filósofos: Descartes e Hume René Descartes (1596-1650) R ené Descartes nasceu em La Haye, França, e viria a falecer na
sequência de uma pneumonia em Estocolmo, capital da Suécia, onde
residia há um ano, contratado pela própria rainha Cristina para lhe dar aulas. Descartes (ou Cartesius, na versão latina) estudou no colégio jesuíta La Flèche, famoso pela preparação ampla, profunda e rigorosa que assegurava aos seus alunos. Tinha como grande objectivo de vida “conhecer as coisas e os homens”. Isso levou-o, por um lado, a procurar sempre uma vida tranquila, afastada dos contactos mundanos e dos possíveis problemas com a Inquisição, por forma a garantir espaços de solidão e tempo para meditar e para reflectir livremente; e, por outro lado, a viajar incansavelmente por toda a Europa culta de então, estabelecendo contactos teóricos com os maiores físicos, matemáticos, fisiologistas e astrónomos da época. René Descartes (1596-1650) Principais obras
C onsiderado por muitos o fundador da filosofia moderna, Descartes
foi ele próprio matemático, físico e fisiologista. René Descartes é um dos mais destacados nomes na defesa intransigente do racionalismo, opondo-se tanto ao carácter livresco e fantasioso que ele atribuía à escolástica, como ao empirismo que, segundo ele, fixando-se nos dados dos sentidos, não poderia senão permanecer no reino da aparência, do engano e do erro. Para alcançar um ponto seguro a partir do qual o saber se possa constituir com legitimidade, Descartes considerava necessário duvidar de tudo o que existe. Isto era no entanto um ponto de partida do método para chegar à verdade, e não uma posição filosófica de princípio identificada com o ceticismo. É este o quadro em que vai aparecer a conhecida afirmação “penso, logo existo”. David Hume (1711-1776) D avid Hume nasceu em Edimburgo, na Escócia, e foi uma das
figuras de proa das chamadas Luzes Escocesas (Scottish
Enlightenment), um importante movimento científico, político, intelectual e cultural do século XVIII que partilhava com o iluminismo europeu a crítica racional de todo o existente (incluindo a crítica da própria razão humana). Fizeram também parte desse movimento de emancipação social, entre muitos outros, nomes grandes como Adam Ferguson, Adam Smith e Francis Hutcheson. Para além de filósofo, David Hume também foi psicólogo, economista e historiador. A sua História de Inglaterra, publicada em 6 volumes, teve mesmo alguns rasgos de inovação por ter dado grande destaque à vida social (nomeadamente nos planos científico e cultural) em detrimento das tradicionais descrições da vida oficial da coroa. David Hume (1711-1776) Principais obras
Do ponto de vista filosófico, Hume é um dos principais expoentes
do empirismo, do ceticismo e do agnosticismo (este último, tomado não no sentido religioso, mas numa aceção gnosiológica, a saber: a de que temos acesso à realidade objetiva, embora não a possamos conhecer no que ela realmente é). Para o filósofo escocês, a experiência é no fundo um conjunto de impressões, ou de factos, depositado na mente humana, o qual não possui um carácter logicamente necessário. Assim, em rigor só há conhecimento em sentido próprio dos objetos da matemática. David Hume distingue as questões de facto das relações de ideias e constrói uma teoria da causalidade segundo a qual o seu fundamento não é nem objetivo, nem racional, mas residente no hábito, na propensão da natureza humana para projectar características suas sobre as próprias coisas (de tornar objetivamente conexo o que é apenas subjetivamente conjunto).