Você está na página 1de 8

REFORMA

PSIQUIÁTRICA
NO BRASIL
Rú b i a M u s so i
Momento pré-reforma
• No Brasil até a metade do século XIX, os loucos ainda não haviam
despertado grande interesse do Estado, nem mesmo da sociedade
•O Estado se isentava de uma participação direta nos problemas da
saúde.
• Indivíduos eram afastados do convívio social. Quando pertencentes às
classes abastadas eram reclusos em casa; quando pobres vagavam sem
rumo, até serem recolhidos pelas casas de misericórdia.
• 1850, a construção do Hospício Dom Pedro II no Rio de Janeiro. Tais
instituições tiveram aqui as mesmas características do modelo europeu:
isolamento combinado com exclusão e limitação de liberdade.
• Pode-se afirmar que os manicômios e hospícios, na verdade, serviam
como um depositário de pessoas indesejáveis. A finalidade médica
praticamente não existia, sendo a função principal dessas casas a
restrição de liberdade de determinada parcela da sociedade, seu
isolamento e aniquilação, ou seja, sua exclusão social.
•Em 1934 temos o Decreto 24.559, que tratou diretamente das pessoas
com transtorno mental, com ênfase na profilaxia mental; assistência e
proteção à pessoa e aos bens dos psicopatas; fiscalização dos serviços
psiquiátricos; dentre outros aspectos.
•“A política da era Vargas garantiu ao capital o encarceramento de
pessoas consideradas como não produtivas”, em um claro alerta a
respeito do isolacionismo que atingia determinada parcela da
sociedade, formada por enfermos ou anormais
• Guimarães salienta: nesse período surgiram outras normas federais
referentes à saúde mental, mas foi somente na década de 1980 que
mudanças significativas de inclusão, cidadania e ética, sustentadas nos
princípios da reforma psiquiátrica brasileira, tornaram-se visíveis na
legislação.
1960
•O modelo asilar ou hospitalocêntrico continua predominante até o final
do primeiro meado do século XX.
•1961, o médico italiano Franco Baságlia assume a direção do Hospital
Psiquiátrico de Gorizia, na Itália.
•Essas normas e o pensamento influenciam, entre outros, o Brasil,
fazendo ressurgir diversas discussões que tratavam da
desinstitucionalização do portador de sofrimento mental e da
humanização do tratamento a essas pessoas, com o objetivo de
promover a reinserção social.
1960
• O movimento da Reforma Sanitária nasceu no contexto da luta contra a
ditadura.
• Buscava mudanças e transformações necessárias na área da saúde.
Essas mudanças não abrangiam apenas o sistema, mas todo o setor de
saúde.
• Objetivo: melhoria das condições de vida da população a favor da
mudança dos modelos de atenção e gestão nas práticas de saúde,
defesa da saúde coletiva, equidade na oferta dos serviços, e
protagonismo dos trabalhadores e usuários dos serviços de saúde nos
processos de gestão e produção de tecnologias de cuidado
1970
• Em 1978- início efetivo do movimento social pelos direitos dos pacientes
psiquiátricos em nosso país. Surge neste ano O Movimento dos Trabalhadores
em Saúde Mental (MTSM), movimento formado por trabalhadores
integrantes do movimento sanitário, associações de familiares, sindicalistas,
membros de associações de profissionais e pessoas com longo histórico de
internações psiquiátricas.
• É o período caracterizado pela denúncia da violência dos manicômios, da
mercantilização da loucura, do predomínio de uma rede privada de
assistência e a construir coletivamente uma crítica ao chamado saber
psiquiátrico e ao modelo hospitalocêntrico na assistência às pessoas com
transtornos mentais.
• A experiência italiana de desinstitucionalização em psiquiatria e sua crítica
radical ao manicômio é inspiradora, e revela a possibilidade de ruptura com
os antigos paradigmas.
Referências
•Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.DAPE.
Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde
mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma
dos Serviços de Saúde Mental : 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília,
novembro de 2005.
•GUIMARÃES, Andréa Noeremberg et al. O tratamento ao portador de
transtorno mental: um diálogo com a legislação federal brasileira (1935-2001)
•Junior, R. C., & Ventura, C. A. O tratamento dos portadores de transtorno
mental no Brasil–da legalização da exclusão à dignidade humana. Revista de
Direito Sanitário, 15(1), 40-60, (2014).
•MESQUITA, J. F.; NOVELLINO, M. S. F.; CAVALCANTI, M. T. A Refroma
Psiquiátrica no Brasil: Um novo olhar sobre o paradigma da saúde mental. Rio
de Janeiro UFRJ, 2010.

Você também pode gostar