Você está na página 1de 38

Estágio de Docência – Programa de Engenharia Civil

Garantia de Escoamento

Vinícius Cantarino Curcino


Garantia de Escoamento

AGENDA:
Hidratos;
Parafinas;
Incrustação;
Asfaltenos.
Hidratos

Contextualização;
Como são formados;
Envelope de fase;
Problemas;
Prevenção.
Garantia de Escoamento

Contextualização:
 O conceito de garantia de escoamento é apresentado como sendo um
conjunto de estratégias relacionadas à previsão, prevenção, mitigação e
remoção de outros depósitos que podem interromper ou reduzir a
capacidade de escoamento de um sistema de produção de petróleo.
Hidratos

Contextualização:
 Os hidratos são compostos cristalinos com aspecto similar ao do gelo, em
que as moléculas de água envolvem as moléculas de gás.
 Um problema característico de uma linha de produção ou transporte de gás
é a formação dos hidratos, sob certas condições de temperatura e pressão, e
podem ocasionar riscos de segurança para o sistema de produção ou
transporte, portanto é necessário tomar medidas preventivas a fim de
garantir o escoamento nestas linhas.
Hidratos

Contextualização:
Hidratos

Contextualização:
 Devido ao avanço das explorações de petróleo em águas profundas,
aumenta-se a profundidade e com isso aumenta-se a possibilidade de
formação de hidrato nas linhas de produção. A formação de hidrato pode
causar muitos problemas para a produção, dificultando o escoamento,
gerando danos aos equipamentos, perda de produtividade, parada na
produção e obstrução nas linhas de exportação.
Hidratos

Como são formados:


 Os hidratos são compostos por hidrocarbonetos leves, CO2, H2S sob
condições de baixas temperaturas e altas pressões, que são condições
típicas de um campo operacional de exploração de petróleo em águas
profundas como os campos da bacias de campos e santos.
 Gases com maior teor de componentes leves, como metano e etano,
possuem uma maior tendência a formar hidratos.
 Gases com maior teor de componentes com elevado peso molecular, como
butano e propano, possuem menor tendência a formar hidratos devido ao
tamanho de suas cadeias moleculares.
Hidratos

Como são formados:


 Gases com presenças de contaminantes como CO2 e H2S tem maior
facilidade de formar hidratos quanto maior o teor destes contaminantes na
composição do gás, devido a solubilidade destes contaminantes em água.
 O arranjo espacial da molécula do hidrato se forma de modo que a
molécula de água se comporta como hospedeira e o gás como hóspede, e
esta formação é favorecida em condições de baixa temperatura e alta
pressão, isto é possível de se observar no envelope de hidrato.
Hidratos

Envelope de fase
 A região na qual o hidrato é estável termodinamicamente se localiza acima
ou à esquerda de cada curva, uma para cada valor de densidade de gás,
assim, cada curva é função basicamente do tipo de gás.

Utilizando como exemplo a


curva do metano, a região
estável é destacada como mostra
a figura.
Hidratos

Envelope de fase

Região
estável
Hidratos

Envelope de fase
 Esta região estável é a região na qual ocorre a formação do hidrato, e
observa-se que em condições tipicamente operacionais de produção, ou
seja, baixas temperaturas e altas pressões, coincidem com a região de
formação de hidratos.
 De modo a evitar que isto aconteça, devem-se mudar as condições de
equilíbrio termodinâmico, deslocando o envelope do hidrato para a
esquerda, de forma a tornar a região estável em condições ainda mais
severas de temperatura e pressão; retardar ou perturbar o aparecimento dos
primeiros cristais de hidrato; retirar parte da água presente no óleo e isolar
termicamente o duto.
Hidratos

Problemas:
 Os hidratos geralmente se depositam em regiões de curvas e pontos baixos
na tubulação, conexões e válvulas, pois são regiões com maior acúmulo de
água.
 Os problemas operacionais causados pelo acúmulo de hidratos podem ser:
 Entupimento das linhas de kill e choque;
 Obstrução do espaço anular abaixo do BOP;
 Prisão da coluna de perfuração devido à formação de hidratos no riser;
 Dificuldade na abertura ou fechamento das gavetas do BOP;
 Parada na produção;
 Perda de produtividade.
Hidratos

Prevenção:
 A prevenção da formação de hidrato visa impedir que ocorram os
problemas listados, e existem diversas técnicas, como:
 Desidratação do gás (reduzir concentração de água);
 Isolamento térmico;
 Injeção de inibidores termodinâmicos;
 Injeção de inibidores cinéticos;
 Injeção de anti-aglomerantes.
Hidratos

Inibidores Termodinâmicos:
 São aditivos capazes de deslocar a curva do envelope de fase do hidrato para
a esquerda de modo a tornar as condições de estabilidade mais severas e
portanto mais difíceis de serem atingidas. Seu principal objetivo é reduzir a
atividade da água, ou seja, reduzir a quantidade de água livre na mistura.
Hidratos

Inibidores Termodinâmicos:
 Vantagens:
 Redução na temperatura de formação do hidrato;
 Funcionam com qualquer mistura de hidrocarbonetos;
 Funcionam tanto na fase vapor como na fase líquida;
 Desvantagens:
 Necessitam de grandes quantidades para funcionarem;
 Requerem grande estoque e sistema de bombeamento;
 Podem apresentar incompatibilidade com outros produtos químicos;
 Podem causar precipitação de sais na água produzida.
Hidratos

Inibidores Cinéticos
 São polímeros solúveis em água e reagem com glicóis e álcoois de alto peso
molecular. Estes aditivos diminuem a taxa de crescimento de cristais de
hidrato. Seu modo de operação ocorre na fase aquosa.
 Vantagens:
 Possui relativa insensibilidade a fase de hidrocarbonetos, podendo ser utilizado
em uma ampla gama de hidrocarbonetos.
 É um inibidor de baixa dosagem.
 Desvantagens:
 Sua ação só ocorre em condições de subresfriamento baixo, o que limita sua
utilização em águas profundas.
 Seus benefícios são limitados a paradas de produção.
Hidratos

Inibidores Antiaglomerantes:
 São basicamente polímeros e surfactantes, de baixa dosagem.
 São utilizados para prevenir plugs de hidratos. Os inibidores
antiaglomerantes permitem que se formem pequenos cristais de hidratos e
bem dispersos na fase óleo. A eficiência deste inibidor depende do tipo de
óleo, da salinidade da água e do corte de água.
 Vantagens:
 Facilitam o transporte dos cristais já formados.
 São de baixa dosagem.
 Não sofrem com influência de baixa temperatura e alta pressão.
 Desvantagens:
 Ineficaz com o aumento da concentração de sais.
 Apresenta toxidade.
Hidratos

Isolamento térmico:
 O principal objetivo do isolamento térmico é manter as temperaturas fora
do envelope de hidratos por mais tempo. O isolamento pode ser aplicado
em cada parte do sistema de produção, como:
 Poço, através do tubo de isolamento a vácuo (V.I.T), ou fluido de completação
gelificado;
 Equipamentos submarinos, através de aplicação de espuma sintética;
 Flowline e Risers.
Hidratos

Isolamento térmico – Flowlines e Risers:


 Algumas opções para flowlines são:
 Duto rígido isolado externamente;
 Duto flexível isolado;
 Pipe-in-pipe;
 Feixe
 Algumas opções para risers são:
 Duto flexível isolado;
 Isolamento externo SCR (steel catenary riser);
 Pipe-in-pipe.
Hidratos

Isolamento térmico – Pipe-in-pipe:


 É um método desenvolvido para diminuir as perdas de calor em um duto aquecendo
a linha, utilizando uma combinação de um isolamento passivo com aquecimento
por meio de cabos elétricos, colados na superfície externa do tubo interno, no meio
do isolamento térmico.
Parafinas

Parafinas:
 São compostas de uma mistura de hidrocarbonetos saturados de elevado peso
molecular;
 Apresentam cadeias lineares, ramificadas ou cíclicas cujos componentes se unem
por meio de ligações simples;
 São oficialmente chamados de alcanos;
 Quanto maior o tamanho da parafina, maior seu ponto de fusão e por consequência
mais facilmente será a sua deposição nas paredes internas do duto;
 Condições de temperatura e pressão são fatores que no processo de deposição de
parafina.
Parafinas

Parafinas:
 A temperatura na qual começa a ocorrer a cristalização dando origem a fase sólida é
chamada de TIAC (Temperatura Inicial de Aparecimento de Cristais) ou ponto de
névoa. A TIAC também é considerada como o ponto em que ocorre o limite máximo
de solubilidade, que causa a precipitação dos cristais.
 Com a redução na temperatura e aumento da viscosidade do fluido que está
escoando, pode-se interpretar o perfil térmico de modo a evitar que se chegue ao
ponto de névoa.
 A determinação da TIAC pode ser feita por meio de ensaios em laboratório como
calorimetria diferencial de varredura (DSC) e por meio de processos
termodinâmicos, ou seja, representa a verdadeira temperatura em que as fases
líquida e sólida estão em equilíbrio para uma dada pressão.
Parafinas

Parafinas:
 Ressalta-se que cada composição de óleo terá uma TIAC diferente, pois a
cristalização depende da taxa de resfriamento, da composição da parafina e das
condições de escoamento.
 A precipitação e a cristalização de parafinas de elevado peso molecular formam um
gel composto por cristais de parafinas imerso na fase líquida (óleo).
 A temperatura na qual o comportamento da fração de sólido torna-se predominante
em relação a fase líquida é chamada temperatura de gelificação, e é determinada por
ensaios reológicos.
 Outro fator importante no estudo de parafinas é o ponto de fluidez, ou seja,
temperatura mínima em que o petróleo ainda é capaz de escoar e indica o inicio da
formação do gel no óleo sob resfriamento.
Parafinas

Parafinas, fatores que afetam a deposição:


 Temperatura: é o principal fator que influencia na deposição de parafina, pois com a
diferença de temperatura entre o óleo e a parede do duto esteja abaixo da TIAC,
ocorrerá surgimento de cristais e acúmulo de parafinas no duto.
 Pressão: com a redução na pressão do fluido ocorre a evaporação dos componentes
mais voláteis (menor peso molecular), e a perda destes componentes aumenta a
tendência à precipitação das parafinas, pois eles funcionam como solvente das
parafinas, e a rápida expansão dos gases causa uma redução na temperatura e a
redução na solubilidade da parafina dissolvidas no óleo.
Parafinas

Parafinas, problemas causados:


 O depósito de parafinas em um
duto causa redução no diâmetro
interno, dificultando ou
impossibilitando o escoamento
do óleo, conforme ilustra a figura
ao lado.
Parafinas

Parafinas, métodos químicos:


 Injeção de fluidos: Os inibidores de parafina são formados por polímeros ativos
contendo solventes aromáticos com o objetivo do não crescimento ou
aglutinação dos cristais de parafina, reduzindo a taxa de deposição e o ponto de
fluidez.
 Uso de solventes que em presença da água dissolvem os cristais de parafina.
Parafinas

Parafinas, métodos mecânicos:


 Uso de pigs: Consiste na remoção dos depósitos sobre a parede interna de um
duto através de um dispositivo que se desloca na tubulação impulsionado pelo
fluxo. Este processo em sistemas offshore envolvem operações complexas e de
alto custo, necessitando de equipamentos de alta confiabilidade. Pode ser usada
uma combinação com agentes químicos ou óleo quente para dissolver os cristais
depositados, facilitando a remoção destes por meio de pig. Um exemplo é
mostrado na figura abaixo.
Parafinas

Parafinas, métodos térmicos:


 Aumentando a temperatura do óleo, aumenta a solubilidade da parafina, esta
aplicação de calor irá derreter a parafina a ponto desta virar líquido, se a
temperatura estiver alta o suficiente. O calor é gerado por técnicas como: injeção
de óleo ou água quente, injeção de vapor e aquecimento por meio de corrente
elétrica na tubulação.
Incrustação

Incrustação:
 A incrustação é causada pelo acúmulo de sais inorgânicos de baixa solubilidade
em água na parede interna do duto. É formada devido a fixação de substâncias
em suspensão e precipitação de sólidos dissolvidos que se tornam sólidos
insolúveis com o aumento da temperatura.
 Pode ocorrer em diferentes locais, como: formação, canhoneados, espaço anular,
tubo de produção, equipamentos de subsuperfície e de superfície, e sistemas de
injeção de água.
Incrustação

Incrustação, problemas:
 A incrustação causa problemas como perda de carga nas linhas de produção,
redução do diâmetro externo ocasionando prejuízos, redução da vazão, custos
operacionais de intervenção e limpeza.
Incrustação

Incrustação, fatores que influenciam:


 Variações termodinâmicas como pressão, temperatura, concentração, ph e etc.
A variação da temperatura assim como a redução na pressão contribuem para o
processo de formação de incrustação. Compostos como CaCO3 e CaSO4 são
menos solúveis com o aumento da temperatura, quanto que o BaSO4 é mais
solúvel como aumento da temperatura. O aumento do PH diminui a
solubilidade do carbonato de cálcio.
 Reações químicas decorrentes da mistura de águas incompatíveis, ou seja, que
possuem compostos que não são solúveis como sulfato de bário, estrôncio ou
cálcio.
Incrustação

Incrustação, fatores que influenciam:


 Uma fração de gás dissolvido se separa da água/óleo na pressão de bolha, como
consequência disso o sistema se desloca para um novo ponto de equilíbrio
(mudança no PH) mediante a precipitação de sais supersaturados na fase
aquosa.
 Evaporação da água.
 Índice de saturação: é a medida da relação entre a quantidade de sal dissolvido
na água e a concentração de equilíbrio. Se o índice for maior do que 1 significa
que a solução está supersaturada e portanto há risco de precipitação.
Incrustação

Incrustação, prevenção e tratamento:


 Uso de inibidores: visam evitar ou reduzir a incrustação, impedindo seu
crescimento após a formação ou impedindo que os cristais se fixem nas paredes
do duto. A escolha do inibidor deve levar em consideração fatores como custo,
corrosão, compatibilidade e efetividade.
 Compressão do inibidor por jateamento ou com auxilio de tubulação em espiral.
 Injeção contínua, por meio de gás-lift, dos inibidores.
 Intervenção mecânica com jateamento ou trituração.
 Remoção de sulfatos.
Incrustação

Incrustação, remoção:
 Remoção química: consiste na seleção correta do agente químico que será
aplicado para promover a remoção da incrustação. Geralmente é o primeiro
método e o de menor custo.
 Inibição com ácidos ou quelantes, com o objetivo de dissolver a matriz
ocorrendo a adsorção do inibidor. Carbonatos são solúveis em meio ácido
(remoção feita com soluções de ácidos). Sulfatos são solúveis em meios
alcalinos (remoção através de quelantes).
 Remoção mecânica: englobam uma gama de ferramentas e técnicas aplicáveis na
coluna de produção e nos canhoneados levando em consideração a preservação
na integridade do duto, eficácia de remoção e capacidade de avançar no duto.
Podem ser usadas técnicas como: perfuração e trituradores de aço.
Asfaltenos

Asfaltenos:
 São frações de petróleo de elevada massa molecular que possui uma fração
insolúvel em hidrocarbonetos parafínicos de baixo ponto de ebulição, mas
solúvel em hidrocarbonetos aromáticos.
 Pode estar solúvel no óleo ou se precipitar devido a alterações no equilíbrio.
 Os asfaltenos tendem a precipitar com o aumento da pressão, pois com isso
ocorre um aumento no volume relativo de componentes leves, levando a um
aumento na diferença entre o parâmetro de solubilidade do óleo e dos
asfaltenos. Abaixo do ponto de bolha eles são mais solúveis devido à evaporação
dos componentes mais voláteis.
Asfaltenos

Asfaltenos:
 Estudos indicam que pode ocorrer precipitação de asfaltenos de forma
espontânea no reservatório levando a formação de nanopartículas, e está
relacionado à produção/recuperação do petróleo, principalmente devido a
variação de temperatura e pressão. Causando mudanças na molhabilidade e
reduzindo a permeabilidade absoluta da rocha reservatório.
 Uma das razões mais frequentes para a ocorrência deste fenômeno é a injeção de
gases (CO2,N2, gás natural e frações leves) nos processos de recuperação
avançada ou métodos especiais de recuperação de petróleo.
Asfaltenos

Asfaltenos, prevenção e remoção:


 Injeção de aditivos inibidores: deve ser injetado no poço antes que se atinja a
pressão de bolha. Os inibidores atuam mantendo os asfaltenos em solução, os
compostos ativos do inibidor reagem com os asfaltenos criando uma estrutura
incapaz de se aglomerar a outros compostos asfaltênicos reduzindo a chance de
precipitação e plugueamento no duto.
 Passagem de pigs.
 Utilização de solventes aromáticos
 Alterações nas condições de equilíbrio.

Você também pode gostar