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IV SIMPÓSIO DO NOROESTE DE

MINAS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS -


SINMCA
Hemograma de um tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) vítima de atropelamento
Ray César Silva (1,*), Ana Flávia Alves de Souza (1) , Karolline Aires da Costa (1) , Paulo Fernandes Marcusso (2) , Ricardo A. R. Uscategui (2) ,
Amanda Melo Sant’Anna Araújo (2)
1
Discente da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, Unaí-MG
2
Docente do Instituto de Ciências Agrárias/Campus Unaí da UFVJM
*E-mail do autor principal: raycesarsilva@gmail.com

INTRODUÇÃO O valor das plaquetas foi de 74.000/ul, apesar de não


haver valores de referência, sugere-se que o animal tenha
Animais silvestres de vida livre são constantes vítimas de trombocitopenia baseado no histórico e na presença de
acidentes em estradas e rodovias, dentre os casos mais macroplaquetas, comuns como resposta. As proteínas
comuns de atropelamentos está o tamanduá-bandeira plasmáticas totais estavam dentro dos parâmetros esperados
(Myrmecophaga tridactyla), espécie considerada vulnerável para a espécie.
pela União Internacional para Conservação da Natureza.
A B C
OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho foi avaliar o hemograma de um
tamanduá-bandeira macho adulto vítima de atropelamento
em rodovia, resgatado pelo 28º Batalhão da Polícia Militar de
Minas Gerais (Polícia Ambiental e de Trânsito) na região do
noroeste de Minas, apresentava-se apático e possuía
algumas escoriações e lesões maiores nos membros D E F
pélvicos, foi encaminhado ao Instituto de Ciências Agrárias da
UFVJM-Campus Unaí.
MATERIAIS E MÉTODOS
O sangue foi coletado por venopunção da safena medial,
acondicionado em tubo com ácido etilenodiaminotetracético
dipotássico (EDTA k2) e encaminhado para o laboratório de Figura 1. Fotomicrografias dos leucócitos analisados, aumentados em 400x:
Patologia Clínica Veterinária da UFVJM, onde realizou-se o (A) linfócito, (B) eosinófilo, (C) monócito, (D) bastonete, (E) neutrófilo
hipersegmentado e (F) neutrófilo com granulação tóxica.
hemograma (eritrograma, leucograma e trombograma).

RESULTADOS E DISCUSSÕES A B
Realizou-se a contagem total do número de hemácias
1,73x10 6 /ul (2,05-2,67x10 6 /ul) e volume globular 29% (35-
44 %), ambos abaixo dos valores de referência. A provável
causa desta anemia foi pela hemorragia, pois havia uma
fratura completa da porção distal da tíbia acompanhada de
uma lesão profunda na região, além das escoriações pelo
corpo.
No leucograma observou-se leucopenia (8.085/ul; 8.990-
14.750) por linfopenia (404/ul; 1500-2100) e eosinopenia
(162/ul 570-1370), monocitose (243/ul, 150-230) e desvio a Figura 2. Fotomicrografias dos trombócitos analisados, aumentados em 400x:
(A) macroplaqueta e (B) plaqueta com tamanho normal.
esquerda regenerativo (bastonetes – 566/ul; 0). Os valores de
neutrófilos estavam dentro dos valores de referência CONCLUSÃO
(6.710/ul; 6.710-11.180). No esfregaço observou-se
neutrófilos hipersegmentados (desvio a direita) e outro com A avaliação do hemograma em animais selvagens de vida
granulações tóxicas. O estresse do atropelamento, do manejo livre lesionados é de extrema importância e pode auxiliar no
de captura e do atendimento, por se tratar de um animal de diagnóstico através das alterações encontradas somadas ao
vida livre, provavelmente induziu a liberação de seu histórico, entretanto deve-se levar em consideração as
glicocorticoides que têm efeito lítico em linfócitos e particularidades da espécie e o maior estresse sofrido pelo
eosinófilos, além diminuir a liberação de linfócitos pelos animal quando comparado a animais domésticos.
linfonodos, gerando linfopenia e eosinopenia. Ademais
impede a diapedese dos neutrófilos, que continuam a
AGRADECIMENTOS
segmentar seu núcleo, gerando a hipersegmentação nuclear. 28º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais e Jardim
O processo inflamatório induzido pelas lesões provocadas Zoológico de Brasília.
pelo atropelamento gerou monocitose, desvio a esquerda
regenerativo e as granulações tóxicas dos neutrófilos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. CUBAS, Z.S.; SILVA, J.C.R.; CATÃO-DIAS, J.L. Tratado de Animais Selvagens:
Medicina Veterinária. 1 ed. São Paulo: Roca, 2007. 1515 p.

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