos Audiovisuais também pela ECA/USP. No Debate após a exibição de Marte Um.
Mestrado, Renato desenvolveu um roteiro de série ficcional fo- Com Carol Rodrigues e Bruno Victor
cado na representação da mulher negra em nossa sociedade e
em nosso audiovisual. Atualmente este trabalho se encontra em
processo de pós-produção através de editais de curta e da Lei
Aldir Blanc. No doutorado, Renato Candido analisou a atualidade
e o processo histórico de como o racismo atravessa as políticas
públicas de financiamento audiovisual e como se dá a impor-
tância de implementação de políticas de ações afirmativas para
afro-brasileiros no audiovisual brasileiro.
CAROL RODRIGUES é diretora e roteirista. Realizou três curtas
premiados que tiveram ampla carreira em festivais nacionais
20/03 – 20H e internacionais: “A boneca e o silêncio” (2015), “A felicidade
delas” (2019) e “Mãe não chora” (2019), que co-dirigiu e co-rotei-
LUTA E RESISTÊNCIA rizou com Vaneza Oliveira. Prepara-se para dirigir o seu primeiro
NEGRA – RACIONAIS MC’S longa, “Criadas”, no final de 2023.
Apresentação do filme “Racionais: Das Ruas de São
BRUNO VICTOR
Paulo pro Mundo” por Semayat Oliveira
Formado em audiovisual pela Universidade de Brasília e mes-
trando em Multimeios pela Unicamp. Codirigiu e corroteirizou
o curta “Afronte”, premiado com o Coelho de Ouro de melhor
curta-metragem no Festival Mix de 2017. Ministrou a oficina “O
corpo negro LGBT” no Cinema Contemporâneo na UFRJ (RJ,
2019), no Festival Negritudes Infinitas (CE, 2020) e no Festival
no seu Quadrado (DF, 2020). Foi professor de roteiro pelo pro-
grama educativo do Instituto LGBT+ (DF, 2020). Finalista Prêmio
SEMAYAT OLIVEIRA, jornalista formada pela Universidade ABRA de Roteiro (2021) e coordenador do Queer Festival for
Metodista de São Paulo, Semayat é cofundadora do site jor- Palestine (2021). Codirigiu o longa-metragem “Rumo” (Prêmio
nalístico Nós, mulheres da periferia, consultora jornalística no Zózimo Bulbul, Prêmio Especial do Júri e Melhor Longa-metra-
podcast Mano a Mano, liderado pelo rapper Mano Brown. gem do Júri Popular no 55° Festival de Brasília). 77
DEBATES

22/03 - 20H
CINEMA NEGRO DECOLONIAL
Debate após a exibição de Noites Alienígenas.
Com Mariana Queen Nwabasili e Michel Carvalho. Mediação: Viviane Pistache

MARIANA QUEEN NWABASILI é jornalista e pesquisadora, pesquisa questões relacionadas a gênero, raça e sexualidade
doutoranda e mestra em Meios e Processos Audiovisuais pela no cinema. Estudou roteiro com Patrick Vanetti, diretor do
Escola de Comunicações e Artes da USP, onde também se Conservatório Europeu de Escrita Audiovisual, Lucas Paraízo
graduou em Jornalismo. Mestra em Curadoria Cinematográfica e Zé Carvalho. É especialista em Cinema Etnográfico pela
pela Elías Querejeta Zine Eskola, na Espanha, com bolsa do Fiocruz. Cursou a Oficina de Roteiristas e a Oficina de Escrita
Projeto Paradiso. Curadora de curtas-metragens da Mostra de de Humor da Rede Globo de Televisão. Atuou ainda como
Cinema de Tiradentes 2023 e do Cabíria Festival Audiovisual consultor de roteiro e questões raciais em série de ficção
2022. Foi selecionadora de filmes brasileiros da 24ª edição do ainda não anunciada para rede de streaming e em série
FestCurtasBH, em 2022, na qual idealizou a mostra paralela documental para a Globoplay. Trabalha também como cura-
“Filmes decoloniais?”, e da 29ª edição do Festival Internacional dor de roteiros no FRAPA e no Laboratório Novas Histórias.
de Curtas-Metragens de São Paulo, em 2018. Escreve ensaios Atualmente se dedica à escritura de seu longa ficcional A
e análises críticas sobre Teatro e Cinema, tendo participado da Mais Forte, contemplado em edital do Ministério da Cultura, à
10ª edição do Critics Academy do Festival de Cinema de Locar- adaptação audiovisual de um romance para a Barry Company
no, na Suíça, em 2021. Interessada nas conexões entre Cinema, e faz parte da equipe de colaboradores de uma das próximas
Comunicação, História e Ciências Sociais, pesquisa autorias, novelas da Rede Globo.
representações e recepções cinematográficas vinculadas a
raça, gênero, classe e (de)colonialidade nos cinemas nacional e VIVIANE PISTACHE é preta das Minas Gerais. É pesquisa-
internacional. dora, roteirista e crítica de cinema com passagem pela Casa
de Criação e Cinema, pelo Departamento de Desenvolvimen-
MICHEL CARVALHO atuou como roteirista em mais de 20 to de Roteiros da O2 Filmes. Doutoranda em Psicologia e
obras, onde se destacam a novela Malhação (Rede Globo), Cinema pela USP. Graduada em Psicologia pela UFMG. For-
as séries de ficção Temporada de Verão (Netflix), Perrengue mada em Roteiro e Direção pela Academia Internacional de
(MTV), Matches (Warner Channel) e Bola pra Frente (TV Brasil), Cinema de São Paulo AIC/SP.
os longas-metragens documentais Torre das Donzelas, Mus-
sum - um filme do cacildis e Prazer em Conhecer. Atualmente
desenvolve o longa ficcional A Mais Forte (selecionado para
o Cine Qua Non - México), é colaborador em telenovela na
Rede Globo e dá aulas na Pós-Graduação em Roteiro da FAAP.
Graduado, Mestre e Doutorando em Antropologia pela UFRJ,

78
RODA DE CONVERSA

11/04 – 19H30
SESC SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
RACISMO ESTRUTURAL NO AUDIOVISUAL
O racismo estrutural, principalmente estudado e divulgado no Brasil por Silvio de Almeida, aborda como questões
jurídicas, políticas, sociais e culturais formam o racismo no Brasil. No contexto do audiovisual, da representatividade
ao “Cartão Shirley”, das narrativas à falta de oportunidades de trabalho, ainda se trata de um setor a ser vivenciado
em sua plenitude por pessoas racializadas -- que mesmo tendo conquistado um certo acesso aos meios de produção
audiovisual nos últimos tempos, não chegou ainda a uma equidade em relação a pessoas não racializadas.
Com o Grupo Komunga e Viviane Pistache

LUCAS BAUMGRATZ é professor, produtor audiovisual e mú- realizados em parceria com ou contemplados em editais
sico de São José dos Campos. Bacharelado em Audiovisual da Fundação Cultural Cassiano Ricardo - SJC. Seu trabalho
pelo Centro Universitário SENAC em São Paulo em 2012, conti- mais recente foi na co-direção e edição audiovisual do
nuou seus estudos na área de Motion Graphic pela Faculdade espetáculo de dança “Relatos Amefricanos”. Na música, é
Melies de Tecnologia, pós-graduação em Docência em Ensino integrante do grupo Komunga.
Superior também pelo SENAC e Mestre em Linguística pela
UNIFESP Guarulhos. Foi um dos criadores da Mostra Formiga VIVIANE PISTACHE é preta das Minas Gerais. É pesqui-
Independente, de curtas-metragens de São José dos Campos. sadora, roteirista e crítica de cinema com passagem pela
No campo do audiovisual, já atuou como diretor e editor de Casa de Criação e Cinema, pelo Departamento de Desenvol-
videoclipes de artistas como o rapper Rappin Hood, Rael, Dom vimento de Roteiros da O2 Filmes. Doutoranda em Psicolo-
Pescoço, Eduardo Agni, entre outros. Atualmente é coordenador gia e Cinema pela USP. Graduada em Psicologia pela UFMG.
e professor no curso de Licenciatura em Artes Visuais pela Formada em Roteiro e Direção pela Academia Internacional
Universidade do Vale do Paraíba. Na música, é integrante do de Cinema de São Paulo AIC/SP.
grupo Komunga.

JULIO RHAZEC é produtor audiovisual, com atuação na área


desde 2011, na qual inicialmente desenvolveu um trabalho
voltado à Arte Educação, em instituições direcionadas ao aten-
dimento de menores egressos da Fundação CASA. Em 2015
foi convidado a integrar o Coletivo Maxado, desenvolvendo
produções nas áreas de videoclipe, documentário, web série e
produções comerciais, além de idealizar e coordenar projetos
como Cine Bandas, Arte Móvel e Mostra Formiga Independente,

79
CURSOS E LABORATÓRIOS
06/04 - 18H30
SESC RIBEIRÃO PRETO
CINEMAS NEGROS
NARRATIVAS DECOLONIAIS
Com Mariana Queen Nwabasili

Se apenas uma década separa a Conferência de Berlim Maldoror”, durante a Mostra Ecofalante de Cinema em
(1884-1885) da primeira sessão com cinematógrafo 2022; na atuação como idealizadora da mostra “Filmes
promovida pelos irmãos Lumière na já colonialista decoloniais?”, exibida durante a 24ª edição do Festival
França de 1895, seria equivocado dizer que o cinema Internacional de Curtas-Metragens de Belo Horizonte em
é uma arte industrial cunhada e influenciada pelo 2022, e no processo de autoria do artigo “Entre Europa,
colonialismo? Partindo das articulações históricas África e América Latina: representações de mulheres
presentes nessa pergunta, o workshop tem como negras e brancas em filmes coloniais espanhóis”,
objetivo abordar as ralações básicas entre colonialismo, publicado na Revista Rebeca neste ano.
colonialidade, cultura visual, cinema e (des)construções
cinematográficas quanto a históricas formas
estigmatizantes e estereotipadas de mostrar e ver
determinados corpos e vidas humanas em filmes e
na realidade.

Assim, são propostas reflexões sobre características


e relações entre cinema anticolonial e os atualmente
chamados por alguns pesquisadores de cinemas MARIANA QUEEN NWABASILI é jornalista e pesquisadora,
decoloniais, ambos entendidos como respostas doutoranda e mestra em Meios e Processos Audiovisuais pela
dialógicas às construções narrativas e estético- Escola de Comunicações e Artes da USP, onde também se
formais do cinema dominante e como propostas graduou em Jornalismo. Mestra em Curadoria Cinematográfica
cinematográficas de “descolonização do olhar” (ou seja, pela Elías Querejeta Zine Eskola, na Espanha, com bolsa do
como oposição aos processos de “colonialidade do ver”) Projeto Paradiso. Curadora de curtas-metragens da Mostra de
surgidas ao longo da história do cinema. Cinema de Tiradentes 2023 e do Cabíria Festival Audiovisual
2022. Foi selecionadora de filmes brasileiros da 24ª edição do
O curso terá como base bibliografias, filmografias e FestCurtasBH, em 2022, na qual idealizou a mostra paralela
experiências estruturadas na realização da pesquisa “Filmes decoloniais?”, e da 29ª edição do Festival Internacional
“Construcciones de la mirada: representaciones de de Curtas-Metragens de São Paulo, em 2018. Escreve ensaios e
mujeres negras africanas y europeas blancas en análises críticas sobre Teatro e Cinema, tendo participado da 10ª
películas coloniales de ficción y no ficción sobre edição do Critics Academy do Festival de Cinema de Locarno,
Guinea Ecuatorial”, realizada sob asupervisão da na Suíça, em 2021. É interessada nas conexões entre Cinema,
Profª Drª Raquel Schefer para a obtenção de título Comunicação, História e Ciências Sociais, tendo como foco de
de mestra em Curadoria Cinematográfica pela Elías pesquisa autorias, representações e recepções cinematográficas
Querejeta Zine Eskola, na Espanha; na atuação como vinculadas a raça, gênero, classe e (de)colonialidade nos cine-
debatedora do evento “O Cinema Decolonial de Sarah mas nacional e internacional.

80
25/03 - 16H
SESC VILA MARIANA
NARRATIVAS NEGRAS
INFANTOJUVENIS
Conversa em torno das construções de personagens e
narrativas negras infantojuvenis.

Com Pâmela Peregrino, Maria Shu e Thais Scabio

PÂMELA PEREGRINO THAIS SCABIO


É animadora, cenógrafa, professora de Artes da Universidade Cineasta, diretora da produtora Cavalo Marinho Audiovisual,
Federal do Sul da Bahia e tem buscado a realização de curtas de onde realizou diversas produções entre elas os curtas
animação em processos educativos comunitários, de imersão e metragens premiados Caixa d ́ água, Graffiti Dança e Barco de
vivência em comunidades tradicionais negras e indígenas. Possui Papel. Realiza formação audiovisual desde 2005 em diversas
bacharelado e licenciatura em História pela Universidade Federal regiões de São Paulo, é uma das criadoras do projeto JAMAC
Fluminense (UFF), bacharelado em Artes Cênicas, habilitação em Cinema Digital e da MIIA - Mostra Itinerante de Infanto Juvenil
Cenografia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro de Audiovisual. Atualmente é diretora de produção da série de
(UNIRIO), Mestrado em História (UFF) e em Educação (PUC-Rio) e animação Anaya, está em finalização de seu primeiro longa-
doutorado no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da metragem e é gestora de desenvolvimento de negócios da
UNIRIO. Entre seus principais trabalhos estão os curtas: “Partir” plataforma de streaming Todesplay.
(2012), “Òpárá de Òsùn: quando tudo nasce” (2018), “Oríkì” (2020);
“Porto e Raiz” (2021) e “Ewé de Òsányín: o segredo das folhas”
(2021).

MARIA SHU
Dramaturga e roteirista com peças de teatro encenadas em
diversos países. Autora de “Quando eu morrer vou contar tudo a
Deus” e “12 anos ou a memória da queda”. Escreveu os curtas
“Sobre Alices” e “Uma porção de cólera”. É co-roteirista das
séries de ficção “Onisciente”, “Irmandade”, “Bom dia, Veronica”,
“Sentença”, “Franjinha e Milena em busca da ciência”, do especial
“Mães do Brasil” e de outras ainda não anunciadas. Atualmente,
escreve a série “Torto Arado’’ para a HBO Max, baseado no best
seller de Itamar Vieira Junior.

81
CURSOS E LABORATÓRIOS

22, 23 E 24/03 - 19H ÀS 21H30


SESC BELENZINHO
LABORATÓRIO
A CONSTRUÇÃO DO CINEMA
NEGRO DE ANIMAÇÃO
Com Pâmela Peregrino

O Cinema Negro de Animação é uma ferramenta de expressão e


valorização da subjetividades de pessoas negras e suas percepções
de mundo. Faremos uma breve imersão no conceito e na história
do Cinema Negro de Animação, em especial no Brasil, visando
conhecer sujeitos, elementos e práticas que integram este conceito.
Nesse caminho, há tempo para ver e ouvir curtas de animação
realizados em África e na diáspora. Afinal, o que fizeram antes de
nós, nos alimenta e nos provoca a pensar o que faremos e como
contaremos nossas histórias. Encontro 1: História do Cinema
Negro de Animação incluindo África e Diáspora: conceito e obras.
Encontro 2: Ancestralidade, narrativas negras e técnicas de
animação. Encontro 3: Produção, difusão e processos educativos
afrocentrados.

PÂMELA PEREGRINO
É animadora, cenógrafa, professora de Artes da Universidade Federal
do Sul da Bahia e tem buscado a realização de curtas de animação em
processos educativos comunitários, de imersão e vivência em comunidades
tradicionais negras e indígenas. Possui bacharelado e licenciatura em
História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), bacharelado em Artes
Cênicas, habilitação em Cenografia pela Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro (UNIRIO), Mestrado em História (UFF) e em Educação
(PUC-Rio) e doutorado no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas
da UNIRIO. Entre seus principais trabalhos estão os curtas: “Partir” (2012),
“Òpárá de Òsùn: quando tudo nasce” (2018), “Oríkì” (2020); “Porto e Raiz”
(2021) e “Ewé de Òsányín: o segredo das folhas” (2021).
_
Sethico
PROGRAMAÇÃO
CINESESC
14h30 15h30 16h

15-Mar

16-Mar O cinema está servido (RJ, 15')


Ijo Dudu (BA, 83')

17-Mar Sessão de curtas 5 (102')


As Vezes que não Estou Lá (PE, 25')
Bendita (18´)
Mulheres do aiê (SP, 38')
Como Respirar Fora d'água (SP, 16')
Ta Fazendo Sabão (BA, 5')

18-Mar Diálogos com Ruth de Souza


(SP, 107')

19-Mar Sessão infantil (53') Sessão de curtas 4 (92')


Meu Nome É Maalum (RJ, 8') Interiores (RJ, 22')
Ewé De Òsányìn: O Segredo Das Folhas Manhã de Domingo (RJ, 25')
(AL, BA, RJ, 22') Adão, eva e o Fruto Proibido (PB, 20')
Guri (ES, 13') Procura-se Bichas Pretas (BA, 25')
Mutirão (SP, 10')

20-Mar Sessão de curtas 3 (82') Sessão de curtas 2 (98')


Sobre nossas cabeças (BA,15') Cafundó (SP, 25')
A Invisibilidade negra na educação Suellen e a Diáspora (MG, 4')
(BA,12') Escasso (RJ,16')
Pedro (CE,12') Terremoto (MG, 26')
Você já tentou Olhar nos meus olhos Nem o Mar nem tanta água (PB, 20')
(PR, 4') O Pantanal é preto (MS, 5')
Calunga Maior (PB,19') E Se José Fosse Deus (SP, 2')
LuaAzul (SP, 20')

21-Mar Eles não vem em paz (SP, 4')


Noites alienígenas (AC, 80')

22-Mar Sethico (PE, 15)


Raízes (SP, 72')

86
18h 20h DEBATES

Sessão de abertura Sessão apresentada por Naruna Costa


Diálogos com Ruth de Souza
(SP, 107')

Sessão de curtas 2 (98') Solmatalua (SC,15) + Representação afroreligiosas no cinema negro


Cafundó (SP, 25') Exu e o universo (RS, 85) Debate após a exibição com Baba Julio
Suellen e a Diáspora (MG, 4') (BàBálóòrisá do Ilê Àsé EGBÉ ODÉ Ibùalámo) e
Escasso (RJ,16') Prof. Dra Ellen Souza.
Terremoto (MG, 26')
Nem o Mar nem tanta água (PB, 20')
O Pantanal é preto (MS, 5')
E Se José Fosse Deus (SP, 2')

Sessão de curtas 1 (93) Sethico (PE, 15) + Raízes (SP, 72') Cinema negro coletivo e colaborativo
Brankura (RJ, 15') Debate após a exibição com
Benzederia (PA, 15') Simone Nascimento (co-diretora do longa
Mutirão (SP, 10') metragem Raízes ) e Renato Cândido,
Afronte (DF, 16') pesquisador e cineasta.
Time de dois (RN, 11')
Nossa mãe era atriz (BH, 26')

Sessão de curtas 3 (82') Sessão de curtas 1 (93)


Sobre nossas cabeças (BA,15') Brankura (RJ, 15')
A Invisibilidade negra na educação (BA,12') Benzederia (PA, 15')
Pedro (CE,12') Mutirão (SP, 10')
Você já tentou Olhar nos meus olhos (PR, 4') Afronte (DF, 16')
Calunga Maior (PB,19') Time de dois (RN, 11')
LuaAzul (SP, 20') Nossa mãe era atriz (BH, 26')

O cinema está servido (RJ, 15') Mãe solo (BA, 15')


Ijo Dudu (BA, 83') Mirador (PR, 94')

Solmatalua (SC, 15’) Sessão especial Racionais Sessão apresentada por Semayat Oliveira
Exu e o universo (RS, 85’’) (SP, 116') (gratuita)

Sessão de curtas 4 (92') Marte um (MG, 110') Por uma cartografia de afetos
Interiores (RJ, 22') Debate após a exibição com a cineasta e
Manhã de Domingo (RJ, 25') roteirista Carol Rodrigues e o pesquisador
Adão, eva e o Fruto Proibido (PB, 20') Bruno Victor.
Procura-se Bichas Pretas (BA, 25')

Sessão de curtas 5 (102') Eles não vem em paz (SP, 4') Cinema negro decolonial
As Vezes que não Estou Lá (PE, 25') Noites alienígenas (AC, 80') Debate após a sessão com
Bendita (PA, 18') Mariana Queen Nwabasili (pesquisadora) e
Mulheres do aiê (SP, 38') Michel Carvalho (pesquisador e roteirista).
Como Respirar Fora d'água (SP, 16') Mediação de Viviane Pistache.
Ta Fazendo Sabão (BA, 5')

87
SESC BELENZINHO
19h30

22-Mar
Workshop “Cinema negro de animação” (19h30 as
23-Mar
21h30) Com Pâmela Peregrino (BA)
24-Mar

29-Mar Racionais (SP, 116´) apresentação Semayat Oliveira

05-Abr Marte Um (MG, 110’)

12-Abr Sessão de curtas (79 minutos)


Somatalua (15)
Mutirão (10)
Eu sou raiz (7)
Benzedeira (15)
Como respirar fora d’água (16)
Escasso (RJ, 16’)

SESC VILA MARIANA


14h30 16h 16h30 18h

25-Mar Escasso (RJ,16’) Marte um (MG, 110’)


Beleza da Noite (40)

26-Mar Sessão Infantojuvenil (53 Bate-papo


minutos) Narrativas Negras
Meu Nome É Maalum (8) Infantojuvenis
Ewé De Òsányìn: O Segredo Com Pâmela Peregrino
Das Folhas (22) (BA); Maria Shu (SP) e Thais
Guri (13) Scabio (SP)
Mutirão (10)

SESC SÃO JOSÉ DOS CAMPOS


18h 19h30 às 21h30

02-Abr Te Guardo no Bolso (RN, 11’)


Beleza da Noite (40)

09-Abr Mirador (PR, 95)

11-Abr Roda de Conversa (19h30 as 21h30)


Racismo estrutural no Audiovisual
Com Viviane Pistache, Julio Rhazec e Lucas Baumgr

16-Abr Curtas (91’)


Invisibilidade Negra (12’)
Como Respirar Fora D´água (16’)
Eu Sou Raiz (7’)
Mãe Solo (15’)
Escasso (RJ, 16’)
88
SESC RIO PRETO
14h 14h30 15h30 16h 16h30 18h 20h

18-Mar
Produção Audiovisual Negra com Érika Freitas
19-Mar

22-Mar Mirador (PR, 95’)

24-Mar Marte Um (MG, 110’)

29-Mar Sessão de curtas (78’)


Manhã de Domingo (RJ, 25’)
Escasso (RJ, 16’)
Interiores (RJ, 22’)
Time de dois (RN, 11’)
Eles não vêm em paz (SP, 4’)

SESC RIBEIRÃO PRETO


18h30 às 21h30 19h30

04-Abr Te guardo no bolso (11’’’)


Mirador (95)

05-Abr Sessão de curtas (76’)


Solmatalua (15’’)
Afronte (16’’)
Escasso (16’)
Eles não vem em paz (4’)
Às vezes que não estou lá (25’)

06-Abr Workshop
Cinemas Negros - Narrativas Decoloniais
Com Mariana Queen Nwabasili

SESC DIGITAL
16/03 a 16/04

Ilha (BA, 98') Eu, negra (BA, 10') BR3 (RJ, 23') Elekô (RJ, 7') Tudo que é apertado
Rasga (BA, 28")

Travessia (RJ, 5') Brankura (RJ, 15') Kbela (RJ, 22') Noir Blue – A Beira do Planeta
Deslocamento de uma Mainha soprou a gente
dança (MG, 27') (BA, 14)

89
_
Marte Um
Sesc – Serviço Social do Comércio
Administração Regional no Estado de São Paulo
EQUIPE SESC
PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL Aline Ribenboim, Ana Carolina Garcez, Ana Carolina
Abram Szajman Rios Gomes, Ana Paula Rodrigues, Carolina Paes de
DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONAL Andrade, Carlos Petrachini, Cesar Albornoz, Claudia
Danilo Santos de Miranda Vieira Garcia, Cleber Rocha, Denis Salzano, Érica Dias,
Fernanda De Freitas Goncalves, Fernando Hugo Fialho,
SUPERINTENDENTES Graziela Marcheti, Humberto Silva, Jane Eyre Piego,
Técnico-social João Cotrim, José Gonçalves Junior, Jose Henrique
Rosana Paulo da Cunha Osoris Coelho, Karina Camargo Leal Musumeci, Lucas
Comunicação Social Carbonera Molina, Luiz Fernando Dos Santos Silva,
Aurea Leszczynski Vieira Gonçalves Mariana Rosa, Poliana Queiroz, Regina Gambini,
Administração Renato Diego Alves de Jesus, Ricardo Tacioli, Simone
Jackson Andrade de Matos Yunes, Solange dos Santos Alves Nascimento, Suzana
Assessoria Técnica e de Planejamento Souza
Marta Raquel Colabone
Consultoria Técnica OJU – RODA SESC DE CINEMAS NEGROS
Luiz Deoclécio Massaro Galina Curadoria Cecília de Nichile, Carol Rodrigues, Fabiano
Maranhão, Gabriella Rocha, Livia Lima da Silva e
GERENTES Rodrigo Gerace
Ação Cultural Érika Mourão Trindade Dutra Artes
Gráficas Rogério Ianelli Centro de Produção Audiovisual Identidade Visual Daniel Brito Produção Gráfica Camila
Wagner Palazzi Perez Estudos e Desenvolvimento Joao Teresa Vinheta Arte: Naná Prudencio Trilha Sonora:
Paulo Leite Guadanucci Estudos e Programas Sociais DiPa e PiPo Pegoraro Produção Friccione Produções:
Flavia Andrea Carvalho Sesc Digital Fernando Amodeo Bea Andrade e Thaís Oliversi Imprensa Flávia Miranda
Tuacek CineSesc Gilson Packer Sesc Belenzinho José Redes Sociais Erasmo Penteado
Roberto Ramos Sesc São José dos Campos Claudia
Maria Da Silva Righetti Sesc São José do Rio Preto
Thiago Aguiar Freire Silva Sesc Jundiaí Wagner Dini de
Castro Sesc Ribeirão Preto Mauro Cesar Jensen Sesc
Vila Mariana Kelly Adriano de Oliveira

Você também pode gostar