EDUCAÇÃO PROFISSSIONAL

NO BRASIL:
Motivos socioeconômicos e ideológicos
da política educacional
Roberto A. Deitos
Angela Mara de Barros Lara

Roseli Garcia Pedretti

Prof. Dr. Darlan Marcelo Delgado

Prof. Me. Sérgio Eugênio Menino
 Parâmetros de sustentabilidade e
racionalidade para a política educacional:

 Deficiências formativas estariam produzindo

condições operacionais e funcionais
insuficientes para atender as demandas dos
setores produtivos, tornando necessária a
educação profissional;
 Necessidade de elevar a escolarização, a
qualificação e a renda salarial no país.
 ARGUMENTOS E JUSTIFICATIVAS
IDEOLÓGICAS PARA A POLÍTICA DE
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
Reforma da política educacional (em particular a
educação profissional):
 Diretamente ligada ao processo de flexibilização das
relações de trabalho no Brasil;
 Necessária para atender às novas exigências e às
competências tecnológicas demandadas pela
modernização e competitividade das empresas;
 Integração ao mercado globalizado.
Problema não restrito ao trabalhador não
qualificado, atingindo também um grande
número de trabalhadores altamente
qualificados, que disputam com os raros
empregos com o estoque anterior de
desempregados.
 Amputação racionalizadora:

Não mais ligada aos ramos periféricos de uma

indústria obsoleta, mas atingindo também alguns
dos setores mais desenvolvidos e modernizados
da produção:
Da Indústria Naval e Aeronáutica à Eletrônica
Da Indústria Mecânica à Tecnologia Espacial
 Contradição fundamental:

 Transforma as últimas conquistas de

desenvolvimento e racionalização em fardos
paralisantes do subdesenvolvimento crônico;
 Não somente as classes desprivilegiadas,
mas a totalidade da força de trabalho sofrem
as consequências
 Atender às necessidades exigidas pela
maioria da população trabalhadora

 Responder às exigências que o processo

produtivo estabelece como requisitos
técnicos, formativos e ideológicos

 Para ganhar competitividade: aprender a fazer

mais e melhor, exigindo mais educação
 POLÍTICAS EDUCACIONAIS

Medidas que determinam a estrutura da

educação e da formação profissional realizada
no país e regionalmente: não fogem aos
requisitos socioeconômicos, personificados nas
lideranças empresariais e em sujeitos e
instituições socioempresariais
 Educação geral e profissional
destinada aos trabalhadores
Caracteriza-se:
 Pela insuficiência de recursos;
 Terminalidade em níveis elementares
 Currículos voltados ao adestramento e
limitados ao mínimo necessário à
funcionalidade
 Novo Desenvolvimento

 Ampliação da cobertura dos serviços de

educação
 Criação de sistemas de avaliação como
ferramentas eficazes de apoio à gestão
escolar
 Problemas do sistema educacional
 Qualidade insuficiente da educação
secundária
 Cobertura incompleta da educação da
primeira infância e ensino médio
 Falta de habilidades cognoscitivas e não
cognoscitivas e de capacitação de jovens
para o mercado de trabalho
 Superação dos problemas apontados
(BID):

 Objetivo central do Plano de Desenvolvimento

da Educação – Plano Nacional de Educação
2011-2020
 Apoio aos estados e municípios, sem excluir a
União e o setor privado
 Melhorias na qualidade da educação
básica:
 Formação e capacitação de professores
 Aperfeiçoamento e maior utilização dos
instrumentos de avaliação
 Expansão da cobertura da educação escolar
infantil e ensino médio através de reformas
das instituições de ensino
 Aquisição e preparação de material didático
 Incentivo a permanência e conclusão de
capacitação do corpo docente
 Garantia das habilidades necessárias para
melhorar as possibilidades de emprego dos
jovens (ensino médio regular e profissional)
 Parcerias público privadas para incentivo do
ensino técnico
 Promoção de mudanças privadas vinculadas
a um maior acesso ao mercado de trabalho
 Apoio a programas de esportes para jovens
 ARGUMENTOS SOCIOECONÔMICOS
Marca predominante na definição dos objetivos
nacionais, regionais e locais:
Funcionalidade da política educacional na
formação do estoque da força de trabalho com
habilidades mínimas suficientes para os
requerimentos produtivos e necessárias ao
equilíbrio das vantagens competitivas do capital
 Fator ideológico da necessidade educativa e
socialmente necessária que a população exige
como condição social à sobrevivência cultural e s
social dos trabalhadores.
A educação fornece os elementos básicos ao
processo produtivo mantendo a condições
produtivas, a viabilidade política da ordem social
e a regulação da composição geradora da
escolarização e profissionalização da
força de trabalho
 PRONATEC
 Expandir, interiorizar e democratizar a oferta
da educação profissional de nível médio
 Fomentar e apoiar a expansão da rede física
da educação profissional e tecnológica
 Contribuir para a melhoria da qualidade do
ensino médio público (articulação com a
educação profissional)
 Ampliar as oportunidades educacionais dos
trabalhadores (formação e qualificação
profissional)
 Estimular a difusão de recursos pedagógicos

O PRONATEC não nega os outros objetivos e

programas educativos, garante a adoção de
mecanismos de funcionalidade aos
requerimentos dos setores produtivos
 PRONATEC

 2010 – 1,1 milhão de matrículas

 2014 – 5 milhões de matrículas (meta)
Potencial de expansão
Cerca de 8 milhões de jovens que cursavam o
ensino médio
 América Latina e Caribe
 Estrutura tradicional
 Currículo e enfoque obsoletos
 Educação acadêmica não compatível com as
necessidades
 Não prepara os estudantes para o ingresso no
mercado de trabalho
 Cursos técnicos sendo transferidos para o
pós-médio
Reformas educacionais desejadas pelos setores
econômicos hegemônicos:

 Conteúdos curriculares considerados

obsoletos
 Preparação visando desenvolver habilidades
para o ingresso no mercado de trabalho
Críticas das agências nacionais ligadas à
estrutura estatal ou de organização sindical e
social: discurso da escassez de trabalhadores
qualificados.
Ocupação X nível de escolarização
Mais de 11 anos de estudos 50%
4 a 10 anos de estudos 35%
0 a 3 anos de estudos 15%
Mudanças na necessidade da força de trabalho:
 Requisitos escolares e profissionalizantes
exigidos pelos setores produtivos
 Queda na oferta salarial pro parte dos setores
produtivos
 79% da distribuição por nível está centrada
nos níveis de baixa e média qualificação
Conjunto de eixos tecnológicos dos cursos técnicos –
Catálogo Nacional de Cursos

Área Nº de cursos
Ambiente e saúde 29
Cont. Processos Industriais 25
Desenv. Educacional e Social 11
Gestão e Negócios 17
Informação e Comunicação 9
Infraestrutura 17
 Militar 34

Produção Alimentícia 8

Produção Cultural e Design 29

Produção Industrial 18

Recursos Naturais 15

Segurança 2

Turismo Hospitalidade e Lazer 7

 Dados do Censo Escolar
 Cursos subsequentes ao ensino médio (61%
de matrículas)
 Cursos concomitantes ao ensino médio (19%
das matrículas)
 Índice de permanência no ensino médio
regular – 50% da população juvenil frequenta
o E.M. em idade adequada
 CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Aumento da escolaridade em todos os níveis
 Redução no salário real dos formandos de
ensino médio
 Aumento do diferencial de salários para os
formandos do ensino superior
 Requerimentos formativos por habilidades e
competências
 Os fundamentos norteadores da política
educacional não fogem aos ditames das
orientações teórico-ideológicas hegemônicas
 Discurso propositivo e relativamente crítico
mas que acaba sendo suplantado pelo
discurso hegemônico
Formar profissionalmente não é preparar exclusivamente
para o exercício do trabalho, mas é proporcionar a
compreensão das dinâmicas socioprodutivas das
sociedades modernas, e também habilitar para o
exercício autônomo e crítico de profissões.
A formação profissional atua para sustentar um
arcabouço ideológico e funcional que congrega
elementos centrais visando demonstrar a mudança da
“natureza do trabalho”, o “valor do conhecimento como
centralidade” e os “saberes e competências” requeridos
para viver em tempos de desemprego ou
empregabilidade.
O futuro do trabalho dependerá de:
 Sólida educação geral de base associada a
sólidos programas de Educação Profissional
 Flexibilidade, interdisciplinaridade e
contextualização de conteúdos nos projetos
pedagógicos
 Produção de aparente e amplo significado
social possibilitando assim a funcionalidade
formativa e a regulação do estoque disponível
 Aspecto socioeconômico gerando aspecto
ideológico e nutrindo aspecto político, que
acabam por se tornar hegemônicos, criando o
vertedouro da sustentabilidade econômica,
política e militar para manutenção da ordem
estrutural vigente, na qual a educação ocupa
funções ideológicas e pragmáticas.
 INVESTIMENTOS - 2006 A 2011
1,5 Bilhão de reais em 2006
6 Bilhões de reais em 2011
Previsão
24 Bilhões de reais (Brasil, 2012) – sendo a
maior parte destinada ao sistema “S” para
financiar, inclusive a ‘expansão da rede física de
atendimento aos serviços nacionais de
aprendizagem.
Tendências:
 Hegemônica na definição de políticas educacionais
de que há uma deficiência formativa na força de
trabalho;
 Socioeconômica que considera que é preciso avançar
em novos parâmetros de competitividade para sair do
suposto atraso tecnológico
 Política para reforçar os ditames educacionais e a
viabilização financeira e ideológico-formativa das
instituições privadas na oferta de educação
profissional