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A Solução de

Deus...
Para a Depressão,

A Culpa e

O Distúrbio Mental

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A Solução de
Deus...
Para a Depressão,

A Culpa e

O Distúrbio Mental

Colin D. Standish
e
Russell R. Standish

Tradução
Karina Carnassale Deana

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Título do original em Inglês:
God’s Solution... For Depression, Guilt and Mental Illness

Copyright © da edição em inglês:: C. D. Standish e R. R. Standish, EUA.


Direitos internacionais reservados.

Direitos de tradução e publicação em


língua portuguesa reservados ao
Instituto de Educação e Saúde de Taquara
Caixa Postal 95023 - 25240-971 - Santa Cruz da Serra
Duque de Caxias, RJ
Tel. (21) 2777-2882
www.iestrj.com.br

Editoração: Karina Carnassale Deana


Tradução: Karina Carnassale Deana
Leitura de Prova: Gabriela F. Josias e Mauro Carnassale
Capa: Raphael Aguiar
Imagem de Capa: Stock.xchng - HAAP Media Ltd.
Projeto Gráfico: Davidson Figueiredo Deana

IMPRESSO NO BRASIL / Printed in Brazil

Os textos bíblicos são, em sua maioria, da


Bíblia Sagrada, Versão Almeida Revista e Atualizada. Copyright ©
1999 Sociedade Bíblica do Brasil. Outras versões utilizadas foram
a Almeida Revista e Corrigida (ARC), Nova Tradução na Lingua-
gem de Hoje (NTLH) e Nova Versão Internacional (NVI).

Tipologia: Adobe Garamond Pro Regular, 12/14 - ISBN 978-85-62572-00-5

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Sumário
Seção 1 – Questões Espirituais

1 Da Psicologia Secular para Psicologia Cristã 7


2 A Saúde Mental e o Crescimento Espiritual 14
3 A Saúde Mental e o Caráter 20
4 A Personalidade e as Diferenças Individuais 28
5 O Amor e a Saúde Mental 31
6 A Lei e o Amor 38
7 O Problema da Culpa 44
8 As Emoções Negativas 51
9 O Conflito e a Frustração 59

Seção 2 – Terapia

10 Grupos de Encontro e Sensibilidade e o Cristianismo 69


11 O Controle da Mente e a Hipnose 74
12 Os Perigos do Aconselhamento 80
13 A Terapia Cristã 87
14 O Sucesso e o Fracasso 92
15 A Motivação 103
16 A Formação do Hábito 109

Seção 3 – Fatores Físicos

17 Os Sentidos 119
18 A Dieta Alimentar 125
19 A Saúde Mental e as Drogas Legalizadas 131
20 O Fator Físico na Saúde Mental 138

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Seção 4 – Fatores de Desenvolvimento

21 A Criança Antes e Depois do Nascimento 147


22 A Infância 152
23 A Adolescência e a Independência 160
24 A Adolescência e as Decisões 165

Seção 5 – Questões Matrimoniais

25 A Moralidade e o Sexo 171


26 O Homossexualismo 182
27 Preparando-se para Casar 189
28 O Casamento e a Família 197

Conclusão 205

Apêndices – Questões Teóricas

A A Natureza do Homem 207


B A Escolha e a Vontade 215
C A Saúde Mental e a Criação 221
D As Teorias da Personalidade e as Diferenças Individuais 229

Índice Escriturístico 231

Índice Geral 234

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1
Da Psicologia Secular para
a Psicologia Cristã

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arece-nos muito apropriado que nós, autores, ao tratarmos de
um assunto potencialmente controverso, expliquemos detalha-
damente nossa origem, na tentativa de contextualizar o leitor
quanto à base filosófica que possuímos. Nossa intromissão no campo da
saúde mental certamente foi no mínimo ortodoxa. Nunca tivemos interesse
pelo estudo da psicologia. Nossa atenção foi lentamente direcionada para
essa área. Porém, seria justo dizer que isso se deve à nossa própria herança.
Nunca poderíamos adivinhar que escolheríamos essa área de atuação ao
ingressarmos na universidade.
Nascemos na cidade australiana de Newcastle, que na época não possuía
uma universidade. Nossos pais eram cristãos profundamente comprometi-
dos, mas nenhum membro de nossa família, tanto por parte de pai quanto
de mãe, jamais completou o Ensino Médio. Mas foi o profundo comprome-
timento cristão de nossos pais que a princípio chamou a nossa atenção para
o comportamento humano e a sua relação com a conversão e a salvação.
Após completarmos dois anos de curso de treinamento para professores
no Avondale College na Austrália e ministrarmos aulas no Ensino Funda-
mental por três anos, ingressamos na Universidade de Sydney. A essa altura
nosso maior interesse era estudar história. Nosso grande desejo era obter
licenciatura em história com o objetivo de ensiná-la para os alunos de Ensino
Médio. Devido às limitações financeiras, tivemos de optar por estudar à

 Na década de 1930, na Austrália, apenas 1% dos australianos completavam o Ensino


Fundamental. Seguindo o modelo do sistema educacional britânico, o sistema educacional
australiano baseava-se no conceito de que apenas estudantes de intelecto superior tinham o
direito de completar as doze séries do ciclo escolar. Até hoje, a maioria dos estudantes não
completam mais do que dez séries. Na depressão econômica da década de 1930, até mesmo
crianças muito inteligentes não puderam completar o Ensino Médio.

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 A Solução de Deus...
noite e descobrimos que a única maneira de cursarmos três matérias que
compunham a grade de Licenciatura era nos matricularmos em história e
inglês e optarmos entre psicologia e filosofia.
Estudamos um pouco de psicologia no curso de treinamento para profes-
sores que frequentamos no Avondale College e, por isso, elegemos essa matéria
como a terceira da lista. Ironicamente, nós dois íamos muito melhor na maté-
ria de psicologia do que na de história. Esse sucesso, críamos, não era fruto de
nenhuma aptidão especial em psicologia, mas era devido ao sistema adotado
na Universidade de Sydney, que exigia muito mais trabalhos de psicologia do
que de história. Assim, sob a pressão de estudarmos à noite, a matéria de histó-
ria foi deixada de lado e nos dedicamos às exigências da matéria de Psicologia .
Nós dois fomos convidados para entrar para a classe de honra na matéria de
psicologia. Segundo o regulamento da Universidade de Sydney, apenas po-
deriam ser convidados para fazer parte da classe de honra de certa matéria
os alunos que obtivessem um alto desempenho no primeiro ano de curso da
matéria em questão. Isso significava uma grande diferença de abordagem, pois
na educação superior australiana somente aqueles que cursassem uma classe de
honra especial estariam qualificados a se graduar com honras.
Esse convite vinha acompanhado de um aumento significativo nos traba-
lhos acadêmicos, além dos trabalhos normalmente requeridos para a aprova-
ção – no segundo ano eram exigidos provavelmente 50% a mais de trabalhos.
No terceiro ano eram exigidos talvez 75% a mais. Além disso, havia o acrés-
cimo de mais um ano de curso para o estudo específico da matéria (no caso
da psicologia, nesse último ano estavam incluídas duas monografias: uma
prática e outra teórica).
Embora tenhamos graduado em história, a atenção de Colin foi direcio-
nada para o campo da psicologia, pois, na Universidade de Sydney, para que
o aluno ingresse no programa de doutorado é exigido que tenha se graduado
com honras ou o equivalente. Assim, com a visão inflamada pela aspiração
de obter um doutorado, Colin se aprofundou no campo da psicologia e final-
mente se tornou um Ph.D. em 1964. Russell, por meio do estudo da psicolo-
gia, interessou-se pelo estudo da medicina e graduou-se também em 1964.

 Um segundo fator envolvido é que, curiosamente, nós dois interpretamos erroneamente


uma questão importante da prova final de história. O resultado anual era totalmente basea-
do nessa única prova. Foi um milagre termos sido aprovados, pois de 50% a 67% dos alunos
reprovavam no primeiro ano do curso de Licenciatura.

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Da Psicologia Secular para a Psicologia Cristã 
Entretanto, devemos enfatizar que o doutorado de Colin não foi no cam-
po da psicologia clínica, mas no campo da psicologia experimental. Ele foi
treinado pela exigência e pela precisão de homens como Clark Hall e Kenneth
Spence e, por isso, a ênfase nunca foi na aplicação prática da psicologia, mas
nas contribuições para a construção de sua teoria. É óbvio que a ênfase no
estímulo-resposta fundamentado no determinismo sempre entrou em con-
flito com a nossa própria herança cristã fundamentada no conceito do livre
arbítrio. Para Colin, esse conflito foi gradativamente sendo decidido em favor
do livre arbítrio em detrimento do determinismo.
Durante os seis anos de estudos acadêmicos na Universidade de Sydney,
Colin ministrou aulas para o Departamento de Psicologia, mas assim que
saiu da Universidade, sua experiência em sala de aula passou a ser cada vez
mais esparsa. Assim que aceitou trabalhar na escola em que uma vez estudou,
Avondale College, ocupou o cargo de diretor do Departamento de Educação,
encarregando-se de um programa de estudos que envolvia os ensinamentos
da psicologia e da educação. Em 1970, mudou-se para a Jamaica, nas Índias
Ocidentais, ensinou muito pouco de psicologia e logo passou a ocupar o cargo
de presidente do West Indies College por três anos, antes de ir para os Estados
Unidos em 1973 e ser convidado para o cargp de diretor do Departamento de
Psicologia do Columbia Union College em Washington, D.C.
Foi em seu lar na Austrália, em 1973, que Colin reavaliou seriamente sua
própria base psicológica. Sentia que deveria buscar primeiro suas próprias
respostas dentro dos paradigmas bíblicos e depois, talvez, fazer comparações
com outros escritos.
Durante sua estadia na Austrália, teve a oportunidade de conversar com
dois amigos psiquiatras australianos. Um deles estava apenas de passagem
vindo dos Estados Unidos, onde conduzia um forte programa de saúde men-
tal para a comunidade na região da Nova Inglaterra. O outro atuava como
psiquiatra na cidade de Sydney. Colin, juntamente com o seu amigo que
atuava em Sydney, passou a manhã ouvindo a respeito do programa de saúde
mental para a comunidade, conduzido pelo psiquiatra que visitava a Austrá-
lia. Esse homem explicou o programa que dirigia, baseado nos princípios do
L.A.W. – Love (Amor), Acceptance (Aceitação) e Worthwhileness (Valorização)
– e na utilização dos recursos da comunidade e da família para auxiliar o
paciente. Quanto mais ouviam, mais Colin e seu amigo se convenciam de que

 Ver Apêndice B intitulado “A Escolha e a Vontade”.

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havia algo de muito errado com o programa. Esse sentimento foi confirmado
ao constatarem que os resultados alcançados através do programa não eram
condizentes com o esforço e o dinheiro gasto.
Esse programa, que será discutido num outro capítulo deste livro, parecia
ter sido logicamente desenvolvido a partir da hipótese de que o distúrbio men-
tal é o resultado da insuficiência de amor e de segurança na infância. Sendo
assim, haveria a necessidade de estabelecer o amor e a segurança na vida dessas
pessoas mal-ajustadas. No entanto, Colin e seu amigo ficaram intrigados e um
tanto preocupados com a falha do programa em oferecer evidências significa-
tivas de sucesso. O amigo dos Estados Unidos foi embora naquele dia e os dois
continuaram a discutir as implicações do que tinham acabado de ouvir.
Durante a discussão, o psiquiatra de Sydney expôs as conclusões que ti-
rou depois de ter trabalhado como psiquiatra em um hospital por oito anos.
Colin, por sua vez, depois de participar de pequenos e grandes grupos de
terapia e consultas individuais, concluiu que esses programas eram na melhor
das hipóteses pouco produtivos. Nas discussões posteriores, o psiquiatra de
Sydney e Colin chegaram à conclusão que o programa que o amigo dirigia
nos Estados Unidos era contraprodutivo em muitos casos. Em vez de ajudar
a formular padrões de vida condizentes com os sistemas de comportamento
aceitáveis normalmente, o programa, na verdade, às vezes reforçava o com-
portamento inaceitável nos pacientes.
No final do ano de 1973, Colin viajou para os Estados Unidos para as-
sumir seu novo emprego. Ao chegar notou seu despreparo para enfrentar o
choque cultural de ser um psicólogo na América do Norte. A síndrome da
dependência, que Colin reconheceu fazer parte do estilo de vida de um gran-
de segmento da população americana, era totalmente estranha para alguém
criado na tradição australiana. Parecia que a saúde mental dos jovens e dos
adultos norte-americanos era tragicamente frágil.
Colin reconheceu que mesmo entre os cristãos havia uma grande depen-
dência do apoio psicológico. Parecia que muitos alunos eram demasiadamente
inseguros apesar, ou talvez por causa, da liberdade excessiva e da abordagem
não-inibitória na educação da criança e do jovem, e que, de alguma forma, a
geração atual de americanos tinha o menor índice de segurança e autoestima
individual de qualquer outra comunidade do mundo. Ficou admirado com a
quantidade de alunos e membros da comunidade que vieram ao seu encontro
 Ver capítulo 13 intitulado “A Terapia Cristã”

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em busca de aconselhamento psicológico. Parecia ser irrelevante o fato de
Colin não ter sido treinado no campo da psicologia clínica ou de aconselha-
mento. Essa situação o levou a analisar as experiências vividas nos lares que
poderiam ter causado tamanha escala de neurose em grupo.
Apesar de ter se tornado o presidente da instituição após oito meses de
trabalho no Columbia Union College, seu interesse e preocupação em relação
a esse assunto não diminuíram. Depois de sua estadia no Columbia Union
College, aceitou o desafio de iniciar os programas de Ensino Superior no
Weimar Institute e no Hartland Health and Education Institute. Colin conti-
nua a aprofundar sua compreensão a respeito do plano de Deus para a saúde
mental. Escreveu vários artigos e conduziu muitas palestras nessa área. As
contribuições que faz neste livro originam-se das convicções que adquiriu
especialmente durante os últimos cinco anos.
O segundo autor deste livro, Russell, logo após completar o curso de
medicina descobriu que grande parte de sua prática envolvia lidar com os pro-
blemas pessoais de seus pacientes. Embora o treinamento médico não prepare
os futuros doutores para lidar com tais situações, os pacientes acreditam que
a figura do médico pode ajudá-los a encontrar a solução de seus problemas.
Russell enfrentou muitas situações trágicas e tornou-se evidente de que era ne-
cessário mais do que a sabedoria humana para proporcionar o auxílio de que
seus pacientes tanto precisavam. A especialização em psiquiatria que Russell
cursou durante o treinamento médico e a graduação em psicologia concluída
antes de ingressar na escola de medicina foi de pouca ajuda. Muitos pacientes
já haviam buscado auxílio na psiquiatria, sem obter resultado algum, o que
gerava mais frustração e desespero.
Ao mudar-se em 1997 para a Malásia, Russell percebeu que as tensões
da vida moderna eram tão severas ali quanto na Austrália. Obviamente, al-
guns problemas eram causados por costumes sociais diferentes, mas a raiz
era idêntica. A experiência clínica posterior no Reino Unido e na Tailândia
confirmou a universalidade da miséria e do descontentamento humano. Na
verdade, tornou-se claro que a maior parte da população do mundo vive uma
existência totalmente imersa na infelicidade. Entre os milhões de pessoas que
não podem ser contadas, essa condição não se deve às privações físicas.
Deparando-se com a necessidade urgente de seus pacientes, Russell foi
levado a estudar novamente o plano de Deus para a saúde mental. Era eviden-
te que o plano divino diferia grandemente das soluções seculares oferecidas.

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12 A Solução de Deus...
Russell descobriu que os índices de suicídio, por exemplo, haviam crescido
desde a descoberta dos antidepressivos. Os sedativos e os tranquilizantes não
eram eficazes no tratamento de pessoas infelizes e, em alguns casos, agra-
vavam a situação do paciente de uma forma não muito diferente do uso de
álcool. Somente na Palavra de Deus foi que Russell encontrou a fórmula para
a paz “que excede todo o entendimento” (Filipenses 4:7).
Toda premissa deste livro está baseada no fato de que Deus tem um
profundo interesse em cada fase da vida humana. Ele não está apenas inte-
ressado no desenvolvimento espiritual da vida de Seus filhos, mas também
na saúde física e emocional. Sendo assim, dentro da Santa Palavra de Deus
são encontrados os princípios que acima de qualquer coisa levarão à saúde
emocional e a consequente felicidade. Deus criou a mente e estabeleceu as
funções que estão fundamentadas em leis imutáveis que governam o desen-
volvimento intelectual, emocional e comportamental do homem. Portanto,
deve-se assumir confiantemente que em Sua Palavra encontram-se as leis
que trazem a verdadeira felicidade, a paz mental e o contentamento. Satanás
possui uma contrafação para os princípios simples de saúde mental criados
por Deus. Essa contrafação está baseada em premissas que são, pelo menos
em parte incompatíveis com os princípios bíblicos. A Bíblia chama-as de
“falsamente chamada ciência” (1 Timóteo 6:20).
É evidente que aqueles que sofrem de profundos distúrbios mentais não
podem cumprir adequadamente seus compromissos espirituais. A simples
confiança e a paz que proveem unicamente de um relacionamento exclusivo
com Jesus Cristo não podem ser alcançadas pelo temeroso, pelo ansioso e
nem pelo profundamente perturbado, mas a Palavra de Deus traz esperança
para essas pessoas. O profeta Malaquias afirmou que para aqueles que temem
o nome de Deus “nascerá o Sol da justiça, trazendo salvação nas Suas asas”
(Malaquias 4:2).
Sendo assim, este livro é oferecido como uma investigação preliminar re-
alizada por um psicólogo e um especialista em doenças internas para aqueles
que estão buscando sinceramente as respostas de Deus para a saúde mental.
O clima de incerteza na assistência psiquiátrica pode ser medido pelo
fato de que atualmente há aproximadamente duzentas formas identificáveis
de terapia, todas competindo entre si. Além disso, há uma crescente invasão
do ocultismo e do misticismo oriental na área da cura psiquiátrica. Certa-
mente chegou o tempo para o cristianismo declarar o que ele oferece, tanto

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para a prevenção, quanto para a cura das doenças emocionais. Através do
aumento das doenças mentais e do alto índice de re-institucionalização dos
pacientes supostamente curados pelos hospitais psiquiátricos, fica claro que
a psiquiatria moderna é incapaz de ajudar a amenizar o dilema da saúde
mental internacional. Nos Estados Unidos, país em que há cerca de trinta
mil psiquiatras, conselheiros, educadores, ministros, sacerdotes, médicos e
outros que tentam enfrentar a disseminação massiva da psicose e da neu-
rose, a voz emudecida do cristianismo precisa ser ouvida proclamando o
que a Palavra de Deus tem a dizer. Ela é a única capaz de estabelecer uma
sociedade emocionalmente equilibrada. A opinião de meio século de exis-
tência, de que o homem logo seria capaz de resolver os problemas mentais,
desvaneceu-se. Está na hora de dar a Deus a oportunidade de mostrar como
a força emocional pode ser alcançada por meio dos princípios revelados por
Ele em Sua Palavra.
O cristão certamente tem um conceito básico de saúde mental e esta
obra procura abertamente pelas respostas de Deus independente da maioria
das teorias modernas. É provável que os psicólogos e os psiquiatras não-
cristãos não concordem com muitos dos conceitos apresentados aqui. No
entanto, cremos que avanços consideráveis no campo da saúde mental pode-
riam ser alcançados se esses princípios fossem aplicados pelos profissionais
seculares. A avaliação completa da eficácia desses princípios somente será
possível quando o conselheiro e o paciente buscarem sinceramente ser uma
ferramenta nas mãos de Cristo.

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2
A Saúde Mental e o
Crescimento Espiritual

P
ouquíssimas coisas são mais importantes ou mais valiosas do que
a saúde mental. As implicações da saúde mental sobre a experiên-
cia completa da vida é tamanha que ninguém pode ignorar a sua
relevância para o seu próprio estilo de vida. O ser humano, apesar de ser um
todo indivisível, manifesta-se através do aspecto físico, intelectual e espiritual.
Cronologicamente, na história da vida humana, primeiro nos desenvolvemos
fisicamente, depois intelectualmente e por último espiritualmente. Concei-
tualmente, começamos a nossa peregrinação física capazes de crescer e nos
desenvolver num índice de rapidez altíssimo por meio da multiplicação celu-
lar. Muito antes do nascimento, o homem se torna um ser intelectual – isto
é, capaz de monitorar algumas das influências do meio em que está inserido.
No entanto, o último aspecto desenvolvido, a dimensão espiritual, torna-se
aparente apenas após o nascimento.
É óbvio que sem o aspecto físico não poderia existir o aspecto intelectual,
pois as capacidades mentais e intelectuais do homem dependem do cresci-
mento físico do organismo e especialmente do desenvolvimento do cérebro e
do sistema nervoso. Da mesma forma, o homem não pode ser um ser espiri-
tual até que as capacidades intelectuais tenham se desenvolvido em boa parte.
Esses três aspectos, através da vida, tornam-se fortemente interdependentes.
Não se trata apenas de uma reação unilateral, mas de uma reação multifásica
em que cada um interage com o outro. A menos que haja um desenvolvimen-
to intelectual satisfatório e obtenha-se uma boa saúde mental, é impossível
alcançar o tipo de vida espiritual que Deus proporciona à humanidade, assim
como também é impossível desenvolver completamente as outras capacidades
sem que todos os três aspectos sejam uniformemente desenvolvidos.
Ao aceitar que todo princípio valioso do viver correto encontra-se na Pa-
lavra de Deus, o cristão deve reconhecer que a mente sadia é um dom divino.

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A Saúde Mental e o Crescimento Espiritual 15
Milhões de pessoas enfrentam distúrbios mentais crônicos numa escala tão
assustadora que a incidência de doença mental é maior na geração atual do
que jamais o foi. De alguma forma, as complexidades e a estrutura da vida
moderna, as pressões, as tensões, o estresse resultam em números elevados
de pessoas que sucumbem à tragédia do colapso mental. O estresse é até
mesmo evidente entre os cristãos. Sendo assim, estes devem, com sinceridade,
voltar a sua atenção diretamente ao problema do colapso mental e à crescente
incapacidade de muitos de atuar adequadamente no lar. Essa inadequação,
em consequência, gera problemas conjugais e o colapso dos relacionamentos
familiares. Os problemas da saúde mental na igreja cristã tem levado muitos
a tentar negar a relação entre a vida cristã sadia e a saúde mental satisfatória,
mas tal tentativa nega por sua vez a unidade do homem e a provisão de Deus
para os Seus filhos.
Uma mente sadia não significa necessariamente que o indivíduo terá a
habilidade de ser academicamente exemplar. Não há dúvida de que os cristãos
têm a obrigação de distinguir individualmente a verdade do erro e de serem
estudantes diligentes da Palavra de Deus, mas uma mente sadia é mais do que
isso. Trata-se de uma mente clara e tranquila, capaz, pelo poder de Deus, de
compreender e enfrentar até as mais rigorosas pressões. A questão não é tanto
o tipo de tensão ou os problemas gerados pelas tensões que nos sobrevêm,
pois na maioria das vezes temos pouco ou nenhum controle sobre eles. Por
exemplo, a esposa de um alcoólatra geralmente acha muito difícil controlar
esse aspecto de sua vida, mas tem a oportunidade, pelo poder divino, de
controlar o tipo de reação e de relacionamento que estabelecerá com a pressão
e a situação geradora de tensão que a confronta constantemente. Aqueles que
sucumbiram ao colapso mental ou que passaram por inúmeros incidentes
neuróticos, na maioria dos casos, vivenciam apenas um pouco mais de pres-
são do que um grande número de pessoas que vivem vidas bem adaptadas.
Às vezes, as pressões enfrentadas por esses pacientes são até mesmo menos
intensas do que as enfrentadas pelas pessoas bem ajustadas.
Claro que enfrentamos dois problemas básicos. Biologicamente, algumas
pessoas nascem com predisposições maiores ou menores de tolerância dian-
te do estresse e da exaustão. Segundo, as circunstâncias do meio em que o
indivíduo está inserido, especialmente durante a infância e a adolescência,
também desempenham um papel fundamental no tipo de habilidade que
terá diante das situações geradoras de estresse na vida adulta. Entretanto, o

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16 A Solução de Deus...
Senhor prometeu que não enfrentaremos nenhuma tentação (provação) sem
que Ele nos conceda força para suportá-la.

Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e
não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrá-
rio, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que
a possais suportar (1 Coríntios 10:13).

Essa promessa pode ser aceita na vida de todo cristão comprometido ao


enfrentar os testes espirituais e emocionais. Talvez essa seja uma das maiores
promessas da Bíblia, pois apesar de humanamente ser provável de que todos
nós tenhamos pontos vulneráveis, o Senhor prometeu que jamais seremos
submetidos às tensões e ao estresse que não sejamos capazes de suportar e se-
remos fortalecidos pelo próprio Deus. Essa promessa não nega que há grande
variação de tolerância frente às situações estressantes, mas nos assegura que
ou Cristo fortalecerá a fraqueza do homem ou nos preservará das situações
que estão além de nossa capacidade de enfrentar. Quem sabe essa certeza
esteja incorporada na declaração de Paulo: “Nós, porém, temos a mente de
Cristo” (1 Coríntios 2:16).
Grande parte da questão da doença mental funcional depende de quem
está no controle da mente. Se não for Cristo, então Satanás está no controle e
procura de diversas maneiras ocasionar um colapso emocional e tomar posse
da mente de homens e mulheres. Esse controle limita com sucesso a restau-
ração de Deus na vida humana. Sendo assim, a submissão espiritual total a
Cristo é a única segurança contra o colapso emocional. Deus tem um plano
para a saúde espiritual da humanidade que também revigora a saúde mental
e física do homem.
A saúde mental de todo cristão está ligada individualmente ao seu cresci-
mento espiritual. Os verdadeiros filhos de Deus terão mentes sadias e serão emo-
cionalmente capazes de lidar com cada situação, fortalecidos por Cristo.
Para que a mente atinja seu potencial máximo, é preciso ter disciplina. Tal
disciplina requer um confronto com as tendências inerentes ao ser humano. As-
sim que a mente humana é libertada, por meio da comunhão com Deus, dos
grilhões da prisão do egoísmo inato, há uma expansão das percepções mentais do
homem. Tal processo de amadurecimento reduz as oscilações de humor fazendo
com que o indivíduo seja menos dependente de divertimentos geradores de prazer

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A Saúde Mental e o Crescimento Espiritual 17
para sobrepor às dificuldades ou à depressão. No momento em que o homem,
através do estudo sincero da Palavra de Deus, reconhece o preço infinito pago por
sua salvação, torna-se incapaz de depreciar-se. A aceitação do amor de Cristo é a
base para o autorrespeito e é o melhor antidepressivo que existe.
O problema do pecado é a raiz da instabilidade emocional. A inclinação
para o pecado é inerente ao ser humano e é também aprendida no meio em
que está inserido. Não há nenhuma outra maneira de vencermos a tentação a
não ser através do poder do Espírito Santo em nossa vida. A obediência a Deus
é a garantia da liberdade da tirania do pecado. Somos obedientes somente
pelo poder divino. Qualquer tentativa de vencer os resultados emocionais
do pecado através da assistência humana será inadequada ou, na melhor das
hipóteses, de valor transitório. Uma vida pura e santa é a melhor maneira de
obter uma vida emocional sadia. A tendência moderna de ignorar o pecado
ou desculpá-lo tem tido repercussões emocionais devastadoras. Parte da razão
para a negação do pecado é o desejo de evitar a culpa que acompanha o seu
reconhecimento. Contudo, para os cristãos convertidos, o reconhecimento
do pecado vem acompanhado pelo reconhecimento de Cristo como nosso
Salvador, Aquele capaz de remover a culpa do pecador arrependido. Cristo
não pede que o homem vença o pecado com suas próprias forças, mas oferece
a Sua força infinita e a Sua vida vitoriosa como a base da confiança do homem
para o sucesso. Ao aceitarmos o poder de Cristo, Satanás não tem poder sobre
nós.
O papel da oração é vital para resistirmos ao pecado. Cada manhã, deve-
mos reconhecer a nossa incapacidade de viver uma vida de sucesso livre desse
mal. Devemos clamar que Cristo nos conceda o Seu poder para alcançarmos
a vitória. A negligência da oração leva à confiança no “eu” ou em outros
seres humanos falhos que, inevitavelmente, resultará em derrota. Geralmente,
aqueles que não dão ouvidos à sua própria consciência, sentem-se impulsiona-
dos a pisotear a consciência dos outros. Ou, para justificar aberrações morais
graves, procuram na maldade e no erro na vida alheia, uma maneira fútil de
buscar a autoabsolvição.
A fé, o auxílio do verdadeiro cristão, é desenvolvida apenas através do estu-
do constante da Palavra de Deus e da escolha diária de responder positivamen-
te ao amor de Cristo. A fé aceita e valoriza as promessas de Deus que levam à
obediência às leis divinas. A fé coloca o futuro nas mãos do Senhor permitindo
que Ele conduza e controle tudo, rejeitando, assim, a ansiedade e o sentimento

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18 A Solução de Deus...
de incerteza. Paulo declarou, “O justo viverá pela fé” (Romanos 1:17). Talvez
não haja outra expressão maior da essência da fé do que as seguintes palavras
proferidas por Jó: “Ainda que Ele me mate, nEle esperarei” (Jó 13:15, ARC).
Jó certamente demonstrou que a fé não depende de sentimentos nem de
circunstâncias. A fé desenvolve-se a cada vitória obtida diante de um conflito
com a dúvida. Quanto maior e mais profundo for o nosso relacionamento
com Jesus, mais duradoura será a confiança nEle. Como resultado de um rela-
cionamento assim, Paulo pôde declarar: “Porque sei em quem tenho crido” (2
Timóteo 1:12). A confiança em Deus é o fundamento para o desenvolvimento
completo do homem. Paulo afirmou: “Também, nEle, estais aperfeiçoados”
(Colossenses 2:10). O próprio Jesus nos faz um convite maravilhoso: “Vinde
a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei”
(Mateus 11:28).
Deus nos encoraja a dependermos dEle – a única e verdadeira segurança
do homem – enquanto Satanás nos encoraja a dependermos do próprio ho-
mem. Embora seja bom nos reunirmos e nos aconselharmos mutuamente,
não é sábio que o homem dependa de outro ser humano ou seja controlado
por ele. Essa dependência, sem dúvida, é contraprodutiva para o desenvolvi-
mento coerente do homem. A autoestima, a independência e as ocupações
apropriadas são estabelecidas dentro do relacionamento abnegado entre Deus
e o ser humano. A pessoa equilibrada não possui uma estima demasiada-
mente alta ou baixa e mantém um relacionamento tão seguro com Deus e os
semelhantes que o seu valor pessoal não é uma preocupação consciente.
A causa da grande maioria das doenças são os pensamentos errados.
Aqui podemos incluir as respostas neuróticas e muitas reações psicóticas ao
estresse do meio, as simples cefaleias tencionais, muitas das doenças mais
sérias do sistema digestivo (como a úlcera), e as condições potencialmente
fatais (como as doenças do coração e o derrame). Essa lista aumenta ainda
mais com as doenças relacionadas ao estilo de vida (dieta alimentar pobre,
pouco ou nenhum exercício físico e padrão irregular de descanso). Cada um
desses itens pode ser, primeiramente, mudado diante de uma compreensão
inteligente dos hábitos saudáveis de vida e, em seguida, pela decisão de acatar
ao que é melhor.Sem a menor sombra de dúvida, a melhor prevenção e,
na maioria dos casos, a cura para tais doenças, está ligada à reversão para

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A Saúde Mental e o Crescimento Espiritual 19
um estilo de vida simples. Mas o conceito de saúde é mais abrangente. Há
condições físicas e emocionais que podem ser curadas apenas pela confiança
em Deus. Para muitos, o evangelho de Cristo é o único capaz de restaurar
a mente e o corpo há tanto tempo desgastados e despedaçados. Deus é a
fonte da felicidade e do contentamento. Sendo assim, a verdadeira felicidade
ocorre apenas na vida daqueles que possuem um relacionamento inalterável
com o Criador.

INTERDEPENDÊNCIA ENTRE
OS VÁRIOS ASPECTOS NO HOMEM

ESPIRITUAL

INTELECTUAL EMOCIONAL

FÍSICO

 Ver capítulos 18 e 20 intitulados respectivamente “A Dieta Alimentar” e “O Fator Físico


na Saúde Mental”.

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3
A Saúde Mental e
o Caráter

N
a ocasião em que o homem foi criado, era perfeito, no entanto,
todas as suas capacidades estavam suscetíveis ao desenvolvimen-
to. O homem foi criado para compartilhar da mente divina e
esse ainda é o desejo de Cristo para o homem.

Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar que Cristo Jesus tinha
(Filipenses 2:5, NTLH).

As pretensões para a mente do homem perfeito do Jardim do Éden são


as mesmas para o homem caído de hoje. Não é difícil de entender esse fato
ao reconhecermos que os mesmos objetivos e princípios para o crescimento
total do homem hoje são idênticos aos estabelecidos antes da queda. A única
mudança está nas condições – as capacidades limitadas do homem, suas fa-
lhas e a deterioração do meio em que vive. Apesar das limitações do homem,
Deus provê vigor emocional e saúde àqueles que O buscam. Isso poderá ser
alcançado em sua totalidade somente quando o poder divino transformar as
capacidades limitadas do homem. Esse poder é necessário para todos aqueles
que buscam as bênçãos de Deus.

Transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis


qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Romanos 12:2).

Note que o verdadeiro crescimento espiritual e a transformação do caráter


começam na mente: “Transformai-vos pela renovação da vossa mente”. Uma
abordagem secular para as necessidades humanas relacionadas à educação, à
recuperação de prisioneiros, ao tratamento da doença mental e a quase todos
os aspectos da vida baseia-se nos princípios da modificação de comportamen-

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A Saúde Mental e o Caráter 21
to apresentados anteriormente. Nessa abordagem toda a base da mudança
de comportamento edifica-se em torno da reestruturação das respostas do
indivíduo de acordo com os valores que o conselheiro considera bons, impro-
dutivos ou ruins. No entanto, essa abordagem parece ser incompatível com
o programa de restauração de Deus. A verdadeira restauração não resulta
de uma simples reestruturação de comportamento, mas ocorre apenas pelo
poder transformador de Deus. A Bíblia se refere a essa transformação como
um novo nascimento.

A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se al-


guém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Perguntou-
lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode,
porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez? Respondeu
Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do
Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne
é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito (João 3:3-6).

A partir do momento em que a mente é transformada para fazer a vontade de


Deus, ocorre uma transformação simultânea no padrão de comportamento.
O caráter é mais do que a reputação. Essa verdade certamente eviden-
cia-se na vida de Cristo. A má reputação de Jesus entre os líderes judeus
contrastava-se com o único caráter imaculado da história deste mundo. O
caráter delineia os pensamentos, os sentimentos e os motivos, como também
o comportamento do homem. Somente Deus pode verdadeiramente avaliar o
caráter. A reputação é a avaliação subjetiva e humana do comportamento de
outros seres humanos. Os motivos e os pensamentos podem ser julgados, mas
nunca poderão ser averiguados com exatidão.
O desenvolvimento do caráter é um desafio vitalício e pode ser avaliado e
aprovado somente pelo padrão perfeito que Deus determinou em Sua lei mo-
ral. O caráter normalmente não depende da reputação. Muitas vezes trava-se
um grande conflito quando a boa reputação, em vez do bom caráter, torna-se
o motivo da ação. A busca pela aprovação humana resulta inevitavelmente
em concessões e em ações erradas, mesmo que a fonte de aprovação seja seres
humanos bons. Embora o comportamento seja “bom”, a motivação que busca

 Ver também Apêndice A intitulado “A Natureza do Homem”.


 Ver João 18:29-30.

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22 A Solução de Deus...
a aprovação humana é egocêntrica e, portanto, incompatível com os motivos
puros de Deus. Quando o indivíduo procura agradar a Deus e ao homem
ao mesmo tempo, trava-se um conflito que pode se tornar muito sério. Se a
escolha de seguir a Deus for contrária às expectativas do homem, as críticas
geradas geralmente causam grande angústia mental. Por outro lado, se uma
decisão errada é tomada a fim de satisfazer as exigências humanas, surge o
sentimento destruidor da culpa. O cristão deve estar ciente de que será cri-
ticado se escolher agir corretamente, como também se decidir agir de forma
contrária. Se o indivíduo escolher submeter totalmente a vida a Deus, deve
lembrar-se que será criticado porque escolheu fazer o certo e que tais críticas
proveem de pessoas que não estão submetidas aos princípios divinos.
O verdadeiro caráter não pode ser desenvolvido sem que a vida esteja
totalmente submetida a Deus e à Sua vontade, a despeito das consequências.
Tal caráter não pode ser alcançado apenas pelo esforço humano, se bem que
deva ser exercido, mas é fruto do poder que somente Cristo pode conceder.
O resultado de seguir a orientação de Deus é a segurança emocional fruto de
uma autoimagem que relega a aprovação humana.
Responder positivamente à consciência é muito importante para o desen-
volvimento do caráter, mas apesar de a consciência ser um guia para a vida, não
é necessariamente um guia infalível. O próprio apóstolo Paulo exemplificou e
confirmou essa ideia. Em Atos 24:16, declarou que possuía uma consciência
pura: “Por isso, também me esforço por ter sempre consciência pura diante
de Deus e dos homens”. Mais tarde, citou exemplos de consciências fracas:
“Entretanto, não há esse conhecimento em todos; porque alguns, por efeito
da familiaridade até agora com o ídolo, ainda comem dessas coisas como a
ele sacrificadas; e a consciência destes, por ser fraca, vem a contaminar-se” (1
Coríntios 8:7). “Pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada
a própria consciência” (1 Timóteo 4:2). Paulo também reconheceu a presença
da consciência limpa e boa: “Ora, o intuito da presente admoestação visa ao
amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocri-
sia” (1 Timóteo 1:5). “Conservando o mistério da fé com a consciência limpa”
(1 Timóteo 3:9).
Deve-se compreender e aceitar que a boa consciência é aquela discipli-
nada pela Palavra de Deus e submetida à influência iluminadora do Espírito
Santo. Essa consciência é um guia confiável, pois o Espírito Santo fielmente
controla as influências externas segundo o paradigma da lei de Deus. Uma

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A Saúde Mental e o Caráter 23
vez estabelecida, a consciência confiável alertará quanto ao perigo moral e
à tentação iminentes, juntamente com as suas ameaças de perda espiritual
e emocional. Porém, a consciência nunca deverá ser usada como base para
julgar o próximo.
O verdadeiro caráter não pode ser herdado. Ele é o resultado da decisão
de aceitar um relacionamento crescente com Cristo. Após a queda do homem,
tal decisão teria sido impossível, se o próprio Deus não tivesse estendido a
graça ao homem, habilitando-o a escolher resistir ao diabo.

Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o


seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar
(Gênesis 3:15).

O caráter envolve a totalidade do ser, incluindo ações, palavras, pensa-


mentos, sentimentos e motivos. Por isso, não pode ser desenvolvido por um
processo de condicionamento e nem pela imposição da vontade de outra pes-
soa. Requer uma decisão pessoal que permitirá que o poder divino transforme
a vida. Se a decisão não for feita, a vida permanecerá sujeita aos desígnios de
Satanás. O homem nunca poderá entregar-se a Deus, mas pode pedir que
Deus tome a sua vida e faça por ele o que não pode fazer por si mesmo.
Diferentemente dos animais, o homem é governado pela lei moral de Deus.
O Senhor criou a mente humana com a capacidade de discernir entre o certo
e o errado, que são definidos por Sua lei. O poder de decisão deve ser cons-
tantemente exercitado para o certo, se for o desejo do indivíduo que a força
emocional seja desenvolvida. Assim como há uma conexão inquebrável entre
o pecado e as dificuldades emocionais, também há uma ligação ininterrupta
entre a força emocional e a pureza moral. A humanidade, sobrecarregada com
o fardo do pecado, somente encontrará alívio quando os princípios positivos
de vida criados por Cristo forem colocados em prática. A negligência da lei
de Deus é a causa principal da miséria do mundo. Uma vida pecaminosa leva
à desconfiança própria que se evidencia na desconfiança para com Deus e os
semelhantes. Esse é o fator gerador de uma angústia profunda.
Como mencionado anteriormente, a motivação é a verdadeira base do
caráter. Paulo definiu três motivos principais que movem as ações do cris-
tão convertido. São eles: a fé, a esperança e o amor, sendo o amor o mais
importante.

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24 A Solução de Deus...
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém
o maior destes é o amor (1 Coríntios 13:13).

O amor é a motivação que determina o valor celestial de uma ação. Esse


amor tem origem celestial e apenas poderá ser o princípio da motivação hu-
mana se Cristo for convidado a plantar esse amor na vida do indivíduo. Um
caráter verdadeiramente frutífero é aquele que tem como base o amor de Jesus.
Ele disse: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim
como Eu vos amei” (João 13:34). No sermão do monte, Cristo expressou
outro aspecto de Seu amor que hoje é conhecido como a regra áurea: “Tudo
quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a
eles” (Mateus 7:12).
Quando o Espírito Santo trabalha no coração humano, a motivação tor-
na-se cada vez menos centrada no “eu” e mais atenta às necessidades dos ou-
tros. Com isso, há um aumento do contentamento e da felicidade que jamais
poderiam resultar de uma vida orientada pelas inclinações naturais. Os ver-
dadeiros cristãos são muitos mais felizes do que qualquer outro habitante da
terra. Não importa a fé que o indivíduo professa, a infelicidade, a ansiedade e
a inquietação revelam a falta de submissão da vida a Deus e uma motivação
não transformada pelo Espírito.
A pessoa convertida permitiu que sua independência natural fosse substi-
tuída por uma submissão semelhante à da criança e por um espírito receptivo
ao ensino. O sinal da verdadeira submissão abnegada foi expresso nas palavras
de Saulo de Tarso na seguinte pergunta: “Senhor, que queres que faça?” (Atos
9:6, ARC). O próprio Cristo demonstrou ter a mesma dependência abnegada
do Pai ao exclamar: “... não seja como Eu quero, e sim como Tu queres” (Ma-
teus 26:39). Cristo veio à Terra para demonstrar que tal submissão é a base,
não apenas para a perfeição de caráter, mas para a paz e a felicidade.
O caráter moral não pode atingir o seu nível máximo sem prestarmos
atenção às leis físicas e mentais. A negligência dos hábitos saudáveis resulta na
negligência do caráter moral. Sem um acompanhamento cuidadoso das leis
físicas, incluindo a dieta alimentar, o exercício físico e o descanso, as forças
morais automaticamente cederão às inclinações do homem natural. Os re-
sultados serão semelhantes se a mente não for cuidadosamente disciplinada a

 Ver capítulos 18 e 20 intitulados respectivamente “A Dieta Alimentar” e “O Fator Físico


na Saúde Mental”.

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A Saúde Mental e o Caráter 25
não se contaminar com o que é trivial ou moralmente poluído. A pessoa forte
é aquela que retrai as paixões e controla cada aspecto de sua vida. A paixão e o
temperamento descontrolados são as consequências da indisciplina e indicam
fraqueza de caráter.
O desenvolvimento do caráter pode ser comparado ao princípio bíblico
da santificação. Tem como objetivo a vitória sobre o “eu”. A santificação é
um processo que dura a vida toda. Uma batalha que encontra alívio diário
na submissão da vontade a Cristo. O homem não é capaz de continuar o
processo de santificação nem por um instante sem se submeter diariamente
a Deus. Jesus Cristo santifica para que o homem possa sair vitorioso diante
da tentação. Ele prometeu: “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós
espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne”
(Ezequiel 36:26).
Esse coração novo poderá ser preservado apenas por meio da comunhão
diária com Jesus. Cada vitória sobre a tentação fortalece os princípios corre-
tos e nos ajuda a ter mais facilidade para decidir corretamente da próxima
vez. A satisfação emocional que surge após vencermos a tentação é de valor
inestimável à saúde mental. O desenvolvimento do caráter puro, além de ser
um pré-requisito para a salvação, também proporciona uma das maiores sa-
tisfações na vida de uma pessoa.

 Ver capítulo 17 intitulado “Os Sentidos”.


 Ver capítulo 16 intitulado “A Formação do Hábito”.

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4
A Personalidade e as
Diferenças Individuais

E
mbora exista uma inter-relação entre a personalidade e o caráter, a
personalidade não é o mesmo que o caráter e vice-versa. Podemos
definir a personalidade como a totalidade dos padrões caracterís-
ticos de comportamento de uma pessoa, incluindo os pensamentos, as emo-
ções, as respostas comportamentais, o temperamento, a aparência e qualquer
outro padrão característico que distingue o indivíduo como um ser único.
Por outro lado, o caráter está relacionado à atitude diante da lei imutável
de Deus, envolvendo os motivos, os pensamentos, as palavras e as ações. É
bem possível para o homem apresentar uma personalidade agradável, mas
possuir um caráter profundamente defeituoso. Por exemplo, muitos farsantes,
por assim dizer, possuem uma personalidade cativante e persuasiva que, no
mínimo, mascaram eficazmente o seu caráter.
Entretanto, não devemos ignorar o fato de que algumas características de
personalidade são mais compatíveis com o desenvolvimento do caráter do que
outras. Por exemplo, o temperamento de uma pessoa tem muito a ver com a
determinação da personalidade e do caráter. Uma pessoa ansiosa e impulsiva
obviamente apresenta defeitos de caráter que precisam ser transformados pela
graça de Deus. A atitude diante dos talentos e dos dons que cada ser humano
possui, apesar de também determinar parcialmente a personalidade, afeta
profundamente o desenvolvimento do caráter.
Vale dizer que há uma enorme variedade de personalidades entre os cris-
tãos completamente submetidos. Os doze discípulos de Cristo, por exemplo,
possuíam personalidades totalmente diferentes. João, o discípulo amado, era
um homem muito amoroso e compassivo, desenvolveu especialmente a afe-
tuosidade, apesar de em algumas ocasiões ter demonstrado hostilidade. Por

 Ver Apêndice D intitulado “As Teorias da Personalidade e as Diferenças Individuais”.

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A Personalidade e as Diferenças Individuais 27
outro lado, Pedro era agressivo, impetuoso a ponto de ser imprudente e ver-
balizar muito rápido as suas convicções e crenças. Após a conversão, muitas
das características de personalidade de João e Pedro permaneceram, mas sob
o poder transformador de Cristo, essas características positivas foram dire-
cionadas para cumprir o desafio de difundir o evangelho no mundo antigo.
Essa transformação pode ser notada de forma mais clara na personalidade do
apóstolo Paulo. Antes de sua conversão, Paulo (ou Saulo, como era conhecido)
era um líder agressivo e violento, fortemente comprometido com a causa que
desposava, sem temer as consequências de seus atos.

Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando


homens e mulheres, encerrava-os no cárcere (Atos 8:3).

Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Se-


nhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote e lhe pediu cartas para as sinagogas
de Damasco, a fim de que, caso achasse alguns que eram do Cami-
nho, assim homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém
(Atos 9:1-2).

O mesmo Paulo, após a sua conversão, conservou as mesmas característi-


cas de personalidade agressiva, mas, agora, direcionadas para a disseminação
do reino de Cristo e não mais para o seu extermínio.

E logo pregava, nas sinagogas, a Jesus, afirmando que este é o Filho de


Deus... Saulo, porém, mais e mais se fortalecia e confundia os judeus
que moravam em Damasco, demonstrando que Jesus é o Cristo... Mas
Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos; e contou-lhes co-
mo ele vira o Senhor no caminho, e que este lhe falara, e como em Da-
masco pregara ousadamente em nome de Jesus (Atos 9:20, 22 e 27).

Os extremos da personalidade precisam ser controlados e dirigidos por


Cristo. Isso ocorrerá ao submetermos a nossa vida a Deus. A pessoa extre-
mamente tímida, retraída e antissocial, talvez nunca se torne um líder, mas
perceberá que precisa que a sua personalidade seja redirecionada para que
possa testemunhar mais, e de forma mais eficaz, a fé que professa. Assim,
não é de admirar que algumas pessoas que permitem que o poder do Espírito

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28 A Solução de Deus...
Santo transforme a sua vida apresentem grandes mudanças de relacionamen-
tos interpessoais. Da mesma maneira, aqueles que possuem características de
personalidade opostas (cuja extroversão pode ser expressa em aspereza de per-
sonalidade, crueldade, insensibilidade com os sentimentos dos outros), deverão
buscar o poder transformador do Espírito Santo para que não tratem ninguém
rudemente ou insensivelmente ao propagar a nova fé que abraçaram.
No sentido mais completo de nossa compreensão das diferenças individu-
ais, não podemos aceitar o ditado: “Todos os homens foram criados iguais”,
pois há muitas diferenças registradas na Palavra de Deus quanto ao número
de talentos concedidos ao homem, como também quanto à qualidade de cada
um desses talentos.
Na parábola dos talentos, Cristo explicou que foram concedidos talentos
diferentes a homens diferentes, mas é importante notar que o número de
talentos que cada indivíduo da parábola recebeu não estava relacionado ao
seu valor pessoal. O homem que recebeu cinco talentos foi elogiado por tê-los
dobrado: “Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel” (Mateus 25:21).
As mesmas palavras também foram usadas para elogiar o homem que multi-
plicou os dois talentos que recebeu. Contudo, o homem que recebeu apenas
um talento foi rejeitado. Não porque possuía uma habilidade inferior a dos
outros, mas por não ter usado o único talento que lhe foi concedido.
Essa parábola nos ajuda a compreender em que sentido todos os homens
foram criados iguais. Apesar de diferirem quanto à inteligência, às aptidões e às
realizações futuras, a sua aceitação e igualdade perante Deus depende da reação
diante das oportunidades que Ele coloca na vida de cada um. Esse fato é notado
ao compreendermos que Deus, ao julgar o homem, leva em conta toda a sua
vida. O homem é julgado, não de acordo com o seu desempenho absoluto, mas
de acordo com a sua reação diante das oportunidades que lhe foram concedidas.
Davi declarou que Deus, ao julgar o homem, leva em conta o local em que
nasceu: “O Senhor, ao registrar os povos, dirá: Este nasceu lá” (Salmo 87:6).
Além disso, afirmou que Deus conhece a estrutura de Seu povo e reconhece que
é feita de pó: “Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó” (Salmo
103:14). Um Deus justo e onisciente recompensará cada homem de acordo com
a sua reação diante das oportunidades que lhe foram concedidas.
Os talentos individuais, embora resultem numa grande variedade de sa-
tisfação pessoal, são concedidos por Deus para que o homem seja capaz de
 Ver Mateus 25:14-30.

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A Personalidade e as Diferenças Individuais 29
complementar o próximo. A diversidade de personalidades e de dons permite
uma interdependência única entre os membros da família humana. Permite o
fortalecimento mútuo e confirma que nenhum homem pode viver adequada-
mente sozinho. Assim, o grande vínculo da cooperação cristã é dotado de uma
imensa diversidade de talentos e dons concedidos por Deus. Para que esses
dons se tornem uma bênção, devemos usá-los para o benefício do próximo.

Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como
bons despenseiros da multiforme graça de Deus (1 Pedro 4:10).

O propósito de Deus pode ser alcançado quando o homem cooperar com


o homem, motivado pelo Espírito Santo, para cumprir o Seu propósito. Cer-
tamente, é isso que a igreja cristã demonstra ao mundo. Uma demonstração
de uma igreja única, como um corpo, com o mesmo propósito e focada no
aumento da cooperação entre os talentos concedidos por Deus. Essa demons-
tração resulta numa pequena prévia da cooperação ininterrupta dos filhos
de Deus imediatamente após a redenção. Paulo particularmente definiu a
diversidade dos dons:

E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, ou-
tros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao
aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a
edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da
fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade,
à medida da estatura da plenitude de Cristo. (Efésios 4:11-13).

A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim


proveitoso. Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da
sabedoria; e a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhe-
cimento; a outro, no mesmo Espírito, a fé; e a outro, no mesmo Espí-
rito, dons de curar; a outro, operações de milagres; a outro, profecia;
a outro, discernimento de espíritos; a um, variedade de línguas; e a
outro, capacidade para interpretá-las. Mas um só e o mesmo Espírito
realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um,
individualmente. Porque, assim como o corpo é um e tem muitos

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30 A Solução de Deus...
membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só cor-
po, assim também com respeito a Cristo. (1 Coríntios 12:7-12).

Paulo enfatizou que a diversidade dos dons é concedida para o “aperfeiçoa-


mento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo
de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento
do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude
de Cristo” (Efésios 4:12-13). Porém, esses dons podem ser corrompidos de duas
maneiras. A primeira é não utilizá-los, fazendo, assim, com que se atrofiem. A
segunda é desenvolvê-los e utilizá-los para alcançar propósitos egoístas. Não
é difícil imaginar como o dom da oratória, da administração, da música, da
cura, do ensino ou qualquer outro dom possa ser corrompido pelo egoísmo e,
assim, estar sujeito aos propósitos satânicos. Somente quando os dons estiverem
sujeitos ao domínio do Espírito Santo, os resultados de sua utilização aparece-
rão como frutos do Espírito: “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade,
bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gálatas 5:22-23).
Por um lado, as diferenças individuais representam a graça de Deus. Ele
nos concede talentos para que sejamos capazes de demonstrar o nosso apreço
ao Senhor servindo ao próximo. Por outro lado, ajudam-nos a perceber que a
nenhum de nós foi concedido imensa variedade de talentos e que dependemos
uns dos outros para a complementação, suplementação e aperfeiçoamento
de nossa própria vida. Paulo resumiu esse conceito de forma maravilhosa no
capítulo do amor:

Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor,
serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que
eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a
ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar mon-
tes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os
meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo
para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará (1
Coríntios 13:1-3).

Aqui está o fundamento para o desenvolvimento e para o aprimoramento


das diferenças que Deus concedeu a cada um de nós. Ao serem compartilha-
das em amor, as diferenças abençoarão tanto o doador quanto o beneficiado.

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5
O Amor e a
Saúde Mental
O
amor é parte integrante de quase todos os aspectos da vida
humana. Todos querem, mas poucos parecem ter a certeza de
que são realmente amados. Geralmente, quanto mais frustrada
a pessoa foi no passado, mais frustrada ainda está no presente. Será que todos
nós temos o direito de ser amados? Se sim, como podemos saber se o amor é
genuíno?
Essa e muitas outras perguntas passam pela mente da grande maioria da
sociedade. Para responder a essas perguntas, algumas das melhores pistas são
encontradas nos seguintes tópicos:
1. Todos nós nascemos com a tendência para pecar. “Eu nasci na iniqui-
dade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Salmo 51:5).
Todos nós nascermos com a pré-disposição de escolher o caminho que
se distancia de Deus. A tendência natural não convertida da humanidade é
desenvolver um padrão de vida incompatível com a vida eterna.
2. Esse distanciamento de Deus deve-se ao egocentrismo, ou ao ego-
ísmo, que é demonstrado nas ações centradas no “eu” desde a infância. A
criança, assim que é capaz de coordenar as ações, tenta pegar tudo para si,
sem perceber que certas coisas são perigosas.
3. O egoísmo é a base de toda a motivação humana, por isso o amor
próprio domina e o verdadeiro amor pelo próximo é relativamente raro. Para
muitos, essa percepção é perturbadora.
4. O egoísmo é a raiz da maioria dos problemas emocionais e é a base
do colapso mental funcional – ou seja, o colapso mental não é causado por
uma deficiência física. Por exemplo, muitos esquizofrênicos, incapazes ou in-
 Ver Apêndice A intitulado “A Natureza do Homem”.

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32 A Solução de Deus...
dispostos a se relacionar com o mundo real, tornam-se pessoas introspectivas
e passam a viver no seu próprio mundo de faz-de-conta. O paranoico preo-
cupa-se com as pessoas que estão lá fora para “pegá-lo”. Esse é o complexo
de perseguição clássico. O megalômano possui um desejo insano pelo poder.
O masoquista prejudica a si mesmo. O hipocondríaco torna-se fisicamente
debilitado devido a um tormento interno. Os depressivos, geralmente, são
pessoas demasiadamente preocupadas com aquilo que os outros, especial-
mente os membros da família, fizeram para elas. Talvez, não haja outro ato
mais egoísta do que o suicídio, em que uma pessoa, crendo que sua vida é
insignificante, ou que foi maltratada ou rejeitada, decide por fim à própria
existência. Na cabeça de um suicida parece ser raro o pensamento de que o
homem foi criado para atender as necessidades do outro.
Um exemplo típico dessa situação é o paciente que um dos autores deste
livro tratou no Hospital Príncipe de Gales em Sydney, na Austrália. Descon-
trolado, foi trazido ao hospital por dois policiais muito fortes. O paciente
apresentava cortes profundos em ambos os pulsos. Enquanto o autor tentava
suturar os ferimentos, os dois policiais se esforçavam para mantê-lo quieto,
mas com pouco sucesso. Debatia-se violentamente e não parava de gritar:
“Ela não me ama!” Enfatizava sempre a penúltima palavra da frase.
5. Ninguém pode forçar o outro a amá-lo. Muitos tentam ganhar o
amor pela força, mas quanto mais a pessoa forçar o outro a amá-la, menos
será correspondida.
6. Em nenhum momento a Bíblia sugere que o homem deva esperar ser
o objeto do amor dos semelhantes.
7. Na Palavra de Deus, encontramos várias vezes a exortação para amar-
mos ao próximo. Somente no Novo Testamento, esse conselho aparece doze
vezes. Alguns exemplos são: Mateus 22:39, Romanos 13:9, Gálatas 5:14 e
Tiago 2:8.
8. O amor ao próximo envolve tanto o amor a Deus quanto o amor aos
seres humanos.
Talvez aqui se encontre a primeira referência ao amor direcionado a si
mesmo. Precisamos amar para sermos amados. O desejo de ser amado é natu-
ral. Amar aos outros não é natural. Por isso, muitos têm tanta dificuldade de
amar ao próximo. O amor do verdadeiro cristão é a melhor prevenção contra
os distúrbios mentais, a frustração e o desânimo. A pessoa que se preocupa se

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O Amor e a Saúde Mental 33
os outros a amam é egocêntrica e, portanto, infeliz. É verdade que na idade
adulta essa ânsia de ser amado geralmente está relacionada com a infância.
Aqueles que vieram de lares em que o amor não foi vivenciado e nem de-
monstrado tendem a ansiar mais ainda pelo amor na adolescência e na idade
adulta. Muitas vezes, essa ânsia assemelha-se a um poço sem fundo – não há
como saciá-la.
Sem dúvida, a forma mais produtiva de abordar um “não amado” é ajudá-
lo a aprender a amar ao próximo. Não é fácil, pois, como foi dito anterior-
mente, as inclinações naturais do homem são totalmente contrárias. O “não
amado” já se habituou por muitos anos com a obstinação pela autoglorificação
e pelo amor próprio. Na maioria das vezes, o amor próprio está associado à
autopiedade. Esse sentimento é uma das expressões mais perigosas do amor
próprio, pois oferece uma desculpa para o comportamento inadequado. É
inevitavelmente autodestruidor.
Como será abordado no próximo capítulo, a Palavra de Deus considera
o medo contrário ao amor. O medo resulta do sentimento de inadequação,
de não ser desejado e de insegurança. Mas aquele que decide amar ao próxi-
mo torna seu fardo mais leve. Ao compartilhar das preocupações dos outros,
sai pouco a pouco do pântano de seus problemas interiores. Praticamente
é impossível amar sem ser correspondido pelo menos por uma das pessoas
amadas.
Provavelmente, as duas maneiras mais ineficientes de se lidar com o desâ-
nimo e o desalento sejam remoer os problemas num lugar isolado e recontá-
los aos outros. A primeira “proposta” apenas acentua o isolamento, a solidão
e a autopiedade experimentados pelos depressivos sem oferecer uma solução
construtiva para o problema. Essa introspecção gera a fraqueza física, inte-
lectual e espiritual. A segunda “proposta” tende a enfatizar os sentimentos
de frustração, muitas vezes confirmando-os e exagerando-os cada vez que o
problema é recontado. Ao centrar-se no “eu”, o indivíduo sente-se bem pior
do que realmente está.
As duas maneiras mais eficientes de lidar com o desânimo e o desalento
estão relacionadas ao louvor a Deus e ao serviço ao próximo. Essas soluções
evitam os resultados do isolamento introspectivo e as consequências de re-
contar constantemente os problemas aos outros. A primeira proposta envolve
um relacionamento com Deus. Ao relembrar as bênçãos divinas e ao elevar
 Ver capítulo 6 intitulado “A Lei e o Amor”.

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34 A Solução de Deus...
audivelmente a voz em louvor a Deus, um poder desconhecido ao ser humano
é colocado à sua disposição. Ao reconhecer o amor imaculado e a preocupa-
ção de Deus por nós, os problemas parecem diminuir em vez de aumentar. A
segunda proposta evolve ajudar alguém mais necessitado, procurando doar-se
à pessoa de tal forma que ela realmente seja auxiliada. Logo o desânimo e
o desalento desvanecerão. Não é fácil tomar essa atitude, pois o indivíduo
desanimado tem muita dificuldade em mudar de comportamento e olhar
para os outros em vez de si mesmo. Será preciso muita perseverança, mas os
resultados serão tremendamente recompensadores.
O amor, no sentido mais genuíno, é também a raiz da autoimagem. Na
sociedade altamente competitiva em que vivemos é muito difícil encontrar o
serviço abnegado pelo outro. Somos treinados para competirmos, sobressair-
nos e nos alegrarmos com os nossos méritos e sucessos. Mas a Bíblia diz:
“Mais bem aventurado é dar que receber” (Atos 20:35).
Se a autoimagem dependesse da força, da rapidez, das habilidades, das
realizações acadêmicas e de valores semelhantes, a grande maioria seria um
fracasso e, nesse mundo, ninguém quer ser um fracassado. O amor, por outro
lado, ensurdece-nos para as críticas e os insultos, cega-nos para as fraquezas
dos outros e ajuda-nos a aceitar as nossas próprias limitações.
Os psicólogos e os psiquiatras passam muito tempo tentando fortalecer
uma autoimagem positiva no paciente, especialmente no adolescente, mas
também em muitos adultos. Geralmente, fazem isso tentando fixar na mente
do indivíduo as suas áreas de sucesso e de realizações valiosas. Porém, tal ten-
tativa está condenada ao insucesso, pois o ego humano é insaciável. A Palavra
de Deus possui o único remédio eficaz: a morte do “eu”. A princípio esse pen-
samento parece entrar em contradição com o conceito da autoimagem. Como
o “eu” morto pode gerar a autoestima? Paulo colocou da seguinte forma: “Dia
após dia, morro!” (1 Coríntios 15:31). Ao analisar o conselho bíblico mais
profundamente, perceberemos que essa é a única maneira possível de obter a
autoimagem positiva.
Não é de admirar que a autoestima seja tão baixa numa sociedade moder-
na que ensina a defesa constante da autoimagem? Facilmente nos magoamos
diante de cada crítica, com os que se sobressaem ou com os que obtêm mais
sucesso, com os que não concordam com as nossas ideias, com os que são mais
populares ou com os que são promovidos para um cargo mais importante do
que o nosso. O amor e a segurança emocional podem tornar-se invencíveis

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O Amor e a Saúde Mental 35
apenas no momento em que crucificarmos o “eu” e seguirmos o caminho
humilde de Jesus. Então, e apenas então, será impossível ficarmos magoados
e machucados. Ao compartilharmos o amor de Jesus, sabendo que Ele nos
ama e que somos filhos de Deus e co-herdeiros com Cristo, estabeleceremos a
única autoimagem firme e segura que o ser humano pode ter.

O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de


Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de
Deus e co-herdeiros com Cristo; se com Ele sofremos, também com
Ele seremos glorificados (Romanos 8:16-17).

Será impossível machucar-nos emocionalmente se o nosso “eu” estiver


morto. A morte do “eu” raramente é uma alternativa atraente, mas é a base da
paz e do contentamento. Essa é a essência do conselho de Paulo:

Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, con-


siderando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada
um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que
é dos outros (Filipenses 2:3-4).

O homem não é deixado a lutar com o “eu” sozinho. Cristo é o auxílio


sempre presente do ser humano. A contemplação diária da vida abnegada de
Jesus é o único instrumento eficaz para desviar a mente da autoglorificação.
A fé, desenvolvida em Cristo, trabalhará para que o amor purifique a alma de
todo o egoísmo.

Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm


valor algum, mas a fé que atua pelo amor (Gálatas 5:6).

O orgulho, o egoísmo e a cobiça não são apenas autodestrutivos, mas


também ofensivos a Deus. Com a ajuda de Cristo, o homem pode, passo a
passo, ser levado a se afastar do “eu” e a refletir as leis do amor que contêm os
princípios do reino de Deus. Quanto menos pensarmos no “eu”, mais próxi-
mos estaremos do reino do Céu. O próprio Cristo apoiou a renúncia do “eu”
ao declarar: “Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, tome a sua
cruz e siga-Me” (Mateus 16:24).

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36 A Solução de Deus...
À luz desses princípios, podemos perceber que muitos movimentos rela-
cionados às uniões comerciais e aos direitos civis são destrutivos. Tais movi-
mentos tendem a enfatizar o interesse egoísta e, apesar de se empenharem em
retificar os malefícios e as injustiças sociais, geram, na maioria dos casos, o
ódio, a suspeita e a violência física. É melhor sofrer perdas físicas do que sofrer
perdas espirituais produzidas pelas emoções negativas.
O verdadeiro cristão não deve ser indiferente à opressão dos desprivilegia-
dos da sociedade. Tem a responsabilidade de fazer tudo ao seu alcance para
aliviar o oprimido e buscar a correção das injustiças sociais. A motivação
para ajudar o próximo promove o crescimento cristão, mas a busca do inte-
resse egoísta promove resultados totalmente contrários. O amor ao próximo
erradica a briga e a divisão. O amor não perdura sem se manifestar, mas o
medo retrai qualquer manifestação. O amor manifesta-se por palavras e ações
bondosas, enquanto o medo teme a rejeição e, portanto, hesita em demonstrar
qualquer ação positiva ao semelhante. As recompensas de amar ao próximo
são benéficas não apenas para aquele que é amado, mas também para aquele
que ama. A verdadeira felicidade é o resultado de ser bondoso e fazer o bem.
O amor humano sempre será um reflexo do amor de Deus. João expressou
esse amor em relação ao homem:

Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos
chamados filhos de Deus (1 João 3:1).

Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas
em que Ele nos amou e enviou o Seu Filho como propiciação pelos
nossos pecados (1 João 4:10).

Jesus veio para estabelecer de uma vez por todas a veracidade do amor
infinito de Deus e provar, além de qualquer dúvida, a falsidade da acusação
feita por Satanás de que Deus é egoísta. Ao fazer isso, Jesus nos proporcionou
um verdadeiro exemplo de amor abnegado pelo próximo.

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O Amor e a Saúde Mental 37

RELAÇÃO ENTRE OS DISTÚRBIOS


MENTAIS E O EGOCENTRISMO

CAUSA Distúrbios Mentais

Esquizofrenia
Paranoia
Megalomania
Egocentrismo Masoquismo
Hipocondria
Depressão
Suicídio

RELAÇÃO ENTRE A SAÚDE MENTAL E


A ABNEGAÇÃO EM CRISTO

CAUSA REFLEXOS

Contentamento
Amor
Abnegação Segurança
através de Valor próprio
Cristo Felicidade
Serviço
Amizade

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6
A Lei e o Amor

N
os caminhos de Deus, a lei e o amor são gêmeos siameses insepa-
ráveis. Se um for separado do outro, ambos serão destruídos. Os
legalistas tentaram separá-los, mas ao fazerem isso destruíram
a essência da lei, que é o amor. Os antinomianos tentaram separá-los, mas o
amor fora do contexto da lei é insignificante. O amor sem a lei é como um
navio sem leme, assim como a lei sem o amor é como um leme sem navio.
Não há como amar os nossos pais e desobedecer-lhes persistentemente, da
mesma forma como não podemos amar o nosso país sem obedecer às suas leis.
Tão pouco podemos amar a Deus sem guardar os Seus mandamentos.

Se Me amais, guardareis os Meus mandamentos (João 14:15).

A fim de justificar a indiferença aos detalhes dos mandamentos de Deus,


muitos declaram que guardam o espírito da lei sem guardar a letra da lei. Mas
é impossível guardar o espírito da lei sem guardar a letra, apesar de, claro, ser
possível guardar a letra da lei sem guardar o espírito. Isso foi o que o apóstolo
Paulo quis dizer ao declarar: “O qual nos habilitou para sermos ministros de
uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o
espírito vivifica” (2 Coríntios 3:6).
Fingir guardar o espírito da lei e quebrá-la, de fato, não produz nenhum
resultado. Em 1951, os alunos matriculados no Avondale College, na Austrália,
foram autorizados a sair apenas em dias pré-determinados do campus para ir
à vila que ficava aproximadamente a 1,5 quilômetros de distância. O objetivo
dessa regra era assegurar que os moços e as moças não saíssem no mesmo dia
do colégio e se encontrassem fora do campus. Numa ocasião, nós tomamos a
liberdade de sair do campus no dia das moças para tratar de negócios na vila.

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A Lei e o Amor 39
Ao sermos chamados para comparecer diante do comitê de disciplina por
quebrar a regra do colégio, tentamos debilmente defender-nos alegando que
quebramos a letra, mas guardamos o espírito da lei (uma vez que não saímos
para nos encontrar com nenhuma moça). O comitê de disciplina rejeitou
absolutamente a nossa “defesa”, como era de se esperar.
Será que é possível desobedecer aos pais e ainda assim guardar o espírito
do quinto mandamento? Cometer adultério e guardar o espírito do sétimo
mandamento? Ou roubar e guardar o espírito do oitavo mandamento? Que-
brar o sábado e ainda assim guardar o espírito do quarto mandamento? Ou
blasfemar o nome de Deus e guardar o espírito do terceiro mandamento?
Sendo assim, é imperativo que guardemos a santa lei de Deus ao pé da le-
tra. Guardar o espírito da lei automaticamente assegura que a lei está sendo
precisamente guardada. Foi no contexto da transgressão da lei que Deus de-
monstrou o Seu amor ao homem: “Onde abundou o pecado, superabundou
a graça“ (Romanos 5:20).
O amor infinito de Deus o Pai e a complacência do Filho – que resultou
na encarnação, na vida e no ministério de Jesus, no grande sacrifício de Cristo
e na redenção da humanidade – demonstraram a todos os seres criados através
de todas as eras que a lei é a expressão do caráter de Deus, mas que o Seu
caráter também se manifesta em amor. Sendo assim, não é de admirar que
todos os mandamentos estejam baseados em dois grandes princípios: o amor
a Deus e o amor ao próximo.

Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu cora-


ção, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande
e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o
teu próximo como a ti mesmo (Mateus 22:37-40).

No Jardim do Éden um mandamento quebrado gerou medo ao casal caí-


do. As tentativas falhas de se esconderem de Deus indicaram que não tinham
mais confiança e fé em seu relacionamento com Ele. Quebrar os mandamen-
tos de Deus é quebrar o relacionamento de amor com Ele. João expressou
isso de forma muito clara: “No amor não existe medo” (1 João 4:18). Paulo
também percebeu essa relação: “Porque Deus não nos tem dado espírito de
covardia, mas de poder, de amor e de moderação” (2 Timóteo 1:7).

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40 A Solução de Deus...
A falta de amor a Deus resulta na transgressão de Seus mandamentos. A
falha em reconhecer a pureza do caráter de Deus resulta na negligência, na
indiferença e na justificação de atos errados. Muitas vezes tal justificação leva à
prática de um pecado contínuo que inibe o desenvolvimento positivo do indi-
víduo e geralmente mantém a situação conflitante que destrói a saúde mental.
Todos aqueles que amam a Deus demonstram fé e confiança nEle. As-
sim como a criança expressa o amor aos pais por meio da fé e da confiança
permanentes, aqueles que amam a Deus expressam esse amor seguindo cons-
tantemente a Sua orientação. Por isso, não é de admirar que a quebra desse
relacionamento de fé inevitavelmente resulte no pecado. Sob essa luz, a as
seguintes definições de Paulo e de João podem ser facilmente compreendidas:
“O pecado é a transgressão da lei” (1 João 3:4). “Tudo o que não provém da
fé é pecado” (Romanos 14:23).
Se não guardamos os mandamentos de Deus é porque não temos um
relacionamento de fé com Ele e, se não temos um relacionamento de fé com
Ele, é impossível para o ser humano guardar os mandamentos de Deus.
O próprio Jesus sempre ensinou o amor associado com a guarda da letra
da lei. Ao condenar os fariseus de hipócritas, disse: “Porque dais o dízimo
da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais
importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas
coisas, sem omitir aquelas!” (Mateus 23:23).
A lei é o fundamento do governo de Deus, por isso a felicidade da hu-
manidade depende de estar em perfeito acordo com ela. Para muitos a lei de
Deus é vista como restritiva, mas ao reconhecer que essas leis emanam de
um Deus de amor infinito chegaremos à conclusão que a única maneira do
homem alcançar a verdadeira liberdade emocional é através da guarda de tais
leis. A compreensão da relação entre a lei imutável de Deus e o verdadeiro
amor talvez seja essencial para a compreensão dos princípios cristãos de saúde
mental.
Cada transgressão dos mandamentos de Deus está enraizada no egocen-
trismo, destrutivo à saúde emocional. O falso testemunho contra o próximo
é motivado pela avareza, pelo desejo de aprovação, pela ambição pessoal,
pela justificação própria ou por qualquer outra razão egoísta. A cobiça é
claramente egocêntrica, assim como o furto. A autoglorificação e a paixão
descontrolada levam ao adultério. O assassinato é incitado por motivos como
o ódio, a avareza e a ambição por poder. Os pais são desonrados por filhos

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A Lei e o Amor 41
teimosos e obstinados e o sábado é secularizado por aqueles que têm pouco
tempo para Deus. Talvez não haja outro ato mais egocêntrico do que blasfe-
mar o nome de Deus. O egoísmo também é o responsável por colocar outros
“deuses” diante do Deus do Céu ou “criar” deuses que tomam o lugar do
grande Criador do Universo.
Enquanto o amor próprio reinar supremo, será impossível ser feliz, alegre
e realizado. Esse grande problema psicológico aterroriza a sociedade moderna.
Não é de admirar que homens notáveis têm reconhecido essa distorção. Em
seu livro, Whatever Became of Sin? (O Que Aconteceu com o Pecado?), Karl
Menninger, um psiquiatra renomado, cita o famoso historiador britânico,
Arnold Toynbee:

A ciência nunca substituiu a religião. ... A ciência (também) começou


a descobrir como curar a doença psíquica. Até agora, entretanto, a
ciência não mostrou nenhum sinal de que será capaz de enfrentar o
maior problema do homem. Não foi capaz de fazer nada para curar
o homem de seu pecado e do senso de insegurança ou de evitar a dor
do fracasso e o medo da morte. Acima de tudo, não ajudou o homem
a libertar-se da prisão do seu egoísmo inato e levá-lo à comunhão ou
à união com uma realidade maior, mais importante, mais valiosa e
mais duradoura do que a do seu próprio “eu”... Estou convencido de
que o problema fundamental do homem é o egocentrismo. O homem
sonha em tornar o Universo um lugar agradável para si, com muito
tempo livre, diversão, segurança e boa saúde e com nenhuma fome ou
pobreza (K. Menninger, Whatever became of Sin, p. 226).

Comentando a análise acima, Menninger afirmou:

O egocentrismo é apenas um dos nomes. Egoísmo, narcisismo, orgu-


lho e outros termos também são utilizados, mas nem os ministros e
sacerdotes, nem os cientistas comportamentais, inclusive os psiquia-
tras, têm levado esse problema a sério. A inclinação popular está longe
das noções de culpa e de moralidade. Alguns políticos, na tentativa
de encontrar outra palavra, acabam utilizando o termo incorreto: per-
missividade. A doença e o tratamento tornaram-se a propaganda do
 Reimpresso com a permissão da Hawthorn Books Inc.
 Reimpresso com a permissão da Oxford University Press.

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42 A Solução de Deus...
dia e pouco é dito a respeito do egoísmo, da culpa ou da imoralidade.
E, certamente, ninguém diz nada a respeito do pecado... Os ministros
e sacerdotes têm a grande oportunidade de prevenir alguns equívocos
acumulados, a culpa, a agressividade e outras raízes do sofrimento
e da doença mental. Como? Preguem! Digam a verdade. Falem do
púlpito. Proclamem com toda força dos pulmões. O que devemos
proclamar? Proclamem conforto, arrependimento, esperança, pois o
reconhecimento de nossa parte no mundo da transgressão é a única
esperança que nos resta (Ibid., pp. 226-227).

Esse psiquiatra resumiu de muitas maneiras o desafio do cristianismo


hoje. O desafio é reconhecer qualquer tentativa de separar a lei e o amor. Essa
separação destrói totalmente o desenvolvimento emocional e psicológico do
ser humano.

Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor que precede


de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia
(1 Timóteo 1:5).

A condenação dos fariseus por parte de Cristo ocorreu porque tentaram


guardar a letra da lei sem o espírito da lei. Condenou-os por não demonstra-
rem amor ao julgar e pela falta de misericórdia e de fé em seu ministério, mas
Jesus não falhou em afirmar que estavam certos em dizimar cuidadosamente.
“Devíeis, porém, fazer estas coisas”, disse Ele, “sem omitir aquelas!”. Sendo
assim, é essencial guardarmos a letra da lei no espírito de Cristo. Esse prin-
cípio foi demonstrado mais tarde no relacionamento entre Jesus e a adúltera
Maria Madalena.

Nem Eu tampouco te condeno; vai e não peques mais (João 8:11).

Nessa passagem, Jesus demonstrou grande amor e compaixão, mas tam-


bém preservou as normas de Sua lei. João, o discípulo do amor, colocou da
seguinte forma: “Ora, temos, da parte dEle, este mandamento: que aquele
que ama a Deus ame também a seu irmão” (1 João 4:21). Essa passagem
bíblica certamente é a confirmação dos dois grandes mandamentos, pois os
mandamentos de Deus e o amor são inseparáveis. É impossível guardarmos

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A Lei e o Amor 43
realmente os mandamentos de Deus e não amarmos ao próximo. Note que
o texto bíblico acima foi expresso em sentido positivo. Não basta deixar de
odiar, mas no sentido pleno e positivo da palavra, devemos amar todos os
filhos de Deus.
Adão e Eva demonstraram falhas no amor por meio da desobediência. Se
os pais desejam que os filhos tenham uma relação de amor e de respeito com
Deus e com os homens, é imprescindível que treinem cuidadosamente os filhos
a obedecerem. A falta de amor pelo próximo é o maior de todos os pecados.

Aquele que não ama permanece na morte (1 João 3:14).

Colocando de outra forma, o amor próprio é o maior de todos os peca-


dos, pois é a antítese do amor ágape. É a barreira suprema que impede que
amemos ao próximo. Quando o amor se tornar o princípio motivador para a
ação, transformará o caráter, controlará o comportamento e influenciará as
relações interpessoais.

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7
O Problema da Culpa

M
uitos problemas mentais resultam da relutância em aceitar a
imutabilidade dos mandamentos de Deus. A relação íntima
sugerida por Menninger entre os valores espirituais e morais
e os valores mentais e emocionais representa o grande desafio da comuni-
dade cristã. Numa época em que tantos pastores passaram a achar que de-
vem desempenhar o papel de conselheiro e cuidar das necessidades sociais
da comunidade, um clamor como o de Menninger talvez seja necessário a
fim de reorientar o ministério cristão para desempenhar o seu papel mais
importante: o de cuidar das necessidades espirituais do rebanho de maneira
que, em troca, resulte em implicações vitais na saúde mental e emocional da
comunidade.
Uma das áreas mais importantes analisada atualmente pelos psicólogos é
a área da culpa. Por muitos anos os psicólogos rejeitaram a visão cristã clássica
de que a culpa é o resultado do pecado e da transgressão da lei moral de
Deus que, consequentemente, interrompe a comunhão com o Senhor. Houve
muitas tentativas de ignorar a culpa e de racionalizá-la com o objetivo de
incentivar a repetição do comportamento gerador de culpa, mas reduzindo,
para não dizer eliminando, a culpa. Mas o fato é que se o homem não pecou,
não deveria, então, sentir culpa e o medo gerado por ela.
Sigmund Freud foi uma das pessoas que mais se empenhou para desenvol-
ver uma noção de culpa diferente da visão bíblica tradicional. Ele afirmou: “O
sentimento de culpa é, na verdade, nada mais do que uma variedade topográ-
fica de ansiedade, em suas últimas fases coincide completamente com o medo
do superego” (Freud, Sigmund, Complete Works, ed. Strachey, v. 21, p. 135).

 Ver capítulo 6 intitulado “A Lei e o Amor”.

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O Problema da Culpa 45
O tipo de apelo feito por Menninger é, portanto, reanimador, pois redes-
cobre o papel correto da igreja para lidar com a culpa. A Bíblia declara que a
culpa provém do pecado, que é a transgressão dos mandamentos de Deus. Na
verdade, dentro dos próprios mandamentos há indicações claras desse fato,
pois o terceiro mandamento expressa as consequências de sua violação: “Não
tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão, porque o Senhor não terá por
inocente o que tomar o Seu nome em vão” (Êxodo 20:7).
Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento confirmam que o pecado
e a transgressão da lei de Deus resultam no sentimento de culpa por parte
do transgressor.

Será, pois, que, tendo pecado e ficado culpada, restituirá aquilo que
roubou, ou que extorquiu, ou o depósito que lhe foi dado, ou o perdi-
do que achou (Levítico 6:4).

Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se


torna culpado de todos (Tiago 2:10).

A razão principal da culpa é o peso do pecado com a decorrente inquie-


tação e os desejos insaciáveis. O peso não pode se tornar mais leve pela justi-
ficação humana do pecado. Enquanto o homem permanecer no pecado, será
impossível se livrar da condenação e do desespero. Somente no momento em
que o pecado for confessado e perdoado, o transgressor sentirá a verdadeira
paz e felicidade.
Nenhuma medida de esforço para ignorar ou racionalizar o pecado po-
derá erradicar o sentimento de culpa. Todos os que procuraram fazer isso
falharam. Na verdade, é totalmente seguro afirmar que o cristão possui o
único caminho válido para eliminar a culpa: a submissão da vida ao amor
de Cristo Jesus. A Palavra de Deus nos assegura: “Se confessarmos os nossos
pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda
injustiça” (1 João 1:9). Essa é a verdadeira solução para erradicar a culpa. No
Antigo Testamento encontramos a confirmação dessa promessa. Nossos pe-
cados serão lançados nas profundezas do mar e as nossas transgressões serão
afastadas para longe de nós, assim como o Oriente dista do Ocidente. Aos

 Ver Miqueias 7:19 e Salmo 103:12.

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46 A Solução de Deus...
pés de Jesus recebemos a oportunidade de um novo relacionamento com Ele
em que a culpa não terá mais domínio sobre a nossa vida. Paulo confirma que
a vitória em Cristo resulta na eliminação da culpa.

Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo


Jesus (Romanos 8:1).

O cientista comportamental cristão possui a função vital de empregar a


sua influência para levar outros a reconhecer que a única maneira da culpa e
de seus efeitos serem erradicados é por meio da aceitação dos méritos da graça
salvadora de Jesus.
Muitas vezes a culpa tem sido encarada como sendo prejudicial ao de-
senvolvimento humano saudável, mas, na verdade, desempenha um papel
muito importante na experiência de cada ser humano. A culpa geralmente
é a reação interna resultante de uma ação que separa o indivíduo de Deus.
Tal sentimento deveria levar o indivíduo a Deus e à Fonte do verdadeiro
perdão ocasionando a sua eliminação. Aqui se encontra a verdadeira resposta
para os grandes problemas psicológicos enfrentados por aqueles cuja vida é
dominada pela culpa.
Os cristãos, acima de todos, têm a oportunidade de ajudar homens e mu-
lheres a conhecer a melhor forma de lidar com a culpa e com os resultados
emocionais das respostas inadequadas à ela. Ao ensinarem o princípio do
certo e do errado, proporcionarão aos outros uma base de apoio para dis-
tinguirem entre a culpa, que é o resultado direto do pecado da transgressão
da lei de Deus, e dos padrões de comportamento indutores de culpa, cujos
fundamentos estão nas práticas sociais ou familiares.
Freud obteve sucesso em lidar com o medo reprimido e com a redução
do que, em sua opinião, não passavam de efeitos indesejáveis do processo
inibitório, levando muitos a amortecer a consciência e reprimir o sentimento
de culpa. Assim, mais do que nunca, muitos se tornaram incapazes de lidar
com esse sentimento. Como resultado, a saúde mental da comunidade está
sendo dramaticamente atacada. A mensagem de Cristo é a essência da ver-
dadeira saúde mental. O conselho de Paulo: “Pois Deus não nos deu espírito
de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio” (2 Timóteo 1:7, NVI) é
muito relevante nessa questão. Não há dúvida de que a religião de Cristo é a
base fundamental do equilíbrio emocional, pois o homem apenas será capaz

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O Problema da Culpa 47
de desenvolver o poder emocional e mental de acordo com o propósito divino
quando mantiver um relacionamento significativo com o Criador.
O problema da culpa é outra área intimamente ligada ao problema da
autoimagem. Muitos se sentem desvalorizados, perdem a identidade e não
sabem ao certo o papel específico que desempenham na vida. A tendência
desses indivíduos é sofrer consideravelmente de um conflito emocional. Cris-
to, novamente, apresenta as respostas para a baixa autoestima e para a baixa
autovalorização. Não devemos nos esquecer das afirmações bíblicas – “Pois
todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3:23), “Como está
escrito: Não há justo, nem um sequer” (Romanos 3:10), “Todos os nossos atos
de justiça são como trapo imundo” (Isaías 64:6, NVI) e “Sem Mim nada po-
deis fazer” (João 15:5) –, mas devemos nos lembrar também que o principal
propósito do cristianismo é desenvolver a valorização da humanidade.
Quando o homem foi criado, foi criado à imagem de Deus, mas quan-
do o pecado inundou o mundo inteiro, a imagem de Deus foi destruída. O
propósito do ministério de Cristo e do Espírito Santo para a humanidade é a
restauração da imagem de Deus no homem.
Ao nos entregarmos a Cristo, desenvolvemos um novo conceito de au-
tovalorização. Assim que o pecador arrependido reconhece que o salário do
pecado foi pago por meio do sacrifício de Cristo para que tivesse direito à
vida eterna, começa a reconhecer, pelo menos em parte, o grande valor que
tem diante dos olhos de Deus. O fato de sermos chamados de filhos e filhas
de Deus e co-herdeiros de Cristo não abre espaço no pensamento do cristão
para a baixa autoestima .
A sensação de autovalorização não deve ser confundida com o orgulho,
pois o orgulho tem suas raízes na autoexaltação e nas realizações humanas
baseadas no autodesempenho. O verdadeiro valor do cristão é o reconheci-
mento, não daquilo que é ou faz, mas daquilo que Cristo fez por ele. Assim,
o próprio Cristo, e não o “eu”, torna-se o centro. É muito importante que a
ênfase seja dada no grande valor que Deus atribuiu a todos nós. Em cada ser
humano, Jesus viu um potencial ilimitado.
Esse reconhecimento não resultará em complacência, mas representará
um desafio para homens e mulheres buscarem refletir em sua plenitude a be-
leza da imagem de Jesus. Tal homem e mulher não poderão mais ser atormen-

 Ver capítulo 5 intitulado “O Amor e a Saúde Mental”.

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48 A Solução de Deus...
tados pelo sentimento de desvalorização e de inutilidade, pois agora possuem
uma visão clara da magnitude do que Cristo fez por sua vida e o que pode ser
realizado por meio dEle. Essa pessoa se apropriará da promessa feita por Jesus:
“Deixo-vos a paz, a Minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo.
Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (João 14:27).
O cristão sincero sente uma paz inigualável que pode ser apenas alcança-
da através do relacionamento com Cristo, pois o Senhor disse que “abençoa
com paz o Seu povo” (Salmo 29:11).
Essa paz mental poderá ser alcançada quando houver um relaciona-
mento único entre Deus e o homem, de maneira que o “eu” esteja comple-
tamente submetido a Cristo e Ele tenha a permissão de reinar supremo na
vida do homem.

Tu, Senhor, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme;


porque ele confia em Ti (Isaías 26:3).

Quando todo egoísmo e toda autodefesa acabar, reinará a serena paz.

Grande paz têm os que amam a Tua lei; para eles não há tropeço
(Salmo 119:165).

Essa é a paz que todo ser humano espera encontrar hoje.


Toda culpa deverá ser colocada sobre a cruz de Cristo. O pecador desani-
mado pode encontrar perdão ao aceitar Aquele que prometeu: “Portanto, Ele
é capaz de salvar definitivamente aqueles que, por meio dEle, aproximam-se
de Deus, pois vive sempre para interceder por eles” (Hebreus 7:25, NVI).
Cristo nunca desaponta aqueles que O buscam. Ele concede o perdão
completo e a liberdade. Ao humilhar-se, reconhecendo o pecado diante de
Deus, o homem obtém o verdadeiro alívio da culpa. Tal confissão do erro
requer que o homem corrija qualquer desavença ou injustiça que tenha envol-
vido o próximo.

Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu
irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta,

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O Problema da Culpa 49
vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a
tua oferta (Mateus 5:23-24).

A obediência ao conselho bíblico acima resulta na liberdade dos relacio-


namentos humanos que se tornará ricamente recompensadora.
Neste período crítico da história, ao presenciarmos a quebra da estrutu-
ra moral e emocional dentro da comunidade, a igreja cristã deve reafirmar
o seu papel e a função verdadeira do púlpito, proporcionando às massas
um entendimento mais claro da essência da verdadeira força espiritual,
mental e emocional que pode ser alcançada apenas por meio do poder de
Jesus. Há uma forte tendência entre os pregadores de entrar no campo do
aconselhamento pastoral.
Na maioria das técnicas de aconselhamento é comum evitar qualquer
resposta que possa imputar o erro ou o julgamento moral sobre o indivíduo
que está sendo aconselhado. Essa atitude tem diversas vezes sido levada ao
púlpito pelo pregador. O certo e o errado não têm sido claramente definidos
e as congregações são deixadas na incerteza e no pecado. O pregador orde-
nado por Deus tem a responsabilidade de apresentar a verdade de maneira
tão clara que ninguém seja deixado em dúvida quanto ao propósito de Deus
para a sua vida. O verdadeiro arrependimento ocorre apenas quando o erro
é reconhecido. O pregador tem o dever de expor ao povo: “a vida e o bem,
a morte e o mal” (Deuteronômio 30:15). O conselheiro cristão possui uma
responsabilidade semelhante.
Embora o Cristão deva buscar o perdão de Deus para o pecado, o ob-
jetivo da vida cristã é resistir à tentação. Agir corretamente é um remédio
maravilhoso para a mente perturbada. O coração puro, a boa saúde e a mente
equilibrada estão positivamente correlacionados. Ceder continuamente ao
pecado gera a perda do autorrespeito e a perversão do princípio e do julga-
mento. Há uma grande necessidade de desenvolver atividades saudáveis a fim
de preservar a pureza da vida. O ócio e a preguiça destroem o autorrespeito
e geram um imenso sentimento de culpa. Na parábola do sumo sacerdote
Josué, a remoção das vestes sujas, antes de serem substituídas por trajes finos
e um turbante limpo, simboliza a remoção do pecado daqueles que receberam
uma nova vida em Cristo.

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50 A Solução de Deus...
Deus me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do
Anjo do Senhor, e Satanás estava à mão direita dele, para se lhe opor.
Mas o Senhor disse a Satanás: O Senhor te repreende, ó Satanás; sim,
o Senhor, que escolheu a Jerusalém, te repreende; não é este um tição
tirado do fogo? Ora, Josué, trajado de vestes sujas, estava diante do
Anjo. Tomou este a palavra e disse aos que estava diante dele: Tirai-
lhe as vestes sujas. A Josué disse: Eis que tenho feito que passe de ti a
tua iniquidade e te vestirei de finos trajes. (Zacarias 3:1-4).

A solução para o problema da culpa é a confissão sincera do pecado bus-


cando o perdão prometido por Deus e, pelo poder de Cristo, renunciando os
caminhos do pecado.
Alguns dizem que o pecado do cristão não o separa da família de Deus.
Assim como o pai humano, Deus não expulsa um filho Seu simplesmente
porque pecou. Entretanto, o pecado é um indício de que nós mesmos é que
nos separamos da família de Deus.

Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e


os vossos pecados encobrem o Seu rosto de vós, para que vos não ouça
(Isaías 59:2).

Somente um Deus fiel, por meio das provisões do sacrifício de Seu filho,
pode reintegrar o pecador ao convívio de Sua família através do perdão e do
poder para vencer.

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8
As Emoções Negativas

A
s emoções e os sentimentos, as dimensões afetivas do homem, de-
sempenham um papel central na vida humana, revelando e, muitas
vezes, dominando as forças intelectuais e cognitivas. Embora não
seja bom que as emoções superem a razão no momento de tomar decisões,
também não é bom que as decisões sejam feitas com base no intelectualis-
mo frio e calculado. As emoções oferecem uma resposta fundamentalmente
única aos estímulos do meio, apesar de também resultarem em grande parte
de influências do meio em que se esteve inserido no passado. A razão deve,
portanto, estar ciente das reações emocionais e estar pronta para respondê-las,
mas nunca permitir ser dominada por elas.
As emoções são educáveis. Podem ser disciplinadas para promover uma
satisfação crescente pela vida ou lançar sombras escuras de reações negativas
sobre ela. As emoções em si não são nem boas e nem más. Até mesmo as emo-
ções positivas, como a alegria, podem gerar consequências negativas, como
também, algumas emoções negativas, como a tristeza, podem causar efeitos
positivos. Não é fisicamente vantajoso encontrar-se num estado emocional
intenso por longos períodos de tempo, pois tanto as emoções positivas quanto
as negativas esgotam os recursos do corpo humano. Por outro lado, a tristeza
e a dor, especialmente quando resultam da ação errada ou de relações pessoais
abusivas, desempenham um papel muito importante na busca do arrependi-
mento e da restauração.
Geralmente, o estado de contentamento e serenidade não exibe fortes
reações emotivas. A pessoa equilibrada não passa por estados frequentes ou
prolongados de excitação emocional, seja negativa ou positiva. O tumulto
emocional constante gera grandes prejuízos que afetam tanto a dimensão
física quanto a dimensão espiritual do ser humano. A relação entre a emo-
tividade intensa e a doença cardiovascular é bem conhecida. Muitos estados

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hiperemotivos resultam em reações do sistema nervoso simpático, inclusive na
produção de adrenalina, no aumento da frequência dos batimentos cardíacos,
do ritmo da respiração, da produção de suor e na inibição do processo diges-
tivo. Tais reações constantes de estresse são altamente geradoras de doenças
degenerativas.
Os efeitos da vida urbana atual tendem a produzir o estresse emocional
impedindo que as pessoas desfrutem de uma vida simples, tão benéfica à
saúde humana. Há muita terapia no cotidiano de países não complicados,
livres da maioria das características indutoras de agitação da vida moderna.
A mídia de entretenimento é a maior culpada por iniciar e manter a emotivi-
dade demasiadamente elevada. Passar horas a cada dia no ambiente irreal do
drama televisivo deve inevitavelmente causar um efeito cumulativo sobre os
recursos emocionais.
Além disso, o desenvolvimento de uma sociedade altamente competitiva
resultou em sérias tensões emocionais, em disputas e em apelos ao orgulho, à
raiva, à ambição egoísta, à amargura e à rivalidade. A competividade domina
uma grande parte da vida, desde a escola e os esportes até o mundo dos ne-
gócios, impondo um ambiente arriscado e perigoso. Muito pode ser realizado
com o desenvolvimento do atributo cristão da cooperação buscando realiza-
ções que não levam outros a perder ou a se machucar. Cada um influencia o
outro. As atitudes e as atividades de cooperação beneficiam todos os envol-
vidos. Os pensamentos e os sentimentos corretos são gerados ao encararmos
os nossos semelhantes como parceiros, não rivais ou inimigos. Talvez haja
mais do que uma simples verdade no diálogo atribuído ao dramaturgo A. A.
Milne – um notável pacifista. Quando lhe perguntaram se concordava que as
guerras da Inglaterra foram vencidas nos campos de jogos de Eton e Harrow
(duas escolas famosas da Inglaterra), respondeu: “Não foram apenas ganhas,
mas começaram ali”.
Os autores deste livro estão bem cientes das emoções intensas que esses
“campos de jogos” podem criar. Ambos foram esportistas ávidos e bem-su-
cedidos na juventude. Os dois foram capitães do Time de Tênis de Mesa
da Universidade de Sydney em partidas contra outras universidades do país.
Depois de ter vencido o campeonato individual, Colin tornou-se o capitão
do time de tênis de mesa das Universidades Australianas na primeira partida
internacional contra o time das Universidades da Nova Zelândia. Sabemos
muito bem que em vez de exercícios físicos benéficos, essas partidas tornam-

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As Emoções Negativas 53
se a causa de grandes tensões. Lembramo-nos como se fosse hoje da decepção
profunda que sentimos na ocasião em que quase perdemos a última partida
de duplas do campeonato da Universidade de Sydney e de nossa grande agi-
tação ao vencermos esse e muitos outros campeonatos. Uma avaliação mais
madura desse período nos leva a admitir que tais atividades não nos levaram
para mais perto de Cristo e de nossos semelhantes. Estamos felizes que esses
dias ficaram para trás.
Às vezes até mesmo as emoções positivas, se constantemente elevadas,
possam gerar efeitos prejudiciais de longo prazo. Porém, tais efeitos certa-
mente serão o resultado das emoções negativas persistentes. A maioria das
emoções positivas como a coragem, a esperança, a fé, o amor, a compaixão e
a alegria tendem a fortalecer o vigor da vida, mas geralmente são eliminadas
por emoções negativas como o pesar, a ansiedade, o medo, a depressão, a
raiva, o ciúme, a aflição, a inimizade e a culpa. As emoções negativas, devido
às suas consequências debilitantes, afetam a força e reduzem a efetividade da
vida. Esses resultados tornam-se mais evidentes a partir da meia idade.
Muitas emoções negativas possuem conotações positivas num sentido
limitado. Paulo advertiu: “Irai-vos e não pequeis, não se ponha o sol sobre
a vossa ira” (Efésios 4:26). Salomão disse que há “tempo de odiar” (Ecle-
siastes 3:8, NVI). Tiago afirmou que devemos ser inimigos do mundo:
“Não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele,
pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tia-
go 4:4). Finalmente, Paulo aconselhou: “Procurai, com zelo, os melhores
dons” (1 Coríntios 12:31).
Somente poderemos entender essas emoções negativas num sentido po-
sitivo ao reconhecermos que as admoestações acima abordas são a expressão
de tais emoções fora do contexto do egocentrismo. A ira referida por Paulo
representa a indignação íntegra quando, por exemplo, o nome sagrado de
Deus ou as Suas santas leis são profanados. Jesus expressou tal ira na ocasião
em que purificou o Templo.

Tendo Jesus entrado no templo, expulsou todos os que ali vendiam e


compravam; também derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras
dos que vendiam pombas. E disse-lhes: Está escrito: A Minha casa
será chamada casa de oração; vós, porém, a transformais em covil de
salteadores (Mateus 21:12-13).

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Quando Moisés presenciou os filhos de Israel adorando o bezerro de ouro,
expressou a sua ira.

Logo que se aproximou do arraial, viu ele o bezerro e as danças; então,


acendendo-se-lhe a ira, arrojou das mãos as tábuas e quebrou-as ao pé
do monte (Êxodo 32:19).

A ira gerada pela injustiça ou pela crueldade imputada ao próximo ou aos


animais também pode constituir uma expressão apropriada dessa emoção. A
ira e a inimizade referidas por Salomão e Tiago não se tratam de sentimentos
contra outros seres humanos, pois todos nós somos admoestados a amar os
nossos inimigos.

Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos
perseguem (Mateus 5:44).

Há também a ira que o cristão deve desenvolver pela transgressão da lei de


Deus. Foi isso que Pedro quis dizer ao escrever: “Aparte-se do mal, pratique o
que é bom, busque a paz e empenhe-se por alcançá-la” (1 Pedro 3:11).
No contexto em que Paulo aconselhou-nos a procurar com zelo os me-
lhores dons, referiu-se a busca dos dons espirituais para que fosse feito todo o
possível para disseminar o evangelho de Jesus Cristo. Nesse sentido, “procu-
rar” não tem nenhuma relação com a busca de possessões ou de prosperidade,
mas com o desejo de cumprir plenamente os propósitos de Deus para a vida.
Devemos admitir que a expressão da maioria das emoções negativas
emana de motivos egoístas e, aqui, encontra-se o perigo tanto físico quanto
espiritual. Aqueles que são puros de coração estão livres da raiva, do ciúme e
da ira em relação ao próximo, como também estão livres da inquietação, do
descontentamento, da incerteza e do enfado. É quase inevitável que as emo-
ções egocêntricas negativas gerem a depressão e o desânimo. Muitas vezes, as
decisões vitais e de longo alcance são tomadas num estado de desânimo. Tais
decisões geralmente não passam de escolhas erradas, pois Satanás é o autor do
desânimo e cada decisão feita com desânimo será a sua decisão. O desânimo
está enraizado na emoção egoísta, por isso é sábio suspender qualquer tomada
de decisão até que uma relação mais íntima com Cristo seja estabelecida e o
desânimo tenha sido banido.

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As Emoções Negativas 55
O ódio e a raiva em suas várias manifestações são, talvez, as emoções
mais destrutivas. A condescendência com o ódio abre a mente para Satanás
permitindo que sejamos cúmplices do pecado. Essa emoção é tão séria que
João a comparou com o assassinato.

Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo
assassino não tem a vida eterna permanente em si (1 João 3:15).

Jesus expressou sérias consequências eternas para aqueles que expres-


sarem a ira.

Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra
seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a
seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar:
tolo, estará sujeito ao inferno de fogo. (Mateus 5:22).

Salomão sabiamente aconselhou: “A resposta branda desvia o furor” (Pro-


vérbios 15:1). O ódio e a vingança começaram com Satanás e eram tão fortes
que não descansou até tirar a vida do Filho de Deus.

Ora, Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes, que era um dos


doze. Este foi entender-se com os principais sacerdotes e os capitães
sobre como lhes entregaria a Jesus (Lucas 22:3-4).

Foi a inimizade nascida do orgulho que levou Caim a assassinar o próprio


irmão, Abel, e que levou o rei Saul a perseguir Davi. A maldade frequente-
mente resulta em morte. Não importa a razão que estimulou o ódio. A expres-
são ou até mesmo o pensamento de ódio coloca o indivíduo sob a condenação
severa da culpa. Muitas vezes o ódio e a raiva originam-se de acusações falsas
ou maliciosas e o ódio é estabelecido como autodefesa. Como seria mais fácil,
mais sábio e mais saudável se deixássemos a nossa reputação nas mãos de Deus!
O ato de refutar a acusação não a diminui e pode até mesmo aumentá-la. É
muito mais sábio ficar em silêncio quando formos acusados falsamente do que
sofrer as consequências negativas que resultam da vingança. Ao seguirmos o

 Ver Gênesis 4:3-8.


 Ver 1 Samuel 18:6-11.

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nosso maior Exemplo, Jesus, seremos altamente beneficiados tanto espiritual
quanto emocionalmente por meio do silêncio.

Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro
foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os Seus tos-
quiadores, Ele não abriu a boca (Isaías 53:7).

O medo e a dúvida são também armas poderosas utilizadas por Satanás


para destruir o homem. Assim como todas as emoções, o medo pode ser ex-
presso por pensamentos, por palavras e por ações. O medo tem muitas causas
potenciais, as mais prováveis são a incredulidade e o pecado. A dúvida e o
ceticismo normalmente resultam do amor ao pecado e à sua prática. Aqueles
que expressam dúvidas a respeito da existência, do amor ou da graça salvadora
de Deus em relação a sua própria vida, são quase sempre prisioneiros do pe-
cado. A insatisfação e o desânimo de uma vida pecaminosa inevitavelmente
resultarão em medo. O medo dominou Adão e Eva ao tentarem se esconder
de Deus logo após caírem em pecado.

E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele


respondeu: Ouvi a Tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo,
e me escondi (Gênesis 3:9-10).

A incredulidade foi a razão do medo sentido pelos discípulos durante a


tempestade no mar da Galileia. Paulo declarou: “Tudo o que não provém de
fé é pecado” (Romanos 14:23). Ao resistirmos à dúvida e ao medo, o ânimo
toma conta do ser e a fé é fortalecida.
Não há maior antídoto para o desânimo do que a fé e a confiança total
em Deus. Até mesmo a confiança vacilante do indivíduo indeciso e repleto de
dúvidas poderá ser fortalecida. Esse fato é maravilhosamente ilustrado na res-
posta de Cristo ao pai do filho endemoninhado. Cristo afirmou-lhe que todas
as coisas são possíveis ao que crê. Com lágrimas nos olhos, o pai clamou: “Eu
creio! Ajuda-me na minha falta de fé!” (Marcos 9:24).
Cristo foi capaz de aceitar aquela fé hesitante e curar o filho. Nossa fé for-
talece-se ao falarmos sempre da bondade e do poder de Deus, especialmente
ao recontarmos as bênçãos recebidas individualmente. É muito importante
 Ver Marcos 4:37-41.

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As Emoções Negativas 57
nunca disseminarmos a dúvida. A despeito dos sentimentos de hesitação, de-
vemos desenvolver o hábito de pensar e agir como se a nossa fé não pudesse
falhar. Foi uma fé assim que motivou Paulo e Silas a orar e cantar louvores a
Deus na prisão à meia noite depois de terem sido severamente açoitados. A
preocupação e a ansiedade resultam da falta de fé. Tanto uma quanto a outra
destroem o aspecto físico e emocional. Ter fé em Cristo é aceitar o convite
para colocarmos nossos fardos sobre Ele.

Vinde a Mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos


aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jogo e aprendei de Mim, porque Sou
manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma
(Mateus 11:28-29).

A confiança em Deus deve ser mantida independente dos sentimentos.


Deus nunca pode ser culpado pela aflição ou pela adversidade. Na verdade,
em resposta ao conflito e à provação, a nossa vida espiritual e emocional pode
ser fortalecida quando o princípio da fé se tornar cada vez mais significativo.
A fé também oferece a única proteção verdadeira contra o pecado, pois a
fé se apega a Deus em Sua palavra e a segue irrestritamente. Essa fé contrasta-
se com a presunção que, sabendo das mesmas promessas, ignora os planos e os
caminhos de Deus e esforça-se por cumpri-los à maneira do homem.
Na vida de Abraão tanto a fé quanto a presunção podem ser claramente
ilustradas. Abraão demonstrou total confiança em Deus ao ser chamado para
deixar a segurança da próspera cidade de Ur e viajar para uma terra desconhe-
cida. Por outro lado, Abraão tentou cumprir a promessa divina de um filho
e herdeiro tomando a serva Hagar como sua segunda esposa e gerando um
filho com ela. Essa sequência de ações resultou da presunção. A verdadeira fé
crê que a palavra de Deus não falha e, apesar de sermos testados e provados,
todos nós podemos desfrutar da certeza do amor de Deus e da segurança
de que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”
(Romanos 8:28).
O ser humano nem sempre percebe o trabalho de Deus, mas uma fé
inabalável na bondade e na preocupação pessoal de Deus pode nos fortalecer
 Ver Atos 16:23-25.
 Ver Hebreus 11:8-9.
 Ver Gênesis 16:1-4.

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58 A Solução de Deus...
em tempos de grandes dificuldades. Quanto mais falarmos do amor de Deus
e quanto menos nos concentrarmos em nossas provações, mais e mais seremos
fortalecidos. A cada dia somos rodeados pela generosidade do amor de Deus.
O reconhecimento desse amor e de Seu cuidado eliminará toda a dúvida e o
medo. Em vez de tentar remover todas as dificuldades, acheguemo-nos a Jesus
na certeza de receber forças suficientes para enfrentá-las. Geralmente, aqueles
que enfrentaram as maiores provações e dificuldades são capazes de trazer os
maiores consolos e ajuda aos que se encontram em necessidade e de oferecer a
plena certeza do amor de Deus. Ao fazer isso o confortador elimina qualquer
desânimo que ele mesmo possa ter.
Aqueles que submeterem a vida ao domínio do amor de Deus serão li-
bertados da escravidão das emoções egoístas, com todos os seus efeitos des-
trutivos. Passo a passo, a emoção predominante será o amor gerado por um
coração puro. As sombras serão dissipadas e o espírito iluminado. A certeza
da presença constante de Deus será o fundamento da confiança para enfren-
tar os desafios do dia-a-dia, não importa o grau de dificuldade que possam
apresentar.

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O Conflito e a Frustração

Q uase não há limites para as situações que podem frustrar o ho-


mem. Se essas situações reais já não bastassem para frustrá-lo,
ainda é capaz de imaginar situações motivadas pelo medo, pela
apreensão e pelas ansiedades que acentuam ainda mais a frustração. A frus-
tração ocorre quando qualquer circunstância, real ou imaginária, apresenta
barreiras para as nossas esperanças, motivações, ambições, saciedade ou para
as nossas necessidades físicas e sociais, ou ainda para os nossos desejos pes-
soais. A frustração normalmente gera sentimentos negativos e desagradáveis,
que podem se manifestar de muitas formas e na subsequente debilitação das
potencialidades humanas. Tais barreiras podem ser amplamente definidas
em três áreas:
1. Barreiras Pessoais. Essas barreiras resultam das limitações físicas e
pessoais, incluindo as deficiências físicas, como a auditiva e visual, e as bar-
reiras resultantes de certas limitações intelectuais, educacionais ou medidas
por nossas habilidades.
2. Barreiras Interpessoais. Essas barreiras resultam das relações sociais
ou interpessoais. Tais frustrações são geradas quando alguém consegue a vaga
de emprego que desejávamos ou casa-se com a pessoa que estávamos interes-
sados, ou por relacionamentos sociais pobres, seja um grupo de colegas, ou
subordinados, ou superiores, ou todos juntos.
3. Barreiras Físicas. Esses fatores resultam das barreiras produzidas pelo
meio em que se vive. Por exemplo, o fazendeiro pode receber pouca chuva no
tempo certo ou talvez chuva demais. Outras ilustrações incluem a frustração
causada pelo trânsito intenso ou por uma tempestade que atrapalhe alguém
ansioso para comparecer a um compromisso.

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60 A Solução de Deus...
Experimentos revelaram que a causa da frustração geralmente é relativa.
Uma criança, por exemplo, tende a ser feliz com brinquedos improvisados até
conhecer os brinquedos industrializados. Os adultos de gerações anteriores
ficavam satisfeitos com a luz de um simples lampião ou com um ferro à brasa,
ou com uma tina de lavar roupa e uma tábua de esfregar, ou com uma caixa
de gelo, mas hoje poucos indivíduos da sociedade ocidental ficariam satisfei-
tos com quaisquer desses itens. Esse relativismo é geralmente determinado
pela sociedade ou pelo grupo subsocial do qual fazemos parte.
A síndrome de “tentar manter o mesmo padrão de vida de outra pes-
soa” é uma fonte real de constante frustração para a maioria das pessoas.
Muitas vezes a pressão da frustração não resulta das barreiras impostas por
alguma situação esmagadora, mas pela pressão de pequenos acontecimentos
inconsequentes e constantes. A frustração acentua-se especialmente quando
cedemos à autopiedade desenvolvendo a atitude de que “todo mundo está
contra mim”.
Há uma grande diferença entre as habilidades humanas para lidar com as
situações estressantes e indutoras de pressão. Alguns são poucos tolerantes ao
estresse, já outros são muito mais tolerantes, mas, provavelmente, todos os seres
humanos possuem um ponto fraco. Aqueles que apresentam uma tolerância
moderada diante das situações de estresse podem, ao longo da vida, desenvolver
condições psicóticas, se estiverem sujeitos a situações estressantes de nível eleva-
do, intenso e constante. Outros, porém, bem menos tolerantes às situações de
estresse, podem passar a vida sem desenvolver nenhuma condição psicótica, se
não estiverem sujeitos a situações de estresse constantes e intensas.
A frustração pode ser definida através de situações conflitantes, que estão
divididas em três grupos diferentes:
1. Conflitos Aproximação-Aproximação. Esse tipo de conflito ocorre
quando enfrentamos uma situação que envolve dois ou mais atos mutua-
mente excludentes. Espera-se que ambos os atos resultem em consequências
positivas. No dia-a-dia da experiência humana, esse conflito pode envolver
incidentes como: num lindo dia de sol você deseja nadar na praia e ao mesmo
tempo sentir o ar fresco das montanhas, ou terminar uma determinada tarefa
e ao mesmo tempo passar algum tempo na casa dos amigos.
Na Palavra de Deus encontramos o conflito aproximação-aproximação na
trágica experiência do jovem rico. Ele desejava obter a vida eterna, mas tam-
bém queria continuar a amar as suas riquezas. Tanto a vida eterna quanto o

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O Conflito e a Frustração 61
amor pelas riquezas apresentavam valências positivas para ele e, tragicamente,
acabou escolhendo a última opção. Por outro lado, dois outros personagens
enfrentaram uma escolha semelhante a do jovem rico, mas optaram pela vida
eterna. Abrão escolheu seguir a orientação de Deus e viajar rumo a uma terra
totalmente desconhecida. Ao fazer isso, teve de deixar as valências positivas
do conforto de seu lar na cidade de Ur dos Caldeus e a amizade dos familia-
res e amigos. Da mesma forma, Moisés, ao ser confrontado com a valência
positiva de desfrutar os prazeres do Egito, escolheu a comunhão com Deus e
com o Seu povo.
Geralmente, os conflitos aproximação-aproximação são prontamente re-
solvidos, apesar de serem de grande importância para as atividades costumei-
ras da vida e muitas vezes representarem consequências dramáticas e eternas.
Sem dúvida, as escolhas de Abrão e de Moisés geraram uma satisfação que o
jovem rico jamais experimentou.
2. Conflitos Aproximação-Evitamento. Esses conflitos ocorrem quando
temos de tomar uma decisão cujo resultado gerará consequências positivas e
negativas. Ao mesmo tempo em que os resultados desejados serão alcançados,
também haverá resultados indesejados associados à decisão tomada. Esse tipo
de conflito pode ser facilmente exemplificado por meio das atividades físicas.
Talvez, queiramos os benefícios de tomar um banho frio, mas ao mesmo
tempo desejamos evitar a sensação negativa da água gelada. Ou, quem sabe,
queiramos os benefícios dos exercícios físicos, mas desejamos evitar a dor
muscular e a respiração ofegante.
Em nossa vida espiritual, sempre enfrentamos conflitos aproximação-evi-
tamento. Um exemplo típico é a experiência do profeta Balaão. O rei Balaque
ofereceu-lhe muitas riquezas se desobedecesse a Deus e amaldiçoasse o povo
de Israel. Balaão foi tomado pela ganância de receber toda aquela riqueza,
mas sabia que se escolhesse ficar rico, teria de enfrentar as consequências
negativas de desobedecer a Deus. Infelizmente, Balaão escolheu a riqueza
oferecida pelo rei Balaque. Talvez, não haja melhor exemplo de um conflito
aproximação-evitamento, e nenhum outro mais vívido, do que a experiência
de Jesus no Jardim do Getsêmani ao orar: “Meu Pai, se não é possível pas-
sar de Mim este cálice sem que Eu o beba, faça-se a Tua vontade” (Mateus
 Ver Mateus 19:16-22.
 Ver Gênesis 12:1-4.
 Ver Hebreus 11:24-27.
 Ver Números capítulos 22 e 23.

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62 A Solução de Deus...
26:42). Cristo enfrentou a terrível agonia de suportar os pecados do mundo
inteiro e morrer a morte de um homem perdido para cumprir a vontade do
Pai. Poderia ter se esquivado de tal responsabilidade infinita e evitar o trauma
associado ao Seu sacrifício, mas para a eterna gratidão de todos os filhos de
Deus, Jesus escolheu fazer a vontade do Pai.
Na maioria das situações, os conflitos aproximação-evitamento são mais
difíceis de resolver e, portanto, mais suscetíveis de causar a frustração, a inde-
cisão e a depressão do que os conflitos aproximação-aproximação.
3. Conflitos Evitamento-Evitamento. Esses conflitos ocorrem quando
enfrentamos uma decisão que não pode ser evitada e cujo resultado gerará
consequências negativas e dolorosas. Esse conflito, sem dúvida, é o mais di-
fícil de ser resolvido. Pode ser muito bem exemplificado com a experiência
de uma criança que está infeliz no lar devido aos maus tratos. A criança
tem a opção de fugir – com a consequência da incerteza que também quer
evitar – ou a de permanecer em casa e continuar sendo punida severamente.
Esse tipo de conflito também pode ocorrer nas decisões relacionadas a certas
condições físicas em que, talvez, devido a sérios problemas cardíacos, a expec-
tativa de vida do indivíduo seja incerta e a cirurgia seja totalmente arriscada.
Esse conflito pode ser mais bem compreendido na experiência dos israelitas
que fugiram do Egito. Ao chegarem ao mar Vermelho, perceberam que o
exército egípcio os perseguia ferozmente. Estavam diante de duas possíveis
consequências – ambas aparentemente negativas. De um lado, encontrava-se
o intransponível mar Vermelho que, se resolvessem atravessar, certamente
morreriam afogados. Do outro lado, o exército egípcio que, sem dúvida al-
guma, os destruiriam ou os levariam de volta à escravidão. Humanamente
falando, não havia saída. O mesmo ocorre com muitas situações evitamento-
evitamento. Parece não haver nenhuma solução para o conflito. O impasse
apenas intensifica ainda mais a frustração que, em troca, geralmente, produz
muitas outras manifestações negativas como a agressão, a raiva, o ódio, o
ciúme, a depressão, a fantasia, a indecisão, a regressão e sérios colapsos emo-
cionais. O conflito evitamento-evitamento é, portanto, o mais difícil de ser
resolvido. Claro que há muitos conflitos que também apresentam valências
duplas, tanto negativas quanto positivas, que apenas aumentam a complexi-
dade da tomada de decisão humana.

 Ver Êxodo 14:10.

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O Conflito e a Frustração 63
O conflito evitamento-evitamento torna-se ainda mais crítico em situa-
ções em que dois males estão envolvidos. A filosofia de ética circunstancial
propôs muitas situações desse tipo com o objetivo de sugerir que é impossível,
até mesmo para um cristão, apegar-se a valores morais absolutos. A seguir,
estão alguns dos exemplos clássicos:
1. Um navio de passageiros afunda. Não há botes salva-vidas suficientes
para socorrer todos os passageiros. Rapidamente os botes disponíveis atingem
a capacidade máxima, mas ainda restam muitos passageiros que, desesperados
para se salvar, tentam entrar a bordo. Mas se isso acontecer, todos morrerão,
pois o bote não é capaz de suportar tanto peso. Assim, seria “aceitável” escolher
o mal menor e impedir que entrem a bordo a fim de que alguns sejam salvos.
2. Seria “aceitável” dizer uma mentira, se necessário, para impedir que
alguém fosse morto.
3. Seria “aceitável” cometer adultério se, com isso, o indivíduo salvasse a
própria vida e a vida de outros.
Em 11 de fevereiro de 1971, em San Diego State College, nos Estados
Unidos, o professor Joseph Fletcher debateu com o Dr. John Warwick Mon-
tgomery a questão da ética circunstancial. Fletcher apoiou as proposições da
ética circunstancial. Depois de definir os legalistas como indivíduos presos
a princípios imutáveis, que inclui a lei de Deus, e os antinomianos como os
indivíduos que vivem sem princípios, propôs o que chamou de uma postura
de meio-termo – o situacionismo – que, segundo ele, abrange coisas tipica-
mente corretas a serem feitas. No entanto, recusou-se a aceitar um padrão
absoluto do que é correto alegando que o único valor de primeira ordem é o
amor ágape. Assim, o adultério pode, às vezes, ser melhor do que a castidade,
a mentira melhor do que a verdade, o furto melhor do que respeitar a proprie-
dade particular alheia. Em todas as decisões, o fim justifica os meios, pois, de
acordo com o situacionismo, não há princípios morais normativos.
Em contrapartida, Montgomery argumentou a favor dos valores abso-
lutos, demonstrando alguns dos perigos enfrentados pelo situacionismo.
Entretanto, Montgomery concordou que às vezes somos forçados a escolher
um mal menor para evitar um mal maior. Mas ao contrário de Fletcher, que
afirmou que tal ação seria correta por ser a melhor decisão diante de uma si-

 J. Fletcher e J. W. Montgomery, Situational Ethics, Bethany Fellowship Inc., 1972.

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tuação específica, Montgomery declarou que se tal erro tiver de ser cometido,
o indivíduo ainda assim estará errado e necessitará do perdão de Deus.
Nem Fletcher e nem Montgomery apresentaram a resposta correta para
os cristãos confrontados por decisões morais difíceis. É verdade que os
não-cristãos podem se encontrar com certa frequência em circunstâncias
em que tenham que escolher entre dois males. Mas, será que o mesmo
ocorre com o cristão?
Pode ser que o cristão tenha que enfrentar situações em que tanto uma
consequência quanto a outra seja totalmente indesejável, exemplos perfeitos
de conflitos evitamento-evitamento. Porém, é inconcebível que Deus permi-
ta que Seus filhos sejam colocados numa situação em que sejam forçados a
transgredirem a Sua lei ou a praticarem o mal. Deus permite que os Seus
filhos sejam severamente provados, mas somente segundo a capacidade de
cada um, no poder e na força de Jesus Cristo, para vencer a tentação de violar
a santa lei de Deus.

Não nos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e
não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrá-
rio, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que
a possais suportar (1 Coríntios 10:13).

Essa promessa enfatiza que nenhum filho de Deus enfrentará provações


além do nível de tolerância pessoal. Indica também que Deus proverá um
meio para que os Seus filhos, por meio da fé, encontrem uma saída para o
conflito aparentemente insolúvel. Essa promessa está em harmonia com a sau-
dação de Judas: “Àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para
vos apresentar com exultação, imaculados diante de Sua glória” (Judas 24).
Deus nunca permitirá que Seus filhos enfrentem conflitos que exijam um
ato pecaminoso, como também jamais permitirá que enfrentem um conflito
que esteja além da capacidade de tolerância. Embora Deus permita que Seus
filhos sejam severamente provados, prometeu colocar à disposição do cristão
fiel o poder e a força de Jesus Cristo para resistir à tentação. Assim, voltamos
à declaração anterior de que todos os seres humanos possuem um ponto fra-
 Deus ordenou que Davi escolhesse uma das três possíveis punições para o seu pecado,
2 Samuel 24:12. O povo de Judá pôde escolher entre se render ao cativeiro babilônico ou
morrer em Jerusalém, Jeremias 38:2.

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O Conflito e a Frustração 65
co. Essa afirmação torna-se verdadeira apenas quando o homem escolhe não
submeter a sua vida a Deus. Não importa o ponto fraco do cristão, Deus
prometeu conceder-lhe força para vencer e subsistir a todas as dificuldades.
Ao afirmar que o único valor absoluto é o amor, Fletcher negou que o
amor se expressa através da guarda da lei de Deus. Tanto o indivíduo quanto
a sociedade sofrem demasiadamente quando as restrições imutáveis são “re-
movidas”. Sem a segurança dos absolutos, o ser humano vagueia num labirin-
to de incerteza que produz ainda mais frustração e erro.
Próximo ao final do último século, as pessoas começaram a rejeitar a cren-
ça na imutabilidade da lei de Deus e a se apoiar em costumes sociais. Mesmo
assim, nesse período ainda houve uma tendência da sociedade permanecer
razoavelmente intacta e a conservar a moralidade. Mas a partir da última par-
te do século 20, os costumes dominantes passaram a ser os existenciais, em
que cada pessoa é a sua própria norma do certo ou do errado, da verdade ou
da mentira. Esses costumes existenciais podem ser exemplificados por alguns
slongas que vemos por aí: “Faça à sua própria maneira”, “Seja você mesmo”,
“Divirta-se”. Tais conselhos deixam o homem como um navio sem o leme
numa tempestade em alto mar. O situacionista, apesar de talvez negar os
costumes existencialistas, numa última análise tem que deixar a decisão da
resposta “certa” para o próprio indivíduo julgar.
Se o fim justifica os meios, deparamo-nos com a dúvida: seremos capazes
de sempre saber qual será o fim antes de tomarmos uma atitude? Numa situ-
ação em que o fim não está claro, o situacionista ficará em dúvida sobre qual
atitude será a melhor diante das circunstâncias. Geralmente, as nossas reações
ocorrem de maneira tão repentina e espontânea que não temos tempo para
pensar nas consequências daquele ato – apenas aqueles que se habituaram a
um padrão de vida baseado nos princípios imutáveis de Deus poderão, em
tais situações, responder, quase que por reflexo, de maneira coerente com
o código moral divino. Em situações em que o melhor provém apenas por
meio do engano, enfrentamos o dilema de não sermos capazes de acreditar ou
confiar no situacionista.
João nos garantiu que Deus é amor: “E nós conhecemos e cremos no amor
que Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que permanece no amor perma-
nece em Deus, e Deus nele” (1 João 4:16). Se o amor é a essência do caráter de
Deus, e Ele não pode mudar, de que maneira, então, o amor ágape pode ser
 Ver João 14:15, 21.

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o único valor de primeira ordem, o único valor absoluto, sendo que o amor
de Deus está incorporado em Seus mandamentos? Se o fim justifica os meios,
quem determina qual é o melhor fim ou o menos pior? Certamente, esse
dilema finalmente levará ao egocentrismo, pois o homem tem a predisposição
de buscar os fins que beneficiam mais a si mesmo do aos seus semelhantes.
A Bíblia inteira revela que a resposta para as situações conflitantes é a
confiança total em Deus. Esse princípio pode ser demonstrado na ilustração já
utilizada em que os filhos de Israel se encontravam numa armadilha. O mar
Vermelho à frente e o exército egípcio atrás. Um problema insuperável, insolú-
vel na concepção humana. Mas Deus tinha a resposta para os Seus fiéis.

Pela fé, atravessaram o mar Vermelho como por terra seca; tentando-o
os egípcios, foram tragados de todo (Hebreus 11:29).

Deus tinha a resposta para o conflito que parecia totalmente insolúvel.


Analisemos um pouco mais a fundo as experiências dos tempos modernos.
Vamos tomar a experiência do bote salva-vidas, apresentada anteriormente.
Na Segunda Guerra Mundial, três capelães militares, um católico, um pro-
testante e um judeu, mostraram que não precisaram escolher entre dois males
egoístas ao enfrentarem a mesma situação por nós discutida. Os três cederam
os lugares no bote salva-vidas e foram pela última vez vistos de mãos dadas
seguindo o exemplo de Jesus num ato supremo de abnegação ao dar a Sua
vida para que outros pudessem obtê-la. O ato abnegado dos três capelães
foi celebrado por meio de um selo postal, mas o maior reconhecimento terá
proporções eternas. A resposta para as barreiras que podem produzir uma
frustração esmagadora, certamente é o desenvolvimento de uma confiança
total em Deus para fazer por nós aquilo que é impossível que façamos por nós
mesmos. A Palavra de Deus nos garante diversas vezes que o povo de Deus
viverá pela fé. Essa fé pode ser desenvolvida ao recordarmos a maneira como
Deus removeu as barreiras intransponíveis no passado.

E que mais direi? Certamente, me faltará o tempo necessário para re-


ferir o que há a respeito de Gideão, de Baraque, de Sansão, de Jefté, de
Davi, de Samuel e dos profetas, os quais, por meio da fé, subjugaram

 Ver Habacuque 2:4; Romanos 1:17; Gálatas 3:11; Hebreus 10:38.

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O Conflito e a Frustração 67
reinos, praticaram a justiça, obtiveram promessas, fecharam a boca de
leões (Hebreus 11:32-33).

A promessa de Deus a Abraão de que teria um filho parecia impossível


de ser cumprida, pois Sara já havia passado muito tempo da menopausa.
Mas Deus foi capaz de fazer aquilo que para o homem era impossível. A fé é,
portanto, uma característica sempre presente do povo de Deus.

Se alguém leva para cativeiro, para cativeiro vai. Se alguém matar à


espada, necessário é que seja morto à espada. Aqui está a perseverança
e a fidelidade dos santos (Apocalipse 13:10).

Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos


de Deus e a fé em Jesus (Apocalipse 14:12).

Ao reconhecermos plenamente que não há nenhuma barreira impossível


para Deus e que cada barreira representa outra oportunidade para crescermos
na fé, responderemos ao convite divino: “Entreguem todas as suas preocupa-
ções a Deus, pois Ele cuida de vocês” (1 Pedro 5:7, NTLH). João nos garantiu:
“Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1 João 5:4).
Essa promessa é a certeza de que cada barreira e situação conflitante que
enfrentarmos poderá ser resolvida ao ser colocada pela fé nas mãos de Deus.
Talvez, não exista nada mais crucial do que responder às situações indutoras
de frustração seguindo o conselho de Tiago: “Peça-a, porém, com fé, em nada
duvidando” (Tiago 1:6).

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Situações de Conflito

+ • +

Conflito Aproximação-Aproximação

+ •

Conflito Aproximação-Evitamentor

- • -

Conflito Evitamento-Evitamento

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10
Grupos de Encontro e
Sensibilidade e o Cristianismo

N
uma sala destituída de qualquer outra mobília a não ser um
tapete e algumas almofadas, um grupo de doze pessoas está
envolvido na terapia de Encontro. A terapia estende-se por al-
guns dias, com sessões diárias de duas horas. A idade dos participantes varia
desde a adolescência até a terceira idade. Devido à duração da sessão, todos
os participantes residem na mesma região. O programa não é estruturado.
O grupo concentra as atividades na descoberta e na expressão destemida de
seus sentimentos, emoções e atitudes. A franqueza do grupo aumenta a cada
sessão e, muitas vezes, a expressão emocional se intensifica. A força emocio-
nal de alguns é elevada a ponto de ruptura. Há poucas restrições evidentes
quanto ao que o grupo pode fazer ou dizer. Talvez a maior restrição seja a
proibição de atos que envolvam a violência física. Há uma ênfase crescente
em formas de expressão desinibidas e, não raramente, em algumas das sessões
mais extremas da terapia de Encontro e Sensibilidade, o grupo é encorajado a
interagir em estado de nudez completa. Isso começa quando o líder do grupo
indica que se sente “muito mais confortável sem a inibição da roupa”.
Os proponentes do grupo de Encontro afirmam com toda certeza que o
ambiente livre e desinibido das sessões, psicologicamente, promove grande
vantagem terapêutica. Entretanto, cada vez mais são levantadas sérias dúvi-
das a respeito dos resultados produtivos dos grupos de Encontro. Uma das
pesquisas que levantou mais dúvidas a respeito da efetividade do grupo de
Encontro e Sensibilidade foi a pesquisa realizada por Diana Hartley, Howard
Roback e Steven I. Abramowitz da Vanderbilt University. Os pesquisadores
apresentaram evidências impressionantes que questionam seriamente o valor
terapêutico dos grupos de Encontro e apontam muitos equívocos do pro-
 Diana Hartley, H. B. Roback, S. I. Abramowitz, “Deteriorative Effects in Encounter
Groups”, American Psychology, v. 31, março de 1976, pp. 247-255.

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70 A Solução de Deus...
grama. Segundo eles, até mesmo os programas mais conservadores, como o
programa National Training Laboratory iniciado em 1947 ou os Grupos de
Encontro Básico de Carl Roger iniciado em 1967, geram sérias repercussões
ao longo das sessões.
Um dos experimentos mais impressivos e controversos do método do
grupo de Encontro foi realizado por William C. Schutz no programa Esalen
no Big Sur, Califórnia, nos Estados Unidos. Em seu livro, Schutz explicou
alguns dos princípios básicos do Encontro e também apresentou um breve
histórico do desenvolvimento desse programa. Muitos líderes cristãos sentem-
se cada vez mais atraídos pela metodologia dos psicólogos de Encontro, por
isso é importante examinar os problemas dessa terapia, a sua base filosófica e
os efeitos relacionados.
O Encontro é um método de relação humana. Envolve franqueza, ho-
nestidade, autoconhecimento, autorresponsabilidade, conhecimento do cor-
po, atenção ao sentimento e ênfase no aqui e no agora. Schutz vai além ao
afirmar: “O Encontro é educação e religião, pois procura criar condições
que levam ao uso mais satisfatório das capacidades pessoais” (W. G. Schutz,
Elements of Encounter, p. 5). A fim de não ficarmos confusos com a referência
que faz a respeito da experiência religiosa, essa afirmação deve ser colocada
ao lado de outra expressada pelo mesmo autor: “O Grupo de Encontro é uma
forma desmitificada e secularizada, ou um estilo de encontro e comunidade
interpessoal, familiar aos historiadores do pietismo protestante” (Ibid., p. 8).
Mais tarde, Schutz fez uma suposição perigosa:

“Uma ameaça que percorre a história do Encontro é claramente reli-


giosa. A hipótese de que Deus encontra-se no interior do homem, ou
que trabalha de seu interior, que o homem é um veículo que expressa
Deus, é um tema comum. À medida que ganho mais experiência com
o Encontro, torna-se cada vez mais claro que o objetivo proposto pelo
Encontro de perceber o potencial do indivíduo é virtualmente idênti-
co ao objetivo religioso de encontrar o Deus interior” (Ibid., p. 8).

A psicologia de Encontro tem a sua base profundamente fortificada no


misticismo das religiões antigas e orientais, como também no misticismo
filosófico como a yoga, nas artes marciais dos chineses e dos japoneses, nos

 William G. Schutz, The Elements of Encounter, 1973.

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Grupos de Encontro e Sensibilidade e o Cristianismo 71
grupos pentecostais do cristianismo, nos misticismos e na psicosíntese mul-
çumana. Como se isso não bastante, Schutz declarou ainda: “A Cultura de
Encontro segue a contracultura” (Ibid., p. 24).
A ligação do Encontro com princípios filosóficos e psicológicos perigosos
torna-se muito aparente ao analisarmos mais profundamente as raízes do mo-
vimento. Muitos enxergam o Encontro como provavelmente o primeiro passo
para se beneficiar da energia do Universo – um passo em direção à realização
da plenitude espiritual do indivíduo, muito semelhante às crenças das religi-
ões orientais. O físico e os sentimentos são constantemente enfatizados. Essa
ênfase é colocada numa progressão natural que está de acordo com a ênfase
de Sócrates sobre o encontro intelectual.
A terapia de grupo, nos tempos modernos, originou-se há mais de cinco
décadas sob a direção do psicólogo de campo, Kurt Lewin, que, em 1947,
fundou os primeiros Grupos de Treinamento (grupos T). Desde então, o
conceito de dinâmicas de grupo cresceu com muita rapidez e tomou muitas
formas diferentes. Fundamentalmente, a ênfase sobre a consciência pessoal,
a autoexpressão, o que é físico e o que expressa as emoções tornou-se domi-
nante. Talvez, ninguém mais tenha dado maior crédito ao movimento do
grupo de Encontro do que Carl Rogers, que chegou a ponto de dizer que é a
invenção social mais importante do século 20.
Utiliza-se uma grande variedade de técnicas na maioria das sessões de
Encontro, como a comunicação não verbal, o psicodrama, a fantasia, a pas-
sagem, a meditação, a yoga, as artes marciais orientais e a psicosíntese (que
lida com a pessoa por inteiro, inclusive o espírito). Alega-se que tais encontros
desinibidos removem os bloqueios psicológicos de forma que o indivíduo pas-
sa a fluir naturalmente. Alega-se ainda que a sociedade baseia-se no engano,
no mascaramento dos sentimentos e na rejeição do corpo. A ênfase é no aqui
e no agora, na realização das potencialidades plenas do presente. Essa ênfase
possui um impacto persuasivo sobre a pessoa que está enfrentando o estresse
emocional e a pressão psicológica.
Infelizmente, muitos líderes de igreja e pastores apressaram-se para esta-
belecer grupos de Sensibilidade aceitando inquestionavelmente o argumento
de que possuem relevância religiosa.
Contudo, há muitos enganos perigosos que fazem parte da filosofia do
grupo de Encontro. Por exemplo, se todos os outros integrantes do grupo
decidirem tirar a roupa, o centro da atenção repousará sobre o indivíduo

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72 A Solução de Deus...
que resistir ou decidir não fazer o mesmo. Sob tais circunstâncias, a pressão
do grupo poderá forçar a decisão do indivíduo, especialmente se for uma
pessoa insegura. Perguntas como: “Quais são as suas preocupações emocio-
nais?”, “Quais são as suas inibições?”, “Por que sente vergonha do seu corpo?”,
começam a penetrar a mente perturbada do integrante do grupo que não
quis acompanhar a decisão da maioria. Na verdade, em raríssimos casos o
indivíduo resiste a esse tipo de pressão. Assim, o grupo estabelece os seus pró-
prios costumes e aquele que não se conformar com eles, de certo modo, será
marginalizado, pois, na maioria dos casos, os próprios integrantes do grupo
sofrem de comportamento inadaptado e de problemas emocionais. É evidente
que a pressão para a conformidade dentro do grupo torna-se quase opressora.
Denominamos essa pressão de tirania de grupo.
Os grupos de Encontro e Sensibilidade baseiam-se na concepção do ho-
mem em conformidade com a visão pagã grega da bondade inata: de alguma
forma no interior do homem reside a habilidade de encontrar as respostas
para os seus próprios problemas. Se o homem for livre o suficiente, se as forças
sociais inibidoras forem destruídas, o homem terá vida plena e completa. A
ênfase está em fazer aquilo que é natural e livre. Essa ênfase contrasta-se com
o ensinamento bíblico de que o homem nasce com a predisposição de escolher
caminhos que o levam para longe de Deus, de que o homem natural não pode
se tornar um ser completo e não pode ter uma personalidade plenamente
desenvolvida. Segunda a Palavra de Deus, somente através da experiência do
novo nascimento, ocasião em que se une a Deus, o homem pode atingir a
plenitude de suas potencialidades.
Para uma pessoa emocionalmente perturbada, é impossível aceitar a fran-
queza dos outros integrantes do grupo. A expressão de antipatia por parte dos
demais em relação a ela, as críticas a respeito de sua aparência, de sua forma
de agir e de falar, resultarão em sérias implicações emocionais. Tal franqueza,
mesmo disfarçada de ajuda, é o uso impróprio da verdade e é absolutamente
contrária ao amor que deve ser demonstrado ao próximo. A filosofia cristã de
que devemos enxergar o melhor em nosso semelhante, que não devemos jul-
gar e nem condenar, não faz parte de tal interação de grupo. Há uma ênfase
acentuada na expressão das emoções, incluindo a emoção agressiva da raiva,
que é incompatível com a filosofia cristã do amor.

Melhor é o longânimo do que o herói de guerra, e o que domina o seu


espírito do que o que toma uma cidade (Provérbios 16:32).

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Grupos de Encontro e Sensibilidade e o Cristianismo 73
A teoria do grupo de Encontro e Sensibilidade coloca o “eu” no centro da
questão – os sentimentos próprios, as necessidades próprias e o corpo – tor-
nam-se o assunto principal abordado na terapia. Essa filosofia é totalmente
incompatível com o conselho da Palavra de Deus de crucificar o “eu” e morrer
diariamente! É impossível para alguém ativamente egocêntrico encontrar a
segurança emocional e a paz. A pessoa que possui um ego ativo fragiliza-se
diante de cada crítica, diante do sucesso alheio, diante daqueles que discordam
de suas ideias e daqueles que são exaltados acima dela. Portanto, é inevitável a
ocorrência de tantos infortúnios, pois o ser humano, em vez de ser restaurado
para uma vida emocionalmente estável, sofre temporariamente e, em alguns
casos, permanentemente, de colapsos emocionais.
A psicologia do grupo de Encontro e Sensibilidade encoraja os partici-
pantes a expressarem todos os sentimentos e as situações mais secretas de sua
vida. Obviamente, não há o reconhecimento do pecado e, assim, enfatiza-se
a verbalização de todos os pecados mais secretos da vida de cada um. Essa
franqueza tende a gerar o problema da culpa, que poderá ser resolvido apenas
pelo perdão que vem da confissão e da renúncia do pecado por meio do
poder de Cristo.
Não há dúvidas de que a igreja cristã possui uma função importante a
ser desempenhada em dinâmicas de grupo de comportamento. A Bíblia nos
encoraja a não esquecer o valor da comunhão entre os cristãos.

Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes,


façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se apro-
xima (Hebreus 10:25).

Uma terapia muito positiva provém da comunhão entre os cristãos. Além


do fortalecimento espiritual, essa comunhão também pode promover o for-
talecimento emocional. Esse fortalecimento não provém de dinâmicas de
um programa como a terapia de Encontro, mas do ato de orar em grupo e
ajudar-se mutuamente. Na terapia cristã, a ênfase não está no homem, mas
em Cristo, o Redentor. Seu amor imaculado e Seu poder proporcionam força
e vitória, restauram e promovem a paz, motivam o altruísmo que oferece ao
próximo a esperança e a promessa de uma vida plena aqui e no porvir.

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11
O Controle da Mente e
a Hipnose
O
fundamento moderno da hipnose originou-se na pesquisa e nos
escritos de Anton Mesmer (1734-1815), um místico e médico
austríaco. Após estudar teologia e medicina nas universidades
de Ingolstadt, na Alemanha, e de Viena, na Áustria, Mesmer passou a inves-
tigar profundamente a influência das estrelas na saúde e no comportamento
humano. Crendo que essa influência era exercida por meio do poder de um
fluido invisível, Mesmer convenceu-se de que havia uma cura especial no
magnetismo – uma força que permeia todo o Universo. Na metade da década
de 1770, Mesmer atraiu grande interesse, como também grande oposição em
seu país natal. Em 1778, foi forçado a deixar a Áustria ao ser acusado por seus
colegas de profissão de praticar magia.
Mesmer continuou a sua pesquisa, ministrando aulas e escrevendo em
Paris, onde atraiu maior interesse ainda. Em 1784, o governo francês nomeou
uma comissão de médicos e de cientistas (incluindo Benjamin Franklin) para
estudar o que àquela altura havia se tornado conhecido como o mesmerismo,
em homenagem ao seu fundador. O relatório foi totalmente desfavorável. Co-
mo resultado, Mesmer perdeu muito de seu apoio. Contudo, o mesmerismo
ainda hoje continua a atrair grande interesse popular e os livros a respeito do
assunto multiplicam-se rapidamente. Mesmer acreditava que a doença era o
resultado da falta de magnetismo e que uma pessoa forte e saudável poderia
curar uma pessoa doente através de uma massagem rítmica que transferiria a
sua força magnética ao paciente.
Embora existam muitas evidências de que o estado de transe hipnótica fosse
bem conhecido no mundo antigo, a hipnose moderna desenvolveu-se grande-
mente devido ao trabalho de Mesmer. A hipnose geralmente é definida como
um transe ou um estado de sonolência induzido por outra pessoa. A maioria
dos pesquisadores dessa área relaciona a hipnose à sugestão e apontam uma

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O Controle da Mente e a Hipnose 75
relação direta entre a capacidade de influência por sugestão e a facilidade com
que cada um pode ser hipnotizado. Uma reflexão casual confirmará que alguns
seres humanos são pessoas fortes e independentes e outros tendem a ser depen-
dentes e necessitados de um apoio humano significativo. Essa diferença, eviden-
temente, não é uma dicotomia, pois existe uma sequência contínua entre os dois
extremos. Geralmente, defende-se que quanto mais dependente uma pessoa
for, mais suscetível será à sugestão hipnótica. A sugestão é comum em todos os
aspectos da vida. É utilizada muitas vezes pelos pais em relação aos filhos. Por
exemplo, o pai, antes de se retirar para dormir, utiliza com frequência a sugestão
para que o filho pequeno, num estado de sonolência, faça xixi, na tentativa de
evitar que molhe a cama mais tarde. Na hipnose, a criança pode ter ou não
alguma recordação da situação, dependendo do grau de sonolência mantido
durante o ato de urinação. As propagandas dependem muito da sugestão, como
também um amplo espectro de outras atividades humanas.
Entretanto, a hipnose é diferente. Trata-se de um estado induzido pelo
homem, destinado a aumentar sobremaneira a predisposição do indivíduo
à sugestão e à influência. Embora as definições de hipnose sejam variadas, a
maioria inclui a visão de que a hipnose é o resultado da supressão funcional
das áreas referentes ao córtex cerebral (consciência), importante para a inibi-
ção, para a tomada de decisão, para a escolha e para o controle. Essa supressão
permite que a função sub-cortical – ou outras funções mais básicas do cére-
bro – domine, fazendo com que outra pessoa controle o comportamento do
indivíduo através do processo da sugestão. O estado hipnótico geralmente é
induzido pela repetição, sugestões monótonas ou outras formas de estimu-
lação auditiva. Há uma grande discussão com relação ao grau de controle
que a hipnose possui sobre o indivíduo, mas obviamente muito dependerá da
profundidade alcançada no estado induzido de transe. No passado, alguns
afirmaram que o indivíduo sob o efeito da hipnose não responde a nenhuma
sugestão que seja contrária ao seu próprio código moral. Porém, essa afirma-
ção é extremamente duvidosa, pois os centros de inibição ou de tomada de
decisão do cérebro são enfraquecidos durante a hipnose.
A auto-hipnose, estado hipnótico autoinduzido, também tem recebido
muita atenção. Resulta da redução autoimposta das funções corporais, como o
batimento cardíaco e a respiração, que ocorre quando o indivíduo concentra-
se em certo estímulo áudio e/ou visual. Na auto-hipnose, ou hetero-hipnose,
o indivíduo afasta-se psicologicamente da realidade e, provavelmente, o pro-
cesso inibitório e o processo de tomada de decisão também sejam afetados.

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76 A Solução de Deus...
Tanto a hipnose quanto a auto-hipnose são amplamente praticadas nas
religiões pagãs e orientais. A auto-hipnose também é muito praticada nas
culturas primitivas da África e das Índias Ocidentais e é provável que seja a
causa da morte ocasionada pela perfuração de ossos praticada pelos aborígi-
nes australianos.
Na Malásia e em Singapura, os hindus indianos celebram um festival
anual chamado Thaipusam. Nesse festival religioso, os devotos passam varas
compridas de dois centímetros e meio de diâmetro pelas bochechas. Outros
prendem ganchos enormes nas costas. Neles amarram cordas e puxam car-
roças. Ainda outros carregam estruturas coloridas na cabeça e nos ombros,
chamados de kavadis. Desses kavadis saem inúmeras cordas unidas por pe-
quenos anzóis. Esses anzóis são acoplados a anzóis de pesca grandes inseridos
no peito e nas costas do devoto. Tudo isso é feito como penitência ou como
ação de graças para a deusa da misericórdia. Vários objetos metálicos são
depositados num templo particular onde os participantes são sujeitos a um
estado de transe por meio de um mantra rítmico cantado pelos sacerdotes
hindus. A partir daquele local, os devotos caminham quase cinco quilôme-
tros, parando muitas vezes para dançar em frente às várias tendas que tocam
música religiosa hindu. A peregrinação pode levar muitas horas sob o calor
intenso do sol tropical. A auto-hipnose também atingiu grande sucesso entre
os iogues da Índia e aparentemente foi disseminada como uma ferramenta
básica para a meditação transcendental.
Há muitas pessoas que enxergam a hipnose como o fundamento da acu-
puntura, método desenvolvido pelos chineses antigos para a restauração da
saúde através do estímulo e da pressão das áreas do nervo periférico, que
julgavam possuir uma relação direta com certos órgãos do corpo. Assim
como Mesmer, os acupunturistas chineses viram uma relação astrológica
entre o céu estrelado e o microcosmo do organismo humano. A teoria da
união dos opostos incrustada no conceito chinês do yin e yang também está
profundamente embutida na prática da acupuntura. Surpreendentemente,
assim como a yoga, a meditação transcendental e outras formas de misti-
cismo oriental, a acupuntura também foi aceita destemidamente por muitas
pessoas do mundo ocidental.
Desde a Primeira Guerra Mundial, a hipnose atraiu o interesse e a aceitação
mundial, especialmente na área médica e psicológica. Esse interesse resultou
no aumento da respeitabilidade do estudo da parapsicologia – estudo do com-

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O Controle da Mente e a Hipnose 77
portamento sobrenatural humano, imbuído de muito misticismo e envolvido
profundamente com a percepção extrasensorial, a clarividência, a necromancia,
o espiritismo, a feitiçaria, o satanismo e as predições. Esse estudo tem sido pro-
movido em muitas universidades, inclusive em instituições de prestígio como
a Duke University. A utilização da hipnose como analgésico, ou como outras
formas de terapia, ganhou muito crédito na ocasião em que muitas associações
médicas nacionais, incluindo a Inglaterra e os Estados Unidos, aceitaram-na
como uma forma terapêutica válida entre os anos de 1950 e 1960. A utilização
da hipnose por cirurgiões dentistas e médicos é bem conhecida, com muitas
declarações de que esse método é bem menos perigoso e agressivo do que os
anestésicos tradicionais. A hipnose também se tornou um instrumento popu-
lar entre os psicólogos e psiquiatras para determinar, especialmente, os eventos
causais profundos e recentes geradores de colapso mental.
Relacionado ao grande aumento do interesse e do prestígio pela hipnose
está o desenvolvimento de programas de controle da mente. Tais programas
alegam que elevam os processos mentais, expandem as potencialidades intelec-
tuais humanas e destravam as capacidades cerebrais de tal forma que promovem
uma melhora significativa na vida do estudante. Geralmente, esses programas
começam explicando que os seres humanos utilizam durante a vida apenas uma
pequena porcentagem da capacidade cerebral e que o programa foi desenvolvido
para abrir novas dimensões e ultrapassar as fronteiras. A lógica aparente des-
sa afirmação tem como objetivo ganhar a aceitação até mesmo do aluno mais
cético. Não raramente, programas como esse rapidamente entram na área do
espiritismo solicitando ao aluno que, primeiramente, imagine que possui um
conselheiro a quem pode fazer perguntas de alto nível. Mais tarde, esse conse-
lheiro “imaginário” torna-se real e o elemento crucial do programa de expansão
da mente. Os alunos logo se encontram emaranhados num estilo de vida jamais
imaginado antes. Muitas vezes, os programas evoluem em direção às áreas espi-
ritualistas, como a projeção astral (ocasião em que o espírito supostamente deixa
o corpo por um tempo – um ato que dizem acrescentar uma dimensão nova e
maravilhosa à vida). Há algumas histórias assustadoras em que o espírito deixa
o corpo e, depois, não consegue mais encontrá-lo, gerando, assim, um estado de
pânico intenso. Um dos programas mais populares de expansão da mente é o
Silva Mind Control Program, que alcançou um sucesso sensacional nos Estados
Unidos e em outras partes do mundo. O programa foi iniciado por um mexica-
no desconhecido, José Silva, e atraiu a atenção de milhares de pessoas.

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78 A Solução de Deus...
Quer seja a hipnose, o controle da mente, ou outra forma de fenômeno
parapsicológico cujas raízes encontram-se no paganismo antigo, o cristão de-
ve estar alerta e sempre vigilante para perceber o perigo mental e espiritual
que representam.
O homem foi criado com o poder de pensar, decidir e escolher. Esses são
os poderes concedidos por Deus ao homem que mais refletem as caracterís-
ticas divinas. O Senhor não projetou duas pessoas para pensarem da mesma
forma. A individualidade é um dos dons mais preciosos que Deus confiou
ao homem e todo esforço deve ser feito para assegurar que esse dom não seja
destruído ou seriamente prejudicado. Embora muitas pessoas esperem que
a hipnose ou o controle da mente aprimore aspectos importantes da vida,
a submissão da mente a outra pessoa causará sérias implicações. Depositar
a confiança no julgamento de outro ser humano é o mesmo que depositar
a confiança na imperfeição e rejeitar a confiança que deveria ser depositada
somente em Deus.

Bem-aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança


e não pende para os arrogantes, nem para os afeiçoados à mentira
(Salmo 40:4).

Melhor é buscar refúgio no Senhor do que confiar no homem


(Salmo 118:8).

Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem,


faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do Senhor
(Jeremias 17:5).

Deus nos aconselha a depositarmos a nossa confiança somente nEle. Nossa


mente é um presente de Deus a ser desenvolvida sabiamente a fim de cumprir
aos Seus propósitos e crescer em Sua graça. O apóstolo Tiago aconselhou
claramente: “Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus,
que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida.
Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante
à onda do mar, impelida e agitada pelo vento” (Tiago 1:5-6).

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O Controle da Mente e a Hipnose 79
A mente do homem foi criada para estar em comunhão com Deus. Qual-
quer relacionamento humano que de alguma forma limite essa comunhão,
não importa o quão convidativo possa ser, levará à perda espiritual, intelec-
tual e emocional. Um dos maiores perigos da utilização da hipnose é a falta
de conhecimento de quais processos psicológicos ocorrerão no indivíduo que
aceitar submeter a mente a outra pessoa. Até mesmo para os chamados “pro-
pósitos terapêuticos” da medicina e da psicologia, a hipnose deve ser rejeitada
pelo cristão. Comportamentos recorrentes formam o hábito. A submissão à
hipnose gera o hábito de submeter a mente a outra pessoa e, simultaneamente,
enfraquece os poderes independentes do indivíduo.
Satanás procura ansiosamente controlar a mente do homem. Apesar de
não ter acesso direto à mente humana, utiliza todas as sutilezas possíveis para
enfraquecer e distrair as capacidades intelectuais do homem para que seja
incapaz de refletir a mente de Cristo. É seu propósito que a mente do homem
seja tão destruída que se torne incapaz de seguir a Deus e escolher fazer aquilo
que é certo. Embora Satanás não possa controlar a nossa mente sem o nosso
consentimento, pode obter acesso quando a mente for submetida aos propó-
sitos de outro ser humano. Assim, Satanás atinge o seu propósito através das
práticas de controle da mente.
As advertências em relação ao controle da mente também são relevantes
aos pais. Nos meses iniciais da vida do filho, os pais tendem a controlar a
criança e, por isso, correm o perigo de controlar excessivamente a vida do
filho ao longo de sua existência. Contudo, uma das maiores responsabilidades
colocadas sobre os pais é a de educar a criança a pensar por si mesma e a
tomar decisões sábias.
Os efeitos prejudiciais da hipnose e do controle da mente são inimagi-
náveis. No entanto, o aconselhamento humano saudável possui um papel
genuíno e valioso. O encorajamento é importante para elevar o espírito dos
que se sentem abatidos. O aconselhamento em grupo geralmente é vantajoso,
mas deve ser claramente distinguido das circunstâncias em que uma mente
controla a outra. A admoestação de Paulo apresenta a melhor sabedoria para
aqueles que buscam a potencialidade plena de suas capacidades intelectuais:
“Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”
(Filipenses 2:5).

 Ver capítulo 22 intitulado “A Infância”.

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12
Os Perigos do Aconselhamento

A
o longo das últimas décadas, o campo do aconselhamento cresceu
assustadoramente, tornando-se uma indústria multimilionária
com um número crescente de novos conselheiros para atender a
multidão incontável de homens, mulheres, jovens e crianças que sofrem das
mais variadas formas de problemas emocionais.
A igreja cristã rapidamente assumiu esse papel, especialmente ao notar
que mais e mais pessoas buscam o conselho de psicólogos e psiquiatras e
deixam de lado o auxílio pastoral que tradicionalmente desempenhava essa
função. Essa tendência tem levado muitos pastores a buscarem treinamentos
mais profundos nessa área e a desenvolverem técnicas de aconselhamento em
seu ministério pastoral.
O aconselhamento não é uma inovação, pois há muitos exemplos de con-
selhos dados no Antigo e no Novo Testamento. No ministério de Cristo, por
exemplo, homens como Nicodemos e o jovem rico foram ao encontro de
Jesus em busca de um conselho direto para orientá-los em sua vida pessoal.
Sem dúvida, é importante que homens e mulheres aconselhem-se a fim de
se animarem mutuamente e de orientarem os passos no caminho da justiça.
Porém, há sérios perigos no aconselhamento, especialmente numa época em
que muitos pastores tendem a concentrar a ênfase de suas atividades nessa
área de atuação. Precisamos estar cientes de alguns dos perigos relacionados a
esse trabalho, tanto para o conselheiro quanto para a pessoa aconselhada.
O papel principal e essencial de cada cristão é aprender a depender com-
pletamente de Cristo e não do próprio homem. Deus é quem deve ser con-
sultado a fim de nos ajudar a compreender um dever individual. É verdade

 Ver João 3:1-21.


 Ver Mateus 19:16-22.

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Os Perigos do Aconselhamento 81
que os irmãos precisam aconselhar-se, mas considerando que devem sempre
buscar o aconselhamento diretamente do Senhor.
O homem corre o risco de receber o conselho de outro homem e, com
isso, descartar o conselho de Deus. Esse risco é o primeiro perigo do acon-
selhamento. Intencionalmente ou não, o conselheiro pode levar a pessoa a
apoiar-se nele em vez de levá-la a apoiar-se em Deus. Até mesmo o conselheiro
mais dedicado nunca poderá tomar o lugar de Deus. O homem passou a ter
uma tendência crescente de buscar o conselho de outros homens em vez de
procurar os conselhos de Deus. Em muitos casos, tal dependência debilita a
estabilidade espiritual e emocional da pessoa aconselhada, pois se sente tão
dependente do conselheiro que muitas vezes, ao separa-se dele, sente-se perdi-
da, vazia e amedrontada, consequências da dependência total que desenvolveu
por outro ser humano. Esse perigo pode ser evitado se o conselheiro enfatizar
que é incapaz de resolver qualquer uma das questões levantadas, mas que
direcionará a pessoa aconselhada para o verdadeiro Consolador e para a Sua
Palavra. Acima de tudo, o objetivo do conselheiro deve ser desviar a pessoa
aconselhada dos homens e levá-la para Deus ajudando-a a expor os problemas
ao Senhor em vez de expô-los ao homem. Quando houver qualquer indicação
de que a pessoa esteja desenvolvendo uma dependência pelo conselheiro, este
deve imediatamente, em amor, ajudar a pessoa aconselhada a se aproximar de
Deus e a buscar no Senhor a força e a segurança de que precisa.
Todo conselho deve ser dado no temor e no conhecimento de Deus. Todo
esforço deve ser feito para ajudar a pessoa ver a Cristo como o único Ser em
que pode confiar plenamente e levar os seus problemas. Infelizmente, hoje
alguns seres humanos que se dizem conselheiros cristãos dão conselhos con-
trários e totalmente opostos aos claros ensinamentos bíblicos. Assim, alguns
têm advertido os maridos a se divorciarem das esposas a fim de alcançarem
a felicidade. Tal conselho para quebrar votos solenes feitos diante de Deus
não provém de nosso Criador. As consequências de se aceitar tal conselho
somente geram mais tristeza e instabilidade emocional, pior ainda, causam o
distanciamento de Deus.
Algumas dificuldades podem ser encontradas quando o indivíduo que
busca aconselhamento não é cristão e, talvez, até mesmo se oponha à ideia de
que Cristo possui respostas viáveis às suas necessidades. Nessa situação, é ne-
cessário agir com bom senso. O conselheiro precisa cuidar para não destruir a
relação que estabeleceu com o paciente referindo-se de imediato às respostas

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82 A Solução de Deus...
do cristianismo. Entretanto, essa tática de forma alguma impede o conselhei-
ro de apresentar os princípios baseados na Bíblia. Esses princípios ainda são
a melhor resposta para a saúde mental. À medida que a pessoa aconselhada
reconhecer o valor desses princípios durante a recuperação, o conselheiro terá
a oportunidade de revelar que se trata de princípios divinos. A partir de então,
a pessoa aconselhada poderá receber ajuda para desenvolver a confiança em
Cristo e nEle depositar todas as suas preocupações.
O segundo perigo enfrentado pelo conselheiro é a vaidade. O conselheiro
está sujeito a desenvolver facilmente a vaidade conforme mais e mais pessoas
procuram o seu conselho e a sua orientação. Esse perigo representa uma ame-
aça profundamente enraizada no coração do conselheiro, pois a vaidade, nas-
cida do “eu” não subjugado, coloca em risco o seu próprio desenvolvimento
cristão. Qualquer homem que tentar desempenhar o papel que Deus jamais
confiou a nenhum ser humano encontra-se em sério perigo. Certamente con-
cordaremos que o Senhor é imensamente desonrado quando um ser humano
é colocado na posição que Ele deveria ocupar. Somente Deus pode dar con-
selhos infalíveis e seguros.
A vaidade do conselheiro fará com que estimule relacionamentos de depen-
dência com as pessoas que buscam o seu conselho. Além disso, quanto mais
as pessoas enfatizarem a sua capacidade de ajudá-las, maior será o risco de tal
lisonjeamento levar o conselheiro a caminhos perigosamente improdutivos.
O pastor-conselheiro é confrontado por um terceiro dilema. Quanto mais
tempo gastar com esse tipo de trabalho, menos tempo terá para a apresentação
ativa da comissão evangélica. O pastor não pode se desviar da ordem direta de
Cristo: “pregai o evangelho” (Marcos 16:15). Atualmente, temos constatado
uma ampliação dos termos do evangelho e daquilo que representa. Mesmo as-
sim, notamos a grande necessidade de redefinição a fim de que seja enfatizado
o verdadeiro significado da comissão evangélica. Muitos pastores encontram-se
tão envolvidos em trabalhos de ordem administrativa e no ministério de acon-
selhamento que dispõem de pouquíssimo tempo para a proclamação direta do
evangelho e para a ampliação das fronteiras do reino de Deus. É essencial que
cada homem chamado para o ministério do evangelho reconheça a sua tarefa
principal, a tarefa de contar a homens e mulheres do amor de Jesus e de Sua
breve volta. Muitas vezes o pastor encontra-se tão ocupado com a tarefa do
aconselhamento que não encontra tempo para realizar o trabalho para o qual
foi originalmente ordenado. Outra advertência muito importante é a de Karl

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Os Perigos do Aconselhamento 83
Menninger que conclama os pastores a redescobrirem a sua função no púlpito
como o meio mais importante para a cura emocional.
Infelizmente, alguns ministros do evangelho convenceram-se de que o
aconselhamento é a sua tarefa principal e deixaram o ministério de lado para
se dedicarem completamente ao aconselhamento. Será que é possível que em
muitos casos a motivação para essa mudança seja a avareza, ao perceberem
que o salário do conselheiro secular é muito superior ao salário do ministro?
O pastor-conselheiro deve investigar profundamente os seus motivos. Ou-
tros ministros são atraídos para o campo do aconselhamento, não porque
seja mais lucrativo, mas porque entendem que essa seja a sua função principal
durante as visitas que realiza. Esse é o caso do capelão de hospital. A teoria
da capelania moderna parece mais preocupada em fazer com que os pacientes
e os parentes sintam-se mais confortados com a morte iminente do que com
o seu papel principal de preparar as pessoas para se encontrarem com Deus.
Confortar os enfermos é, sem dúvida, uma atividade valiosa, mas o capelão
jamais deverá perder o senso de sua responsabilidade de apontar o grande
Consolador ao paciente e aos familiares.
O Hospital Austin, em Melbourne, iniciou o primeiro programa de trei-
namento de capelania hospitalar da Austrália. A cada nova turma, um dos
idealizadores do programa ministra aulas de orientações. Verificou-se que,
quase sem nenhuma exceção, os pastores das maiores denominações cristãs
acham que ao se tornar um capelão a sua função mudará. Sentem que de-
vem assumir uma função semelhante a do assistente social. Essa função por
parte da capelania é totalmente dispensável, pois o Hospital Austin possui
um Departamento de Assistência Social de primeira linha. Durante as aulas
de orientação, cada pastor é desafiado a reconhecer as terríveis necessidades
espirituais dos pacientes que, em sua maioria, estão hospitalizados como con-
sequência direta de escolher caminhos que os levaram para longe de Deus.
Todos os pacientes precisam de Jesus. Precisam conhecê-Lo pessoalmen-
te. A tarefa principal do capelão hospitalar deve ser propagar o conhecimento
da salvação em Jesus Cristo. Desse conhecimento emanará o conforto e a
verdadeira força para enfrentar os tempos de adversidade. Todas as tentativas
de atender as crises humanas fora do amor de Cristo estarão condenadas ao
fracasso absoluto.

 Ver capítulo 6 intitulado “A Lei e O Amor”.


 Ver capítulo 6 intitulado “A Lei e O Amor”.

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84 A Solução de Deus...
A quarta preocupação para com o conselheiro está relacionada às suas
próprias necessidades espirituais. Muitas vezes não nos damos conta, mas o
conselheiro precisa proteger as entradas da alma tão zelosamente quanto as
pessoas que aconselha, e talvez até mais. Devido ao estilo de aconselhamento
oferecido hoje, o conselheiro frequentemente depara-se com pessoas que ver-
balizam os detalhes mais vívidos de sua vida de pecado e de imoralidade. O
desenvolvimento espiritual do conselheiro é debilitado ao ouvir diariamente
tal conversa espiritualmente corrosiva e, como resultado, o seu próprio des-
tino eterno pode estar correndo sérios perigos. Tornar-se um confidente de
outros seres humanos hoje é muito fácil, mas Deus nunca depositou tal res-
ponsabilidade sobre o homem. Isso deve ser evitado a todo custo, apontando
aos pacientes a Fonte do verdadeiro perdão. Mesmo se o aconselhamento não
envolver a discussão direta da transgressão, uma conversa que aborda temas
de desânimo e depressão, de lutas e de dificuldade, dificilmente animará a
pessoa aconselhada ou o conselheiro. Além disso, os problemas existentes
raramente serão resolvidos através de uma conversa assim.
Quinto, a ânsia de receber tanto aconselhamento, especialmente entre
os professos cristãos, pode ser um dos sintomas da falta de fé tão presente
em nossa época. Homens e mulheres, esmagados pelas exigências da vida,
necessitados da única paz que traz contentamento, procuram o auxílio dos
semelhantes e a orientação humana para estruturar a vida. A Bíblia possui o
verdadeiro remédio para a falta de fé, mas esse remédio encontra-se em estado
de escassez na vida dos cristãos a cada dia que passa.

Portanto, a fé vem por ouvir a mensagem, e a mensagem vem por


meio da pregação a respeito de Cristo (Romanos 10:17).

Os ministros devem fazer grandes esforços para levar a congregação a


estudar diligentemente a Palavra de Deus, a verdadeira base da vida cristã
e do desenvolvimento espiritual. Se hoje os seres humanos carecem de algo,
carecem de fé. Essa carência gera a desilusão, o estilo de vida independente de
Cristo e o declínio espiritual. Quanto mais falarmos da fé e da confiança e as
praticarmos, mais elevada e completa será a vida.
A função do aconselhamento, na maioria das vezes, entra em conflito
com a necessidade vital de apresentar claramente o testemunho da Palavra de
Deus. O conselheiro depara-se com dois ensinamentos conflitantes: o ensi-

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Os Perigos do Aconselhamento 85
namento bíblico que lhe diz para amar o pecador, mas apontar o pecado e o
ensinamento do aconselhamento moderno que lhe diz para aceitar a pessoa
aconselhada e o seu comportamento procurando ajudá-la a se sentir bem e
confortável com o seu comportamento, sem alterá-lo. Infelizmente, na maioria
das vezes o conselheiro escolhe seguir o último ensinamento, que resulta na
rejeição de um dos ministérios mais importantes, o ministério da exortação.
Os membros sofrem devido a um ministério que falha em definir claramente:
“a vida e o bem, a morte e o mal” (Deuteronômio 30:15). Aqueles que dentre
nós são ministros ordenados precisam ser lembrados do dever solene que nos
foi apresentado no dia de nossa ordenação:

A ti, pois, ó filho do homem, te constituí por atalaia sobre a casa


de Israel; tu, pois, ouvirás a palavra de Minha boa e lhe darás aviso
da Minha parte. Seu Eu disser ao perverso: Ó perverso, certamente,
morrerás; e tu não falares, para avisar o perverso na sua iniquida-
de, morrerá esse perverso na sua iniquidade, mas o seu sangue Eu o
demandarei de ti. Mas, se falares ao perverso, para o avisar do seu
caminho, para que dele se converta, e ele não se converter do seu
caminho, morrerá ele na sua iniquidade, mas tu livraste a tua alma.
Tu, pois, filho do homem, dize à casa de Israel: Assim falais vós: Visto
que as nossas prevaricações e os nossos pecados estão sobre nós, e nós
desfalecemos neles, como, pois, viveremos? Dize-lhes: Tão certo como
Eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do perverso,
mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-
vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de
morrer, ó casa de Israel? (Ezequiel 33:7-11).

Outro grande perigo ocorre quando o conselheiro concorda em dar con-


selhos, especialmente matrimoniais, às pessoas do sexo aposto. Incontável é o
número de pessoas que se encontraram em situações constrangedoras durante
tais sessões de aconselhamento. Tal situação já custou a credencial de muitos
pastores. Essas circunstâncias são tão perigosas que os próprios pastores de-
veriam ser aconselhados a evitá-las completamente. Se for necessário dar um
conselho matrimonial, esse conselho deve ser dado no temor do Senhor na
presença dos dois cônjuges. Se a presença dos dois não for possível, então o
cônjuge do conselheiro deve estar presente durante a sessão.

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86 A Solução de Deus...
A verdadeira resposta para os problemas sociais, emocionais e espirituais
não pode ser encontrada no próprio ser humano, mas somente em Cristo. Na
maioria dos casos, o aconselhamento busca encontrar respostas dentro do pró-
prio indivíduo. É preciso reavaliar o papel do conselheiro, a sua efetividade e
as suas limitações para que o aconselhamento verdadeiramente cristocêntrico
atinja seu valor máximo na vida da pessoa necessitada.
Talvez, os esforços mais produtivos do conselheiro sejam encorajar a pes-
soa aconselhada a pensar e falar positivamente evitando a verbalização do
desânimo e a descrição exagerada das provações e dos problemas, que apenas
aumentaram e reforçaram as emoções negativas. Quanto mais o conselheiro
ajudar a pessoa aconselhada a exercitar a fé e a confiança em Deus, mais
completa e perfeita será a solução dos problemas e maior será a habilidade do
conselheiro de ingressar em canais produtivos.

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13
A Terapia Cristã
Muitas teorias alegam apresentar os princípios básicos para a saúde men-
tal. Porém, a declaração feita por Paulo em uma de suas cartas a Timóteo
certamente ainda é relevante. Paulo afirmou que Deus nos concedeu poder,
amor e equilíbrio mental.

Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e
de equilíbrio (2 Timóteo 1:7, NVI).

Outras traduções utilizam o termo moderação em vez de “equilíbrio”. Es-


ses dois termos, equilíbrio e moderação, estão intimamente relacionados, pois
a moderação é a base do equilíbrio mental. As doenças mentais aumentam a
cada dia. O número dos lares destruídos também aumenta mais e mais, assim
como também os problemas na infância e na adolescência.
Deus está disposto a ajudar homens e mulheres a encontrarem a solução
para os problemas que levam ao colapso mental. Esses homens e mulheres
serão aqueles que tomarão posse da promessa de uma mente equilibrada, que
encontrarão segurança em Deus sabendo que o Senhor operará neles uma
regeneração espiritual e emocional completa. Essa crença assegura que a Pa-
lavra de Deus contém todos os princípios e as orientações necessárias para o
homem obter uma mente sã.
Essa promessa torna-se, no entanto, muito controversa num mundo em
que a Bíblia é, na grande maioria das vezes, rejeitada como a fonte principal
para a descoberta dos princípios de saúde mental e dos princípios curativos
das doenças da mente. Na verdade, muitos psicólogos e psiquiatras creem
que um dos maiores problemas enfrentados pelo ser humano é o problema de
viver um falso estilo de vida devido à forquilha da religião. Com isso, tentam

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88 A Solução de Deus...
minar a fé, a confiança na Palavra de Deus e a busca de viver uma vida cristã
verdadeira afirmando que tais virtudes são a causa da doença mental. Muitos
declaram que a causa mais comum para o colapso mental é o efeito inibidor
da religião. Mas será que a relação entre a religião e a doença mental é o re-
sultado do verdadeiro cristianismo? A Bíblia está repleta de promessas de paz
que se concretizam na vida do indivíduo realmente convertido.

O Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz (Números 6:26).

O Senhor dá força ao Seu povo, o Senhor abençoa com paz ao Seu


povo (Salmo 29:11).

O efeito da justiça será paz, e o fruto da justiça, repouso e segurança,


para sempre (Isaías 32:17).

Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em Mim. No mun-
do, passais por aflições; mas tende bom ânimo; Eu venci o mundo
(João 16:33).

O indivíduo que luta com a indecisão entre seguir um estilo de vida


contrário a Deus ou os desafios de Cristo para a vida, pode vir a sofrer um
colapso mental e, certamente, encontra-se num estado de conflito intenso.
Somente através da entrega firme, plena e diária a Jesus Cristo é que pode-
remos sentir a segurança prometida pela Palavra de Deus. Os efeitos nega-
tivos da frustração gerados na batalha pelo domínio da vida – que muitas
vezes produzem uma revolta contínua – são, equivocadamente, apontados
como a consequência da entrega cristã. Na verdade, esses efeitos eviden-
ciam que o indivíduo ainda não se entregou totalmente ao Senhor. Aqueles
que decididamente escolheram se afastar de Deus enfrentam menos confli-
tos do que aqueles que, apesar de ainda estarem abertos às reivindicações
de Cristo, ainda não estão preparados para se submeter completamente a
Ele. Assim, o conselheiro cristão deve centralizar os esforços não tanto no
comportamento indeciso da pessoa aconselhada, mas em ajudá-la a encon-
 Ver Romanos 7:14-24.

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A Terapia Cristã 89
trar uma maneira de submeter-se a Cristo. Até que essa submissão ocorra,
o indivíduo não encontrará realização na vida e será atormentado pela
insegurança emocional.
A Palavra de Deus não é mais o centro da vida e das práticas como no
passado. Pela negligência da Palavra de Deus por parte dos seres humanos, o
estudo da Bíblia está perdendo o poder. Não é de admirar que prefiram crer
numa forma de divindade que não exija um comprometimento tão profundo.
O trabalho, os clubes, a recreação, a televisão e a leitura inapropriada tendem
a tomar o lugar da fonte da verdadeira saúde mental que é o estudo da Palavra
de Deus mediante a oração sincera e o auxílio do Espírito Santo.
Um dos maiores problemas é o fato de que mesmo os psicólogos, os psi-
quiatras e os conselheiros que professam ser cristãos, em quase todos os casos,
seguem precisamente o mesmo tipo de programa utilizado por profissionais
seculares. Parece lógico acreditar que até mesmos os melhores programas cria-
dos pelo homem, nunca estarão à altura do programa que Deus providenciou
para os Seus filhos.
Um dos programas mais utilizados pelos centros de saúde mental requer
o envolvimento de toda a família na terapia. Esse procedimento é recomen-
dável, contudo a forma com que a família geralmente é envolvida se torna
um problema em si. Por exemplo, se o marido apresenta um distúrbio mental
intenso, convida-se a esposa e talvez outros membros da família, especial-
mente os filhos mais velhos, na tentativa de fazer alguma coisa para ajudar o
paciente. Muitas vezes essa terapia fundamenta-se nos princípios do L.A.W.
– Love (Amor), Assurance (Aceitação) e Worthwhileness (Valorização). Parte-se
do pressuposto que o paciente não obteve demonstrações adequadas de amor
em casa, cresceu sem a aceitação verdadeira e sentindo-se desvalorizado. O
programa é estruturado para restabelecer o amor e aumentar a consciência de
aceitação e de autovalorização do paciente.
Esses três atributos são importantes para todos nós. O amor desempenha
um papel vital no comportamento humano. A aceitação e a valorização são
essenciais para o desempenho humano adequado. Entretanto, esses progra-
mas apresentam como procedimento comum convidar a família, e talvez até
amigos íntimos, para descobrir maneiras em que possam ajudar o paciente a
saber que é amado, aceito e que seus esforços são valorizados. Consequente-
mente, o paciente passa a ser o centro das atenções e o foco do tratamento.
 Ver capítulo 6 intitulado “A Lei e o Amor”.

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90 A Solução de Deus...
Logo se torna óbvio que os parentes são sempre os últimos a admitir que um
membro da família sofre de uma doença mental. Assim, muito antes de o
paciente ser levado para o aconselhamento, a família geralmente fez de tudo
para tentar aplacar o comportamento inadequado do membro perturbado.
Antes de ser encorajado, persuadido e coagido a entrar num consultório, já
se desenrolou uma história muito longa de tentativas de acobertar as práticas
desequilibradas do membro doente. Quando a família tenta construir a auto-
valorização do paciente, esse indivíduo torna-se o centro de tudo que acontece
no lar. Em vez de ajudá-lo a mudar de comportamento, a atenção em excesso
tende apenas a reforçar o comportamento indesejado. Quase sem nenhuma
exceção, esses indivíduos há muito tempo já desenvolveram uma insegurança
gerada pela baixa autovalorização.
Um lar em que falta amor, aceitação e valorização provavelmente con-
tribuirá para formar um adulto com comportamentos inadequados. Porém,
o problema não está tanto na falta de amor, apesar de esse ser o problema
inicial. O problema central é que as pessoas basicamente aprendem através
da imitação. Como resultado, o indivíduo que cresce num lar em que não há
demonstrações adequadas de amor, não aprende a amar. Em vez de alcançar
outros, desenvolve o desejo insaciável de ser amado. Todos os esforços de
homens e mulheres, de amigos e familiares, não poderão ajudá-lo a obter
segurança. O que esse indivíduo realmente precisa é aprender a doar-se, a
desenvolver a aceitação e a autovalorização focando a atenção no semelhante
e não em si mesmo. O envolvimento da família é essencial, não para tornar o
paciente o centro das atenções, mas para ajudá-lo a reverter a sua preocupação
e comportamento egocêntrico num comportamento altruísta.
Não há nada mais eficiente para destruir o amor próprio e, portanto, a
autoimagem frágil, do que o amor ao próximo. O ambiente do lar é essencial
para oferecer à criança a oportunidade máxima de desenvolver a abnegação.
O tempo que os pais passam com os filhos demonstrando carinho, ensinan-
do-os a compartilhar e a se preocupar com os outros talvez seja o tempo
mais bem gasto com eles. Esse exemplo de preocupação amorosa combate
o interesse egoísta que é inerente a todo ser humano. Há uma grande ne-
cessidade de educar as crianças a olharem para além de si mesmas a fim de
encontrarem a verdadeira felicidade e contentamento. Também é importante
que os pais as respeitem ajudando-as, assim, a desenvolver o autorrespeito.
As crianças também devem aprender a respeitar os outros, pois todo o amor
cristão baseia-se nesse respeito. Ao se desenvolver, a criança deve ser levada a

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A Terapia Cristã 91
entender que o esforço, a diligência e o sustento próprio também são elemen-
tos chave para o autorrespeito.
O “eu” é a raiz de todo pecado, que inevitavelmente gera o sentimento de
culpa. Não é de admirar que a pessoa insegura com baixa autoimagem sofra
gravemente de sentimentos de autoincriminação. Devido a sua própria inse-
gurança, acha muito difícil perdoar e esquecer os excessos cometidos por ou-
tros contra ela e tende a nutrir sentimentos que, de forma circular, combatem
a autoimagem. Por causa da dificuldade de perdoar, não consegue acreditar
que Deus pode e quer perdoá-la. Na grande maioria das vezes, sofre com o
medo de ter cometido o pedado imperdoável. Infelizmente, muitos de nós
aceitamos uma compreensão errada da culpa. Limitamos a culpa em nosso
pensamento a ponto de arruinar a vida emocional. A culpa tem uma função
oportuna e importante na vida de todo ser humano. Não deve ser ignorada.
Geralmente, tentamos camuflá-la discutindo aproximações não inibitórias.
Na verdade, essa estratégia anula o sentimento de culpa, o que produz proble-
mas psicológicos ainda maiores.
O cristão cuja vida está estabelecida sobre os princípios de abnegação de
Jesus Cristo, que em completo arrependimento coloca o seu fardo sobre o
Salvador, encontrará paz, contentamento e segurança em vez de colapso emo-
cional. O verdadeiro conselheiro cristão reconhece abertamente que nem ele
e nem seu paciente possuem a resposta para a doença emocional, mas procura
Aquele que tudo sabe, leva o paciente a se encontrar com Ele e a conhecer os
princípios divinos de segurança humana.

 Ver capítulo 7 intitulado “O Problema da Culpa”.

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14
O Sucesso e o Fracasso

E
normes pressões sociais para alcançar o sucesso e evitar o fracasso
recaem sobre a maioria dos seres humanos desde a infância. Pensa-
se em geral que o sucesso pode ser alcançado somente através da
luta pela vitória, notoriedade, fama e aceitação. O fracasso ocorre quando
somos derrotados, quando falhamos em atingir arbitrariamente as metas
estabelecidas, quando somos rejeitados ou permanecemos no anonimato. A
sociedade altamente competitiva é o cenário que abriga a poderosa síndrome
do fracasso social.
A grande maioria dos conceitos sobre o sucesso envolve ideias de poder,
orgulho, exaltação, popularidade, prestígio e bens materiais. Repetidamente,
os pais, intencionalmente ou não, bombardeiam os filhos com ambições não
santificadas que estimulam e reforçam motivos egocêntricos e minimizam
as metas que permitem que a criança enxergue com mais eficiência o sucesso
à luz da abnegação. Pensa-se, portanto, que o fracasso ocorre quando não
atingimos as metas estabelecidas por nós mesmos ou por outras pessoas,
gerando, assim, a frustração, os sentimentos de desvalorização, a culpa e até
mesmo a agressividade.
Com muita frequência, a avaliação do sucesso-fracasso é determinada
através de resultados imediatos. Contudo, a avaliação tardia é geralmente
muito mais sábia. Assemelha-se à história do mineiro que escavou várias
semanas a procura de ouro sem obter sucesso algum, mas ao perseverar
encontrou o veio dourado. Será que o mineiro fracassou nas primeiras se-
manas de trabalho? Ou será que o empenho e a perseverança que demons-
trou foram importantes para atingir a meta final? A crucifixão de Cristo foi
aparentemente o maior fracasso da história da Terra, mas em contrapartida
foi essencial para o maior sucesso da história humana. Durante o Seu jul-

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O Sucesso e o Fracasso 93
gamento, crucifixão e morte, os discípulos enfrentaram momentos terríveis
de angústia, desânimo e aparente fracasso.
O sucesso e o fracasso são antônimos, por isso é muito importante exami-
nar as diferenças entre esses dois termos.
1. A abnegação versus o egoísmo
Nesta obra, discorre-se muito a respeito da abnegação e do egoísmo. Cer-
tamente, esses traços desempenham um papel fundamental para o fracasso
e para o sucesso. Paulo explicou o poder do amor: “O amor jamais acaba;
mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo
ciência, passará” (1 Coríntios 13:8). Se, no lugar do amor, a autossuficiência
tornar-se a base da motivação, o fracasso será inevitável, apesar de algumas
evidências imediatas de sucesso. O egoísmo arruinará o trabalho de todos
aqueles que não se consagrarem a Cristo. Esses indivíduos estarão sujeitos ao
fracasso porque escolheram confiar em si mesmos. Tal fracasso poderá ser
evitado se reconhecerem que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles
que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu propósito”
(Romanos 8:28).
A experiência do rei Nabucodonozor da Babilônia demonstrou de manei-
ra muito clara a diferença entre a abnegação e o egoísmo. Depois de ter sido
avisado das sérias consequências que ocorreriam se insistisse em seu egoísmo,
o orgulho ainda era a motivação principal do rei. O orgulho de Nabucodo-
nozor evidenciou-se na avaliação que fez do sucesso do reino que governava:
“Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu
grandioso poder e para glória da minha majestade?” (Daniel 4:30). Esse ho-
mem orgulhoso, rei da maior nação da época, mais tarde passou sete anos
em estado de insanidade total. O sucesso verdadeiro e duradouro pode ser
alcançado somente numa atmosfera de abnegação.
2. A submissão à vontade de Cristo versus a decisão de seguir os pró-
prios impulsos
Os impulsos humanos são inevitavelmente egoístas. O homem sofre de
uma ansiedade excessiva de buscar o próprio sucesso e planejar o próprio
futuro. A experiência de Pedro ao andar sobre a água mostra o que acontece
quando o homem deixa de confiar em Cristo e passa a confiar em si mesmo.
Assim que Pedro desviou o olhar de Cristo, começou a afundar. A submissão
 Ver Mateus 14:26-31.

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94 A Solução de Deus...
à vontade e à orientação de Cristo requer a guarda dos mandamentos de Deus
e de Suas instruções. O Senhor enfatizou essa verdade ao aconselhar Josué:
“Não cesses de falar deste Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para
que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito; então,
farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido” (Josué 1:8).
Muitas vezes, o homem espera que a orientação e a vontade de Deus
sejam reveladas de forma miraculosa, mas em Sua Palavra podemos encontrar
as bases que nortearão e ensinarão aquilo que Ele deseja que os Seus filhos
façam. Todo aquele que constrói a vida de acordo com os princípios bíblicos
está seguindo a orientação e a vontade de Cristo e não cairá na armadilha de
ser guiado por seus próprios impulsos egoístas.
3. O controle de Cristo versus a falta de controle
Sempre que o homem perde de vista o fato de que Jesus é a única
fonte de sucesso, perde também o verdadeiro foco de sua vida. Ao permi-
tirmos que realize o Seu trabalho em nós, ao seguirmos o Seu caminho,
experimentamos a suficiência plena de Cristo. Se a nossa confiança estiver
depositada completamente nEle, não haverá espaço para o fracasso, pois
com Cristo não há derrota. A batalha já não nos pertence mais, mas, sim,
a Ele. Muitas vezes, escolhemos colocar sobre nós mesmos o fardo e a
responsabilidade. Deus ensinou essa lição ao profeta Samuel. Samuel sen-
tiu-se profundamente rejeitado quando o povo de Israel pediu um rei, mas
o Senhor mostrou que o povo não havia rejeitado o profeta, mas, sim, o
próprio Deus: “Disse o Senhor a Samuel: Atende à voz do povo em tudo
quanto te diz, pois não te rejeitou a ti, mas a Mim, para Eu não reinar
sobre ele” (1 Samuel 8:7). O apóstolo Paulo, de maneira muito inspirada,
afirmou: “Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse
viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me
amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gálatas 2:20). De maneira ainda
mais explícita, ensinou esse conceito aos colossenses: “Cristo em vós, a
esperança da glória” (Colossenses 1:27). Quando a nossa vida estiver sob o
controle de Cristo, o sucesso será inevitável.
4. A submissão à vontade de Deus versus o medo de fracassar
Pode parecer estranho apontar o medo de fracassar como um elemento
que contribui para o fracasso, mas muitas pessoas tornam-se ineficientes e
malsucedidas porque temem o fracasso e, por isso, evitam as responsabilida-
des. Misteriosamente, em vez de investir todo o potencial para enfrentar um

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O Sucesso e o Fracasso 95
desafio, essas pessoas fazem absolutamente nada para encará-lo, garantindo
o fracasso. Sentem-se menos ameaçadas pelo fato de fracassar por não tentar
do que se sentiriam se o “fracasso” tivesse ocorrido após o empenho total de
sua parte. Esse dilema é muito comum entre os alunos de nível fundamen-
tal, médio e universitário. Vivemos numa sociedade em que muitos preferem
ser julgados pela preguiça à falta de habilidade ou aptidão. Muitas metas
possíveis de serem alcançadas nunca são atingidas porque temem o fracasso.
O fracasso inevitavelmente ressalta as limitações do homem e julga-o pelos
padrões humanos.
Duas das experiências mais estranhas relacionadas ao fracasso ocorreram
na vida dos profetas Elias e Jonas. Elias havia acabado de demonstrar uma
coragem ímpar ao defender o nome de Deus no Monte Carmelo e enfrentar
sozinho a multidão de profetas do deus Baal. Logo em seguida, esse mesmo
homem que demonstrou tamanha confiança em Deus temeu as ameaças da
rainha Jezabel e tratou de se esconder clamando a Deus que lhe tirasse a
vida . Entretanto, Elias estava preste a receber a maior honra que Deus pode
conferir ao ser humano – a vida celestial.
Jonas tentou fugir de sua responsabilidade, mas Deus trouxe-o de volta
através de um milagre para que advertisse a cidade de Nínive de Seu julga-
mento iminente. A advertência proclamada por Jonas foi tão bem-sucedida
que sob a sua orientação os habitantes daquela cidade arrependeram-se,
fazendo com que Deus adiasse o julgamento. Mesmo diante de tamanha
demonstração de amor divino, Jonas sentiu-se profundamente consternado
quando as suas predições não se realizaram. Sentiu-se humilhado, culpou
Deus e justificou a sua resistência em cumprir o dever alegando que sabia
que Deus era benevolente, misericordioso, tardio em irar-Se e dotado de
imensa bondade. Não creu que o julgamento de Deus sobre a cidade de
Nínive se cumpriria. De alguma forma, Jonas fracassou em perceber que
por meio de sua pregação o Santo Espírito foi capaz de levar toda a cidade
de volta a Deus. Aquilo que Jonas encarou como fracasso era na realidade
o auge do sucesso. Talvez não haja maior evidência de submissão à vontade
de Deus do que as palavras de Jó: “Ainda que Ele me mate, nEle esperarei”
(Jó 13:15, ARC). Tal submissão à vontade de Deus é a base mais perfeita
para o sucesso.

 Ver 1 Reis 19:1-4.


 Ver Jonas 4:1-3.

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96 A Solução de Deus...
5. A preocupação com a aprovação de Deus versus a preocupação com
a aprovação humana
Facilmente nos submetemos à aprovação humana – nos preocupamos com
a avaliação e o julgamento de nossos semelhantes. No entanto, a nossa maior
preocupação deve ser com a aprovação de Deus. Pode ser que em alguns casos
a aprovação de Deus e a do homem estejam de acordo, mas na maioria das
vezes são conflitantes. Cristo, por exemplo, ao fazer a vontade do Pai, geral-
mente despertava a desaprovação dos líderes judeus. Com muita frequência,
agimos de acordo com o que os outros vão pensar.
Na tentativa de motivar os filhos, os pais podem pressioná-los terrivel-
mente expondo-lhes a humilhação que sentem diante de seu fracasso. Tal mo-
tivação provém de uma baixa autoimagem profundamente enraizada. Muitos
pais procuram atingir o sucesso vicário através do sucesso dos filhos. Quando
percebem que os filhos fracassaram em atingir aquilo que idealizaram para
eles, sentem-se contrariados e frustrados. Porém, a aprovação de Deus deve ser
o critério supremo. Essa verdade é claramente enfatizada no conselho enviado
por Paulo a Timóteo: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro
que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2
Timóteo 2:15). A aprovação de Deus baseia-se na resposta sincera do homem
ao dever, não em suas realizações.
6. A aceitação versus a rejeição da responsabilidade
O fracasso é o resultado de qualquer tentativa de fugir da responsabili-
dade. Essa fuga ocorre porque o indivíduo concentra-se em suas limitações
pessoais em vez de confiar plenamente em Deus. Algumas das histórias de
grande sucesso da Bíblia aconteceram quando o homem aceitou o chamado
de Deus para se encarregar de responsabilidades difíceis e pesadas. Ainda
jovem, sob a orientação do sumo sacerdote Eli, Samuel aceitou o chamado
do Senhor respondendo: “Fala, porque o teu servo ouve” (1 Samuel 3:10). O
jovem Isaías respondeu de forma semelhante ao chamado de Deus: “A quem
enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim”
(Isaías 6:8). Paulo, após a sua conversão, orou: “Senhor, que queres que faça?”
(Atos 9:6, ARC). Deus nunca chama um homem ou uma mulher para acei-
tar uma responsabilidade sem lhe conceder a capacidade para executá-la. O
chamado de Deus para aceitar a responsabilidade assegura-nos que também
disponibilizará o Seu poder para cumprirmos o dever. Ao aceitarem a respon-

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O Sucesso e o Fracasso 97
sabilidade, homens e mulheres podem estar certos de que receberão o poder e
a sabedoria de Deus para desempenharem a tarefa que lhes foi confiada.
7. O desejo de seguir o bem versus o fascínio pelo mal
Inúmeras vezes fracassamos devido ao fascínio pelo pecado. O sucesso
verdadeiro é um presente que somente Deus pode conceder, por isso nasce
apenas num coração puro. Deus opera somente por canais puros. Aquilo
que não for puro, o próprio Deus purificará. Embora a escolha de seguir o
bem possa envolver um caminho de grandes dificuldades, inevitavelmente
resultará no sucesso perfeito. Moisés fez essa escolha ao ser educado na
corte do Faraó.

Pela fé, Moisés, quando já homem feito, recusou ser chamado filho da
filha de Faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus
a usufruir prazeres transitórios do pecado; porquanto considerou o
opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito,
porque contemplava o galardão (Hebreus 11:24-26).

Se Moisés tivesse escolhido uma vida de pecado e de prazeres, prova-


velmente teria permanecido no anonimato. Mas hoje três grandes religiões
mundiais o honram e o admiram: o cristianismo, o judaísmo e o islamismo.
Por outro lado, há aqueles que escolhem o caminho aparentemente mais fácil
– o caminho do mundanismo. Com muita tristeza, Paulo informou Timóteo:
“Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou” (2 Timóteo
4:10). Apesar de a vida de pecado parecer ser mais fácil e mais atraente, a
realidade é exatamente oposta. Salomão advertiu: “O caminho dos pérfidos é
intransitável” (Provérbios 13:15).
8. A vontade imutável versus a vontade fraca e vacilante
O indivíduo fraco e vacilante não alcançará o sucesso. A vontade fortale-
cida pela fé e pela confiança em Cristo é a vontade que alcançará o sucesso e
a vitória na vida. Vale enfatizar que a força de vontade não depende da here-
ditariedade humana ou da criação, mas da submissão da vontade a Cristo. A
vontade fraca e vacilante é uma vontade que nunca foi dirigida pelo poder de
Jesus. A vontade imutável desenvolve-se a partir do momento em que a mente
humana é transformada e renovada pelo Salvador.

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98 A Solução de Deus...
E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela
renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus (Romanos 12:2).

A fraqueza e a hesitação podem ser vistas na resposta do povo ao desafio


lançado por Elias no Monte Carmelo. Ao serem desafiados por Elias a esco-
lherem entre Deus e Baal, o povo recusou-se a tomar uma decisão: “Então,
Elias se chegou a todo o povo e disse: Até quando coxeareis entre dois pensa-
mentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o. Porém o povo nada
lhe respondeu” (1 Reis 18:21).
Apenas depois da grande manifestação do poder de Deus ao aceitar o
sacrifício oferecido por Elias e da rejeição do sacrifício oferecido pelos profetas
de Baal, que o povo teve “coragem” de dizer: “O Senhor é Deus! O Senhor é
Deus!” (1 Reis 18:39).
Deus sempre permite que façamos a nossa própria escolha. Ao final de
sua vida, Josué desafiou os israelitas a escolherem entre o Senhor e os deu-
ses pagãos, mas não deixou de expressar a sua firme determinação: “Eu e a
minha casa serviremos ao Senhor” (Josué 24:15). Uma determinação como
a de Josué nasce quando a frágil vontade do homem é ligada à vontade
imutável de Deus.
9. O dinamismo versus a preguiça
A parábola dos talentos apresenta a grande importância do trabalho. O
servo preguiçoso procurou arranjar desculpas para não desenvolver o talento
que recebeu. Os outros dois servos, através do trabalho árduo e meticuloso,
foram capazes de multiplicar os talentos a eles confiados. O trabalho árduo,
a perseverança e a determinação são componentes essenciais do sucesso. A in-
dolência é pecado. Alguns simplesmente descansam, pensando que precisam
apenas confiar que em Deus alcançarão o melhor na vida, mas o homem não
pode esperar que Deus faça por ele aquilo que é capaz de fazer por si mesmo.
Somente no momento em que o homem chegar ao limite de suas capacidades
e recursos que Deus intervirá. O homem deve fazer tudo que estiver ao seu
alcance confiando é que Deus suprirá as suas limitações e as suas necessidades
para o sucesso.

 Ver Mateus 25:14-30.

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O Sucesso e o Fracasso 99
10. A perseverança versus o desânimo
Aqueles que desistem facilmente e que por pouco ficam desanimados en-
frentarão o fracasso na vida na mesma proporção. Permanecer numa situação
de desânimo é o mesmo que criar um ambiente em que o sucesso não pode
sobreviver. Cristo confirmou esse conceito ao dizer: “Sereis odiados de todos
por causa do Meu nome; aquele, porém, que perseverar até ao fim, esse será
salvo” (Mateus 10:22). A perseverança e a confiança inabalável de Paulo evi-
denciaram-se na seguinte declaração a Timóteo: “Combati o bom combate,
completei a carreira, guardei a fé” (2 Timóteo 4:7).
O sucesso não pode ser construído sobre a falta de vontade ou a incerteza,
mas sobre a perseverança que não admite barreiras, obstáculos, empecilhos e
tem por parceiro a Cristo Jesus.
11. Encarar os desafios com coragem versus evitar tarefas difíceis
Não é difícil deixar que os outros se encarreguem dos fardos pesados e das
responsabilidades difíceis. Com facilidade, inventamos desculpas alegando
que temos falta de conhecimento, de experiência, de educação ou de preparo.
Mas uma análise franca e honesta revelará que na maioria das vezes evitamos
as dificuldades porque não queremos enfrentar os desafios e as provações que
sabemos fazer parte do chamado de Deus. Porém, podemos estar certos de
que nunca enfrentaremos nada sozinhos.
Todos os nossos talentos, as nossas habilidades, a nossa inteligência e a
nossa energia física são sustentados e mantidos pelo grande Deus do Univer-
so. Precisamos sempre nos lembrar disso, assim como Moisés foi lembrado
ao tentar evitar a grande responsabilidade que Deus lhe confiou de liderar
o povo para fora do Egito. Deus é o Autor de nosso ser. Ele é o responsável
pelo sucesso de nosso chamado. A concretização do sucesso está intimamente
ligada a Cristo, como pode ser visto à luz do crescendo dos últimos cinco
versos do capítulo 8 do livro de Romanos. Lança-se a pergunta: “Quem nos
separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou
fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?” (Romanos 8:35). Em seguida, vem a
certeza: “Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio
dAquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem
a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do
porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer

 Ver Êxodo 3:10-17.

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100 A Solução de Deus...
outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus,
nosso Senhor” (Romanos 8:37-39). Cristo não apenas nos convida a aceitar
a Sua salvação, mas também promete dar-nos força para enfrentar todas as
dificuldades, pois o sucesso é Seu.
12. A fé versus a presunção
A fé requer um relacionamento de confiança em Deus – a submissão total
a Ele e à Sua orientação. A presunção procura alcançar os mesmos objetivos,
mas através do esforço humano. Não há nenhum exemplo melhor para dife-
renciar a fé da presunção do que a experiência de Abraão. Abraão demonstrou
uma fé invejável ao seguir a orientação de Deus para deixar a cidade de Ur
dos Caldeus em direção ao desconhecido. No entanto, o mesmo Abraão agiu
presunçosamente ao aceitar Hagar como segunda esposa na tentativa de gerar
o filho prometido por Deus. Ismael, o filho gerado pela união com Hagar,
não era o filho da promessa, mas o filho da presunção. Deus cumpriu a sua
promessa muito tempo depois que Sara já havia passado da idade de gerar
filhos. Isaque foi o verdadeiro filho da promessa.
Outro exemplo de presunção pode ser visto na experiência de Sansão.
Sansão pactuou com Deus que nunca revelaria que o segredo de sua força
estava em seus cabelos. Sansão, porém, quebrou o pacto revelando o segredo à
esposa, Dalila. Diante de todas as tentativas prévias de Dalila, Sansão não ti-
nha motivos para duvidar de que a esposa estava a todo custo procurando um
meio de tirar-lhe a força, mas foi tomado por tamanha presunção que quando
sua cabeça foi raspada ainda achava que seria capaz de se defender como no
passado e afirmou: “Sairei ainda esta vez como dantes e me livrarei”. Em
seguida, lemos as tristes palavras: “porque ele não sabia ainda que já o Senhor
se tinha retirado dele” (Juízes 16:20). Depois dessa experiência traumática,
Sansão aprendeu a confiar em Deus. Podemos notar isso um pouco antes de
sua morte: “Senhor Deus, peço-te que te lembres de mim, e dá-me força só
esta vez, ó Deus, para que me vingue dos filisteus, ao menos por um dos meus
olhos” (Juízes 16:28). A presunção leva ao fracasso. A fé leva ao sucesso.
13. Moldar as circunstâncias versus ser moldado pelas circunstâncias
O cristão verdadeiramente submetido a Cristo não permite que as cir-
cunstâncias moldem a sua vida ou dirijam-no. Emprega virtudes positivas
como a diligência, a honestidade, a integridade e a pureza procurando utilizar

 Ver Gênesis 12:1-4; Hebreus 11:8-10.

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O Sucesso e o Fracasso 101
as circunstâncias para alcançar os objetivos estabelecidos por Deus para a
sua vida. Porém, mesmo entre os professos cristãos, há os que se sujeitam a
qualquer circunstância. Paulo enfatizou: “Até que todos cheguemos à unidade
da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à
medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como
meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento
de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao
erro” (Efésios 4:13-14).
As circunstâncias devem ser moldadas pelo cristão, tendo em mente que
Deus, segundo a Sua vontade, não permitirá que nada impeça o cumpri-
mento de Seu propósito. Josué compreendeu essa verdade ao atravessar o
rio Jordão. Assim que os sacerdotes obedeceram à ordem de entrar no rio,
as águas se abriram e o povo de Israel pôde atravessar em terra seca rumo a
Terra Prometida.
14. Olhar para o futuro versus olhar para o passado
Na maioria das vezes, o fracasso é o resultado de olhar para o passado.
As falhas do passado devem ser esquecidas. Não há nenhum benefício em re-
lembrar os erros do passado ou as circunstâncias que geraram consequências
negativas. Deus deseja que homens e mulheres esqueçam os erros do passado
e mantenham o olhar fixo no futuro e na esperança gloriosa que Ele tornou
possível a toda humanidade. Com isso em mente, Paulo pôde dizer: “Esque-
cendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de
mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus
em Cristo Jesus” (Filipenses 3:14).
A destruição da mulher de Ló, ao virar-se para contemplar Sodoma,
simboliza o erro cometido pelo cristão que insiste em olhar para o passado.
O sucesso é o resultado inevitável da submissão total a Cristo. Pouco antes
de sua morte, Davi repetiu ao filho, Salomão, a promessa de Deus de que
abençoaria os esforços para a construção do Templo.

Este edificará casa ao Meu nome; Ele me será por filho, e Eu lhe
serei por Pai; estabelecerei para sempre o trono do seu reino sobre
Israel (1 Crônicas 22:10).

 Ver Josué 4:5-8.


 Ver Gênesis 19:26.

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102 A Solução de Deus...
Ao orar, na cerimônia de dedicação do Templo, Salomão reconheceu que
a confiança de seu pai em Deus havia sido honrada.

Bendito seja o Senhor, que deu repouso ao Seu povo de Israel, se-
gundo tudo o que prometera; nem uma só palavra falhou de todas
as Suas boas promessas, feitas por intermédio de Moisés, Seu servo
(1 Reis 8:56).

O sucesso independe da grandeza intelectual ou do poder humano, mas


é o fruto da submissão total à orientação divina. Deus, e não o homem, é o
responsável pelo sucesso. Como o ser humano poderia avaliar o sucesso de
William Carey, o primeiro missionário na Índia? Carey trabalhou por muitos
anos sem converter nenhuma alma. Será que esses anos foram um fracasso?
Não, se avaliarmos o seu trabalho sob o ponto de vista do tempo.
O sucesso é construído através do tempo que passamos em oração e do
estudo diligente da Bíblia para que nos tornemos cooperadores eficientes de
Cristo. Jamais devemos evitar as dificuldades ou as lutas, pois geralmente
representam os blocos que edificarão o sucesso à medida que adquirimos sa-
bedoria por meio do fracasso humano e depositamos cada vez mais a nossa
confiança e fé em Deus. Sentimo-nos facilmente humilhados quando as coi-
sas não acontecem segundo os nossos planos, mas se a nossa segurança estiver
em Cristo, o sucesso não será avaliado em termos finitos. Somente aqueles que
enfrentaram e, no poder de Cristo, venceram grandes dificuldades reconhe-
cem a verdadeira fonte do sucesso.
Na ocasião em que formos capazes de fazer uma reflexão eterna, sabere-
mos a limitação da visão de sucesso que agora possuímos. Os planos humanos
serão vistos como tolos, inadequados e sem propósito.

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15
A Motivação

D
efende-se, em geral, que, sem motivação, nenhum comporta-
mento é colocado em prática, pois são os motivos que incitam a
ação. A motivação pode ser largamente equiparada aos impulsos,
aos incentivos, aos apetites, às aversões e às necessidades. É a motivação que
determina a real natureza das ações humanas. Cristo ressaltou essa verdade
ao comentar a atitude da viúva que ofertou no Templo tudo o que possuía
– duas moedas de pouco valor. Aquelas moedas, na verdade, valeram muito
mais do que a grande quantidade de dinheiro ofertada pelos ricos, cujos co-
fres transbordavam de riquezas. Deus estima em alto valor cada ato movido
pela preocupação abnegada com o próximo. As ofertas generosas oriundas de
motivos egoístas são inaceitáveis a Deus e incapazes de abençoar o doador.
Assim, o ato de doar deve ser colocado em prática pela motivação altruísta.

Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com


tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria
(2 Coríntios 9:7).

Muitas vezes, parece fácil determinar a razão de certos comportamentos,


mas nem sempre é assim. Conclui-se, geralmente, que alguém que se alimenta
esteja apenas saciando o impulso da fome. Porém, de acordo com o conheci-
mento atual, pode ser que essa conclusão não esteja necessariamente correta.
A motivação pode estar relacionada a inúmeros motivos sociais, à ansiedade
e até mesmo à pressão do grupo. Portanto, nunca poderemos ter certeza ab-
soluta da motivação que deu início à determinada ação avaliando apenas o
comportamento em si.

 Ver Lucas 21:1-4.

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104 A Solução de Deus...
É possível concluir que a maioria dos maus comportamentos seja estimu-
lada por motivos errados. Por exemplo, o furto quase que inevitavelmente
é incitado por alguma forma de comodismo e o comportamento adúltero
por motivos concupiscentes. Por outro lado, é muito mais difícil supor que
o “bom comportamento” seja o resultado automático de bons motivos. Na
maior parte dos casos, os atos muito “bons” resultaram de motivações impu-
ras e egoístas – motivações relacionadas à busca da autoaprovação, da autoe-
xaltação, da aceitação social e do prestígio. O cristão não pode omitir o fato
de que os motivos formam a base sobre a qual o relacionamento com Deus
estará seguro. Deus declarou: “Porque, como imagina em sua alma, assim
ele é” (Provérbios 23:7). O caráter do ser humano não é determinado pelas
ações em si, mas pelo relacionamento de seu coração com Cristo. Assim, da
mesma forma como as ações verdadeiramente compassivas e abnegadas serão
os frutos da vida daqueles que Cristo transformou, ações semelhantes pode-
rão, muitas vezes, fazer parte da vida daqueles cujo coração está totalmente
afastado de Jesus.
Os impulsos dividem-se em dois grupos – os de origem biológica, cha-
mados de impulsos universais, e aqueles adquiridos durante a vida, cha-
mados de impulsos sociais. Costuma-se designar os impulsos biológicos de
primários e os impulsos sociais de secundários. Entretanto, essa designação
não indica que os impulsos biológicos sejam necessariamente mais fortes do
que os impulsos sociais.
Nos primeiros meses de vida os impulsos biológicos são dominantes, co-
mo a respiração, a fome, a sede, a sensibilidade à dor, o descanso e a evacu-
ação. Porém, durante o processo de aculturação, os impulsos sociais podem
se desenvolver de forma marcante e, em muitos casos, dominar os impulsos
biológicos. Por exemplo, o avarento que viciou acumular dinheiro pode vir a
sofrer e até mesmo a morrer de desnutrição. O estudante altamente motivado
pelo sucesso acadêmico pode privar-se do descanso adequado. O impulso se-
xual pode servir, em grande parte ou totalmente, a inúmeros objetivos sociais.
Portanto, os impulsos primários são apenas primários no sentido de serem
inatos e os impulsos secundários são assim classificados porque se desenvolve-
ram depois dos impulsos primários.
Muito já se discutiu a fim de determinar a natureza dos impulsos emoti-
vos como o amor, a alegria, a compaixão e a segurança, juntamente com as
emoções aversivas como a culpa, a dor, a ansiedade, o medo, a depressão, a

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A Motivação 105
angústia, a raiva, o ciúme e o ódio. Boa parte dos psicólogos percebe que a
maioria das emoções é aprendida, e certamente as expressões específicas das
emoções são aprendidas também. Muitos psicólogos concordam que prova-
velmente a emoção do medo e a necessidade de segurança sejam inerentes, e a
última provavelmente forme a base para o desenvolvimento do amor.
Na vida adulta, as emoções tornam-se um dos estímulos mais fortes para
a ação. Embora algumas emoções pareçam ser positivas e outras negativas,
uma análise cuidadosa por parte do cristão indicará que toda emoção po-
de ser expressa de forma positiva e cristocêntrica ou de maneira negativa e
egocêntrica. Assim como alguns motivos biológicos como a sede e a fome
podem ser corrompidos e o impulso sexual pervertido, outros motivos podem
seguir o mesmo caminho. As emoções também podem expressar-se de forma
positiva ou negativa. Até mesmo os melhores motivos, como o amor, ofere-
cem conotações negativas, como também o pior deles, o ódio, pode oferecer
conotações positivas.
Numa época em que as reivindicações de Cristo são sentidas na vida dos
seres humanos, muitos dos motivos, sejam biológicos ou adquiridos, possuem
fortes inclinações para o mal. Em muitos casos, parece quase impossível que
os motivos negativos sejam transformados, mas Deus tem todo o poder, por
intermédio do triunfo de Seu Filho, de conceder a vitória sobre qualquer
impulso biológico ou social inclinado para o mal.
Nossa mente poluiu-se com a multidão de estímulos prejudiciais que tem
agredido os sentidos do ser humano durante a última era, mas há uma solu-
ção para essa poluição mental. Lentamente, mas sem hesitar, esse acúmulo de
corrupção mental pode ser removido da mente através do estudo da Bíblia e
da meditação na Palavra de Deus. A análise feita por Davi é muito apropria-
da: “Guardo no coração as Tuas palavras, para não pecar contra Ti” (Salmo
119:11).
A pureza da verdade elimina a perversão da vida passada. Através da
submissão total da vida a Cristo, representada pela experiência do novo nas-
cimento, homens e mulheres desenvolverão um novo padrão de motivação.
Paulo assegurou-nos que quando o homem nasce de novo torna-se uma nova

 Ver capítulos 20, 25 e 26 intitulados “O Fator Físico na Saúde Mental”, “A Moralidade


e o Sexo” e “O Homossexualismo”.
 Ver capítulo 8 intitulado “As Emoções Negativas”.
 Ver João 3:3-6.

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106 A Solução de Deus...
criatura: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas
já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Coríntios 5:17). Somente a experi-
ência do novo nascimento poderá habilitar a transformação total dos motivos
humanos.
Em diversas passagens bíblicas, o estado natural do homem é claramente
definido. Paulo declarou que a possessão de uma mente carnal (ou seja, as
intenções e as motivações naturais do homem) é contrária à possessão da
motivação íntegra: “Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois
não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão
na carne não podem agradar a Deus” (Romanos 8:7-8). Jeremias afirmou
enfaticamente: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desespe-
radamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9). Salomão declarou:
“Abomináveis são para o Senhor os desígnios do mau, mas as palavras bon-
dosas lhe são aprazíveis” (Provérbios 15:26). Jesus disse: “Porque do coração
procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos
testemunhos, blasfêmias” (Mateus 15:19).
Embora o homem seja capaz de mudar alguns dos padrões de comporta-
mento que normalmente surgem de certos pensamentos, é totalmente incapaz
de, por conta própria, mudar o estado de seu coração.
Cristo poderá operar a verdadeira transformação a partir do momento
em que o homem admitir a sua total incapacidade de mudar os próprios
pensamentos e motivos. Essa luta foi vividamente descrita por Paulo no livro
de Romanos, no capítulo 7, ao retratar um homem carnal e escravo do pecado
que, através do próprio esforço humano, tenta manter um relacionamento
íntegro com Cristo. Porém, descobre que todas as suas tentativas fracassam e
os padrões de vida que sinceramente procurou evitar são os mesmos padrões
que acaba seguindo. Assim, em profundo desespero clama: “Desventurado
homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Romanos 7:24).
Imediatamente, segue-se a resposta: “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso
Senhor” (Romanos 7:25).
No verso acima, Paulo demonstrou a resposta simples, mas perfeita para
o dilema motivacional do homem. Sem o poder de Cristo em nós, na melhor
das hipóteses teremos motivos manchados e defeituosos. Em reconhecimento
dessa verdade, Paulo escreveu: “Se habita em vós o Espírito daquele que res-
suscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus
dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu

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A Motivação 107
Espírito, que em vós habita” (Romanos 8:11). Por intermédio do poder do
Espírito Santo em nós é que o coração humano poderá ser transformado subs-
tituindo os motivos egoístas por motivos de amor. À luz dessa compreensão,
estamos aptos a entender o significado do conselho de Paulo: “Tende em vós
o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” (Filipenses 2:5).
Somente depois que os motivos de Cristo ativarem o comportamento do
homem é que as ações poderão fluir de um coração de amor. As palavras
de Salomão agora podem ser compreendidas: “Os pensamentos do justo são
retos” (Provérbios 12:5). Esses pensamentos tornam-se justos no momento em
que a mente de Cristo se tornar o poder controlador da vida. Assim, a grande
importância da entrega total do coração a Deus não pode ser subestimada. O
Senhor pede que o homem se entregue a Ele de todo o coração: “Ainda assim,
agora mesmo, diz o Senhor: Convertei-vos a Mim de todo o vosso coração; e
isso com jejuns, com choro e com pranto” (Joel 2:12). Paulo conclama-nos a
levar cativo “todo pensamento à obediência de Cristo” (2 Coríntios 10:5). Da-
vi pediu a Deus em oração: “As palavras dos meus lábios e o meditar do meu
coração sejam agradáveis na Tua presença, Senhor, Rocha minha e Redentor
meu!” (Salmo 19:14).
Entretanto, é impossível ao homem mudar o próprio coração ou a si mes-
mo a fim de receber a mente de Cristo. Até mesmo a transformação da mente
é um ato divino. Todos nós devemos fazer a oração de Davi: “Cria em mim,
ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável”
(Salmo 51:10). Os motivos do homem podem ser transformados somente
depois de permitir que Cristo remova a mente carnal e a substitua pela Sua
própria mente. Talvez não haja melhor maneira de medir o nosso crescimento
espiritual do que observar a nossa relação com as posses e as riquezas. Deus
determinou como sendo dEle um décimo de todo o rendimento, o dízimo, e
permitiu que o homem fosse abençoado ao ofertar e cuidar dos necessitados,
segundo as suas possibilidades.
Não podemos entregar a mente a Cristo, não podemos controlar os pensa-
mentos, mas podemos pedir diariamente que tome a nossa mente e os nossos
pensamentos em Suas mãos para que os motivos que incitam as nossas pala-
vras e ações sejam santificados. A promessa de uma mente renovada é clara.
O Senhor afirmou: “Dar-lhes-ei coração para que me conheçam” (Jeremias
24:7). Numa linguagem ainda mais específica, prometeu: “Dar-vos-ei coração

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108 A Solução de Deus...
novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e
vos darei coração de carne” (Ezequiel 36:26).
Nesse contexto é que a mente de Cristo é refletida em nós. Nenhum esfor-
ço humano, nenhuma luta ou privação será capaz de refleti-la, mas somente
através da submissão total da vida a Cristo. Essa é a única maneira do ser
humano guardar a lei de Deus. Mediante as forças humanas, a obediência é
impossível, pois os nossos pensamentos são pervertidos e poluídos.
Jesus declarou que os pensamentos adúlteros constituem uma violação
do sétimo mandamento: “Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma
mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela” (Mateus
5:28). João afirmou que o ódio é equivalente ao assassinato: “Todo aquele que
odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida
eterna permanente em si” (1 João 3:15). Seremos capazes de guardar a lei de
Deus a partir do momento em que a nossa mente for controlada por Cristo.
Nesse sentido, Deus prometeu cumprir a promessa: “Na mente, lhes imprimi-
rei as Minhas leis, também no coração lhas inscreverei; Eu serei o seu Deus, e
eles serão o Meu povo” (Jeremias 31:33). Quando as ações são incompatíveis
com os motivos, as obras humanas tornam-se inaceitáveis a Deus.

Hipócritas! Bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este


povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim
(Mateus 15:7-8).

No Sermão do Monte, Jesus afirmou: “Bem-aventurados os limpos de


coração, porque verão a Deus” (Mateus 5:8). Deus prometeu a saúde mental
através do profeta Isaías: “Tu, Senhor, conservarás em perfeita paz aquele
cujo propósito é firme; porque ele confia em Ti” (Isaías 26:3). Nada resume
melhor a motivação do cristão do que as palavras de Paulo a Timóteo: “Ora,
o intuito da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro,
e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia” (1 Timóteo 1:5).

 O leitor não deve confundir a tentação com o pecado. Satanás colocará tentações em
nossa mente, assim como fez com Cristo. As tentações apenas tornam-se pecado quando a
acariciamos. Grandes bênçãos são prometidas àqueles que não se rendem à tentação.

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16
A Formação do Hábito

O
s cristãos rejeitam a posição comportamentalista de que o homem
é a soma total de todas as influências do ambiente em que está
inserido. Entretanto, é evidente que o comportamento presente,
como também as atitudes e as crenças se desenvolvem e se fortalecem através
do processo de habituação. A habituação, na concepção cristã, depende da
escolha e da decisão. A formação de hábitos e de maneiras características
de comportamento está sujeita à influência modificadora e controladora de
processos cerebrais elevados que, se bem desenvolvidos e corretamente empre-
gados, serão cada vez mais refletidos em pensamentos, palavras e ações.
Durante o desenvolvimento pré-natal e os primeiros anos da infância, as
formações de hábitos são estabelecidas, inicialmente de acordo com a influên-
cia hereditária, os padrões de amadurecimento e a influência direta dos pais. A
interação desses fatores forma uma fundação sólida em que serão instituídos os
hábitos futuros e o comportamento. À medida que a criança atinge os anos de
independência, a sua capacidade de se comportar de acordo com os princípios
e propósitos estabelecidos pelos poderes elevados da razão dependerá muito
dos recursos dos anos anteriores. A experiência dos primeiros anos de vida afeta
profundamente as escolhas futuras. Porém, não podemos aceitar que esse fator
seja a única base do comportamento. Sabe-se que a repetição de ações fortalece
os hábitos comportamentais, mas o ser humano tem o poder de modificar,
substituir ou apagar até mesmo os hábitos há muito tempo estabelecidos. A
conversão de qualquer ser humano a Cristo implica não apenas na escolha de
quem controlará a vida, mas também numa mudança de estilo de vida que em
muitos casos é radical. Se o homem não tivesse o poder da escolha, ser-lhe-ia
impossível aceitar o poder de Cristo em sua vida. Não haveria esperança de
que os traços de caráter que definem a vida não convertida pudessem ser subs-
 Ver Apêndice A intitulado “A Natureza do Homem”.

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110 A Solução de Deus...
tituídos por um padrão de vida condizente com a vida de Jesus Cristo. Se uma
simples visão estímulo-resposta da vida fosse aceita, teríamos, na melhor das
hipóteses, uma esperança lenta e incerta de mudança de vida. Especialmente
as pessoas de meia idade ou idosas teriam pouca, ou mesmo nenhuma espe-
rança de aceitar as reivindicações de Cristo. A Bíblia está repleta de exemplos
de mudanças repentinas ocorridas por ocasião da conversão. Zaqueu, o ladrão
na cruz e Paulo são alguns dos muitos exemplos.
As leis da primazia e da novidade – especialmente a primeira – desempe-
nham um papel importante na formação do hábito. A lei da primazia diz que
o primeiro conhecimento é o que permanece, ou seja, as primeiras experiên-
cias são mais fortes do que as experiências posteriores na formação do hábito.
Assim, os hábitos formados na experiência pré-natal e pós-natal inicial da
criança possivelmente dominarão muito mais do que os hábitos estabelecidos
mais tarde. Portanto, deve haver cuidado redobrado por parte dos pais duran-
te os meses de formação. Os hábitos inadequados estabelecidos logo no início
da vida atrapalharão o trabalho do Espírito Santo no futuro. Por outro lado,
os sábios esforços dos pais ajudarão a criança a desenvolver padrões de vida
que facilitarão a sua resposta ao chamado do Espírito de Deus.
A lei da novidade diz que os hábitos ou os conhecimentos recentes são
lembrados com mais facilidade. Essa lei é também muito importante para os
cristãos, pois se a última resposta de sua vida for condizente com o compro-
misso cristão, haverá grande possibilidade de que essa resposta seja repetida
posteriormente em circunstâncias semelhantes. Mas o fato de ceder à tentação
aumenta a chance de ceder novamente no futuro.
A lei mais importante de todas é a lei da repetição. A frequência com que
certo comportamento é repetido determina a extensão da força do hábito. Os
hábitos motivados por propósitos egoístas são mais fáceis de ser fortalecidos
pela repetição do que os motivados pela abnegação. Assim, para estabelecer
bons hábitos, são necessários grandes esforços e decisões específicas. Da parte
dos pais, exige-se paciência e esforço compatíveis. Mais tarde, ao adquirir
independência, o mesmo será exigido do filho ou filha.

 Ver Lucas 19:1-10.


 Ver Lucas 23:39-43.
 Ver Atos 9:1-6.
 Ver capítulo 18 intitulado “A Dieta Alimentar”.

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A Formação do Hábito 111
O autocontrole é a base principal para a formação dos bons hábitos. Essa
qualidade é fortalecida pela repetição. O envolvimento da vontade é essencial
para a quebra dos maus hábitos, para erradicá-los, como também para estabe-
lecer hábitos adequados. O homem é incapaz de quebrar os maus hábitos sem
o poder de Cristo. Além disso, os maus hábitos não poderão ser quebrados
se o indivíduo não reconhecer que são errados, se não tiver o desejo de ser
libertado da escravidão do pecado e caso não se esforçar sinceramente para
eliminar o mal. A vida vitoriosa é o resultado de submeter, através da fé, os es-
forços inadequados ao poder de Cristo, que sozinho efetuará a transformação
dos hábitos obstinados em padrões de comportamento cristocêntricos. Essa é
a mudança proposta por Cristo a Nicodemos, o fariseu:

Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo,


não pode ver o reino de Deus (João 3:3).

O homem necessita da intervenção divina antes que qualquer esforço de


sua parte possa repercutir numa transformação de padrões de vida egoístas
para padrões cristocêntricos. Paulo defendeu plenamente essa verdade ao de-
clarar: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas
já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Coríntios 5:17).
A importância da habituação é notada em resposta à tentação. Se cairmos
em tentação, o poder para resisti-la será enfraquecido e a consciência, amorte-
cida. Todo mau hábito repetido continuamente promove o enfraquecimento
e, se acariciado por muito tempo, a reversão poderá ser praticamente impossí-
vel. Entretanto, se a tentação for resistida e, se no poder de Cristo a tentação
for vencida, o caráter moral do homem será fortalecido.
A Bíblia enfatiza a relação entre os eventos causais e as suas consequên-
cias. Paulo disse:

Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem
semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria
carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito
do Espírito colherá vida eterna. E não nos cansemos de fazer o bem,
porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos (Gálatas 6:7-9).

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112 A Solução de Deus...
As escolhas feitas geralmente levam a consequências muito além das ques-
tões iniciais. Por isso, o melhor é que até mesmo as pequenas escolhas da vida
sejam feitas com cuidado. Salomão, em linguagem metafórica, referiu-se a es-
sa verdade ao declarar: “As raposinhas, que devastam os vinhedos” (Cantares
2:15). Ou seja, os pequenos pecados que arruínam a vida.
A aceitação de Cristo pode ser instantânea, como também a transfor-
mação da vida em aliança com Ele. Esse compromisso com Jesus inevita-
velmente produzirá mudanças imediatas de comportamento, geralmente de
natureza drástica.
A mudança na direção da vida é imediata. O crescimento e o desenvol-
vimento do verdadeiro cristão, contudo, perduram por toda a vida. Assim,
a vida cristã muitas vezes é definida como um crescimento (1 Pedro 2:2), e
um aprendizado (Deuteronômio 4:10). Apesar da aliança com Cristo ser ins-
tantânea, há a necessidade de um crescimento diário que provém do estudo
da Palavra de Deus, da direção do Espírito Santo e de uma vida de oração.
Esses três elementos possibilitarão que novas dimensões da vida cristã sejam
compreendidas e praticadas.
Apesar de a conversão operar mudanças imediatas de comportamento,
pode ser que os velhos hábitos reapareçam à medida que surjam circuns-
tâncias adversas inesperadas. Por exemplo, o indivíduo que ao se converter
eliminou o hábito de blasfemar e maldizer pode, para seu espanto e horror,
voltar ao velho hábito no momento em que topar o dedo em algum obstáculo.
Porém, ao confessar o pecado, ao crescer espiritualmente e ao se habituar à
pureza de Cristo em sua vida, pouco a pouco esse velho hábito deixará de ser
usado. A prática do cristianismo levará à vitória completa que com o passar
do tempo fará com que esse indivíduo, sob hipótese alguma, utilize uma
linguagem ofensiva.
É impossível ignorar a influência da hereditariedade e os fatores de matu-
ração para determinar a possível direção dos padrões de hábito. Porém, não
podemos aceitar que sejam imutáveis ou o melhor para a vida do indivíduo.
Devemos reconhecer que o cristianismo implica uma mudança das tendências
herdadas ou aprendidas e que Cristo tem poder mais do que suficiente para
mudá-las. Erroneamente conclui-se que o padrão de características da vida de
uma pessoa seja definido como “é o jeito dela” e que não possa ou não precise
 Ver também 2 Pedro 3:18; Efésios 4:15.
 Ver também Deuteronômio 14:23; Deuteronômio 31:12.

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A Formação do Hábito 113
ser mudado. Jesus prometeu conceder-nos força para vencer tudo o que não
estiver de acordo com o Seu exemplo. Cada vez que condescendemos com
o pecado, os maus hábitos fortalecem-se e o controle é enfraquecido. Não
apenas a bondade é destruída pelo costume de ceder às inclinações carnais,
mas a alegria e a paz mental também são destruídas.
Infelizmente, é muito mais fácil ser educado para o mal. Porém, mais di-
fícil ainda é mudar fortes hábitos negativos. Há muitas advertências contra a
condescendência obstinada com o pecado. Salomão falou claramente a respeito
desse perigo: “O caminho dos perversos é como a escuridão; nem sabem eles em
que tropeçam” (Provérbios 4:19). Pedro também viu uma relação semelhante:

Especialmente aqueles que, seguindo a carne, andam em imundas


paixões e menosprezam qualquer governo. Atrevidos, arrogantes, não
temem difamar autoridades superiores, ao passo que anjos, embora
maiores em força e poder, não proferem contra elas juízo infamante
na presença do Senhor. Esses, todavia, como brutos irracionais, natu-
ralmente feitos para presa e destruição, falando mal daquilo em que
são ignorantes, na sua destruição também hão de ser destruídos, rece-
bendo injustiça por salário da injustiça que praticam. Considerando
como prazer a sua luxúria carnal em pleno dia, quais nódoas e defor-
midades, eles se regalam nas suas próprias mistificações, enquanto
banqueteiam junto convosco; tendo os olhos cheios de adultério e
insaciáveis no pecado, engodando almas inconstantes, tendo coração
exercitado na avareza, filhos malditos; abandonando o reto caminho,
se extraviaram, seguindo pelo caminho de Balaão, filho de Beor, que
amou o prêmio da injustiça (2 Pedro 2:10-15).

Davi orou para que o Senhor guardasse o seu coração de cometer qual-
quer ato de maldade: “Não permitas que meu coração se incline para o mal,
para a prática da perversidade na companhia de homens que são malfeitores;
e não coma eu das suas iguarias” (Salmo 141:4).
Todo incentivo por parte de amigos cristãos e de familiares para reverter
ou evitar hábitos pecaminosos serão inúteis a menos que a mente carnal seja
submetida e o indivíduo permita que o Espírito Santo controle a mente.
Esse é o segredo para a erradicação de hábitos errados e do estabelecimento

 Ver Romanos 8:6-14.

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114 A Solução de Deus...
de bons hábitos. Pensamentos puros e santos não surgem naturalmente na
mente do indivíduo não convertido. A mente carnal (natural) não é capaz de
obedecer à lei de Deus.

Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está
sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar (Romanos 8:7).

A mente carnal segue os caminhos do pecado. O cristão não é um au-


tômato. A escolha é dele, inclusive a escolha de permitir que Espírito Santo
transforme a sua vida. Além disso, o cristão deve empenhar-se ao máximo
para depositar os seus esforços e influência no lado certo.
O desenvolvimento de hábitos úteis é essencial não apenas para a autova-
lorização, mas também para a satisfação e pureza da vida. A disponibilidade
de recreações não estruturadas pode ser prejudicial. O ócio e a preguiça
estimulam uma série de comportamentos improdutivos e inúteis. Assim,
desde os primeiros anos, a criança deve aprender os hábitos da diligência e
do esforço. Esse treinamento desenvolve uma grande barreira contra o de-
sânimo. Além disso, o desenvolvimento de hábitos de ordem e organização
laça o fundamento para atividades proveitosas em outros aspectos da vida.
A maneira como as crianças são educadas é vital para os padrões de hábitos
posteriores. Paulo advertiu os pais a criarem seus filhos na disciplina e na
admoestação do Senhor.

E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na discipli-
na e na admoestação do Senhor (Efésios 6:4).

Salomão assegurou que a educação correta da criança será recompensada


pela atitude adequada na maturidade.

Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for


velho, não se desviará dele (Provérbios 22:6).

Devemos reconhecer, no entanto, que a escolha final é individual. O es-


forço pessoal aliado ao poder do Espírito Santo será necessário para obter a
vitória sobre os hábitos pecaminosos.

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A Formação do Hábito 115
Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós
(Tiago 4:7).

Geralmente, associamos os hábitos ao comportamento exterior, porém


necessitamos reconhecer que os hábitos são formados na mente. Salomão dis-
se: “Porque, como imagina em sua alma, assim ele é” (Provérbios 23:7). Salo-
mão também advertiu: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração,
porque dele procedem as fontes da vida” (Provérbios 4:23). Jesus afirmou:
“Porque a boca fala do que está cheio o coração” (Mateus 12:34).
Incontestavelmente à luz da relação entre os pensamentos, as palavras e as
ações, o Salmista escreveu: “As palavras dos meus lábios e o meditar do meu
coração sejam agradáveis na Tua presença, Senhor, Rocha minha e Redentor
meu!” (Salmo 19:14).
O monitoramento dos padrões de pensamento é essencial para a formação
de hábitos comportamentais adequados que compõem a base do caráter e são
fundamentais para o desenvolvimento cristão. A vitória sobre os maus hábitos
requer a escolha de servir a Deus, pois o pecado vence o homem através da
vontade, até que esta seja quase paralisada, a ponto de ser quase impossível
tomar decisões corretas. Exigir-se-á grande empenho e controle pela vontade
para que o indivíduo abandone os hábitos errados e adquira hábitos provei-
tosos, mas os resultados sem dúvida serão recompensadores. A Bíblia várias
vezes adverte-nos a praticarmos o bem e a desviarmo-nos do mal.

Aparta-te do mal e pratica o que é bom; procura a paz e empenha-te


por alcançá-la (Salmo 34:14).

Aparte-se do mal, pratique o que é bom, busque a paz e empenhe-se


por alcançá-la (1 Pedro 3:11).

A Bíblia descreve a prática do bem como um processo de aprendizagem.

Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; de-


fendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas (Isaías 1:17).

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116 A Solução de Deus...
Com minha alma suspiro de noite por Ti e, com o meu espírito den-
tro de mim, eu Te procuro diligentemente; porque, quando os Teus
juízos reinam na terra, os moradores do mundo aprendem justiça
(Isaías 26:9).

Se diligentemente aprenderem os caminhos do Meu povo, jurando pe-


lo Meu nome: Tão certo como vive o Senhor, como ensinaram o Meu
povo a jurar por Baal, então, serão edificados no meio do Meu povo
(Jeremias 12:16).

A prática do bem é mais do que uma experiência de aprendizagem. A


vontade pode ser firmemente exercitada para o bem ao ser aliada à confiança
inabalável em Deus.

Confia no Senhor e faze o bem; habita na terra e alimenta-te da


verdade (Salmo 37:3).

Essa é a verdade que capacita o indivíduo determinado a obter a vitória


em se afastar do mal e a fazer o bem.

Aparta-te do mal e faze o bem, e será perpétua a tua morada


(Salmo 37:27).

A confiança em Deus proporciona o poder para vencer tanto os padrões


de comportamento adquiridos quanto os inatos que forem incompatíveis com
a plenitude de vida. O profeta Jeremias deixou claro que o homem é incapaz
de mudar os maus hábitos por conta própria.

Pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo, as suas man-


chas? Então, poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o
mal (Jeremias 13:23).

Devemos sinceramente encarar cada hábito pecaminoso e através da con-


fiança inabalável em Cristo Jesus mudar de comportamento. Essa confiança
poderá ser exercitada apenas quando renunciarmos ao “eu”. Somente então a

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A Formação do Hábito 117
vontade do homem poderá se unir seguramente à vontade de Deus. Quan-
do Deus controla a nossa vontade os pensamentos, as palavras, as emoções
e as ações são controlados. A partir de então, estaremos aptos a cumprir o
mandamento:

Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar


nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altís-
simo. Pois Ele é benigno até para com os ingratos e maus. Sede mise-
ricordiosos, como também é misericordioso vosso Pai. Não julgueis e
não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e
sereis perdoados; dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida,
transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com
que tiverdes medido vos medirão também (Lucas 6:35-38).

Embora a busca por recompensas nunca deva ser o motivo para a práti-
ca do bem, há inevitavelmente uma grande recompensa refletida na cura e
no fortalecimento físico, emocional e espiritual daqueles que obedecem ao
mandamento divino. O Espírito de Deus educa a mente a buscar valores
espirituais e motiva as ações de pureza e de santidade.
Os hábitos formam a base do caráter. Até mesmo um ato minúsculo
compõe o caráter. Portanto, a prática persistente e constante do bem é o fun-
damento para o aperfeiçoamento do caráter cristão. Deve também haver a
lembrança contínua da vontade de Deus e do Seu caminho para que seja de-
senvolvido um alicerce firme e confiável para a prática do bem. Por exemplo,
Deus instruiu o povo de Israel a ensinar a Sua lei constantemente aos seus
filhos e implantar no coração os Seus preceitos.10 Cada teste, provação e ten-
tação devem ser superados um a um. Há pessoas que foram enganadas pelo
pecado durante muitos anos. O cristão tem a responsabilidade de mostrar a
essas pessoas que Deus lhes oferece um meio de vida completamente superior
e concede o poder para viver de acordo com ela.
Mas as leis de habituação são tais que mesmo diante do perdão e da res-
tauração de Cristo a vida fica proporcionalmente marcada pelos pecados aos
quais o indivíduo se sujeitou. Além disso, os talentos concedidos por Deus são
limitados na mesma proporção. Permanecer no pecado depois de conhecer a

 Ver capítulo 3 intitulado “A Saúde Mental e o Caráter”.


10 Ver Deuteronômio 4:4-9.

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118 A Solução de Deus...
verdade é uma decisão muito séria, pois cada hábito errado enfraquece o de-
senvolvimento físico, emocional e espiritual. Aqueles que se sentem livres para
persistir em atividades mundanas por um período de tempo esperando voltar
para Deus mais tarde, estão tomando uma decisão tremendamente perigosa.
Além de limitarem seriamente o tempo e a sua utilidade para Deus, também
enfrentam as consequências de manter os maus hábitos que constantemente
enfraquecem a capacidade de decidir até atingir tal ponto que nem desejem
mais trilhar o caminho da justiça.
Os testes e as tentações sobrevêm para que muitos possam escolher: ren-
der-se e fortalecer os hábitos maus ou resistir e fortalecer os hábitos corretos.
Cada derrota nos enfraquece e cada vitória fortalece os caminhos da justiça.
O poder de Cristo está à disposição de todos que sinceramente desejam des-
vincular-se dos maus hábitos, estabelecidos sobre as tendências inatas para o
mal. O desejo e o esforço humanos são a base necessária, mas não suficiente,
para a formação de hábitos de bondade e de pureza. A vitória contínua será
obtida apenas quando os nossos desejos e esforços permitirem que Cristo
remova todos os motivos autoidólatras para que o poder de Seu Espírito possa
operar a obra de santificação em nossa vida.

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17
Os Sentidos

O
homem monitora o ambiente externo através de doze a quinze
modalidades de sentido. Por intermédio dessas modalidades,
o cérebro e o sistema nervoso central recebem informações. As
informações transmitidas pelos sentidos controlam em grande parte a pro-
dução de informação dentro da mente. O mal do ambiente desperta o mal
dentro da mente.
A saúde mental e a saúde emocional estão totalmente relacionadas às
informações que recebemos através dos sentidos, como também às respos-
tas individualizadas diante dessas informações. Por sua vez, essas respostas
estão intimamente ligadas à nossa saúde espiritual. Claro que não podemos
controlar totalmente os estímulos monitorados pelos órgãos do sentido, mas
podemos, sim, ter um controle considerável sobre eles. Se as informações que
recebemos são em sua maioria de natureza negativa, não poderemos atingir o
potencial dinâmico que Deus deseja para os Seus filhos. A Bíblia diz: “Porque
os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se
inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito. Porque o pendor da carne dá
para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz” (Romanos 8:5-6).
A vida espiritual construída sobre a justiça imputada e concedida por Jesus
Cristo, além de ser uma preparação para a vida eterna, também nos garante a
paz. Uma pessoa emocionalmente perturbada carece de paz interna, mas o cris-
tão possui a fórmula da verdadeira paz. Tudo isso depende muito daquilo que
as modalidades sensoriais transmitem ao cérebro. Paulo enfatizou a necessidade
de tomarmos cuidado redobrado com o que deixamos entrar em nossa mente.
 Entre elas estão o frio, o calor, a audição, a sinestesia (sentido que percebe os movimen-
tos musculares), a dor, a luz, a pressão, a pressão profunda, o olfato, a esterognose (sentido
que percebe as formas), o paladar, o toque, a vibração, a visão e a distinção entre dois
pontos.

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120 A Solução de Deus...
Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável,
tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que
é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso
o que ocupe o vosso pensamento (Filipenses 4:8).

Para os seres humanos é impossível pensar em coisas que não têm a me-
nor relevância para a sua experiência. Seria impossível para um bebê recém-
nascido pensar sobre a física nuclear, por exemplo. Esse assunto está com-
pletamente fora de seu campo de conhecimento. Está fora até mesmo para
muitos adultos. Pensamos e refletimos sobre coisas que entram no campo
de ação de nossa experiência perceptiva. Toda modalidade de sentido recebe
constantemente informações acerca do ambiente externo. Essa recepção de
informações começa muito antes de nascermos, durante o estado pré-natal, e
é largamente ampliada logo após o nascimento. No mundo variado em que
vivemos, as possibilidades perceptivas são praticamente ilimitadas. Todos os
tipos de estímulos lutam pela nossa atenção.
A humanidade tem se tornado cada vez mais consciente dos vários as-
pectos da atenção humana. Podemos ver isso pelo tremendo empenho dos
anunciantes, da pessoa que quer vender uma ideia através dos meios de comu-
nicação em massa e dos comerciantes interessados em vender seus produtos.
Aqueles que desejam chamar a nossa atenção concentram seus esforços para
atingir o maior número de pessoas possível. Alguns têm boas intenções, ou-
tros visam apenas ao lucro, mas a grande maioria está interessada na destrui-
ção de almas. Não é sábio desejar vivenciar todas as experiências disponíveis.
Somos grandemente beneficiados ao evitar experiências que provavelmente
prejudicariam a saúde mental e o crescimento espiritual.
Nem todo conhecimento é sinônimo de poder. Adão e Eva aprenderam
arduamente essa lição no Jardim do Éden. O orgulho, o egoísmo e as emo-
ções negativas anuviam a percepção humana. O pecado persistente reduz a
capacidade de percepção. Pela contemplação o homem pode mudar tanto para
o bem quanto para o mal. Paulo afirmou que pela contemplação da glória do
Senhor “somos transformados, de glória em glória, na Sua própria imagem,
como pelo Senhor, o Espírito” (2 Coríntios 3:18). Hoje em dia, os jovens veem
por toda parte um misticismo provocante que destoa completamente do estilo
de vida em que foram criados. Os jovens de origem cristã devem reconhecer

 Gênesis 3:1-19.

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Os Sentidos 121
de coração agradecido que foram preservados e não devem permitir que a
curiosidade os atraia para um estilo de vida que é autodestrutivo. O cristão não
se submete à visão determinista rígida de que o homem é simplesmente a soma
de suas experiências perceptivas. Entretanto, não podemos negar que a Palavra
de Deus ressalta que tudo o que vemos, ouvidos, saboreamos, cheiramos e
sentimos influenciam profundamente a maneira da nossa mente funcionar.
Ao procurarmos viver uma vida normal, é praticamente impossível esca-
par de pelo menos algumas das influências maléficas presentes no meio do
qual fazemos parte. Mesmo assim, não devemos permitir que os nossos sen-
tidos se banqueteiem com as coisas moralmente destrutivas que nos rodeiam.
Davi rogou que o Senhor desviasse os seus olhos para que não contemplasse a
vaidade: “Desvia os meus olhos, para que não vejam a vaidade, e vivifica-me
no Teu caminho” (Salmo 119:37).
Promover um ambiente benéfico e moralmente sadio aos bebês e às crian-
ças é imprescindível. Ao concentrar a mente no imaginário, a apreciação das
crianças pelos simples valores da vida é destruída. Nos anos de formação,
os sistemas de atitudes, crenças e valores estão sendo ainda formados. Além
disso, nesse período da vida o ser humano encontra dificuldade de distinguir
o real do irreal.
A maioria das crianças entra num estágio de fantasia ao se convencerem
de que o faz-de-conta é de fato a realidade. Essa fantasia está geralmente
associada com a aparente brincadeira com animais irreais. Muitos pais se
preocupam muito com tal comportamento e concluem que a criança esteja
inventando mentiras. Mas não se trata de uma mentira no sentido de que foi
deliberadamente fabricada. Os pais não ajudarão a criança com punições, o
que muitas vezes gera repressão, ou entrando em sua fantasia. É importante
ajudar a criança a perceber que fazemos distinção entre o real e o irreal ao di-
zermos algo como: “Sim, mas não é um macaco de verdade, não é mesmo?”.
Nesse estágio torna-se especialmente importante um ambiente em que a
criança seja capaz de se relacionar de forma construtiva com o mundo real.
Os pais ajudarão ainda mais os filhos fazendo um comentário apropriado
a respeito de um objeto ou de uma atividade real que já ocorreu. Muitas
vezes, as crianças são alimentadas com o faz-de-conta proveniente de histó-
rias fantasiosas. Essas histórias não auxiliam em nada o desenvolvimento da
criança e são ainda mais devastadoras quando se tornam a principal fonte

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de nutrição televisiva da criança. Os pais precisam empenhar-se ao máximo
para ajudar a criança a distinguir o real do irreal.
A televisão é especialmente prejudicial às crianças pequenas, pois elas ain-
da não possuem conhecimento ou experiência suficiente para lidar eficazmen-
te com as experiências fantasiosas. Portanto, aquilo que talvez não influencie
um adulto (o que é muito questionável) pode influenciar sobremaneira a
criança. A televisão é a grande responsável pela síndrome do entretenimento
que torna cada vez mais difícil para os jovens se relacionar ou apreciar ativida-
des práticas e sólidas da vida. Estudos mostraram que a exposição prolongada
à televisão causa a redução dos padrões cerebrais de ondas alfa do sono e um
estado de descanso em vez de aumentar os padrões cerebrais de ondas beta da
atividade intelectual normal. Essa recepção passiva de informações multiplica
os perigos de assistir à televisão.
Devemos compreender que a mente é uma entidade dinâmica que não se
desliga no momento em que desligarmos a televisão. Os jovens estão vivendo a
maior parte de sua experiência de modo vicário, no mínimo de quatro a cinco
horas por dia, através do aparelho de televisão e estão ganhando cada vez me-
nos experiência no mundo real. Esse fato gera implicações assoladoras. Alguns
psicólogos têm atribuído o aumento da esquizofrenia e do autismo em crianças
e adolescentes especificamente a esse meio de comunicação em massa.
Ao contrário de um livro, a televisão ou o rádio não permite uma avalia-
ção cuidadosa do que está sendo visto ou ouvido, pois os assuntos e as cenas
mudam numa velocidade incrível. O leitor de um livro tem a oportunidade
de reler, de contemplar ou de avaliar o texto com muito mais eficiência. Mes-
mo assim, uma leitura inadequada em que o mundo da ficção mistura-se às
fantasias da mente pode causar efeitos semelhantes aos da televisão. Também
não podemos omitir o impacto da música. O rock pesado (hard rock) gera
implicações psicológicas devastadoras e certamente combate à paz mental
oferecida por Deus ao homem. Da mesma forma, muitos outros estilos musi-
cais produzem consequências semelhantes.
Numa era amante do prazer, é fácil para a mente infantil e adulta ficar
absorta com entretenimentos que não trazem nenhum benefício e edificação.
Os entretenimentos procurados simplesmente em nome da diversão e do pra-
zer sempre levarão à insatisfação, pois além de serem autogratificantes, não
são úteis e nem se tornam uma bênção aos semelhantes. As atividades valiosas
 Ver capítulo 22 intitulado “A Infância”.

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Os Sentidos 123
do cristão levam-no para mais perto de Deus e fazem dele uma bênção ainda
maior aos seus semelhantes.
Todo entretenimento não edificante estimula a imaginação, quer seja o
teatro, os eventos esportivos ou a leitura de romances. Assim, os entretenimen-
tos destroem a tranquilidade da vida e o crescimento espiritual. O entusiasmo
do momento tende a ser seguido pela depressão, demandando estímulos cada
vez maiores que nunca contribuirão para uma felicidade duradoura. O cristão
sábio controla o ambiente de tal forma que evita ao máximo ler, ver ou ouvir
aquilo que é prejudicial ao crescimento espiritual. Além disso, esse cristão não
negligencia a influência dos sentidos do tato, do paladar e do olfato.
As crianças geralmente aprendem a apreciar os tipos de alimentos que
lhe foram oferecidos desde pequenas. Sendo assim, os pais têm a obrigação
de orientar o paladar de tal maneira que apreciem o alimento integral. Se os
pais oferecem aos filhos alimentos condimentados na infância, mais tarde
desejarão a mesma alimentação. Da mesma forma, as crianças que foram
incentivadas a consumir alimentos saudáveis para o corpo e para a mente, na
idade adulta valorizarão tal dieta.
Por outro lado, vale a pena considerar as influências que realmente ofe-
recem uma atmosfera positiva para controlar o mundo perceptivo do bebê,
da criança e do adolescente. Obviamente o ambiente rural belo e relaxante é
superior ao ambiente urbano elaborado e alvoroçado. Os resultados de uma
boa leitura, de uma boa companhia, da música relaxante e espiritualmente
inspiradora e do estudo da Bíblia produzem um efeito positivo e fortalecedor
sobre o desenvolvimento da saúde mental. As coisas espirituais são discerni-
das pela atuação do Espírito Santo.

Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, por-


que lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente (1 Coríntios 2:14).

O discernimento é adquirido de maneira mais eficiente à medida que o


estudo da Palavra de Deus fortifica a mente contra o mal e os enganos de
Satanás. O crescimento espiritual depende de uma percepção clara que ema-
na de Deus através do Espírito Santo. Esse crescimento ocorre prontamente
quando a vida, na medida do possível, estiver cercada pelo que é puro e santo
e quando a mente for nutrida com alimentos intelectuais e espirituais saudá-

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124 A Solução de Deus...
veis. Com extremo cuidado e sob a orientação divina, os pais devem selecionar
os livros e as revistas com que seus filhos entrarão em contato. Materiais que
incentivam pensamentos de dedicação e de serviço devem estar sempre dispo-
níveis, excluindo a fantasia e a ficção. Os pais também têm a responsabilidade
de promover atividades recreativas que, de maneira não competitiva, atraiam
os filhos para a maravilhosa criação de Deus e que ofereçam a oportunidade
tanto para o desenvolvimento espiritual quanto para o serviço ao próximo.

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18
A Dieta Alimentar

N
o capítulo anterior, exploramos a influência do processo percep-
tivo das modalidades de sentido sobre a saúde mental. Há, no
entanto, outras maneiras de influenciar o funcionamento cere-
bral. O cérebro é uma estrutura anatômica que faz a mediação dos processos
mentais e serve de base para os processos neurológicos que estimulam os
mecanismos do pensamento de todos os seres humanos.
Apesar das modalidades de sentido e do sistema nervoso periférico de-
sempenharem um papel fundamental no funcionamento cerebral através
das informações que levam até esse órgão, não podemos deixar de men-
cionar que o funcionamento cerebral também é grandemente afetado pelo
sistema circulatório. Portanto, não é de admirar que a saúde mental esteja
relacionada com os hábitos alimentares. A dieta alimentar afeta profunda-
mente a qualidade dos nutrientes sanguíneos.
Paulo certamente enxergou a relação evidente entre a dieta alimentar e
a vida espiritual ao dizer: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais ou-
tra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Coríntios 10:31). O
apóstolo Pedro, referindo-se não apenas à dieta, mas também à relação entre
a dieta e a vida espiritual, afirmou: “Amados, exorto-vos, como peregrinos
e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra
contra a alma” (1 Pedro 2:11). Não há dúvidas de que Satanás obtém sucesso
em controlar a vida do ser humano através do apetite.
Com o ambiente sofisticado da era em que vivemos, a alimentação hu-
mana sofreu uma revolução. A maior parte de nossa dieta alimentar baseia-se
em alimentos refinados e os líquidos ingeridos tendem a substituir a água
pura proporcionada por Deus no princípio para saciar a sede do homem.
 Ver capítulo 17 intitulado “Os Sentidos”.

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126 A Solução de Deus...
Os governos atuais investem milhões de dólares, por intermédio de várias
agências, em pesquisas que descobrem a cada dia que muitos dos alimentos
processados comumente ingeridos apresentam grandes riscos para a saúde
humana. Devido à interrelação da vida física, emocional e espiritual do ho-
mem, entende-se que esses alimentos também afetam a estabilidade emocio-
nal. A maneira mais segura e mais saudável de viver consiste em consumir
alimentos simples, que não sejam altamente condimentados e refinados, pois
há uma relação íntima entre a simplicidade alimentar, o crescimento e o
desenvolvimento humano.
As dietas livres de açúcares refinados, gorduras, óleos e condimentos
auxiliam sobremaneira na reversão de doenças degenerativas, tais como as
doenças cardiovasculares, as doenças cerebrovasculares, o diabetes, a artrite e
a obesidade. Muitas evidências indicam que uma dieta rica em carboidratos
complexos e fibras e relativamente pobre em gorduras e proteínas é a alimen-
tação mais adequada para as necessidades humanas. Tal dieta consiste em não
mais de 20% de gordura não refinada, 20% de proteína não refinada e menos
de 60% de carboidratos complexos. Essa dieta, simples, mas saborosa, além
de promover a saúde, também é muito acessível.
A utilização de gorduras refinadas, sejam elas saturadas ou insaturadas,
está sendo cada vez menos defendida. A gordura natural encontrada nas
castanhas, nas nozes e nos grãos são infinitamente superiores às gorduras
concentradas. Há aproximadamente um século, a maioria das pessoas não
encontrava dificuldade em viver uma vida que incluía uma dieta alimentar
simples e relativamente saudável. Mas hoje, especialmente para os habitantes
da cidade, tal dieta deve ser cuidadosamente planejada e meticulosamente
compreendida. É importante ressaltar que Deus escolheu um ambiente sim-
ples – um lindo jardim – para ser o lar do primeiro casal humano.

Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou


nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente. E
plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, na direção do Oriente,
e pôs nele o homem que havia formado. Tomou, pois, o Senhor Deus
ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar
(Gênesis 2:7-8, 15).

Notemos que as cidades originaram-se com o primeiro assassino, Caim.

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A Dieta Alimentar 127
E coabitou Caim com sua mulher; ela concebeu e deu à luz a Enoque.
Caim edificou uma cidade e lhe chamou Enoque, o nome de seu filho
(Gênesis 4:17).

Uma dieta alimentar simples ainda é o melhor para a saúde do homem.


Especialmente hoje em que o câncer, a tuberculose e outras doenças são co-
muns entre os animais, muitos são os benefícios provenientes de uma dieta
vegetariana. Além disso, a frequência constante a restaurantes e lanchonetes
torna mais difícil selecionar o tipo de dieta conveniente para a preservação
da saúde mental, emocional e física. A dieta pode ser monitorada com maior
sucesso dentro do lar.
Ao traçarmos a razão para uma dieta errada veremos que a sua origem está
no egoísmo. A glutonaria e a ingestão de alimentos inapropriados provêm do
egoísmo descontrolado que combate a saúde espiritual e emocional. Sabemos
que o bebê se preocupa demasiadamente com a satisfação oral. A maior parte
de sua vida está ligada à satisfação da fome e, por isso, faz parte de suas
compulsões básicas colocar quase tudo o que encontra na boca. É necessário
muito empenho para transformar a indistinção infantil em padrões seletivos
e equilibrados de princípios alimentares saudáveis. Não há dúvidas de que
uma dieta desequilibrada, baseada em hábitos inapropriados, seja um fator
relevante na demonstração de características temperamentais pobres.
O ato de comer demais tende a tirar o sangue do cérebro, como também
o hábito de comer entre as refeições causa um efeito negativo sobre o ser
emocional. O ato de comer não deve cessar somente no momento em que nos
sentirmos desconfortáveis, como também não devemos satisfazer o apetite
entre as refeições.
Há boas razões para a Bíblia classificar o comilão no mesmo nível dos
beberrões.

Porque o beberrão e o comilão caem em pobreza; e a sonolência vesti-


rá de trapos o homem (Provérbios 23:21).

E dirão aos anciãos da cidade: Este nosso filho é rebelde e contumaz,


não dá ouvidos à nossa voz, é um comilão e beberrão (Deuteronômio
21:20, ARC).

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128 A Solução de Deus...
Tanto o ato de comer demais quanto o ato de beber demais produzem
certa “intoxicação” mental, que reduz a eficácia do julgamento moral e limita
o crescimento espiritual do indivíduo causando a redução do crescimento
emocional. Na verdade, há várias pesquisas que estudam a relação da dieta
alimentar e a doença mental. Alguns pesquisadores alegam terem sido capa-
zes de estabelecer uma correlação muito forte entre os padrões alimentares e
a tendência para o comportamento neurótico e psicótico.
Os cristãos têm a grande responsabilidade de monitorar e controlar
cautelosamente o hábito alimentar, seja na regularidade ou no cuidado da
qualidade e da quantidade do alimento ingerido. A frequência das refeições
também é importante. O melhor é que não se faça mais do que três refeições
por dia. Para aqueles que não estão envolvidos com atividades que exijam
exercícios físicos intensos, seria melhor que fizessem apenas duas refeições por
dia. Os intervalos entre as refeições devem ser de no mínimo cinco horas, sem
a ingestão de nenhum alimento a não ser água. O ideal é que a última refeição
seja feita no mínimo quatro horas antes de dormir.
Para não atrapalhar a digestão, recomenda-se que nenhum líquido seja
ingerido com as refeições. Em contrapartida, devemos tomar grandes quan-
tidades de água entre as refeições. Promovemos ainda mais a saúde quando
mastigamos bem os alimentos ingerindo-os devagar e numa atmosfera social
feliz e de coração agradecido ao grande Provedor pelo sustento de cada dia.
A prática de exercícios leves após a refeição, como uma caminhada moderada
ou mexer no jardim, beneficia a digestão. Não seria imoral comer e beber
de maneira que a nossa força física fosse minada e a nossa mente se tornasse
menos capaz de discernir entre o bem e o mal?
A intemperança no comer afeta as emoções, pois as emoções desejáveis
como o amor, a ternura, a bondade e a compaixão dependem de uma mente
clara e de padrões de comportamento abnegado. Por outro lado, as emoções
indesejáveis como o ódio, a inveja, o ciúme e a cobiça sem dúvida são fortale-
cidas por hábitos enraizados no egoísmo e no interesse próprio.
Muitas vezes, tentamos desassociar os aspectos intelectuais dos aspectos
emocionais da vida, mas isso é completamente impossível. Alguns olham des-
sa forma para a religião, sugerindo que as emoções não têm nenhum papel a
desempenhar na aceitação religiosa ou em sua prática. Porém, a totalidade da
experiência humana está relacionada à nossa vida religiosa. Assim, as nossas
 Ver capítulo 8 intitulado “As Emoções Negativas”.

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A Dieta Alimentar 129
emoções estão intimamente ligadas às decisões religiosas. Isso não quer dizer
que as reações emocionais excessivas não atrapalhem. Uma prática religiosa
que incita exaltações emocionais dificilmente poderá produzir uma emoção
santificada. Mas o amor e a bondade, a ternura e a compaixão são emoções
expressadas pelo próprio Deus em relação ao Seu povo através do sacrifício
de Jesus. O cristianismo faz parte dessas emoções positivas. Tais emoções
também se encontram intimamente relacionadas à mente saudável.
Os cristãos devem evitar a subnutrição. Alguns atingem o extremismo
tornando vários aspectos da dieta alimentar as características principais de
sua fé. Não é possível imaginar Adão e Eva magricelos e desnutridos, co-
mo também não é possível imaginá-los acima do peso ou obesos. “Existem
hoje muitas evidências que indicam os riscos para a longevidade de quem
se encontra abaixo do peso” (The British Medical Journal, 4 de outubro de
1980, v. 281, p. 894). Obviamente, sabe-se que algumas pessoas possuem a
predisposição genética de serem magras, assim como outras possuem uma
tendência genética para a obesidade. No entanto, a Bíblia nos adverte contra
os extremos da dieta alimentar. Apesar do físico de uma pessoa nem sempre
refletir se está subnutrida ou supernutrida, os princípios do controle alimentar
se aplicam a todos nós.
Hoje o problema dos narcóticos tomou dimensões inacreditáveis. As pes-
quisas estão repletas de evidências dos efeitos negativos do tabaco, do álcool e
de outras drogas que prejudicam o desenvolvimento e a estabilidade emocio-
nal e física do homem.
A dependência química facilita a desestabilidade neurótica em vez de re-
solver a causa do nervosismo e da tensão. Na verdade, ao utilizar qualquer
estimulante, a pessoa falha em atingir a causa dos problemas físicos e acaba
desenvolvendo uma situação de dependência que leva à deterioração contínua
e ao aumento da dependência dos estimulantes e das drogas. Além disso,
o uso de qualquer narcótico fortalece a tolerância egoísta que consequente-
mente enfraquece a vontade. Até mesmo o uso contínuo de analgésicos para
dor de cabeça pode gerar uma série de dependências físicas e emocionais que
atrapalham o trabalho do Espírito Santo, a calma e a tranquilidade da vida.
Mesmo assim, infelizmente, muitos preferem os resultados inevitáveis de uma
dieta alimentar pobre em vez de submeter-se à autodisciplina.

 Ver capítulo 19 intitulado “A Saúde Mental e as Drogas Legais”.

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130 A Solução de Deus...
A igreja cristã, assim como a sociedade, enfrenta atualmente o sério proble-
ma do uso de drogas pesadas de todos os tipos. A mente e o corpo das crianças
e dos adolescentes estão sendo destruídos, muitas vezes devido à atração que
sentem por aquilo que é desconhecido, misterioso e proibido. Essa atração é
acentuada pela pressão de grupo excessiva que geralmente é acompanhada
por amostras gratuitas de drogas disponibilizadas pelos traficantes. Não há
nenhuma garantia de que a criança ou o jovem apenas experimentará a droga
sem ser ludibriado a cair na tragédia do vício. Os pais não devem fazer vista
grossa a essa terrível possibilidade.
Se os pais estabelecerem desde cedo um diálogo aberto com os filhos, se
a criança aprender a amar e a desfrutar um estilo de vida simples, será menos
provável que demonstre interesse pelo mundo das drogas. Mas, talvez, a me-
lhor proteção contra essa tentação seja o desenvolvimento prévio de uma base
sólida em que a criança seja capaz de tomar decisões que a ajudarão a manter-
se firme, mesmo diante da rejeição e do escárnio. Geralmente as palestras
a respeito do perigo das drogas fazem pouco para evitar que a juventude se
afaste desse mal e às vezes podem até aumentar o uso dessas substâncias.
Nesta era complexa e confusa em que vivemos, há necessidade de escolher
estilos de vida e práticas que tenham como fundamento a simplicidade e a
naturalidade que facilitarão o bom desenvolvimento da vida física, emocional
e espiritual. Esse ideal não se desenvolve por acaso, mas é o resultado de gran-
des esforços para estruturar um estilo de vida condizente com as melhores
práticas da saúde física. O hábito de comer e beber inadequadamente lança o
fundamento para padrões errados de pensamento e de ação. Talvez nenhum
outro fator seja de tão grande importância para a nossa saúde física, emocio-
nal, intelectual e espiritual como o hábito alimentar temperante.

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19
A Saúde Mental e
as Drogas Legais
O
álcool causa mais assassinatos, mais crimes de violência, mais
desarmonia conjugal, mais colapsos mentais e mais acidentes
automobilísticos do que a heroína, a morfina, a cocaína, a an-
fetamina e a maconha ou todas essas drogas juntas. Apesar de tudo, o álcool
é uma droga legal. Normalmente, homens e mulheres são severamente pu-
nidos por vender as drogas citadas acima. Em alguns países os traficantes de
heroína são executados ao mesmo tempo em que o álcool é comercializado
livremente para a população.
Vamos imaginar, hipoteticamente, o que aconteceria se o álcool tivesse
sido descoberto na década de 80. Naturalmente, primeiro seria testado em
animais. Logo, os pesquisadores descobririam que essa substância reduz os
processos de aprendizagem, prejudica a coordenação motora, danifica gra-
vemente o fígado, o coração, o cérebro, o sistema nervoso e o trato gastrin-
testinal e altera as emoções. O resultado de tais descobertas seria inevitável
– banir o álcool de todas as civilizações da face da terra. Não é preciso ser um
gênio para imaginar a maneira rigorosa com que a American Food and Drug
Administration (FDA) trataria essa droga.
O mesmo se aplica a outras drogas legalizadas, tais como a nicotina e
a cafeína. Infelizmente, essas drogas foram incorporadas aos padrões de
vida da população antes de serem completamente conhecidos os perigos e
os efeitos negativos que apresentam. Hoje, o poder econômico e político
exercido pelos fabricantes e usuários dessas drogas é tão grande que poucos
governos ousam solucionar o problema.
A triste verdade é que, por ignorar as advertências divinas concernentes
aos perigos dessas drogas, advertências essas dadas bem antes das descobertas
científicas, muitos cristãos a estão consumindo. A situação tomou tamanha

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132 A Solução de Deus...
proporção que uma publicação denominacional ficou constrangida em con-
frontar o problema do consumo de álcool entre os cristãos. Muitos acreditam
que o consumo de álcool moderado não interfere no seu comprometimento
cristão. Mas a experiência demonstra que aqueles que adotam essa visão são
espiritualmente fracos e, na maioria das vezes, se desviam do caminho. Além
disso, a paz mental é destruída.
Há aproximadamente quarenta e cinco anos, um dos autores deste livro e
sua esposa foram convidados para uma noite social no lar de outro membro
da igreja. Para a sua decepção, descobriram que aqueles irmãos, um ancião de
igreja e duas estagiárias de enfermagem do hospital da denominação, consu-
miam álcool. Na verdade, o autor e a sua esposa foram os únicos a não consu-
mirem álcool. No total, aproximadamente vinte membros da igreja estavam
envolvidos. Nenhuma dessas pessoas permaneceu fiel ao lado do Senhor. A
maioria teve vidas completamente fracassadas, com reveses na carreira e in-
fidelidade conjugal. Ninguém se embebedou na ocasião. Todos se sentiram
seguros com o consumo “moderado”.
Os perigos do uso “moderado” do álcool são enormes. Assim como o
veneno, o álcool destrói, mesmo em pequenas quantidades. Mas é a vida
espiritual que o álcool mais prejudica. O álcool é um sedativo que debilita
os centros cerebrais elevados, descontrolando essas áreas do cérebro que me-
diam a resposta ao Espírito Santo. Para ser um fiel seguidor do Senhor Jesus
Cristo é preciso vigilância moral total. Até mesmo pequenas quantidades de
álcool baixam a nossa guarda. A Bíblia registra apenas uma ocasião em que o
álcool foi oferecido a Cristo. Esse fato ocorreu num momento em que o Sal-
vador encontrava-se num estado de limite extremo, mas mesmo assim não
ousou tomar da droga, pois desejava manter a clareza total de pensamento e
a percepção espiritual a fim de salvar-nos de nossos pecados.

Deram-Lhe a beber vinho com mirra; Ele, porém, não tomou


(Marcos 15:23).

O verdadeiro cristão jamais abandonaria a decisão de seguir o exemplo do


Salvador para se contaminar com substâncias que atacam a consciência.
Outro perigo do consumo “moderado” de álcool é que algumas pessoas
têm tendência para o alcoolismo. Não há meios de determinar quem possui
essa predisposição. Invariavelmente, o alcoólatra começa como um consumidor

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A Saúde Mental e as Drogas Legais 133
“moderado”. Apenas aqueles que se abstêm do álcool têm a garantia de não cair
em tamanha tragédia. Ainda que o indivíduo não se torne alcoólatra, semeará
grande amargura ao condescender com o consumo de álcool e dará um péssimo
exemplo para os filhos que, provavelmente, seguirão na mesma direção.
Muitos cristãos questionam incessantemente se a Bíblia perdoa o consumo
moderado de álcool ou não. A verdade é que a Bíblia adverte inúmeras vezes
sobre os perigos da bebida forte, como também aconselha o povo escolhido
de Deus a evitá-la. Alguns exemplos são:

O vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora; todo aquele


que por eles é vencido não é sábio (Provérbios 20:1).

Não é próprio dos reis, ó Lemuel, não é próprio dos reis beber vinho,
nem dos príncipes desejar bebida forte. Para que não bebam, e se esque-
çam da lei, e pervertam o direito de todos os aflitos (Provérbios 31:4-5).

Agora, pois, guarda-te, não bebas vinho ou bebida forte, nem comas
coisa imunda... Porém me disse: Eis que tu conceberás e darás à luz
um filho; agora, pois, não bebas vinho, nem bebida forte, nem comas
coisa imunda; porque o menino será nazireu consagrado a Deus, des-
de o ventre materno até ao dia de sua morte (Juízes 13:4, 7).

Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como despen-


seiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho, nem
violento, nem cobiçoso de torpe ganância (Tito 1:7).

Pois ele será grande diante do Senhor, não beberá vinho nem bebida
forte e será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno (Lucas 1:15).

Mas vós aos nazireus destes a beber vinho e aos profetas ordenastes,
dizendo: Não profetizeis (Amós 2:12).

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134 A Solução de Deus...
O profeta Oseias apontou de forma muito clara o cerne do problema do
álcool ao afirmar: “A sensualidade, o vinho e o mosto tiram o entendimento”
(Oseias 4:11). Essa visão expande-se por meio das declarações do rei Salomão
e do profeta Isaías:

Para quem são os ais? Para quem, os pesares? Para quem, as rixas? Para
quem, as queixas? Para quem, as feridas sem causa? E para quem, os
olhos vermelhos? Para os que se demoram em beber vinho, para os que
andam buscando bebida misturada. Não olhes para o vinho, quando
se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suave-
mente. Pois ao cabo morderá como a cobra e picará como o basilisco
(Provérbios 23:29-32).

Mas também estes cambaleiam por causa do vinho e não podem ter-se
em pé por causa da bebida forte; o sacerdote e o profeta cambaleiam
por causa da bebida forte, são vencidos pelo vinho, não podem ter-se
em pé por causa da bebida forte; erram na visão, tropeçam no juízo
(Isaías 28:7).

A advertência de Isaías é a mais oportuna. Todo cristão é um sacerdote.


Os protestantes com razão firmam-se no conceito do sacerdócio de todos os
crentes, mas muitos evitam fazer uma reflexão sábia a respeito dos efeitos do
álcool sobre os sacerdotes. O nome cristão é altamente elevado para rejeita-
mos as implicações óbvias das palavras do profeta de Deus.
Alguns cristãos argumentam que a Bíblia em nenhum lugar apresenta
condenações específicas para o consumo moderado de álcool e usam esse
argumento como pretexto para beber. Alguém poderia usar o mesmo argu-
mento para consumir heroína ou jogar jogos de azar e propagar a poliga-
mia. A lista de pecados que poderiam ser praticados sob tal argumentação
é extremamente longa.
Uma visita a uma sala de emergência numa sexta-feira ou sábado à noite
convenceria qualquer leitor dos efeitos descomunais do álcool nos acidentes
automobilísticos. Casos após caso são trazidos pelas ambulâncias. Logo, o
odor do álcool fica suspenso no ar como uma nuvem pesada que invade todo
o ambiente. No Hospital Austin, em Melbourne, Austrália, verificou-se que

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A Saúde Mental e as Drogas Legais 135
aproximadamente 20% dos pacientes dão entrada como resultado direto do
álcool. Não podemos imaginar o custo dessa droga para a comunidade em
termos financeiros e em perda de produção. Outro grande problema causado
pelo álcool é a ressaca.
Muitos pais ficam estarrecidos e perturbados ao descobrirem que os filhos
viciaram-se em drogas “pesadas”. Eles mesmos deram esse exemplo aos filhos,
o que acabou incentivando-os a usar outros tipos de narcóticos.
Os pais de um jovem visitaram um dos autores. Como cristãos, estavam
emocionalmente desolados pela prisão do filho por roubar uma farmácia na
tentativa de adquirir narcóticos para satisfazer o vício. Realmente tratava-se
de uma situação trágica, pois os membros da família viviam vidas aparen-
temente íntegras. No entanto, após algumas perguntas tornou-se evidente
que os pais haviam dado exemplos de ingestão de cafeína e de consumo de
vinho durante a refeição noturna e em alguns eventos sociais. Tal exemplo
claramente repercutiu na vida do filho.
Dentre as drogas legais, a nicotina provavelmente seja a menos usada
pelos membros de certas denominações. Porém, alguns têm cedido a essa
tentação. Das três drogas discutidas aqui, nenhuma é mais difícil de ser aban-
donada do que a nicotina. Com exceção dos alcoólatras, a grande maioria dos
consumidores de álcool acha mais fácil abandonar a bebida do que o cigarro.
Por sua natureza irritante, a nicotina afeta a estabilidade emocional e provoca
consequências físicas muito bem conhecidas. Depois de o vício ser estabeleci-
do, a falta do cigarro causa irritabilidade que somente pode ser aliviada com
o consumo da droga.
Muitos acreditam que o cigarro acalma os nervos e rejeitam o fato de que,
na realidade, o cigarro simplesmente refreia a instabilidade nervosa causada
pela falta dele mesmo.
O cristão jamais deve poluir o corpo com agentes químicos que destroem
o templo do Espírito de Cristo. O arqui-inimigo das almas tem obtido grande
sucesso em usar as drogas para enganar, destruir a tranquilidade e finalmente
nos separar de Deus.
Provavelmente, a droga mais utilizada nos lares cristãos seja a cafeína.
A cafeína é um veneno com efeitos amplamente registrados. A maioria das
consequências devastadoras dessa droga afeta diretamente a saúde mental.
No livro-texto de farmacologia padrão originalmente editado por Goodman

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136 A Solução de Deus...
e Gilman, mais de onze páginas impressas em coluna dupla foram destinadas
a registrar os graves efeitos farmacológicos da cafeína. Muitos desses efeitos
atingem o cérebro e o sistema nervoso. Uma xícara padrão de chá ou de café
contém uma dose farmacológica completa de cafeína.
Um dos autores foi confrontado em seu consultório por uma dona-de-
casa de vinte e oito anos de idade totalmente perturbada. Encontrava-se em
estado de agitação intenso e exigia ser sedada. Não conseguia parar de gritar
e brigar com o marido e estava constantemente irritada com os filhos. Con-
fessou que amava profundamente a família, mas sabia que estava preste a ver
seu casamento ruir, a menos que sua personalidade mudasse por completo.
Sentia-se incapaz de controlar a irritação e o nervosismo. Exigia ajuda ime-
diata. Parecia que somente uma anestesia geral seria capaz de impedir a sua
conduta altamente emocional. Naturalmente, era imprescindível encontrar
a raiz do problema.
Apesar do grande questionário, nada agradável para muitos pacientes,
não foi identificada nenhuma razão real que pudesse explicar o problema.
Somente depois de ser especificamente questionada, verificou-se que bebia
aproximadamente dez xícaras de café por dia. Sob a suspeita de sofrer de uma
intoxicação grave de cafeína, foi advertida pelo médico a parar de ingerir a
substância. A paciente achou impossível seguir a prescrição médica devido
aos sérios efeitos de abstinência que se seguiriam. O médico ressaltou que
aquele seria um teste que provaria o seu amor pela família. A paciente deixou
a clínica um tanto desapontada com a prescrição médica e, obviamente, com
pouca esperança de que o tratamento funcionasse.
Passaram-se dois meses antes que retornasse à clínica. Seu semblante
estava tão mudado que não foi possível reconhecê-la de imediato. De uma
pessoa atormentada e nervosa passou a uma jovem mãe e esposa radiante.
Essa transformação de personalidade não foi causada pelo uso de nenhum
medicamento. Não resultou de um tratamento psicoterápico. Essa mudança
ocorreu simplesmente devido à abstinência de uma droga muito poderosa, a
cafeína.
O hábito crescente dos pais cristãos em oferecer bebidas à base de cola
aos filhos abre as portas para que mais tarde enfrentem dificuldades emo-
cionais, pois a noz-de-cola, assim como o grão de café e a folha seca de chá,
contém cafeína, um produto altamente perigoso. Outros, apesar de conde-
narem o consumo de chá, café e bebidas a base de cola, ingerem quantidades

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A Saúde Mental e as Drogas Legais 137
excessivas de analgésicos para dor de cabeça que contém cafeína em sua
formulação. A origem da droga contida nesses medicamentos é irrelevante,
pois por melhor que seja a fonte de extração, os efeitos colaterais debilitantes
serão os mesmos.
Como cristãos, é essencial que evitemos o consumo dessas drogas. Elas
militam contra a expressão das virtudes cristãs e nos separam de Deus, des-
truindo, assim, a nossa felicidade.

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20
A Fator Físico
na Saúde Mental
D
eus providenciou os elementos necessários para a saúde física do
homem e para a sua regeneração através da natureza. Prometeu
ao Seu povo escolhido, Israel, uma restauração rápida da saúde
caso demonstrassem o Seu amor com os necessitados e oprimidos.

Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras


da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres
os oprimidos, e despedaces todo o jugo? Porventura não é também
que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres
abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua
carne? Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressada-
mente brotará, e a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do Senhor
será a tua retaguarda (Isaías 58:6-8).

Como já foi mencionado anteriormente, um relacionamento livre de ego-


ísmo com o nosso semelhante nos fortalece e promove a saúde mental. Isaías
também assegurou que a saúde física será grandemente elevada à medida que
o egoísmo for removido pelo poder de Cristo, para que sintamos a alegria
do servir. O egocentrismo gera efeitos significativos nos recursos físicos do
homem. O estresse emocional de constantemente justificar o “eu”, juntamente
com a ansiedade produzida pela mágoa, certamente aumentará a predisposição
para contrair doenças cardiovasculares graves e outras doenças degenerativas.
Portanto, aquilo que afeta a saúde emocional, afeta também a saúde física,
pois tanto uma quanto a outra são profundamente influenciadas pela ação do
sistema nervoso simpático.

 Ver capítulo 5 intitulado “O Amor e a Saúde Mental”.

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O Fator Físico na Saúde Mental 139
Devido à relação íntima entre a saúde física e emocional, aqueles que
buscam a restauração ou a preservação da saúde mental têm o dever de
compreender os princípios que regem a saúde física. A natureza oferece tudo
o que é necessário para o desenvolvimento e a preservação da saúde física.
Neste mundo manchado pelo pecado, a saúde física pode ser prejudicada
por acidentes ou por limitações de ordem genética ou física. No entanto, na
grande maioria dos casos, a saúde física está sob o nosso controle. Somos
responsáveis pela nossa própria vitalidade. Paulo conclamou os cristãos a
oferecerem o corpo em sacrifício vivo, completamente aceitável a Deus.
Essa admoestação, assim como todos os mandamentos de Deus, visa ao
benefício do próprio homem.

Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os


vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o
vosso culto racional (Romanos 12:1).

Davi declarou que Deus é a fonte verdadeira de saúde.

Ele é o que perdoa todas as tuas iniquidades, que sara todas as tuas
enfermidades (Salmo 103:3).

Certamente os princípios de saúde de Deus foram criados para promover


benefícios físicos sem igual a todos aqueles que seguirem as Suas regras sim-
ples de saúde. Essas regras podem ser resumidas em oito princípios:
1. Adotar uma dieta alimentar simples e balanceada
2. Seguir as leis da temperança
3. Ingerir água pura
4. Respirar ar fresco
5. Expor-se ao Sol regularmente e com moderação
6. Exercitar-se diariamente
7. Sujeitar-se a padrões regulares e adequados de descanso
8. Manter um relacionamento diário de confiança em Deus

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140 A Solução de Deus...
Nos capítulos 18 e 19, foram apresentados os princípios da dieta alimentar,
da temperança e do uso da água. Vale relembrar que a verdadeira temperança
exclui o consumo de qualquer droga narcótica, a adoção de hábitos alimenta-
res pobres ou irregulares, o uso de condimentos e tudo aquilo que prejudica
o nosso corpo pela falta ou pelo excesso. Em sociedades desenvolvidas, tem se
tornado cada vez mais difícil encontrar água potável. A situação complicou
ainda mais pela necessidade de adicionar elementos químicos em quase todos
os reservatórios urbanos. Sempre que possível, deve-se procurar consumir
água proveniente da chuva, de nascentes ou que tenha passado por algum
processo de purificação. Obviamente, são inúmeras as vantagens do estilo de
vida rural, especialmente pelo suprimento abundante de água pura.
Não devemos ignorar a importância medicinal da água. O banho quente
seguido do banho frio aumenta o poder curativo do corpo, estimulando a
circulação e tonificando todo o sistema. A aplicação alternada de compressas
quentes e frias é de grande valor para o tratamento de resfriados, febres e in-
flamações. O conhecimento profundo de todos os princípios da hidroterapia
aprimora consideravelmente o uso terapêutico da água reduzindo a necessida-
de do uso de drogas que, em alguns casos, causam sérios efeitos colaterais.
Não queremos com isso sugerir que o povo de Deus tome uma posição
fanática quanto ao uso de medicamentos. Devido ao emprego inapropriado
ou à rejeição dos princípios de saúde, muitas vezes se faz necessário o uso
de certos medicamentos. Por exemplo, qualquer pessoa que tenha contato
com pacientes que apresentam sérios problemas cardíacos reconhecerá que a
hidroterapia não será capaz de mudar o prognóstico. Na maioria dos casos,
restam apenas minutos de vida a não ser que o paciente receba medicamentos
intravenosos apropriados. A maior satisfação do médico é evitar o óbito do
paciente. Para isso, em casos de emergência cardíaca, utiliza-se uma medica-
ção à base de digitális, uma erva diurética e bronquiodilatadora, e, em alguns
casos, pequenas doses de morfina. Entretanto, mesmo diante de quadros clí-
nicos assim, medidas simples podem ser colocadas em prática pelo profissional
sábio para complementar a ação desses poderosos medicamentos. A cabeceira
da cama pode ser elevada para auxiliar a respiração. Muitas vezes, torniquetes
podem ser aplicados nos membros do corpo para restringir o fluxo sanguíneo,
reduzindo, o trabalho do coração e auxiliando-o a abastecer os órgãos vitais.
Há pessoas que acreditam que as drogas não devam ser utilizadas sob
hipótese alguma. Certamente, temos o dever de advertir quanto ao uso de

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O Fator Físico na Saúde Mental 141
drogas. Mas não é um princípio saudável evitar o uso de medicamentos em
circunstâncias em que a sua falta acarretará a morte do paciente. Os cirurgi-
ões realizam muitas intervenções vitais. Alguém gostaria de sugerir que esses
profissionais realizassem o seu trabalho sem o auxílio da anestesia? Claro que
não. No entanto, os agentes anestésicos estão entre as drogas mais potentes
utilizadas pelos profissionais de saúde.
Na primeira metade do século 20, nenhuma outra doença recebeu maior
atenção da comunidade médica do que a tuberculose. Mesmo assim, as sepul-
turas daqueles que sucumbiram a essa terrível enfermidade são incontáveis.
Os sanatórios proliferaram. Somente na década de 40, com a descoberta da
estreptomicina e de outras drogas, o índice de mortalidade causada por essa
doença atingiu níveis insignificantes. Como consequência, um sanatório após
o outro começou a fechar as portas.
Um ambiente rural cuidadosamente selecionado é a maior garantia de
estar em contato com o ar puro e fresco. Muitas vezes, é necessário buscar
lugares de topografia mais elevada a fim de ficar acima da poluição. O valor
do ar fresco não pode ser estimado. A vitalidade do ser humano depende em
grande parte da oxigenação do sangue. O ar puro permite a transferência
máxima de oxigênio para as células do corpo. Se respirarmos constantemente
grandes quantidades de poluentes, venenos como o monóxido de carbono
unem-se à hemoglobina das hemácias reduzindo a quantidade de oxigênio
transmitida às células. Devem ser planejados momentos diários especiais para
a inspiração de ar fresco. Isso pode ser realizado respirando-se profundamente
e praticando exercícios físicos vigorosos.
A exposição regular da pele à luz solar também gera uma influência pro-
tetora contra as doenças. Os raios ultravioletas do Sol são meios eficazes de
combate às bactérias. Em climas mais quentes, essa proteção pode ser adqui-
rida através de banhos de Sol regulares. Em regiões cujos períodos de frio são
extensos, resultados terapêuticos semelhantes podem ser alcançados através
da lâmpada solar. A luz solar também tem a função de transformar o 7-dei-
drocolesterol da pele em vitamina D.
Há evidências de que se pode reduzir o risco de contrair câncer de pele
ao combinar a exposição ao Sol com uma dieta alimentar natural – espe-
cialmente uma dieta pobre em gordura animal ou industrializada. Ou seja,
uma dieta cuja gordura seja obtida em seu estado natural a partir de grãos,
castanhas, nozes e outros produtos vegetais. Contudo, devemos sempre usar

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142 A Solução de Deus...
o bom senso e evitar o banho de Sol excessivo ou o uso prolongado da lâm-
pada solar. Alguns minutos diários de exposição aos raios ultravioletas já são
suficientes para eliminar as bactérias nocivas. Ao expor-nos dessa maneira ao
Sol e permitirmos que os cômodos de nosso lar sejam banhados pelos raios
solares, receberemos os benefícios da luz solar sem sermos prejudicados.
Juntamente com a dieta, o exercício físico talvez exerça a maior influência
sobre a saúde física. A prática regular de exercícios físicos ao ar livre é impor-
tante, tanto para a saúde física, quanto para a saúde mental. A inatividade,
por outro lado, resulta no enfraquecimento físico e na predisposição de con-
trair uma doença física e mental. O melhor exercício físico e que traz mais
benefícios é o exercício constante, moderado e de duração suficiente para
elevar o batimento cardíaco e o ritmo respiratório de maneira significativa por
um período razoável de tempo.
Sem dúvida, o exercício físico de natureza não competitiva apresenta os
melhores resultados. Os esportes competitivos são de pouco valor para a edu-
cação da juventude comparados aos de natureza não competitiva. Os esportes
competitivos, em sua maioria, são resquícios do conceito de escravidão por
parte dos gregos antigos, que achavam que todo trabalho manual útil devesse
ser realizado pelos escravos. A sociedade grega da época considerava esses tra-
balhos indignos de serem realizados por um cidadão livre. Assim, os esportes
foram criados para que as crianças e os homens livres pudessem exercitar-se
fisicamente. Deus planejou que o homem empregasse o trabalho útil para
se exercitar. No Jardim do Éden, as necessidades físicas do homem foram
supridas pelo trabalho.

E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o


lavrar e o guardar (Gênesis 2:15).

Os filhos dos profetas em Israel também se ocupavam regularmente com


o trabalho útil: “E sucedeu que, derrubando um deles uma viga, o ferro caiu
na água; e clamou, e disse: Ai, meu senhor! ele era emprestado” (2 Reis 6:5).
Entre os judeus, era comum que toda criança, a despeito de sua ocupação
futura, aprendesse um ofício manual. Não é de admirar que Cristo tenha
aprendido o ofício de carpinteiro e Paulo o ofício de fazer tendas.

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O Fator Físico na Saúde Mental 143
Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José,
e de Judas e de Simão? e não estão aqui conosco suas irmãs? E escan-
dalizavam-se nEle (Marcos 6:3).

E depois disto partiu Paulo de Atenas, e chegou a Corinto. E, achando


um certo judeu por nome Áquila, natural do Ponto, que havia pouco
tinha vindo da Itália, e Priscila, sua mulher (pois Cláudio tinha man-
dado que todos os judeus saíssem de Roma), ajuntou-se com eles, E,
como era do mesmo ofício, ficou com eles, e trabalhava; pois tinham
por ofício fazer tendas (Atos 18:1-3).

Os esportes competitivos, apesar de promoverem o exercício físico, apre-


sentam características negativas. A competição nasce do conflito e em vez
de incentivar o mérito da cooperação, esses esportes incentivam a disputa.
Além disso, a competição é comumente associada ao empenho em dominar a
pessoa ou o time adversário. A derrota de um é necessariamente o sucesso do
outro – um princípio totalmente contrário ao princípio do reino de Cristo.
A competição também tende a acrescentar tensão ao exercício. Essa tensão é
conhecida por gerar graves consequências físicas que permanecem por um
período extenso de tempo. Há também a tendência de levar as atividades
competitivas ao extremo, chegando à agressão física. Essa possibilidade pode
ser profundamente acentuada nos esportes de natureza combativa, como o
futebol americano, o boxe e a luta livre. Finalmente, os esportes competitivos
raramente desenvolvem o hábito vitalício de praticar exercícios. Geralmente,
depois que a juventude passa, são interrompidos e substituídos pela observa-
ção passiva do esporte.
Atividades como a caminhada, o ciclismo, a corrida e a natação de na-
tureza não competitiva oferecem uma base muito mais equilibrada para o
desenvolvimento da saúde física. Entretanto, apesar de serem boas atividades,
nada se compara ao exercício físico produtivo promovido pelo trabalho. Se o
trabalho exigir atividade vigorosa, como a jardinagem ou a construção, além
de ser recompensado fisicamente pelo exercício, o indivíduo também poderá
beneficiar-se monetariamente. Esse trabalho, realizado ao ar livre e sob a luz
solar, possui uma grande influência terapêutica se realizado regularmente.

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144 A Solução de Deus...
O trabalho físico saudável também apresenta outros benefícios físicos.
Salomão, por exemplo, declarou: “Doce é o sono do trabalhador, quer coma
pouco quer muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir” (Eclesiastes
5:12). Provavelmente, o desafio lançado por Salomão tenha um significado
muito mais profundo: “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para os seus
caminhos, e sê sábio” (Provérbios 6:6).
A regularidade e a qualidade do descanso são critérios importantes para a
saúde física e mental, como também medidores do contentamento emocional.
Horas irregulares e inapropriadas de sono atrapalham o equilíbrio do corpo
acumulando cada vez mais o estresse e a tensão mental. Cristo reconheceu
a necessidade do descanso ao incentivar os discípulos a descansar depois de
passarem por um programa intenso de trabalho: “E Ele disse-lhes: Vinde vós,
aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco. Porque havia muitos
que iam e vinham, e não tinham tempo para comer” (Marcos 6:31). Para
aquele cuja vida está plenamente submetida a Cristo, há também o descanso
maravilhoso das preocupações diárias. Jesus prometeu: “Vinde a Mim, todos
os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei” (Mateus 11:28).
Há vários aspectos a serem considerados pelos cristãos – o descanso decor-
rente da submissão da vida a Cristo, o descanso noturno do sono, o descanso se-
manal do sábado e o descanso proveniente da mudança de atividade e de ritmo
durante as férias. Todos esses aspectos desempenham um papel importante.
O descanso de Cristo revitaliza tanto física quanto emocionalmente. Tal-
vez a maior fonte de descanso resulte da compreensão de que todos os nossos
pecados foram perdoados e que estamos seguros no Senhor Jesus.
Estudos revelam que o melhor é dormir relativamente cedo e levantar-
se logo ao alvorecer. É verdade que algumas pessoas sentem que são mais
produtivas à noite do que de manhã, mas a perseverança levará a formação de
hábitos mais saudáveis de sono. Essa mudança pode levar de uma a duas se-
manas, o mesmo tempo que levamos para nos adaptar a mudanças rápidas de
fuso horário. As pesquisas indicam que sete a oito horas de sono por noite são
mais vantajosas. O ato de dormir demais ou de menos geralmente é associado
a uma expectativa curta de vida.
Deus providenciou um descanso semanal para o homem – um dia que
permite que o homem quebre a sua rotina semanal de trabalho e se envolva
mais diretamente com o estudo de Sua Palavra e a comunhão com outros
cristãos. Esse dia foi instituído na Criação.

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O Fator Físico na Saúde Mental 145
E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou
no sétimo dia de toda a Sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o
dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a Sua obra
que Deus criara e fizera (Gênesis 2:2-3).

Deus deu orientações específicas ao Seu povo com relação à preparação


para o sábado para que somente o trabalho essencial fosse realizado nesse dia.

E ele disse-lhes: Isto é o que o Senhor tem dito: Amanhã é repouso, o


santo sábado do Senhor; o que quiserdes cozer no forno, cozei-o, e o
que quiserdes cozer em água, cozei-o em água; e tudo o que sobejar,
guardai para vós até amanhã (Êxodo 16:23).

O fato de que a maioria dos cristãos não guarde o santo dia de descanso
de Deus e prossiga, quer completa ou parcialmente, com a rotina diária, con-
tribui para a ocorrência de muitas doenças na sociedade. Esse é um aspecto
que nenhum cristão pode ignorar. O próprio Jesus disse que o sábado foi
criado em benefício do homem: “E disse-lhes: O sábado foi feito por causa do
homem, e não o homem por causa do sábado” (Marcos 2:27).
O descanso e o rejuvenescimento alcançados nas férias anuais são muito
importantes. Atividades diferentes das ocupações regulares são muito apro-
priadas para que as férias sejam aproveitadas ao máximo. Passar as férias
envolvido no trabalho doméstico não é tão recompensador quanto passar
esse período num lugar diferente. Porém, se o indivíduo for um trabalhador
sedentário, a ideia de passar as férias realizando atividades físicas no lar tem o
seu valor. Se houver crianças na família, as férias deverão ser levadas em gran-
de consideração. Se bem planejadas, as férias em meio à linda natureza podem
ter custos mínimos. Geralmente, períodos extensos de férias apresentam mais
benefícios. Dias aleatórios de férias raramente produzem os efeitos rejuvenes-
cedores oferecidos por férias de, no mínimo, duas semanas de duração. O
propósito do descanso é adequar-nos melhor para as atividades rotineiras da
vida. O descanso elimina o cansaço e restaura os nervos esgotados para que as
atividades do dia a dia possam ser realizadas com mais ânimo e prazer.

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146 A Solução de Deus...
O oitavo princípio de saúde física – a confiança em Deus – já foi exten-
samente discutido nos capítulos anteriores. Trata-se do princípio unificador
em que a saúde física e mental estão fundamentadas. Além disso, motiva a
preocupação abnegada de seguir todos os outros sete princípios.
A intemperança em todos os aspectos nasce do egoísmo e resulta em
estresse, impaciência, conflitos, depressão e irritação. Sem mencionar que a
intemperança reduz o índice de recuperação de doenças e em alguns casos
coloca totalmente em risco as chances de restabelecimento. A saúde e a felici-
dade estão intimamente relacionadas à vida temperante.
Cada um dos princípios apresentados neste capítulo baseia-se na lei da
simplicidade de vida que fortalece a vitalidade física e mental. Todos eles
também se fundamentam nos princípios de um estilo de vida equilibrado que
permite que toda força benéfica do corpo, da mente e do espírito humano
sejam empregadas para complementar o funcionamento do semelhante. É
nesse sentido que o crescimento mental e espiritual depende muito do de-
senvolvimento e da preservação da saúde física. Aquilo que debilita o corpo
enfraquece consideravelmente todos os outros recursos humanos. Da mesma
forma, a atenção cuidadosa aos princípios de saúde física promove a saúde
mental e o equilíbrio de um estilo de vida adequado.
A confiança em Deus resulta no desenvolvimento de relacionamentos
emocionais seguros. Davi reconheceu essa verdade ao afirmar: “Bem-aven-
turado o homem que põe no Senhor a sua confiança, e que não respeita os
soberbos nem os que se desviam para a mentira” (Salmo 40:4). “É melhor
confiar no Senhor do que confiar no homem” (Salmo 118:8). Haveria grande
estabilidade social se a sociedade incerta encontrasse a paz interior que apenas
a confiança em Deus pode trazer.

 Ver capítulos 2, 3, 5, 6 e 7 intitulados “A Saúde Mental e o Crescimento Espiritual”, “A


Saúde Mental e o Caráter”, “O Amor e a Saúde Mental”, “A Lei e o Amor” e “O Problema
da Culpa”.

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21
A Criança Antes
e Depois do Nascimento
U
m lar sem filhos geralmente é um lar solitário e que pode levar ao
egoísmo. Em contrapartida, a paternidade é muitas vezes colocada
em prática sem que se tenha feito uma verdadeira reflexão a res-
peito das grandes responsabilidades que recaem sobre os pais. A saúde mental
da criança começa com os pais. Um ambiente familiar equilibrado talvez seja
o maior legado que os pais podem deixar aos filhos para o desenvolvimento
de uma mente saudável e estável. A paternidade responsável requer que os pais
adotem um estilo de vida equilibrado e sólido antes de trazer à luz uma nova
vida. Essa é a base fundamental para os pais que desejam dar início a um pré-
natal que não predisponha a criança a apresentar um caráter defeituoso.
A responsabilidade da mãe é especialmente importante. Nos meses pré-
natais de formação é essencial que a mãe siga um estilo de vida simples e evite
explosões emocionais. Há muitas evidências quanto à profunda influência das
primeiras experiências intrauterinas da criança sobre as suas características
emocionais, físicas e de personalidade. As emoções fortes causam reações no
sistema nervoso simpático, como a liberação de adrenalina e de outras subs-
tâncias na corrente sanguínea. Apesar de a placenta ser um ótimo filtro, essas
substâncias entram na corrente sanguínea do feto, levando-o à hiperatividade.
Explosões emocionais frequentes por parte da mãe antes de dar à luz podem
desenvolver padrões de comportamento emocional na vida pós-natal. Essas
reações militam contra o desenvolvimento da saúde mental do bebê.
Na maioria das vezes, os pais de crianças altamente emocionais erroneamen-
te concluem que seja uma reação comum, negligenciando a profunda influên-
cia do ambiente pré-natal. Claro que os fatores genéticos também influenciam
muito as características futuras da criança e do adulto, mas a tranquilidade e a
felicidade demonstradas pelos pais durante o período de gestação tendem a pre-
determinar, em grande proporção, um temperamento semelhante na criança.

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148 A Solução de Deus...
A educação do primeiro filho deve ser abordada com cuidado especial,
pois estabelecerá o padrão de abordagem na educação dos outros filhos. Além
disso, a atitude e o comportamento do primeiro filho possuem grande influ-
ência sobre os irmãos menores.
Não podemos subestimar a importância de hábitos saudáveis na vida da
futura mãe. Há evidências incontestáveis de que o álcool, os narcóticos e o
tabaco prejudiquem o desenvolvimento do feto. A mãe cuidadosa se absterá
completamente do uso dessas substâncias. A cada ano, milhares de recém-nas-
cidos morrem como resultado de crises de abstinência de drogas. Milhares de
outros bebês, apesar de sobreviverem, apresentam claras evidências de crises
de abstinência resultante do uso de drogas pesadas por parte da mãe durante a
gravidez. O chá, o café e outras substâncias nocivas devem ser evitados. Uma
dieta alimentar simples, regular e saudável é de valor inestimável tanto para a
mãe quanto para o feto.
O pai tem a responsabilidade de auxiliar a mãe e de promover um am-
biente tranquilo e pacífico durante a gestação. O marido irresponsável ou que
não gosta da esposa, ou que é infiel, deposita um enorme fardo difícil de ser
suportado pela companheira, especialmente durante o período de gestação,
ocasião em que os recursos físicos tendem a ser mais inferiores do que o
normal. Tanto o pai quanto a mãe são responsáveis por estruturar o ambiente
mais adequado para a formação do feto. Deve-se fazer todo esforço possível
para reduzir as cargas que exaurem e desgastam a futura mãe. As toxinas
geradas pelo cansaço inevitavelmente causarão um grande impacto no bebê.
O melhor é que o marido e a esposa se estruturem de tal maneira que a futura
mãe não precise trabalhar fora. Dessa forma, a influência do estresse será
reduzida. Por outro lado, um programa de exercícios físicos regulares e mode-
rados serão de grande auxílio. O trabalho em excesso por parte da mãe levará
ao estresse e à tensão que atrapalharão o desenvolvimento saudável do feto.
Acredita-se que o desenvolvimento dos padrões temperamentais da
criança leve aproximadamente dezoito meses para ser concluído. Dos dezoi-
to meses de desenvolvimento, nove ocorrem antes do nascimento. O bebê
é muito impressionável, portanto, os pais devem ensinar o autocontrole
desde cedo. A Bíblia indica por meio de inúmeros relatos a necessidade
de a mãe apresentar uma vida controlada e moderada para que a criança
possa ter um desenvolvimento saudável. Por exemplo, a mulher de Manoá,
que mais tarde seria a mãe de Sansão, foi advertida pelo anjo do Senhor a

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A Criança Antes e Depois do Nascimento 149
abster-se de bebidas fortes e a evitar os alimentos impuros. Talvez não haja
outro período mais importante para se adotar uma dieta simples do que
durante a gravidez. A observância dos princípios de saúde é fundamental
para o comportamento adequado da criança no futuro. Tanto no período
pré-natal quanto na infância, é importante que a criança seja educada na
renúncia e na abnegação, pois a sua felicidade futura dependerá muito desse
treinamento.
No início do período pós-natal, muitos subestimam a importância do
processo de aprendizagem do bebê. Porém, esse período provavelmente é
a fase mais impressionante da vida. O neonato aparenta ser tão indefeso
que poucos pais começam a perceber os efeitos permanentes das primeiras
experiências pós-natal. A segurança estabelecida nos primeiros meses de vida
afetará a segurança emocional da criança no futuro. Os pais devem colocar
cuidadosamente em prática uma rotina diária. A área rural é o melhor am-
biente para a criação dos filhos, especialmente porque a mãe poderá dedicar-
se completamente para essa tarefa tão sagrada. Os pais não devem ignorar
outros fatores que também são muito valiosos para o desenvolvimento do
bom gosto que influenciará a vida futura. Por exemplo, a música desempe-
nhará um papel muito importante na vida adulta. A exposição frequente à
boa música na infância será de grande valor à medida que o gosto amadure-
cer até que se atinja a idade adulta.
A criança logo aprenderá a se alimentar em horários corretos se a mãe
estabelecer a regularidade das refeições. A regularidade das refeições auxiliará
a criança, desde cedo, a evitar a ansiedade produzida por uma rotina irre-
gular. Em quase todos os casos, é preferível respeitar o horário da refeição a
alimentar a criança toda vez que sentir fome. O ato irregular de alimentar a
criança toda vez que sente fome geralmente forma o hábito de exigir a satis-
fação própria. O bebê aprende a chorar não apenas por comida, mas também
por qualquer coisa que deseje. Os pais logo aprenderão a diferenciar os tipos
de choro e perceberão que quase sempre o choro é de ordem temperamental,
não biológica. Assim, se atendidas as reações temperamentais, formar-se-ão
hábitos que na vida futura serão estabelecidos em princípios egoístas. Outra
influência importante sobre a criança é o relacionamento feliz entre os pais e
os outros membros da família.

 Ver Juízes 13:14.

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150 A Solução de Deus...
A presença da criança no culto familiar matutino e vespertino é essencial.
Apesar do bebê ainda não ser capaz de compreender a vida espiritual envolvi-
da no momento do culto, desde o princípio serão desenvolvidas atitudes que
facilitarão que a criança considere o culto familiar uma bênção. Durante o
culto, a criança aprenderá a verdadeira reverência e alegria de comungar com
Deus. Mais tarde, não terá dificuldade de demonstrar a verdadeira reverência
a Deus, ao local de culto, à Bíblia e aos ministros. O período do culto deve
ser adaptado ao interesse da criança mais nova presente e, assim que possível,
deverá ser envolvida através de cânticos, de histórias bíblicas, de leitura e do
aprendizado da Bíblia e da oração.
O desenvolvimento de hábitos sadios desde cedo militarão contra os es-
forços de Satanás para distanciar a criança de Deus. Os pais devem aprender
o mais rápido possível a distinguir entre o choro de dor e o choro tempera-
mental. Os pais jamais deverão reforçar o choro temperamental através de
qualquer forma de atenção, mas devem sempre estar prontos para responder
apropriadamente o choro de dor ou de desconforto. O desprezo das necessi-
dades biológicas inibe o crescimento emocional saudável.
Logo no início do período pós-natal, o bebê já deve aprender de forma
amorosa e cuidadosa a obedecer aos comandos dos pais. Esse não será um
treinamento simples do ponto de vista behaviorista, mas essencial para auxi-
liar a criança a formar padrões de hábitos apropriados que facilitarão, em fases
vindouras, a sua decisão em aceitar as reivindicações que Cristo fará por sua
vida e serviço. Muito antes de a criança ser capaz de responder verbalmente,
os pais podem ensiná-la muitas lições valiosas de obediência. Assim que a
criança for capaz de entender, essas lições deverão ser envolvidas na sua edu-
cação e treinamento. Educar diligentemente desde os primeiros meses evitará
uma multidão de problemas no futuro. Entretanto, até mesmo os pais mais
sábios precisarão muito da graça de Deus e de uma vida de oração contínua
para educar com sucesso os filhos que lhe foram confiados.
O princípio primordial no relacionamento entre pais e filhos é o amor.
Desde os primeiros anos, o bebê sente esse amor e o corresponde. Esse amor
não satisfará cada desejo egoísta, mas proverá o carinho e a intimidade do
amor paternal que, sob a bênção de Deus, é uma das peças fundamentais para
aproximar a criança de Deus e de outros membros da família. O amor pater-
nal também influenciará a criança a estabelecer relacionamentos intrapessoais
de afeto satisfatórios com pessoas fora do círculo familiar.

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A Criança Antes e Depois do Nascimento 151
Alguns pais hoje negligenciam a dedicação dos filhos a Deus. Que isso
não seja passado por alto. Os pais de Jesus nos deixaram um ótimo exemplo
com relação a esse assunto. Nada é mais importante do que dedicar os filhos
a Deus, se esse ato for acompanhado de um desejo sincero e do esforço por
parte dos pais de colocar em primeiro lugar a vontade de Deus nas suas res-
ponsabilidades paternas.

 Ver Lucas 2:27-32.

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22
A Infância

A
força de vontade é o aspecto mais importante para o progresso da
saúde mental. Assim, torna-se imprescindível desenvolver a força
de vontade e o processo de tomada de decisão da criança o mais
rápido possível. Nas primeiras fases da vida, os pais são a mente dos filhos.
Essa relação supre as necessidades biológicas, como também a necessidade de
proteção contra o perigo. Porém, passo a passo, começando pela questão da
proteção, a criança deve entender a relação causa e efeito das situações da vida.
Por exemplo, a criança precisa saber que as avenidas movimentadas, o fogo e
a água são perigosos. Inicialmente, os pais terão que pensar pelo filho, mas
assim que possível é importante mostrar à criança que há uma razão por trás
de cada decisão. Dessa maneira, a resposta paterna ao pedido do filho será re-
lacionada à razão. Por exemplo, João pergunta: “Posso brincar com o Pedro?”.
Talvez brincar com Pedro não seja uma boa ideia, mas uma simples resposta
como: “Não, porque está na hora do jantar” indica que a mãe tem uma razão
para responder “não”. Responder apenas “não” incitará inevitavelmente a per-
gunta “Por quê?”. A resposta “Porque eu disse” não contribui em nada para
aprofundar a compreensão da criança sobre o comportamento equilibrado e,
geralmente, estimula reações negativas entre os pais e os filhos.
Mais tarde, os pais poderão ajudar, orientar e encorajar a criança a to-
mar decisões próprias. Deverão, porém, considerar atentamente os possí-
veis resultados. Os pais poderão, por exemplo, ajudar a criança a decidir a
compra de uma peça de vestuário até que chegue o momento em que ela
 Na ocasião em que James, o filho caçula de um dos autores, estava com oito meses
de idade, encontrou o portão da casa aberto e engatinhou para fora. O motorista de uma
carreta freou a meio metro de distância do bebê que tentava cruzar a avenida movimentada,
obviamente sem a menor noção do perigo. Esse incidente não serviu apenas para evidenciar
o cuidado protetor de Deus, mas também para ilustrar a falta de noção do perigo que as
crianças possuem.

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A Infância 153
possa tomar essa decisão sozinha. Não há um momento específico em que
a criança apresente maturidade para tomar as próprias decisões. Os pais são
os responsáveis por determinar sabiamente a proporção de independência
que permitirão ao filho, bem como a idade apropriada para começar a tomar
cada uma de suas decisões.
O ideal é que a criança aprenda a decidir assuntos que não sejam de or-
dem moral até que, com o passar do tempo, lhe seja dada a liberdade de tomar
decisões no campo do certo e errado. Pouco a pouco, em questões simples, os
pais poderão até mesmo educar os filhos a tomar decisões de ordem moral. Às
vezes, os pais terão que correr o risco da criança tomar uma decisão errada.
Se isso acontecer, não deve ser motivo para agir com pânico, pois os pais
também cometem erros. Talvez seja necessário recuar um pouco, porque a
criança demonstrou que não está pronta para tomar tamanha responsabilida-
de. Certamente, os pais jamais deverão permitir que a criança sinta que não
tem nenhuma responsabilidade com a mãe ou com o pai ao tomar grandes
decisões. Pode chegar o tempo, porém, em que a criança se rebele contra
qualquer intromissão dos pais em suas decisões, mas se os pais sabiamente
orientaram o filho desde os primeiros anos a confiar em seu relacionamento
com eles, dificilmente ocorrerá esse tipo de reação.
Talvez os dois maiores erros que os pais podem cometer são: controlar ex-
cessivamente a criança ou, o outro extremo, permitir que a criança faça tudo
o que quiser. Tanto um extremo quanto o outro destroem o desenvolvimento
da tomada de decisão da criança. No primeiro caso, a vontade tende a ser
esmagada pela disciplina coerciva. Uma criança criada assim, ao enfrentar
situações na vida adulta em que deve tomar uma decisão, não terá uma base
adequada para decidir e tenderá a se comportar de maneira compatível com o
“homem natural” que, por sua vez, não condiz com a vida cristã. No segundo
caso, a criança que cresce num ambiente permissivo aprende a guiar-se pela
vontade e a comportar-se segundo princípios hedonistas. Essa criança tam-
bém encontrará dificuldades em tomar decisões ao chegar na adolescência
e tem uma forte tendência a se distanciar de Deus e seguir padrões de com-
portamento desregrados. Portanto, tanto o lar coercivo quanto o permissivo
falham em ensinar princípios adequados para a tomada de decisão. Ambos os
métodos de educação surtem efeitos desastrosos na vida adulta.
A Bíblia apresenta a educação equilibrada. Os pais cristãos que seguem os
ensinamentos bíblicos fielmente governarão a família.

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154 A Solução de Deus...
Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição,
com toda a modéstia (1 Timóteo 3:4).

Os pais não desprezarão a punição da desobediência contínua e


deliberada.

O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama, desde
cedo o castiga (Provérbios 13:24).

A vara e a repreensão dão sabedoria, mas a criança entregue a si mes-


ma, envergonha a sua mãe (Provérbios 29:15).

Os pais fiéis farão tudo para evitar um ambiente negativo, destrutivo e sem
amor que oprime os filhos e impede o crescimento e o desenvolvimento positivos.

E qualquer que escandalizar um destes pequeninos que creem em


Mim, melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafo-
na, e que fosse lançado no mar (Marcos 9:42).

E vós, pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na dou-
trina e admoestação do Senhor (Efésios 6:4).

O mais importante é que a criança aprenda a obedecer aos pais, não por
medo ou por ameaças, mas pela responsabilidade que tem para com eles. Os
pais, por sua vez, desempenham, especialmente nos primeiros anos de vida,
o papel de Deus na vida do filho. Se a criança for continuamente submetida
a críticas e estiver sujeita a muitas punições físicas e psicológicas, o caráter
de Deus será pervertido na mente da criança e o relacionamento entre pais
e filhos será sempre defeituoso. O autocontrole dos pais é vital para a boa
educação dos filhos.
Ao aprender a obedecer absolutamente aos pais e às autoridades, a criança
aprende a obedecer a Deus. A obediência é parte integrante do relacionamen-
to entre Deus e o homem.

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A Infância 155
Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espíri-
to, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: graça e paz
vos sejam multiplicadas (1 Pedro 1:2).

Isso se aplica até mesmo aos pensamentos.

Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o co-


nhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obedi-
ência de Cristo (2 Coríntios 10:5).

Assim como aqueles que são verdadeiramente obedientes a Deus serão


motivados pelo amor, da mesma forma a verdadeira obediência aos pais re-
sultará do amor. Ao presenciar o amor e a afeição entre os pais, a criança
aprenderá o verdadeiro significado do quinto mandamento de Deus.

Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na
terra que o Senhor teu Deus te dá (Êxodo 20:12).

Apenas, então, ocorrerá um desenvolvimento harmonioso.


O lar precisa ser regido por regras apropriadas. Tais regras devem ser
simples, úteis e aplicadas com amor. À medida que cresce, é importante que a
criança participe da formulação das regras. Dessa forma, ficará mais animada
a respeitá-las. Deve-se sempre exigir a obediência dos filhos. Os pais devem
disciplinar os filhos para que os seus pedidos sejam atendidos da primeira vez.
O melhor para as crianças é conhecer a postura dos pais. Se o pedido tem que
ser repetido muitas vezes, a criança tenderá a ficar confusa. Os pais ficarão
impacientes, se não irracionais, e podem reagir com agressividade. Tal atitude
não promove o bom relacionamento familiar.
Haverá momentos em que a criança precisará ser repreendida, mas toda
repreensão deve ser dada com amor, não com raiva. As palavras impacientes
destroem o verdadeiro relacionamento familiar e a grosseria gera o rancor.
As censuras fortes por parte dos pais estimulam a insegurança, a baixa auto-
estima, o desânimo e o desespero nos filhos. O negativismo resultante pode
causar separação na família e provocar danos irreparáveis. Há a necessidade
de apresentar à criança o verdadeiro caráter de Deus – o Seu amor, a Sua
misericórdia e a Sua tolerância. A melhor forma de demonstrar tais atribu-

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156 A Solução de Deus...
tos de Deus é lidar com os problemas de disciplina de maneira equilibrada.
Os pais devem reconhecer e ressaltar as qualidades positivas da criança, mas
evitar a bajulação. Devem demonstrar a sua admiração, aprovação e apoio
liberalmente nos momentos apropriados.
Outro fator importante para o desenvolvimento da saúde mental da
criança é a alimentação. A vida artificial de hoje, em meio à complexidade
da sociedade moderna, torna ainda mais difícil o estabelecimento de um am-
biente emocionalmente seguro para as crianças se desenvolverem. O artigo in-
titulado “Troubled Children – the Quest for help”, [Crianças Problemáticas
– a Busca por Ajuda], apresentou uma estimativa que revela que no mínimo
1,4 milhões entre crianças e jovens norte-americanos abaixo de dezoito anos
de idade apresentam problemas emocionais graves o suficiente para justificar
cuidados urgentes. Mais de dez milhões precisarão de algum tipo de assistên-
cia psiquiátrica para que tenham condições de ser beneficiadas pelo progresso
da medicina em outras áreas. Alguns pesquisadores ainda sugerem que esse
número pode chegar a trinta milhões – um enorme segmento da população
americana abaixo dos dezoito anos. Esse número não se limita a quadros neu-
róticos moderados, mas também inclui problemas psicológicos graves como
o autismo, a esquizofrenia e a hipercinesia. Um dos psiquiatras mencionado
no artigo em questão, declarou: “Uma criança afortunada é aquela que possui
uma boa hereditariedade e cuidados adequados por parte de ambos os pais,
que são capazes de reconhecer e atender às necessidades da criança no início
da vida e um mínimo de situações desafiadoras, que apresentem algum nível
de estresse à medida que a criança amadurece”.
Infelizmente, poucas crianças de hoje têm o privilégio de morar com
o pai e a mãe e crescer num ambiente livre de situações estressantes. O
artigo acima mencionado ressaltou também que a sociedade volúvel atual
praticamente aboliu o conceito de extensão familiar em que tias, tios, avós e
outros parentes atuavam como um ponto extra de apoio à criança em desen-
volvimento. Assim, a igreja cristã, se bem organizada e alerta, torna-se parte
da extensão familiar dos filhos de seus membros. Nesse sentido, os adultos
devem se considerar pais e mães de todas as crianças da igreja. Outro psi-
quiatra mencionado no artigo acima afirmou que não acredita que ambos os
pais, que dirá apenas um, sejam capazes de educar sozinhos os filhos, sendo
essencial o apoio da igreja.

 Consultar a revista Newsweek, 8 de abril de 1974.

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A Infância 157
Enfrentamos uma situação em que muitas crianças não têm o privilégio
de ter a presença constante da mãe durante o dia. A complexidade da socie-
dade e a ânsia por conveniências modernas fazem com que na grande maioria
dos casos ambos os pais tenham que trabalhar fora. No entanto, há muitos
que certamente concordam com a opinião do Dr. Salk: “Prefiro que as pesso-
as decidam não ter filhos do que deixá-los nas creches e em centros infantis”
(ibid.). Não há dúvida de que a mãe seja a pessoa mais indicada para cuidar
do filho durante os anos de formação, salvo raríssimas exceções. A respon-
sabilidade dada por Deus não deve, exceto sob circunstâncias muito graves,
ser colocada nas mãos de outra pessoa. É muito melhor ter menos dos assim
chamados “confortos da vida moderna” do que privar o filho da presença da
mãe por longos períodos do dia.
A pesquisa apresentada no artigo apontou que uma das maiores causas de
colapso mental em crianças é a influência devastadora da televisão. “Na so-
ciedade controle-remoto de hoje, as crianças tendem a conhecer o mundo que
as rodeia de forma indireta através da televisão. A maioria das nossas crianças
e dos nossos jovens já esteve em todos os lugares através da audição e da
visão, mas praticamente em nenhum lugar por uma experiência própria e real.
Grande parte dos programas a que as crianças assistem são descrições vívidas
de guerra, de violência e de revoltas sociais. A agressão tornou-se a experiência
infantil mais impregnante de todas. As crianças aprendem comportamentos
anormais ao observarem o comportamento de outras pessoas” (descobertas da
Commission on Mental Health of Children, Ibid.).
Sabe-se que a televisão desempenha um papel fundamental para o es-
tabelecimento do sistema de valores da sociedade e afeta profundamente as
atitudes e a moralidade. O fato de a televisão apresentar muitos programas
e informações que contradizem a moralidade bíblica já deveria servir de
grande aviso aos pais que desejam o bem-estar moral e espiritual de seus
filhos. Até mesmo as propagandas e os telejornais ressaltam a imoralidade
ou as atitudes repugnantes.
Assim, os pais têm a responsabilidade vital de monitorar os programas a
que os filhos assistem ou ouvem. Essa responsabilidade não se aplica apenas à
televisão, mas também à leitura, ao rádio, ao som e a outros meios de comu-
nicação. Geralmente, devido à complacência ou à falta de autoridade, os pais
rendem-se às influências do meio. Porém, a responsabilidade paterna de de-
senvolver e promover o ambiente mais favorável e positivo para o crescimento

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158 A Solução de Deus...
espiritual e emocional da criança é indispensável e essencial. Os pais devem
ensinar a criança que qualquer complacência que interfira em seu crescimento
mental e espiritual não é proveitosa e deve ser eliminada. A complacência não
faz a criança feliz, mas a torna impaciente e descontente. Apesar de ser natural
desejar vivenciar as sensações e a empolgação promovida pelos entretenimen-
tos, tais atividades não possuem nenhum valor para o crescimento benéfico.
Para proteger a vida da criança contra as más influências ou daquilo que não
seja proveitoso, a criança deve estar cercada por atividades úteis e interessan-
tes. O desenvolvimento dos interesses criativos e construtivos que chamam a
atenção da criança é, a princípio, de responsabilidade do pai para com o filho
e da mãe para com a filha. Porém, as várias atividades que envolvem a família
toda, especialmente aquelas que podem ser realizadas ao ar livre, contribuem
muito tanto para estreitar os laços familiares, como também para preencher
o vazio que a eliminação dos entretenimentos deixa na vida da criança. Tais
atividades também ajudam a estabelecer padrões valiosos para a vida toda.
A Bíblia está repleta de exemplos dos efeitos devastadores causados pela
permissividade dos pais. Um dos exemplos mais claros é a experiência de
Eli, o sumo sacerdote de Israel, cujos filhos não foram disciplinados e nem
direcionados para seguir o caminho de Deus. A complacência de Eli levou
os filhos à morte e, como pai, teve que enfrentar consequências trágicas. Os
pais são tão responsáveis quanto as mães pela educação dos filhos. Ambos
possuem a responsabilidade solene de promover o ambiente e as orientações
da mais alta qualidade aos filhos que lhe foram confiados. Apenas em tais
circunstâncias os filhos poderão desenvolver-se positivamente e encontrar em
seus pais uma verdadeira bênção. Deus enxerga em cada ser humano uma
infinidade de possibilidades. Aos pais é confiada a tarefa sagrada de fazer tudo
ao seu alcance para encorajar o filho a atingir o auge da vida unindo-se ao
poder infinito de Deus.

 Ver 1 Samuel 4:11-18.

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A Infância 159

ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO DA
INDEPENDÊNCIA DA CRIANÇA

NASCER
COORDENAR AS MÃOS
ENGATINHAR
ANDAR
FALAR
FREQUENTAR A PRÉ-ESCOLA / ESCOLA
TIRAR CARTEIRA DE MOTORISTA
ALCANÇAR A INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA
MORAR SOZINHO
CASAR-SE

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23
A Adolescência e a Independência

G
eralmente, a realidade mais difícil de ser admitida pelos pais de um
adolescente é que as atitudes e o comportamento do filho nessa fase
são, em grande parte, o resultado da educação que recebeu durante
os anos de formação. Muitas vezes, no início da infância, aquilo que aparenta ser
idiossincrasias insignificantes torna-se, na adolescência, características irritantes
e até mesmo distúrbios emocionais. Nessa fase, os pais tentam em vão reverter
os resultados de uma educação pobre nos anos anteriores. Por outro lado, um
relacionamento criterioso e equilibrado entre pais e filhos durante a infância é a
maior garantia de um desenvolvimento livre de problemas sérios na adolescência.
Mesmo assim, os pais que não colocaram em prática uma educação adequada
desde os primeiros anos da criança poderão ainda extrair alguns benefícios de
um relacionamento mais responsável com o filho adolescente, se bem que essa
tarefa seja muito mais difícil e os resultados mais árduos para serem alcançados.
Não há, porém, motivos para não tentar fazer todo o possível.
Todos os períodos de mudanças significativas são cruciais especialmente pa-
ra a saúde mental. A adolescência, que envolve a metamorfose da infância para a
maturidade, certamente é o período mais crítico para a saúde mental. Os distúr-
bios mentais comumente se tornam mais aparentes durante a adolescência. Esse
fato aplica-se principalmente a manifestações psicóticas como a esquizofrenia.
A adolescência é um período de oscilações frequentes de comportamentos
infantis e maduros. Assim, ao buscar a sua própria identidade e independência,
o adolescente enfrenta muitas frustrações e pressões. Especialmente na sofis-
ticada sociedade ocidental, a adolescência tende a prolongar-se. Geralmente
começa com uma mudança psicológica envolvendo a puberdade e termina no
momento em que o desenvolvimento psicológico caracterizado pela maturida-
de emocional e social é alcançado.

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A Adolescência e a Independência 161
Durante esse período, o indivíduo tenta se libertar da dependência in-
fantil. Para muitos jovens, essa maturidade crescente traz muitos problemas
e frustrações. As frustrações estão geralmente relacionadas ao cabo-de-guerra
entre o sistema de valores paternos e o sistema de valores do grupo social que
o jovem participa. O adolescente, na grande maioria dos casos, encontra-se
numa situação de conflito, pois dificilmente consegue agradar os dois lados.
Se cede à pressão dos amigos, certamente provocará a desaprovação dos pais.
Da mesma forma, se respeita os valores e os desejos dos pais, os amigos se
afastam.
Os pais precisam se empenhar para ajudar a criança e o adolescente a
escolher sabiamente as suas companhias. As companhias afetam tanto a re-
putação quanto o caráter do indivíduo. Os hábitos e os motivos são formados
à semelhança dos hábitos praticados pelo grupo, pelos companheiros, apesar
de a princípio parecer improvável. Infelizmente, quase em todos os casos,
é o amigo com o caráter mais defeituoso que influencia o amigo de caráter
originalmente mais nobre.
A orientação paterna sábia e equilibrada terá favorecido o desenvolvimen-
to da independência e da habilidade de decidir antes da adolescência. Os
pais que lançaram bases fortes para habilitar a criança a tomar as próprias
decisões descobrirão que o filho adolescente completará a transição para a
independência da maioridade com maior facilidade.
Pensa-se que a independência começa quando o bebê consegue engati-
nhar pela primeira vez de um lugar para o outro. Essa independência aumen-
ta na fase em que a criança começa a dar os primeiros passos, depois a correr
e, certamente, aumenta mais ainda à medida que aprende a utilizar os meios
de comunicação mais sofisticados. A habilidade de fugir dos pais ou de dizer
“não”, na realidade, são os primeiros indícios da independência da criança.
Às vezes isso pode ocorrer durante as brincadeiras, mas em algum momento
no futuro será parte integrante da habilidade de tomar as próprias decisões
em questões variadas.
No momento em que a criança sai de casa, seja para o berçário, para a
creche ou para a escola, essa independência aumenta até certo ponto, pois
embora esteja inserida num meio em que os pais não possam interferir de
maneira direta, está sob a responsabilidade de outro adulto. Assim, geralmente

 Ver capítulo 22 intitulado “A Infância”.

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162 A Solução de Deus...
é na adolescência que o filho encontra a primeira oportunidade real de tomar
decisões totalmente independentes dos pais.
Há muitos fatores na adolescência que tendem a aumentar a indepen-
dência. Por exemplo, a posse de um carro, a habilidade de ganhar o próprio
dinheiro e a possibilidade de estar com outras pessoas sem ser supervisionado.
Além de tenderem a aumentar a independência, todos esses fatores também
lançam sobre o adolescente uma grande responsabilidade que até então não
havia experimentado.
Infelizmente, muitos jovens não foram preparados para enfrentar tal respon-
sabilidade e tendem a ceder quase sem pensar à pressão do grupo. Exatamente
por esse motivo o treinamento e a educação diligentes tornam-se tão necessários
na infância. Salomão sem dúvida reconheceu essa verdade ao afirmar: “Ensina
a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se
desviará dele” (Provérbios 22:6). Através de Moisés, Deus expressou o mesmo
conceito. Após entregar os Dez Mandamentos, advertiu os filhos de Israel: “Tu
as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo
caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te” (Deuteronômio 6:7). Tragicamente,
a educação pobre dos bebês e das crianças leva à rebelião e à insubordinação
assim que aparece a primeira oportunidade de independência.
A educação correta e eficaz da criança é a maior segurança contra a ado-
ção de um padrão de vida totalmente equivocado ao atingir os anos de in-
dependência. Isso não significa que os filhos que sabiamente educados pelos
pais durante os anos de formação não enfrentarão problemas de adaptação na
adolescência. Hoje as decisões que os jovens têm que fazer são tão complexas e
difíceis que a maioria, até mesmo aqueles criados nos melhores lares, possivel-
mente enfrentarão dificuldades. Porém, se no lar foi promovido um ambiente
seguro e coerente durante a infância, haverá maior probabilidade de o jovem
se adaptar melhor e tomar decisões firmes e seguras na adolescência.
Os pais sábios muitas vezes chocam-se ao verem os filhos que aparentemente
eram bem equilibrados nos anos de formação repentinamente demonstrarem
sinais de inadequação ou até mesmo de rebelião no início da adolescência.
Diante dessa situação, a mesma atitude firme, mas amorosa, demonstrada nos
anos anteriores, se mantida durante os anos difíceis da adolescência, produzirá
resultados sadios e satisfatórios. É importante que os pais não entrem em pâ-
nico, nem sintam que tudo está perdido se o filho adolescente tomar decisões
erradas. Porém, os mesmos princípios e regras da vida devem ser mantidos

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A Adolescência e a Independência 163
pelos pais a fim de ajudar o filho a ter segurança para saber o que é certo e o
que é melhor.
Os pais devem estar sempre prontos para atender às necessidades dos jo-
vens. O adolescente que ainda se sente à vontade para buscar o conselho dos
pais reflete o resultado de uma educação sábia e diligente. Talvez não haja
satisfação maior para um pai do que ver um filho adolescente buscando a sua
opinião e o seu conselho.
Nada pode ser autorizado pela complacência ou pela hesitação dos pais.
Muitos pais, ao se acharem incapazes de lidar com os conflitos da adolescên-
cia, perdem muito por recorrerem à complacência na esperança de alguma
forma garantir a afeição dos filhos.
Reforçar as decisões e os comportamentos corretos do adolescente através
de comentários positivos é muito importante, bem como ajudar o jovem a
procurar tomar decisões condizentes com mais altos propósitos cristãos. Du-
rante a adolescência desenvolve-se a maior parte de nosso sistema de valores.
As crenças, as atitudes, os preconceitos, as inclinações e o estilo de vida fixam-
se mais durante esse período da vida.
Muitos conflitos ocorrem quando o adolescente escolhe atitudes e cren-
ças diferentes daquelas ensinadas pelos pais. Na mente do adolescente pode
também ocorrer grandes conflitos emocionais que venham a gerar compor-
tamentos impulsivos e irracionais. Há maior estabilidade emocional quando
o adolescente escolhe adotar um estilo de vida semelhante ao dos pais. Na-
turalmente, numa era em que, em contraste com as eras anteriores, há maior
probabilidade de o adolescente escolher um estilo de vida diferente dos pais,
não é de admirar que haja maior incidência de colapsos emocionais. Os pais
devem evitar a todo custo brigar ou implicar com as diferenças que não sejam
de ordem moral. Toda a sabedoria e energia serão necessárias para lidar com
as situações de natureza moral.
Outra área de preocupação durante os anos da adolescência é a questão
dos símbolos de status. Para satisfazer as ambições da maioridade e evitar
o status infantil, os adolescentes quase universalmente tentam apoiar-se em
símbolos de status da maioridade. Os símbolos de status podem envolver
qualquer coisa característica dos padrões da vida adulta. Esses padrões podem
estar relacionados a estilos distintos de vestuário, o uso de maquiagem e de
adornos (especialmente as meninas), o ato de fumar, a ingestão de bebidas al-
coólicas, a independência financeira, a posse de um carro e o namoro. Apesar

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164 A Solução de Deus...
de nem todos os símbolos de status serem indesejáveis, muitos se opõem aos
princípios morais e aos princípios de saúde.
Basicamente, os adolescentes são pressionados a se conformar com padrões
da sociedade em geral. Assim, a maturidade em desenvolvimento no adoles-
cente deve ser reconhecida pelos pais, pelos professores e pela igreja. À medida
que o adolescente amadurecer, novas e maiores responsabilidades deverão ser-
lhe atribuídas em forma de reconhecimento, o que lhe oferecerá símbolos de
status adequados que auxiliarão o seu desenvolvimento espiritual, emocional
e físico em vez de destruí-lo. Tais responsabilidades surtem maior efeito se
adaptadas aos interesses e às necessidades do jovem. Esse período oferece uma
boa oportunidade para educar o adolescente nas áreas mais variadas da vida e
das atividades da igreja, como também oferece a oportunidade de desenvolver
relacionamentos em que o adolescente sinta que está sendo tratado como um
adulto e que as suas contribuições são percebidas e apreciadas.
A adolescência une-se aos anos de formação da infância e aos anos respon-
sáveis da maioridade. Em breve o jovem de hoje será incumbido das respon-
sabilidades do amanhã. Há evidências na sociedade contemporânea de que as
dificuldades e as complexidades da era moderna têm reduzido notoriamente
a eficácia da orientação paterna. O sucesso da unidade familiar, a base da so-
ciedade, encontra-se frequentemente em jogo. Os pais precisam desempenhar
o seu papel de maneira mais eficiente, se desejam uma mudança significativa
no rumo dos relacionamentos familiares. Deus prometeu conceder a Sua sa-
bedoria a todo aquele que O seguir com sinceridade de coração. Talvez, não
houve outro período da história em que a sabedoria divina foi tão necessária
quanto nos dias atuais.

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24
A Adolescência e as Decisões

A
s maiores decisões da vida tendem a serem tomadas durante a ado-
lescência ou logo após essa fase. Não há decisões mais importantes
do que a decisão de escolher a Cristo, a decisão de seguir um cha-
mado de vida e a decisão de escolher o cônjuge. O ideal é que essas três decisões
sejam feitas na mesma ordem citada acima. Na maioria das vezes, o casamento
prematuro ou o casamento realizado antes de ter sido tomada a decisão de
seguir a Cristo, frustram os propósitos de Cristo para a vida do indivíduo. O
melhor e mais aconselhável é que ambos os cônjuges sejam comprometidos
com a causa de Cristo e estejam dispostos a seguir a Sua direção, seja ela qual
for. Se um dos cônjuges se opõe a seguir a direção de Deus, estabelece-se um
conflito dentro do lar que talvez nunca seja completamente solucionado.
A maior decisão e mais significativa que o ser humano pode fazer é, sem
dúvida, a decisão de seguir a Cristo. Essa decisão afetará todas as outras de-
cisões e, por isso, deve ser a prioridade da educação dos jovens. Geralmente,
as crianças tomam logo cedo a decisão de aceitar a Jesus, mas é provável que
uma decisão mais firme e imutável seja feita durante a adolescência. Os jovens
devem enfrentar a pressão do grupo e as pressões biológicas da adolescência
para solidificar as boas decisões tomadas na infância.
Nessa época, muitos pais preocupam-se excessivamente ao perceberem
que os filhos estão hesitantes em decidir-se por Cristo. Diante dessa situa-
ção, muitos tentam forçar ou apressar essa decisão tão importante. Porém,
é impossível forçar alguém a aceitar a Jesus. Os pais são responsáveis por
conduzir os filhos aos pés de Cristo e apresentar-lhes da maneira mais atra-
tiva possível as reivindicações do Filho de Deus sobre a sua vida e serviço.
No entanto, as consequências positivas do reino de Deus poderão entrar em
ação apenas no momento em que o indivíduo tomar por si mesmo a decisão

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166 A Solução de Deus...
de aceitar e seguir o Mestre. A coerência, o encorajamento e o exemplo dos
pais podem ajudar, mas chegará a hora em que o próprio jovem deverá fazer
a sua decisão. Mais uma vez, a dedicação especial dos pais na educação dos
filhos é de extrema importância. O voto especial de Ana, mãe de Samuel,
com certeza desempenhou um papel vital na missão do profeta. Esse é um
ótimo exemplo a ser seguido pelos pais modernos.

E fez um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos, se benignamente aten-


tares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva
te não esqueceres, e lhe deres um filho varão, ao Senhor o darei por
todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha
(1 Samuel 1:11).

Não há dúvidas de que o conflito emocional e o estresse podem ser pro-


fundos na vida do adolescente que se encontra num estado de indecisão em
relação ao seu relacionamento com Cristo. Essa indecisão gera não apenas um
conflito, mas também explosões tencionais e emocionais podendo causar até
mesmo comportamentos aparentemente contraditórios e irresponsáveis. Os
pais devem reconhecer que o jovem que ainda não tomou sua decisão junto
a Cristo passará por um período muito difícil. De certa forma, essa situação
não é desanimadora, pois o jovem ainda não rejeitou as reivindicações de
Jesus. Em contrapartida, é necessário ter sabedoria para que nesse período
difícil o jovem possa ter todas as oportunidades possíveis de comprometer-se
firmemente com o Salvador. Se essa decisão não for feita na adolescência,
dificilmente será feita nos anos posteriores. Por essa razão, Salomão advertiu:
“Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade” (Eclesiastes 12:1).
Satanás procura criar uma série de circunstâncias na vida daquele que
não se submeteu à vontade de Deus, dificultando ao máximo de essa decisão
ser feita mais tarde. É importante saber que uma decisão definitiva de servir
a Deus deve ser tomada. Tudo o que o indivíduo precisa fazer para seguir
Satanás é não tomar decisão alguma. Feliz é o jovem que pode dizer a Deus:
“Pois Tu és a minha esperança, Senhor Deus, a minha confiança desde a
minha mocidade” (Salmo 71:5). Tal jovem certamente seguiu o conselho de
Paulo a Timóteo: “Foge, outrossim, das paixões da mocidade. Segue a justiça,
a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor” (2
Timóteo 2:22).

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A Adolescência e as Decisões 167
A segunda grande decisão está relacionada ao chamado de vida. Essa
decisão não é fácil de ser tomada na era complexa de hoje em que há uma
infinidade de oportunidades à disposição. Essa decisão era mais fácil de ser
tomada antigamente, época em que o filho costumeiramente dava continui-
dade ao negócio ou à profissão do pai. Mas, hoje, numa época em que o jovem
provavelmente escolherá uma profissão diferente da dos pais, num período
em que há uma gama tão extensa de oportunidades, a indecisão pode causar
uma profunda preocupação emocional.
Os pais podem reduzir o nível de tensão dos filhos ajudando-os a enten-
der que Cristo está na direção de sua vida e que, se decidirem seguir a Sua
vontade, não terão nada a temer. Assim como Abrão, pode ser que Deus exija
que deem o passo da fé, o que aparentemente contribui para a obra de Satanás
de convencer os jovens a decidirem não fazer nada. Porém, os resultados mais
recompensadores surgirão ao decidirem dar o passo da fé e permitirem que o
Senhor guie na direção mais adequada para o propósito único que deseja que
desempenhem em Seus planos e propósitos. Tal decisão pode ocasionar uma
sucessão positiva de conquistas, como também a tranquilidade que provém
da segurança de seguir a direção de Deus. O uso apropriado dos talentos
também é essencial para a pessoa que declara ser uma serva de Cristo.
Os pais facilmente colocam ambições não santificadas no coração dos fi-
lhos. Ambições relacionadas às finanças, ao poder ou ao prestígio. Ao fazer
isso, dificultam o trabalho do Espírito de Deus. Tais objetivos reforçam a com-
petição egoísta em vez do serviço abnegado e, na maioria das vezes, aumentam
os níveis de tensão da adolescência. Nesse período de inquietação, os jovens
facilmente acabam subestimando o valor da educação, mas todo jovem deve
ser encorajado a manter o hábito da dedicação e da diligência, aprimorando-se
o máximo possível para cumprir os propósitos de Deus em sua vida.
A terceira grande decisão é a escolha de um parceiro para a vida. Essa de-
cisão envolve o segundo voto mais importante que o ser humano pode fazer,
o voto relacionado ao estabelecimento de um lar em que ambos os cônjuges
se comprometerão a nunca violar o seu relacionamento. Obviamente, esse
voto será muito mais forte e significativo se os cônjuges estiverem comprome-
tidos com Cristo e tido uma compreensão coerente da liderança de Deus em
sua vida. Por isso, os jovens precisam conhecer os conselhos e as orientações
divinas concernentes aos verdadeiros princípios do amor, como também as

 Ver Mateus 25:14-30.

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168 A Solução de Deus...
responsabilidades do matrimônio e da paternidade. Decisões precipitadas
podem levar a uma vida de sofrimento.
Talvez o elemento positivo mais notável da juventude seja o idealismo. Co-
mo é importante que os pais, os professores e os líderes da igreja reconheçam
o idealismo da juventude e coloquem-no em prática! A juventude geralmente
não enxerga as barreiras, as dificuldades ou os obstáculos. Querem avançar.
Querem tomar a dianteira e fazer coisas que os adultos acham impossíveis
de serem realizadas. Devemos tomar muito cuidado para não esmagar esse
idealismo ou destruir o entusiasmo da juventude, mas utilizá-los de forma
positiva para o avanço da obra de Deus. Tal resultado pode ser alcançado de
forma maravilhosa quando o idealismo unir-se aos princípios verdadeiros de
abnegação e do serviço.
Juntamente com o comprometimento e a submissão a Cristo, há mudan-
ças psicológicas simultâneas que levam à ação. A juventude tende a reagir com
grande envolvimento pessoal à motivação gerada pelo seu idealismo inigua-
lável. Ao ser-lhes revelado o amor de Cristo, não apenas o intelecto é trans-
formado, mas simultaneamente ocorre uma reação emocional significativa.
Nenhum homem ou mulher é capaz de experimentar o amor de Cristo sem
correspondê-lo. Essa resposta emocional, assim como toda emoção humana,
está associada a mudanças corpóreas relacionadas ao sistema nervoso simpá-
tico. Essas mudanças estimulam e facilitam o comportamento pela liberação
da adrenalina na corrente sanguínea, aumentando o índice de batimento
cardíaco, elevando o ritmo respiratório e tonificando os músculos. Assim, a
resposta ao chamado de Cristo traz consigo uma preparação automática para
a ação. A alma clama para fazer algo que reforce o compromisso com Deus.
Entretanto, muitas vezes, os mais velhos falham em oferecer o auxílio
de que os jovens necessitam para enfrentar essa situação desafiadora. Não
oferecem aos que anunciaram a sua aceitação por Cristo nenhuma oportu-
nidade de reforçar a sua decisão e aprimorar-se na carreira cristã. Não muito
tempo depois, esses mesmos jovens ficam confusos quanto ao compromisso
que fizeram e, na maioria dos casos, acabam se envolvendo com atividades
não santificadas e inapropriadas. O desânimo e as fraquezas emocionais asso-
ciados ao constrangimento entram em ação, e o resultado final geralmente é
pior do que se não tivessem aceitado o desafio.

 Ver capítulos 27 e 28 intitulados “Preparando-se para Casar” e “O Casamento e a


Família”.

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A Adolescência e as Decisões 169
O apelo para uma submissão pessoal tem um lugar muito real na vida de
todo jovem. A Bíblia apresenta vários exemplos de indivíduos que imediata-
mente tiveram a oportunidade de reforçar o seu compromisso com Deus e
colocá-lo em prática.
Ao chamar Pedro e André, Cristo afirmou: “Vinde após Mim, e eu vos
farei pescadores de homens” (Marcos 1:17). Mais tarde, na ocasião em que
Cristo pessoalmente questionou o amor de Pedro, ordenou-lhe que apascen-
tasse as Suas ovelhas:

Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão, fi-


lho de João, amas-Me mais do que estes outros? Ele respondeu: Sim,
Senhor, Tu sabes que Te amo. Ele lhe disse: Apascenta os Meus cor-
deiros. Tornou a perguntar-lhe pela segunda vez: Simão, filho de João,
tu Me amas? Ele lhe respondeu: Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo.
Disse-lhe Jesus: Pastoreia as Minhas ovelhas. Pela terceira vez Jesus
lhe perguntou: Simão, filho de João, tu Me amas? Pedro entristeceu-se
por Ele lhe ter dito, pela terceira vez: Tu me amas? E respondeu-lhe:
Senhor, Tu sabes todas as coisas, Tu sabes que eu Te amo. Jesus lhe
disse: Apascenta as Minhas ovelhas (João 21:15-17).

O último conselho de Cristo a Nicodemos foi: “Quem pratica a verdade


aproxima-se da luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque feitas
em Deus” (João 3:21, ênfase dos autores). Da mesma forma, o jovem rico, ao
buscar o caminho da salvação, foi desafiado a colocar uma tarefa em prática:
“Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um
tesouro no céu; depois, vem e segue-Me” (Mateus 19:21).
O apóstolo Paulo, durante a sua experiência de conversão, reconheceu
a grande necessidade de agir e perguntou: “Senhor, que queres que faça?”
(Atos 9:6, ARC). Antes de passar um período de preparação na Arábia,
Paulo testemunhou a sua nova fé na sinagoga. Após ter a visão restabe-
lecida, não hesitou em colocar a sua fé em prática: “E logo pregava, nas
sinagogas, a Jesus, afirmando que este é o Filho de Deus” (Atos 9:20). As
últimas duas decisões dependem da decisão de submeter a vida a Cristo.
Na verdade, a decisão de seguir a Cristo afetará profundamente todas as
outras áreas da vida.

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Infelizmente, muitos jovens anseiam seguir a Jesus, mas não sabem como
fazê-lo. Possuem apenas uma vaga compreensão do que fazer com o chamado
que receberam. O desânimo se apodera do entusiasmo inicial. Logo passam a
resistir ao chamado do Espírito Santo e o seu destino eterno, bem como a sua
felicidade terrena ficam comprometidos. Ao educar os nossos adolescentes é
importante oferecer-lhes não apenas a oportunidade de se achegar a Cristo,
mas também de saber como colocar em prática o compromisso que fizeram
com o Mestre de forma positiva e proveitosa, a fim de reforçá-lo e de aprimo-
rá-lo. Dessa maneira, a saúde mental e o equilíbrio emocional estarão seguros
e o jovem será fortalecido para se encarregar de grandes responsabilidades no
futuro.

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25
A Moralidade e o Sexo

A
moralidade envolve a reação total do homem diante da lei de
Deus. Atualmente esse assunto tem recebido uma atenção es-
pecial no que diz respeito à reação aos instintos sexuais. Esse
assunto influencia profundamente o comportamento de adolescentes e
adultos e, talvez, assim como outros fatores, tenha uma influência decisiva
na felicidade e na realização do ser humano. O instinto sexual do homem
claramente faz parte do plano de Deus para a reprodução da raça humana.
Deus não planejou que o ato sexual fizesse parte de um estilo de vida ilícito.
No momento em que os planos de Deus para o homem são alterados e a
Sua lei é violada, o homem paga o preço inestimável do sofrimento e da
infelicidade. Sendo assim, a era permissiva atual é o resultado da escolha
do homem de se separar de Deus, o que também é a raiz do sofrimento do
mundo em geral e da vida familiar. O desejo do homem de se libertar da
restrição moral inevitavelmente traz consigo resultados fatais que o levam a
colher terríveis consequências.

Há caminho que parece direito ao homem, mas afinal são caminhos


de morte (Provérbios 16:25).

A solidariedade, a união e a perpetuação do lar dependem do mais alto


nível de moralidade. O estado da sociedade depende da qualidade da vida
familiar. Portanto, não é de admirar que haja na estrutura da sociedade de
hoje fendas assustadoras e irreparáveis, sem possibilidade de retorno à verda-
deira moralidade estabelecida sobre os princípios de restrição e de liberdade
do amor de Deus.

 Ver Gênesis 1:27-28.

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Todos os excessos sexuais dentro e fora do casamento estão enraizados
no egoísmo. Quando os próprios pais exercitam o autocontrole máximo
ao submeterem a sua vida ao poder de Cristo, encontram-se na posição de
ajudar os filhos a desenvolverem o princípio mais importante da vida cristã
– o autocontrole. À medida que a criança aprende a superar os excessos do
egoísmo, abre caminho para a preocupação amorosa com o semelhante que
a preservará de praticar qualquer atividade que, de alguma forma, roube do
outro a alegria de uma vida pura.
A moralidade bíblica difere totalmente da moralidade pregada pela socie-
dade ocidental moderna. Para muitos, a “nova moralidade” é vista como o fim
da inibição, do puritanismo, dos falsos valores e da modéstia das eras antigas,
mas, na verdade, serve para mostrar que o homem retornou às práticas per-
versas do passado. A Bíblia compara os dias de Noé e os dias de Sodoma e
Gomorra com os dias que precederiam a segunda vinda de Cristo.

Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho
do Homem (Mateus 24:37).

Como Sodoma, e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, haven-


do-se entregado à prostituição como aqueles, seguindo após outra
carne, são postas para exemplo do fogo eterno, sofrendo punição
(Judas 1:7).

Deus prometeu que mesmo em meio a esse período terrível da história


humana preservaria um povo puro, guardador dos mandamentos de Deus e
cujas vestes foram lavadas e alvejadas no sangue do Cordeiro.

Ele, então, me disse: São estes os que vêm da grande tribulação,


lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro
(Apocalipse 7:14).

Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do


Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na
cidade pelas portas (Apocalipse 22:14).

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A Moralidade e o Sexo 173
Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes
da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus
e têm o testemunho de Jesus; e se pôs em pé sobre a areia do mar
(Apocalipse 12:17).

Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos


de Deus e a fé em Jesus (Apocalipse 14:12).

Com essas promessas maravilhosas em mente, os pais cristãos devem pro-


curar educar os jovens numa mentalidade totalmente distinta da propagada
pela sociedade.
A Bíblia condena firmemente todas as aberrações sexuais, pois destroem a
alma e rebaixam o homem. Até mesmo dentro do casamento, a relação sexual
entre o marido e a esposa cristãos deve estar sob o controle de princípios nobres
e jamais ceder às paixões degradantes e aos excessos sexuais. Quando os cônju-
ges enxergam o matrimônio como uma relação em que a prioridade é doar-se,
tais procedimentos anormais são evitados. Muitos divórcios, separações e re-
lações sexuais ilícitas podem ser atribuídos ao egoísmo sexual do ser humano.
Cada um desses problemas está presente na igreja cristã é serve como um triste
indicador de impureza entre os cristãos, como também serve com um desafio
para restabelecer a exortação clara da igreja contra tais excessos.
A moralidade, bem como a imoralidade, origina-se na mente. Apesar de o
instinto sexual ser biológico por natureza, e revelar-se publicamente durante
a adolescência, essa manifestação pode ser mantida sob o controle da vonta-
de própria. Obviamente, é impossível para os jovens evitarem totalmente os
estímulos mentais que sugerem que devam permitir que os instintos sexuais
reinem livremente, pois são massacrados por tais sugestões ao assistirem à te-
levisão, ao ouvirem o rádio, escutarem músicas e lerem as literaturas munda-
nas. Além disso, grande parte dos colegas de escola confidencia suas próprias
ideias e práticas sexuais pervertidas entre si. Assim, os pais deparam-se com
a imensa responsabilidade de promover um ambiente mais puro possível para
o desenvolvimento do jovem, mas também devem reconhecer que algumas
ideias pervertidas da sociedade não poderão ser evitadas.
Os pais precisam estar preparados para dar o conselho mais sábio em re-
lação aos assuntos de ordem moral. Devem procurar aconselhar os filhos com

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carinho e com compreensão e sempre com muita firmeza. Os meninos devem
aprender a demonstrar o máximo respeito pelas meninas e compreender que
possuem o dever de não fazer nada que de alguma forma possa expô-las a
situações que gerem consequências desgastantes de culpa. Por outro lado, as
meninas devem aprender a preservar a pureza, sempre tendo em mente que o
corpo é “santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte
de Deus, e que não sois de vós mesmos” (1 Coríntios 6:19).
As moças são responsáveis por controlar a situação e certamente devem
evitar fazer o papel da tentação. A maioria das jovens parece não estar ciente
de que o ato de entregar o corpo a um rapaz não aumenta o seu amor por ela
e, pior, pode fazer com que o jovem mais tarde a despreze. A Bíblia apresenta
um exemplo clássico de aversão por parte de Amnon, filho de Davi, em rela-
ção à sua irmã, Tamar, após forçá-la a deitar-se com ele.

Então, disse Amnom a Tamar: Traze a comida à câmara, e comerei


da tua mão. Tomou Tamar os bolos que fizera e os levou a Amnom,
seu irmão, à câmara. Quando lhos oferecia para que comesse, pegou-a
e disse-lhe: Vem, deita-te comigo, minha irmã. Porém ela lhe disse:
Não, meu irmão, não me forces, porque não se faz assim em Israel;
não faças tal loucura. Porque, aonde iria eu com a minha vergonha? E
tu serias como um dos loucos de Israel. Agora, pois, peço-te que fales
ao rei, porque não me negará a ti. Porém ele não quis dar ouvidos
ao que ela lhe dizia; antes, sendo mais forte do que ela, forçou-a e
se deitou com ela. Depois, Amnom sentiu por ela grande aversão, e
maior era a aversão que sentiu por ela que o amor que ele lhe votara.
Disse-lhe Amnom: Levanta-te, vai-te embora (2 Samuel 13:10-15).

Tais ações desenfreadas por parte de um rapaz claramente indicam que


não desenvolveu o autocontrole, que é motivado pelo egoísmo, pela paixão
concupiscente e, portanto, na melhor das hipóteses, um candidato muito
arriscado para a vida a dois. O rapaz e a moça que desenvolveram o autocon-
trole através do poder de Cristo têm maior chance de ter um casamento feliz
do que aqueles que permitiram a satisfação desenfreada dos instintos sexuais.
Uma vida controlada por Deus antes do matrimônio é a melhor garantia de
um relacionamento verdadeiramente amoroso e vitalício após o casamento.
Esse controle é o resultado de pensamentos puros e santos.

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Os padrões morais têm sido ainda mais atacados pelo aumento constante
de relacionamentos extraconjugais. Alguns argumentam que se o cônjuge for
honesto com o parceiro, os relacionamentos extraconjugais são aceitáveis. Ou-
tros concluem que se ambos os cônjuges estão envolvidos em relacionamento
extraconjugais, então a infidelidade é totalmente justificável. Outros ainda até
mesmo sugerem que tal comportamento “apimenta” o casamento e aumenta
a satisfação do casal. Esse sofisma é base dos famosos clubes de swing em que
os casais concordam em trocar de parceiros a fim de satisfazer os seus desejos
pecaminosos e pervertidos. Não importa se o ato possa ser justificado ou
não, fundamenta-se em motivações hedonistas e sensuais que simplesmente
atendem as paixões humanas mais baixas – paixões estas que não servem
de base para nenhum relacionamento humano saudável. Frequentemente, os
maridos, por muitas razões, forçam as esposas a participar de tais atividades.
A esposa, desesperada por agradar o marido desequilibrado, cede às pressões
na espera vã de que isso ajudará a consertar o casamento em decadência. Não
importa quão forte seja a pressão, a esposa cristã precisa lembrar de que o seu
corpo deve ser mantido puro diante do Senhor e que nenhum ato de luxúria
poderá restaurar o verdadeiro amor no casamento. As relações sexuais com a
mulher de outro homem são explicitamente proibidas na Palavra de Deus.

Nem te deitarás com a mulher de teu próximo, para te contaminares


com ela (Levítico 18:20).

A promiscuidade está enraizada no paganismo, época em que as cidades-


estados, tais como Esparta, encorajavam os relacionamentos fora do matri-
mônio com o objetivo de gerar uma raça superior.
A Palavra de Deus apresenta muitos conselhos e advertências concernen-
tes à libertinagem sexual. Paulo enfrentou muitos problemas em seus dias
em relação a esse assunto, até mesmo entre os primeiros cristãos. Nas cartas
que escreveu aos cristãos romanos e coríntios deixou claro que aqueles que se
envolvem em excessos morais colhem consequências humanas trágicas, mas
aqueles que insistem em continuar praticando tais excessos não poderão en-
trar no reino do Céu. Aos coríntios declarou que a fornicação (relação sexual
antes do casamento), o adultério e o homossexualismo estão especificamente
entre os pecados que impedirão o ser humano de entrar no reino de Deus.

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Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos
enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efemina-
dos, nem sodomitas (1 Coríntios 6:9).

Paulo também advertiu os romanos contra as práticas anormais das mu-


lheres, como também a homossexualidade dos homens.

Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as


mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro,
contrário à natureza; semelhantemente, os homens também, deixando
o contacto natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sen-
sualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em
si mesmos, a merecida punição do seu erro (Romanos 1:26-27).

Aos coríntios, condenou completamente a prostituição.

Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porven-
tura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz?
Absolutamente, não (1 Coríntios 6:15).

Hoje, pode-se ouvir em alto e bom som o clamor pela libertação da “re-
pressão” da era antiga, mas tal clamor não exige a verdadeira liberdade que
livra o homem do medo e da ansiedade produzidos pelo pecado, mas, sim,
a permissividade sórdida que escraviza a mente e as emoções humanas. O
homossexualismo e o lesbianismo são apresentados como práticas sexuais
normais e saudáveis. Muitos estão sendo encorajados a participar de práticas
bissexuais, adicionando, assim, uma “nova dimensão” à vida sexual já perver-
tida e desenfreada. Até mesmo algumas igrejas cristãs estão santificando aqui-
lo que Deus explicitamente condenou: Com homem não te deitarás, como se
fosse mulher; é abominação (Levítico 18:22).
Atualmente, há homossexuais declarados trabalhando como ministros
ordenados em igrejas cristãs.
O cristão deve ter uma compreensão compadecida das tentações que os
homossexuais e as lésbicas enfrentam. Na verdade, a própria sociedade cons-
tituída de pais solteiros é uma das grandes culpadas por predispor os jovens a
procurar a afeição em pessoas do mesmo sexo.

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Entretanto, com raríssimas exceções, não há fundamento biológico para
o homossexualismo. Aqueles que aderem ao homossexualismo foram orienta-
dos de alguma forma a praticá-lo. Infelizmente, essa orientação sexual, assim
como muitos outros erros graves, foi adquirida nos primeiros anos da vida.
Pensa-se em geral que o homossexualismo ou o lesbianismo resulte de
uma crise de identidade em que a criança tende a identificar-se com as ca-
racterísticas do progenitor do sexo oposto. De acordo com esse conceito, o
filho, por exemplo, identifica-se com a mãe e modela o seu comportamento
espelhando-se na figura materna, mais importante ainda, identificando-se
emocionalmente com o papel feminino. Na adolescência tal indivíduo desco-
brirá que possui apenas uma relação platônica com a pessoa do sexo oposto,
enquanto sente uma atração emocional muito mais profunda por pessoas do
mesmo sexo. Os heterossexuais não podem entender plenamente o trauma
que tal descoberta causa na maioria dos homossexuais levando muitos a prin-
cípio negar as suas preferências sexuais.
Os homossexuais declarados alegam que a tendência para o homossexu-
alismo perdura inevitavelmente por toda a vida, mas tal alegação é inválida.
O fato de o homossexualismo ser aprendido claramente indica que possa ser
desaprendido, havendo até mesmo pessoas que afirmam que superaram o pro-
blema e agora desfrutam de um casamento heterossexual normal. Não se sabe
se esse progresso se aplica a todos os homossexuais, mas Cristo assegurou a
vitória sobre a prática do homossexualismo.
O cristão sabe que Cristo tem poder para conceder a vitória sobre tudo
aquilo que o homem aprendeu, bem como sobre todas as suas tendências
inatas. O homossexualismo, apesar de ser um problema profundamente en-
raizado, certamente pode ser vencido. O cristão deve reconhecer a responsa-
bilidade que tem de ajudar de maneira compassiva todos os homossexuais que
buscam sinceramente reverter a sua orientação sexual. Deve-se ter em mente
que Deus ama os homossexuais da mesma forma que ama os heterossexuais e
que o Seu perdão é completo. Mas amar o homossexual não é o mesmo que
aceitar o pecado do homossexualismo.
O verdadeiro cristão, seguidor da Palavra de Deus, sabe ser impossível
enxergar a prática do homossexualismo sob outra luz que não seja a mais de-
gradante, como também se encontra na obrigação de impedir que essa prática
seja disseminada como uma alternativa aceitável e moralmente desejável ao
casamento heterossexual. A estrutura familiar planejada por Deus está sendo

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esmiuçada pelas relações homossexuais. Os excessos sórdidos dessa relação
de amor anormal baseiam-se nos mesmos prazeres egocêntricos condenados
nos desvios comportamentais heterossexuais. Entre outros pecados, Deus
destruiu a antiga cidade de Sodoma devido às práticas homossexuais.
Em sua busca por estímulos cada vez mais intensos, o homem encontrou
outras formas de expressões sexuais. O Bestialismo – a relação sexual com
animais – é outra aberração condenada pela Palavra de Deus.

Nem te deitarás com animal, para te contaminares com ele, nem a


mulher se porá perante um animal, para ajuntar-se com ele; é confusão
(Levítico 18:23).

Evidentemente, Deus condena todas as formas de expressão sexual que


não brotam do amor puro expressado dentro do relacionamento conjugal.
Embora a Palavra de Deus não se refira especificamente à masturbação, os
princípios bíblicos advertem contra essa prática. Primeiro, trata-se de um
desvio sexual. Segundo, essa prática possui todas as características de um ato
egocêntrico. Apesar da masturbação ser disseminada entre os adolescentes
como uma experiência normal de seu desenvolvimento, não deixa de ser um
ato totalmente egocêntrico, assim como todas as formas de desvios sexuais,
ligado a problemas emocionais. As fortes alegações de que a masturbação é
normal e inofensiva e, até mesmo benéfica, não possui bases emocionais e
espirituais que a confirmem. O autocontrole do adolescente será profunda-
mente provado e será necessário que submeta completamente a vida a Cristo
a fim de não sucumbir à tentação. Tal autocontrole resultará em recompensas
maravilhosas na futura vida conjugal.
Na sociedade permissiva de hoje que incentiva todos os tipos de expressões
sexuais, os cristãos encontram maior dificuldade, especialmente os jovens, de
ver os excessos sexuais sob a sua verdadeira luz destrutiva. A avaliação real
do problema torna-se ainda mais difícil pela forma que a televisão e outros
meios de comunicação em massa rotineiramente apresentam essas aberrações
de maneira atrativa e aceitável. Além disso, a vida de muitos dos “heróis” da
sociedade – atores, atletas e outras pessoas famosas, baseiam-se em princípios
egoístas facilmente imitados, pois satisfazem a depravação natural do homem.
Em vez de ensinar a moralidade divina que incentiva e apoia a juventude a

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se esforçar para preservar e seguir os princípios morais criados por Deus, os
entretenimentos mundanos fazem de tudo para disseminar a imoralidade.
Os pais, por fracassarem em ensinar tais princípios de vida aos filhos que
os fortaleceria para lutar contra a pressão de ceder ao ato sexual fora do casa-
mento, simplesmente escolhem o caminho mais fácil colocando nas mãos das
filhas pílulas anticoncepcionais. A atitude desses pais contrasta-se totalmente
com a ordem compassiva de Jesus à mulher pega em adultério: “Vai e não
peques mais” (João 8:11). A sociedade parece dizer: “Vai e peque de novo”. Os
pais têm nas mãos uma enorme responsabilidade.
Pouquíssimos são os sinais da permissividade da era moderna mais graves
do que a legalização do aborto. O fato de importantes segmentos da comu-
nidade cristã apoiar esse ataque cruel ao ser humano ainda não nascido é
ainda mais preocupante. Normalmente, os argumentos usados para defender
o aborto recaem sobre a visão de que é errado trazer ao mundo uma crian-
ça indesejada. Não podemos discordar desse fato, mas certamente a decisão
deliberada de tirar a vida de alguém é uma solução totalmente inaceitável.
Alega-se que a vida não é realmente vida até que possa subsistir sem o auxílio
de outrem, ou seja, que possa sobreviver fora do útero materno. No entanto,
essa alegação suscita perguntas sem respostas. A ciência moderna tem a capa-
cidade de fazer com que fetos extremamente jovens sobrevivam fora do útero
materno. Certamente, a única definição válida é aquela que declara que a vida
humana começa logo após a fecundação.
O aborto geralmente ocorre entre o fim do segundo mês e o início do ter-
ceiro. A gravidez é normalmente confirmada no mínimo cinco semanas após
a fecundação. No período em que o aborto geralmente ocorre, o embrião já se
desenvolveu a ponto de apresentar muitas características humanas. O sistema
nervoso já é capaz de responder a estímulos externos. Destruir um embrião
é o mesmo que destruir a vida. Contraditoriamente, muitos que se opõem à
execução do criminoso mais cruel defendem o direito da mulher de abortar o
filho inocente à sua própria vontade.
Alega-se muitas vezes que a mulher deveria ter o direito de governar o
próprio corpo, mas o princípio fundamental dos direitos humanos permite
o cumprimento do direito individual até o ponto que não infrinja os direitos
de outro ser humano. O aborto viola esse princípio. É verdade que muitas
mulheres que optam pelo aborto não estão em condições de assumir a mater-
nidade. Mas mesmo assim, isso não justifica a legalização do aborto. Muitos

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lares maravilhosos encontram-se disponíveis para receber e criar essas crianças
oferecendo-lhes a oportunidade de desenvolver as faculdades que lhes foram
concedidas por Deus.
A Bíblia apresenta evidências de que Deus reconhece a identidade hu-
mana desde a sua fecundação. O profeta Jeremias declarou que Deus nos
conhece desde o útero.

Antes que Eu te formasse no ventre materno, Eu te conheci, e, antes


que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações
(Jeremias 1:5).

O aborto é um pecado muito grave acompanhado por sérias consequên-


cias psicológicas de longo prazo. Muitas jovens sofrem de uma culpa sem fim
após a realização do aborto. Mas mesmo que isso não ocorra, o cristão não
deve apoiar esse ato, pois se trata de um sintoma de uma época em que as pes-
soas exigem o direito de fazer o que quiserem sem considerar as consequên-
cias. Porém, as consequências virão, tanto na área emocional quanto na área
espiritual. Infelizmente, a triste verdade é que em alguns centros urbanos dos
Estados Unidos há anualmente mais abortos deliberados do que nascimentos.
Aliada ao uso intenso de todos os métodos anticoncepcionais, a decadência
moral da sociedade é alarmante. A base da estrutura da sociedade, do conten-
tamento e da felicidade humana encontra-se gravemente debilitada.
Apenas uma inversão total dos padrões sociais atuais poderá resgatar o
futuro da raça humana. Tal inversão não é possível fora do contexto do minis-
tério de Cristo na vida do homem. Surpreendentemente, na época em que o
aborto nos Estados Unidos era realizado em clínicas clandestinas e tido como
um crime a ser severamente penalizado, muitos que hoje apoiam incessante-
mente a legalização do aborto horrorizavam-se com a ideia. Mas nenhuma lei
terrena jamais poderá alterar um princípio da lei de Deus. Os cristãos devem
se posicionar firmemente contra essa atrocidade.
Quando os princípios puros do cristianismo são colocados em prática
pelos jovens, o aborto não é nem mesmo colocado em pauta. Os médicos e
os hospitais cristãos têm a grande responsabilidade de se opor a realizar abor-
tos permissivos. No entanto, os médicos e os profissionais de saúde cristãos
muitas vezes têm a oportunidade de auxiliar jovens que se envolveram em re-
lações sexuais antes do casamento a entenderem as suas obrigações para com

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o matrimônio. A Bíblia deixa claro que o casal que se envolve sexualmente
antes do casamento é obrigado a se casar.

Os quais tomarão o homem, e o açoitarão, e o condenarão a cem si-


clos de prata, e o darão ao pai da moça, porquanto divulgou má fama
sobre uma virgem de Israel. Ela ficará sendo sua mulher, e ele não po-
derá mandá-la embora durante a sua vida (Deuteronômio 22:18-19).

Se alguém seduzir qualquer virgem que não estava desposada e se dei-


tar com ela, pagará seu dote e a tomará por mulher (Êxodo 22:16).

Os verdadeiros princípios morais são aprendidos no lar. No livro de Le-


vítico, a Bíblica encoraja a modéstia que trará ricas recompensas para a vida
futura. A tragédia da moralidade livre da era presente é o fato de destruir o
respeito próprio e a felicidade humana por estar fundamentada no princípio
autodestrutivo do egoísmo. Além disso, impede todos que continuam a prati-
cá-la de entrar para o reino de Cristo.

Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem
mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros (Hebreus 13:4).

Os excessos sexuais estão entre as expressões mais comuns de egoísmo da


sociedade moderna, por isso a vitória nesse aspecto é um grande passo para
garantir a vitória em outras áreas da vida. Porém, devemos reconhecer que sem
Cristo, o ser humano é incapaz de controlar-se. Para aqueles que cederam aos
excessos ou às relações sexuais ilícitas, ou ao aborto, Cristo promete que sem-
pre estará à disposição para salvar todos que O buscarem com arrependimento
sincero de coração, prontos a permitir que Ele os transforme e os livre de suas
antigas práticas. Ninguém precisa se sentir desamparado ou perder a esperan-
ça. O mesmo Deus que condenou o pecado enviou o Seu Filho à semelhança
da carne pecaminosa “a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que
não andamos segunda a carne, mas segundo o Espírito” (Romanos 8:4).

 Ver Levítico 18:6-19.

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26
O Homossexualismo

O
homossexualismo se tornou um assunto de certa importância
dentro da igreja cristã moderna. Os cristãos sempre tiveram
como regra que a prática do homossexualismo é pecado. Hoje,
porém, muitos alegam que a Bíblia condena apenas a prostituição, o estupro
e o abuso homossexual de menores e não tomam uma posição clara quanto
às relações homossexuais entre adultos conscientes. Tais indivíduos declaram
que “uma leitura superficial das poucas referências bíblicas sobre a prática
homossexual não é suficiente para determinar a vontade de Deus para os
homossexuais de nossa era” (Spectrum, v. 12, n° 3, p. 35). No mesmo artigo,
o autor afirmou que “o Antigo Testamento por si só (sem contar os conselhos
encontrados no Novo Testamento e na teologia contemporânea baseada no
testemunho completo da Bíblia) não é suficiente para esclarecer a questão da
moralidade dos relacionamentos homossexuais do mundo moderno” (Ibid.).
Entretanto, ao analisar o texto bíblico, o mesmo autor concluiu que “o Novo
Testamento claramente desaprova alguns tipos de atos sexuais, tanto homos-
sexuais quanto heterossexuais, mesmo que seja difícil determinar especifica-
mente que atos são esses” (Ibid, p. 36).
As afirmações acima foram feitas a um grupo de homossexuais prati-
cantes e pode-se dizer que apenas serviram para encorajá-los a continuar
praticando o homossexualismo. O ato homossexual gera grande ansiedade e
sofrimento àqueles que desejam seguir os ensinamentos de Cristo. Em vista
desse sofrimento, é essencial que o indivíduo estude profundamente esse
tema à luz da Palavra de Deus. Ao povo judeu não restou a menor dúvida em
relação a esse assunto.

 No Antigo Testamento o termo sodomitas é utilizado várias vezes (ver Deuteronômio


23:17; 1 Reis 14:24, 15:12, 22:46; 2 Reis 23:7). Esse termo foi traduzido como prostituição
masculina na New English Bible, portanto esses textos são citados nesse capítulo.

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O Homossexualismo 183
Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; é abominação
(Levítico 18:22).

Se também um homem se deitar com outro homem, como se fosse


mulher, ambos praticaram coisa abominável; serão mortos; o seu san-
gue cairá sobre eles (Levítico 20:13).

Mesmo palavras tão claras como essas são enfraquecidas pela visão de
que “os teólogos, ao alegar que algumas das leis sagradas são morais e outras
apenas cerimoniais, justificam assim as admoestações do livro de Levítico,
mas um acadêmico cuidadoso não dividiria as leis dessa forma. Se certas leis
podem ser ignoradas, talvez nenhuma deva ser observada” (Spectrum, v. 12,
no. 3, p. 35). O Novo Testamento, no entanto, confirma a palavra de Deus
registrada em Levítico.

Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos
enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efemina-
dos, nem sodomitas (1 Coríntios 6:9).

Tendo em vista que não se promulga lei para quem é justo, mas para
transgressores e rebeldes, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos,
parricidas e matricidas, homicidas, impuros, sodomitas, raptores de
homens, mentirosos, perjuros e para tudo quanto se opõe à sã doutrina
(1 Timóteo 1:9-10).

Outras traduções confirmam o significado explícito dos textos acima.


Veja a seguir alguns exemplos: “Os homossexuais” (1 Coríntios 6:9, NTLH),
“Nem homossexuais passivos ou ativos” (1 Coríntios 6:9, NVI).
Incontestavelmente, Deus condena o pecado do homossexualismo e ne-
nhuma explanação teológica poderá mudar esse fato. É muito importante
que esse assunto seja plenamente compreendido, pois continuar procurando
satisfazer o desejo homossexual não apenas causará sérios distúrbios de perso-
nalidade, como também excluirá o indivíduo do reino de Deus.

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184 A Solução de Deus...
Muitos pastores cristãos hoje acreditam que estão ajudando homens e
mulheres ao procurar desculpas para esse pecado em particular e assegurá-los
de que não serão excluídos do Céu por seus atos. Mas o pecado nunca traz paz
à mente, tampouco produz a verdadeira saúde mental. Os homens ordenados
ao ministério do evangelho nunca deveriam ignorar a grande responsabilida-
de que lhes foi confiada por Deus:

A ti, pois, ó filho do homem, te constituí por atalaia sobre a casa de


Israel; tu, pois, ouvirás a palavra da Minha boca e lhe darás aviso da
Minha parte. Se eu disser ao perverso: Ó perverso, certamente, mor-
rerás; e tu não falares, para avisar o perverso do seu caminho, morrerá
esse perverso na sua iniquidade, mas o seu sangue Eu o demandarei
de ti. Mas, se falares ao perverso, para o avisar do seu caminho, para
que dele se converta, e ele não se converter do seu caminho, morrerá
ele na sua iniquidade, mas tu livraste a tua alma. Tu, pois, filho do
homem, dize à casa de Israel: Assim falais vós: Visto que as nossas
prevaricações e os nossos pecados estão sobre nós, e nós desfalecemos
neles, como, pois, viveremos? Dize-lhes: Tão certo como Eu vivo, diz
o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o
perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-
vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer, ó casa
de Israel? (Ezequiel 33:7-11).

Será que não há esperança para o homossexual a menos que seja reorientado
sexualmente? Há, sim, muita esperança. Muitos dos esforços contra as práticas
homossexuais associadas aos critérios cristãos surgem de uma falsa visão da
natureza do homem e de uma distinção equivocada entre o pecado e a tentação.
Um grande número de pessoas acredita que a natureza carnal não é transfor-
mada no momento da conversão. Assim, acredita-se que os homossexuais, após
a conversão, não apenas continuarão a sentir o desejo de continuar praticando
o pecado, mas também terão pouco poder para resisti-lo. Pedro, contudo, resu-
miu muitas promessas bíblicas que contrapõem esse conceito. Ele declarou:

 A natureza carnal não deve ser confundida com a natureza caída. A natureza carnal se
expressa pela busca e pelo prazer de pecar sem reconhecer a sua pecaminosidade. Já a natu-
reza caída, destituída do poder de Deus, não tem a menor chance de se desviar do pecado
reconhecido. Essas duas naturezas são exemplificadas em Romanos 7:7, 15.
 Ver também 1 João 3:9, 5:18; Romanos 8:8-10.

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O Homossexualismo 185
Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo
pensamento; pois Aquele que sofreu na carne deixou o pecado, para
que, no tempo que vos resta na carne, já não vivais de acordo com as
paixões dos homens, mas segundo a vontade de Deus (1 Pedro 4:1-2).

Muito se tem discutido para saber se as tendências homossexuais são


herdadas ou adquiridas. Deus oferece o poder para a vitória sobre qualquer
tendência para o mal, seja ela herdada ou adquirida. Tais discussões são de
pouco proveito para a compreensão das promessas de vitória feitas por Deus.
Alguns finalmente decidem crer que Deus tem poder para conceder a
vitória, mas interpretam a promessa divina erroneamente concluindo que
receberão uma “cura” milagrosa deixando de sentir as tendências antigas e
tornando-se heterossexuais. Pode ser que isso ocorra com algumas pessoas,
mas isso não se aplica a grande maioria. Nós, autores deste livro, já atende-
mos muitos homossexuais em crise que esperavam e oravam por essa “cura”
sem obter, aparentemente, nenhuma resposta. Geralmente, esses indivíduos
ficam entusiasmados ao lerem a respeito de casos bem-sucedidos, mas a sua
própria experiência prova ser tão diferente que acabam se frustrando ainda
mais diante do fracasso.
Essas pessoas devem lembrar que o homossexualismo não é a única
tendência pecaminosa experimentada pelo ser humano. Todos nós temos
grandes predisposições para pecar. Às vezes falhamos ao ressaltar o homos-
sexualismo como se fosse a única tendência pecaminosa que existe, o que
não é verdade. Inúmeras pessoas têm a tendência de serem temperamentais
e mal-humoradas, por exemplo. Jamais ajudaremos esses indivíduos assegu-
rando-lhes que essa tendência emocional é inata e que Deus certamente os
compreenderá. Seria totalmente inapropriado realizar uma reunião com os
membros menos tolerantes da igreja e afirmar-lhes que a Bíblia não condena
especificamente o seu pecado.
Não podemos ignorar o fato de que Satanás continuará atacando as fra-
quezas até mesmo do cristão que já alcançou a vitória sobre a tentação. Aqueles
que pelo poder Deus venceram a tentação de seguir um estilo de vida homos-
sexual ainda estarão sujeitos aos ardis do inimigo. Contudo, jamais devem
concluir ser impossível vencer a tentação. Todos temos a escolha e o poder à
nossa disposição para vivermos uma vida reta diante de Deus. Muitos ainda
se sentem poluídos por causa das contínuas tentações, mas se essas pessoas,

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186 A Solução de Deus...
através da obra do Espírito Santo, não acariciam e nem cedem à tentação,
não transgrediram a lei de Deus e são tão vitoriosas quanto Jesus ao recusar
prostrar-Se diante de Satanás. Tiago nos encorajou com a seguinte promessa:

Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a prova-


ção; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a
qual o Senhor prometeu aos que O amam (Tiago 1:12).

Aqueles que possuem tendências homossexuais podem ter certeza de que


seu caso não é perdido. Há muita esperança em Cristo Jesus. Mas aqueles
que insistirem em acariciar as tentações serão excluídos do reino de Deus
e estarão sujeitos à morte eterna. O homossexualismo não é diferente das
demais inclinações pecaminosas apresentadas por outros indivíduos. Deus
conclama aos homossexuais, assim como a todos nós, segundo as nossas
fraquezas, a recorrermos a Ele a fim de alcançarmos a vitória, pois em Sua
Palavra nos prometeu:

Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e
não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrá-
rio, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que
a possais suportar (1 Coríntios 10:13).

Alguns ressaltam com toda razão que os homossexuais enfrentam um


tipo de tentação especialmente rígida, pois, para seguir o caminho de Deus,
essas pessoas são privadas da vida familiar, a não ser que sejam sexualmente
reorientadas. Realmente essa é uma cruz difícil de ser carregada, digna da
simpatia de qualquer um. Mas a seguinte pergunta deve ser feita: “Vale a pena
carregar essa cruz por Jesus?”. Todo cristão tem uma cruz para carregar. No
momento em que aceitamos a Cristo, Ele nos diz:

Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e
siga-Me (Marcos 8:34).

Jamais nos esqueçamos de que muitos cristãos heterossexuais também


sofrem privações sexuais rigorosas em nome da fé. Muitos foram jogados
na prisão ou exilados, mas mesmo assim continuam a obedecer à vontade

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O Homossexualismo 187
de Deus tanto em pensamento quanto em ações. Sem dúvida as tentações
sempre estiveram presentes na vida de homens como José, Jeremias, Paulo e
outros. No entanto, todos permaneceram fiéis a Deus. Outros ainda foram
obrigados a passar anos separados do cônjuge devido ao serviço militar ou
a outra situação. Tiveram inúmeras oportunidades de transgredir o sétimo
mandamento, mas depositaram a sua confiança de tal forma em Deus que
permaneceram fiéis e leais a Ele através da obediência de Suas ordenanças.
Pode ser que muitos homossexuais, talvez a maioria, tenham que renun-
ciar a esperança de um relacionamento familiar, a não ser aquele oferecido
pelos irmãos e irmãs em Cristo. Esse é um teste rigoroso de devoção a Jesus,
mas que resultará em recompensas eternas.
Devemos lembrar que os relacionamentos homossexuais nunca poderão
gerar filhos, assim, esse aspecto da vida familiar sempre estará faltando. Além
disso, os relacionamentos homossexuais geralmente são violentos e instáveis.
Esse fato é perfeitamente compreensível, pois tal relacionamento não se baseia
no amor verdadeiro e abnegado, considerando que o pecado sempre será ego-
ísta. Os relacionamentos homossexuais são sempre egocêntricos e, portanto,
não resultam em contentamento e satisfação. Os ministros do evangelho que
encorajam tal prática do pecado condenam os envolvidos a uma vida de culpa,
vergonha e infelicidade, enquanto Deus, ao oferecer a vitória a todo pecador,
inclusive aos homossexuais, concede esperança, alegria e contentamento. Aque-
les que apoiam a prática homossexual precisam refletir na Palavra de Deus que
rigorosamente condena todos que “dizem às pessoas más que não abandonem
o mal e assim não deixam que elas se salvem” (Ezequiel 13:22, NTLH).
Prometer a vida eterna para os que permanecem no pecado não é amar
e muito menos se preocupar com o semelhante. A permanência no erro con-
dena o indivíduo à morte eterna e destrói qualquer esperança de paz mental
nesta terra. A verdadeira preocupação e o amor genuíno pelo semelhante
sempre apontará o erro e levará o pecador aos pés de Cristo, a Fonte do poder
para a verdadeira obediência.
Devemos nos compadecer daqueles que são inclinados ao homossexualis-
mo. Em quase todos os casos, o indivíduo passou por uma terrível angústia
mental e luta interior para admitir a sua orientação sexual. Tais pessoas pre-
cisam de nossa compaixão e apoio. Nós, autores, já tivemos a oportunidade
de ouvir muitos deles relembrarem a sua experiência e notamos que entre
eles quase sempre há um mal-entendido comum. A grande maioria se sente

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condenada por Deus devido a sua orientação sexual. Quase todos sentem
que a menos que a sua orientação sexual seja revertida, estarão para sempre
separados de Deus. Todos já se sentiram angustiados e oraram a respeito
desse assunto. Porém, Deus nunca nos condena por causa de nossas predis-
posições pecaminosas. Somente a partir do momento que acariciamos ou
agimos de acordo com as essas tendências é que ocorre o pecado. A cada
tentação vencida, somos fortalecidos para vencer a próxima. Ao nos apro-
ximarmos de Jesus, os pecados que uma vez nos atraíam perdem o poder
sobre a nossa vida. Aqueles que recorrerem a Deus em busca do poder para
vencer o homossexualismo serão justificados e salvos por Ele, assim como
outros que possuem outras predisposições pecaminosas, mas amam tanto a
Cristo que não apenas aceitaram o Seu perdão, mas sobretudo o poder para
obedecer e vencer o pecado.

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27
Preparando-se para Casar

A
pesar das muitas incertezas associadas ao matrimônio reveladas
pelas estatísticas crescentes de divórcio, parece que há entre os
jovens uma verdadeira ânsia para casar. A sociedade moderna
pressiona excessivamente os imaturos semeando, dessa maneira, grandes pro-
blemas futuros. Pode-se dizer que parte dessa pressão inicia-se no Ensino
Fundamental, época em que as crianças, totalmente incapazes de lidar com
a questão do namoro, são quase forçadas pelas circunstâncias a aceitar uma
situação destinada a pessoas mais velhas e mais experientes. Seja em festas ou
em outros eventos sociais, os jovens imaturos são pressionados de tal forma a
arranjar um acompanhante que passam a acreditar que a menos que encon-
trem um parceiro do sexo aposto, não serão bem aceitos.
Os perigos do namoro e do romance precoces são inestimáveis. Tal ati-
tude estimula o instinto sexual prematuro e naturalmente promove o hábito
de práticas promíscuas numa fase em que os jovens são imaturos demais para
lidar ou até mesmo entender as consequências de suas ações.
Essa situação persiste durante o Ensino Médio e o Ensino Superior, perío-
do em que os relacionamentos intensificam-se profundamente. Bem antes de
esses jovens terem a oportunidade de submeterem-se completamente a Cristo,
muitos cedem à pressão de relacionar-se sexualmente antes do casamento,
prática que provavelmente os acompanhará pelo resto da vida.
Os romances imaturos são um dos grandes responsáveis por frustrar o
desenvolvimento educacional e emocional dos jovens, pois ao se “apaixonar”
encontram dificuldade em concentrar-se nos estudos. No momento em que o
namoro imaturo termina, o sentimento de angústia apodera-se dos indivídu-
os envolvidos e, simultaneamente, há perda do equilíbrio emocional e queda
do desempenho acadêmico. O namoro encoraja a atitude de brincar com

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190 A Solução de Deus...
as afeições e as emoções dos indivíduos do sexo aposto e pode gerar muitas
consequências prejudiciais.
Alguns alegam que os jovens modernos são mais maduros do que os jo-
vens das gerações passadas, mas se essa afirmação estiver baseada na avaliação
da maturidade emocional em vez do conhecimento geral, certamente não
procede. A complexidade da sociedade moderna impõe que o indivíduo seja
muito mais maturo, emocionalmente falando, do que nas gerações passadas
a fim de ter um casamento bem-sucedido. Portanto, o mais sábio a fazer é
diminuir a pressa para casar e esperar.
Sempre há muita resistência, por parte dos jovens, para aceitarem qual-
quer sugestão que os contrariem, mas realmente parece haver necessidade de
retornar às “veredas antigas, qual é o bom caminho” (Jeremias 6:16). Não há
dúvidas de que os nossos antepassados eram capazes de estabelecer matrimô-
nios mais seguros e duradouros. Numa era em que 50% de todos os casamen-
tos estão destinados a terminar em divórcio, o cristão tem uma ótima razão
para olhar para as práticas antigas que ajudavam a promover a segurança e a
duração do matrimônio.
O período universitário tem se tornado muitas vezes uma fase de grande
expectativa por parte de muitas mães que esperam ansiosamente que suas
filhas encontrem um jovem para casar. Para muitos jovens, parece que a ra-
zão mais importante de estarem na universidade é encontrar um parceiro
de vida. Embora isso ocorra com muita frequência durante esse o período,
nada deveria desviar o jovem de seu foco principal: desenvolver e aprimorar
os talentos que Deus lhe confiou. Tudo que possa prejudicar o cumprimento
desse propósito, mesmo que seja o namoro, deve ser descartado.
Os jovens que escolhem assumir a vida matrimonial durante o período
universitário assumem responsabilidades desmedidas. Sem dúvida, têm que
enfrentar grandes dificuldades financeiras. Em geral, ao menos um vê-se na
obrigação de abandonar os estudos e, às vezes, ambos o fazem. Mas se os dois
conseguem continuar estudando, a não ser que tenham um forte apoio finan-
ceiro, talvez por parte dos pais, provavelmente contrairão grandes dívidas por
meio de empréstimos estudantis que terão de encarar como uma dificuldade
financeira extra nos anos futuros.
O melhor é que o jovem complete os estudos e tenha a segurança de uma
renda estável antes de assumir as responsabilidades do casamento. Deve estar
ciente de que essa meta é muitas vezes difícil de ser alcançada, especialmente

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Preparando-se para Casar 191
em áreas de atuação em que o profissional precisa concluir um programa de
especialização antes de arranjar um emprego (por exemplo: medicina e odon-
tologia). Entretanto, quanto mais puder esperar, maior será a chance de redu-
zir as pressões que atrapalham o seu desenvolvimento equilibrado. Os jovens
encontram grande dificuldade em resistir às pressões sociais colocadas sobre
eles e, na maioria dos casos, consideram o casamento precoce uma saída.
Frequentemente, jovens que não se conhecem e, talvez, mal se viram, co-
meçam a namorar e sem demora desenvolvem um relacionamento emocional.
A princípio, pouco ou nada se conhece a respeito do caráter um do outro e à
medida que o verdadeiro caráter começa a ser revelado, a ligação emocional
já está tão enraizada que falta coragem para romper o relacionamento. Assim,
antes de dar início ao namoro, ambos já devem conhecer o caráter um do
outro e ter idade suficiente para agir com responsabilidade.
O conceito de namoro, amplamente disseminado pela sociedade atual,
não é compatível com o modelo criado por Deus para os Seus filhos. Em sua
maioria, os jovens namoram muitas pessoas diferentes e investem as suas afei-
ções, apaixonadamente, num grande número de indivíduos do sexo aposto.
Os seres humanos são criaturas que agem de acordo com os hábitos formados.
Ao desenvolver um padrão de relacionamentos íntimos com um grande nú-
mero de pessoas, o indivíduo está formando um hábito que praticamente o
impedirá de manter-se fiel ao futuro cônjuge. Será muito difícil abandonar o
hábito de investir as afeições em outras pessoas. Portanto, aquele que não tem
impedido que tal hábito seja formado está semeando a infidelidade e a falta
de harmonia no casamento.
Essa prática se torna ainda mais crítica se os namoros forem marcados por
relacionamentos sexuais. Apesar de a sociedade divulgar que hoje a relação sexu-
al é saudável, ou pelo menos aceitável, na verdade, trata-se de uma das maiores
causas de divórcio, pois há uma relação direta entre a abstinência sexual antes
do casamento e a chance de um matrimônio bem-sucedido. Na realidade, seria
justo dizer que pouquíssimos casais, cuja promiscuidade marcou a juventude de
ambos os lados antes do matrimônio, tenham a chance de manterem-se fiéis, a
menos que mais tarde o casal venha a aceitar a Cristo em sua vida. Os hábitos
formados são muito fortes. Após um curto período de tempo, ambos enjoam do
compromisso que firmaram e passam a demonstrar desinteresse pelo parceiro que
escolheram. Haverá a tendência de procurar “um novo campo ainda não con-
quistado”. A promiscuidade da juventude semeia a infidelidade no matrimônio.

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192 A Solução de Deus...
Além disso, não podemos ignorar o efeito da promiscuidade no desen-
volvimento emocional total da juventude. O sentimento inevitável da culpa
associado aos relacionamentos sexuais ilícitos torna-se ainda mais crítico na
vida daqueles que possuem raízes cristãs. A culpa é um sentimento difícil de
se conviver e, muitas vezes, gera sentimentos de incapacidade e baixa auto-
estima. Tragicamente, em quase todos os casos, inicia-se um círculo vicioso
que, devido ao declínio da autoestima, o indivíduo acentua o comportamento
promíscuo que apenas reforça a baixa autoimagem.
Uma vida de pureza e castidade é ainda a melhor salvaguarda contra os
sentimentos de inferioridade. Os pais que pensam que pelo fato de comprar
pílulas anticoncepcionais para a filha estão lhe fazendo algum bem, mesmo
ajudando-a a evitar a gravidez indesejada, jamais conseguirão impedir o de-
clínio psicológico e espiritual associado à promiscuidade. Porém, há aqueles
que têm de enfrentar as complicações relacionadas a uma gravidez fora do
casamento. Mais uma vez, o jovem tem que enfrentar um conflito que não
condiz com a sua maturidade.
Aqueles que possuem firmes convicções morais reconhecerão que o aborto
certamente não é uma solução aceitável para tais práticas erradas – dois erros
não somam um acerto. Apesar dos relatórios conflitantes a respeito da reação
emocional ao aborto, há inúmeras evidências que indicam que no mínimo
uma grande porcentagem de mulheres sofre profundos, se não irreparáveis,
danos emocionais como resultado do aborto que cometeram. Além das rea-
ções emocionais, há inúmeras razões espirituais para que a jovem cristã nunca
se submeta a um aborto deliberado.
O aborto ajusta-se à cultura hedonista da sociedade moderna em que
homens e mulheres estão mais preocupados em evitar as consequências de
seus atos errados do que corrigirem a sua vida. Jamais um pecado deverá ser
usado para eliminar as consequências de outro, e essa sem dúvida alguma é a
base do aborto deliberado.
Infelizmente, na sociedade contemporânea, em que o prazer do sexo
atingiu as mesmas proporções que as nações pagãs da antiguidade, tem se
tornado cada vez mais comum permitir que o aconselhamento de jovens seja
dominado por discussões sobre o sexo como se esse assunto fosse o aspec-
to mais importante para um matrimônio bem-sucedido. Assim, reforça-se
a ideia entre os jovens de que o sexo é o propósito principal do casamento.
 Ver capítulo 25 intitulado “A Moralidade e o Sexo”.

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Preparando-se para Casar 193
Passam a acreditar que qualquer problema que possam vir a ter ou qualquer
coisa inferior do que a realização do seu ideal de relação sexual seja motivo
para o desagrado nupcial.
Há muitas perguntas importantes que precisam ser feitas pelos jovens
que se preparam para o matrimônio, pois a qualidade do namoro influencia
o sucesso do futuro casamento. A primeira pergunta e a mais importante de
todas é: “Esse casamento honrará a Deus?” Essa pergunta inevitavelmente
levanta outra: “Essa união permitirá que cumpramos melhor o propósito de
Deus para a nossa vida?”.
A unidade com Deus requer que haja uma unidade sólida do casal du-
rante o namoro e o casamento. Dois jovens que desejam unir-se devem estar
convencidos de que possuem o mesmo propósito e os mesmos objetivos. Claro
que essa convicção não significa que um deverá submeter-se ao interesse do
outro, mas que haverá harmonia de direção à medida que cada um completa
e auxilia o outro a cumprir o chamado de Cristo. Os dois precisam conhecer
a relação que o companheiro tem com Deus e a determinação de seguir a Sua
liderança. O caráter, as ações e os hábitos do outro devem ser examinados
cuidadosamente. Não há a menor possibilidade de um cristão se unir em ma-
trimônio com um não cristão e ainda assim honrar a Deus. A Bíblia chama
essa união de jugo desigual: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incré-
dulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou
que comunhão, da luz com as trevas?” (2 Coríntios 6:14). Da mesma forma,
não basta saber que o futuro esposo é um professo cristão. O verdadeiro
compromisso cristão é a única base para um casamento feliz e completo.
O futuro casal deve compreender as muitas responsabilidades que acom-
panham o casamento, como também o alicerce da abnegação em que se es-
tabelece a verdadeira felicidade conjugal. Essa compreensão leva à segunda
pergunta que deve ser feita sinceramente por todos aqueles que estão se pre-
parando para casar: “Desejo casar puramente para satisfazer os meus próprios
interesses ou meu amor é tão genuíno que o propósito principal de minha
união é buscar a satisfação e a felicidade de meu futuro cônjuge?”.
A terceira pergunta é: “Procuramos nos aconselhar com cristãos verda-
deiros, especialmente os nossos pais (caso sejam cristãos comprometidos)?”
Os bons pais procuram apenas a felicidade e o sucesso de seus filhos. Entre
as provisões de Deus para os jovens está o conselho que podem receber, pri-
meiro de seus próprios pais e depois de outros cristãos adultos. Muitas vezes,

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194 A Solução de Deus...
essas pessoas não conseguem verbalizar completamente as suas ressalvas, caso
existam, mas de qualquer forma a sabedoria dos mais velhos não deve ser
desprezada pelo jovem impulsivo. Mesmo na sociedade nuclear de hoje, o
futuro cônjuge se unirá com a família do outro também. É de grande ajuda
saber que os pais de ambos os lados estão de acordo com a decisão e felizes
em aceitar o companheiro no círculo familiar. Essa aceitação certamente re-
duzirá a tensão e as desavenças que poderão ocorrer dentro de um casamento
realizado independente do consentimento paterno.
Em seguida, vem a quarta pergunta: “Nos conhecemos por tempo suficiente
e em circunstâncias variadas para ter certeza de que é da vontade de Deus que
nos unamos?” Não há a menor razão para os jovens cristãos se casarem sem
conhecerem profundamente o caráter e os propósitos do futuro cônjuge. Claro
que, se ao interagir em grupo, houve a oportunidade de ambos se conhecerem
amplamente, essa será uma grande vantagem no momento em que o namoro
ocorrer. Mesmo assim, é muito importante que os jovens tenham como obje-
tivo conhecer as características do outro para que possam fazer os ajustes no
início do matrimônio da maneira mais simples e bem-sucedida possível.
A quinta pergunta é a seguinte: “Será que nós dois temos como base de
nosso relacionamento o domínio de Cristo?” De maneira alguma um ca-
samento poderá ser bem-sucedido se realizado de maneira obstinada ou ir-
responsável. O domínio de Cristo não apenas engloba a área do sexo, mas
também todos os aspectos da vida em preparação para o casamento. Esse do-
mínio oferece a segurança da vida matrimonial. O autocontrole pré-nupcial
será caracterizado pelo fato de ambos evitarem ficar até tarde da noite juntos,
o que pode ser considerado como uma verdadeira armadilha até mesmo para
o jovem cristão.
Depois de terem respondido todas as perguntas acima, o futuro casal
deve se perguntar: “Temos uma compreensão clara da importância da ad-
ministração cristã como parte do verdadeiro desenvolvimento cristão e do
estabelecimento de um lar?” As finanças podem gerar imensas dificuldades
dentro do matrimônio. A maneira que as finanças serão administradas e as
responsabilidades tanto do marido quanto da esposa nessa área devem ser
cuidadosamente estudadas antes do casamento. A responsabilidade para com
Deus, como também o gasto controlado da renda devem ser discutidos e
acertados com antecedência.

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A sétima pergunta, na verdade, é uma séria de temas a serem explora-
dos pelo futuro casal. As expectativas quanto ao relacionamento familiar,
por exemplo, devem ser discutidas, incluindo a atitude para com os filhos, o
número desejado de crianças, como também as ideias concernentes à sua edu-
cação e cuidados. Até mesmo a localização do lar, os gostos e as questões re-
lacionadas ao ambiente em que viverão juntos devem ser colocadas em pauta.
Quanto mais assuntos forem discutidos e quanto maior for o consenso, maior
será a chance de o casamento ser bem-sucedido, pois, após o matrimônio, o
casal certamente enfrentará decisões inesperadas que poderão ser feitas sem se
preocupar com as outras decisões que puderam ser discutidas e tomadas antes
do casamento. Ao tomar tais decisões juntos, o casal lança uma base sólida
para uma comunicação aberta durante o matrimônio.
Não podemos nos esquecer do relacionamento do futuro casal com Deus.
É muito importante que ambos aprendam a orar, a estudar a Palavra de Deus
e a trabalhar para Cristo juntos. O namoro deve ser a base em que os valores
do futuro lar serão construídos. Os aspectos da vida que promovem a felici-
dade do lar também devem ser fortalecidos durante esse período.
O lar deve ser uma unidade de testemunho cristão e o seu estabelecimento,
sem dúvida, começa durante o período do namoro. A força da sociedade provém
de famílias fortes, seguras e equilibradas em que cada membro é mentalmente
saudável. O nível elevado de desequilíbrio mental da sociedade moderna deve-
se principalmente à instabilidade do lar e à insegurança dos relacionamentos
familiares. Os lares fundamentados nos princípios de Cristo, seguros no amor
de Jesus, são a melhor defesa contra o colapso da sociedade.

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196 A Solução de Deus...

A ORDEM IDEAL DAS


GRANDES DECISÕES DA VIDA

1. Decidir submeter-se a Cristo


2. Decidir aceitar um chamado de vida
3. Decidir escolher um companheiro de vida
4. Decidir gerar novas vidas

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28
O Casamento e a Família

N
ão há outra relação humana mais sagrada do que a relação entre
marido e mulher. A primeira instituição estabelecida por Deus
após a criação do ser humano foi o casamento.

Então, o Senhor Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este
adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com car-
ne. E a costela que o Senhor Deus tomara ao homem, transformou-a
numa mulher e lha trouxe. E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos
meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do
varão foi tomada. Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua
mulher, tornando-se os dois uma só carne (Gênesis 2:21-24).

Deus planejou que o marido e a mulher vivessem juntos pela eternidade.


Mesmo depois de o pecado separar o homem de Deus, o plano divino ainda
era que o casal permanecesse unido até a morte. O voto que ambos fazem de
amar, honrar e cuidar um do outro “até a que morte nos separe” é o segundo
voto mais sagrado que o ser humano pode fazer, sendo o primeiro amar,
honrar e servir a Deus. A Bíblia registra muitas evidências da santidade desse
voto. Entre os Dez Mandamentos encontramos a ordem: “Não adulterarás”
(Êxodo 20:14). Deus deseja que todo lar seja iniciado por um relacionamento
a dois estabelecido e abençoado por Ele, evitando, assim, a infidelidade ou a
separação. O próprio Cristo em várias ocasiões expressou a importância do
relacionamento conjugal. No Sermão do Monte, aplicou o sétimo manda-
mento até mesmo aos pensamentos impuros e declarou que há apenas uma
justificativa para o divórcio, o adultério.

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198 A Solução de Deus...
Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com inten-
ção impura, no coração, já adulterou com ela (Mateus 5:28).

Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de
divórcio. Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, ex-
ceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e
aquele que casar com a repudiada comete adultério (Mateus 5:31-32).

A permissividade havia tomado conta da sociedade de Israel e alguns co-


meçaram a achar que o divórcio poderia ser aplicado por qualquer motivo. Je-
sus veio para confirmar e preservar a lei de Deus e a santidade do matrimônio.
Muitos atritos podem ser evitados se ambos os cônjuges jamais acolherem o
pensamento de que o seu casamento não passa de um erro, mesmo quando
estiverem enfrentando problemas sérios.
Moisés afirmou que o marido poderia se divorciar da mulher por alguma
razão de impureza.

Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se ela não for
agradável aos seus olhos, por ter ele achado coisa indecente nela, e se
ele lhe lavrar um termo de divórcio, e lho der na mão, e a despedir de
casa; e se ela, saindo da sua casa, for e se casar com outro homem; e
se este a aborrecer, e lhe lavrar termo de divórcio, e lho der na mão, e
a despedir da sua casa ou se este último homem, que a tomou para si
por mulher, vier a morrer, então, seu primeiro marido, que a despe-
diu, não poderá tornar a desposá-la para que seja sua mulher, depois
que foi contaminada, pois é abominação perante o Senhor; assim,
não farás pecar a terra que o Senhor, teu Deus, te dá por herança
(Deuteronômio 24:1-4).

Os líderes judeus na época de Jesus autorizavam o divórcio pelas razões


mais triviais possíveis. Havia permissão para o divórcio até mesmo se a mu-
lher viesse a queimar a comida do esposo. Cristo afirmou que tais atitudes
triviais para com o casamento nunca fizeram parte do plano de Deus para o
ser humano.

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O Casamento e a Família 199
Vieram a Ele alguns fariseus e O experimentavam, perguntando: É
lícito ao marido repudiar a sua mulher por qualquer motivo? Então,
respondeu Ele: Não tendes lido que o Criador, desde o princípio, os
fez homem e mulher e que disse: Por esta causa deixará o homem pai
e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne? De
modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto, o que
Deus ajuntou não o separe o homem. Replicaram-lhe: Por que man-
dou, então, Moisés dar carta de divórcio e repudiar? Respondeu-lhes
Jesus: Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu
repudiar vossa mulher; entretanto, não foi assim desde o princípio.
Eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa
de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério e o que
casar com a repudiada comete adultério (Mateus 19:3-9).

O amor conjugal extrai a sua força do amor de Cristo. É muito impor-


tante que esse amor seja expresso a todos os membros da família. Deve ser
demonstrado livremente, sem medida. As relações agradáveis, o verdadeiro
amor e a cortesia são muito mais importantes do que os bens materiais da
família ou a qualidade física do lar, além disso, estabelecem laços familiares
eternos. Ao contemplar diariamente o amor de Jesus, o marido e a esposa
fortalecerão o relacionamento conjugal e encontrarão segurança. O segredo
do amor encontra-se na seguinte declaração de João: “Deus é amor, e aquele
que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele” (1 João 4:16).
Os cônjuges podem compartilhar a alegria de ministrar constantemente ao
parceiro o amor de Deus.
Não há dúvida de que a razão da ruína de todo matrimônio seja o declínio
espiritual. Esse declínio não envolve necessariamente ambos os cônjuges. Não
é preciso dizer que há falhas dos dois lados. A perfeição não faz parte de ne-
nhum relacionamento humano. Entretanto, é possível que o casamento sofra
com o comportamento comodista e egoísta de um dos parceiros. Quando
um dos cônjuges se distancia de Deus, a chance de procurar relacionamentos
fora do casamento é ainda maior do que se ambos tivessem se distanciado do
Pai ao mesmo tempo. A vida do parceiro convertido geralmente é uma repro-
vação viva para o cônjuge infiel. Muitas vezes, o parceiro que se distanciou
de Deus tende a atormentar e incutir sentimentos de culpa, de fracasso e de
imperfeição na vida do companheiro que está buscando viver em conformi-
dade com a vontade divina. As pessoas que não fazem parte dessa relação

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200 A Solução de Deus...
muitas vezes falham em reconhecer que o cônjuge fiel fez tudo ao seu alcance
para manter o casamento. Mas, na verdade, o único capaz de restabelecer o
relacionamento conjugal em tal circunstância é o parceiro infiel.
O casamento é um triângulo eterno – não o triângulo dos romances clás-
sicos em que um terceiro indivíduo intromete-se no relacionamento conjugal,
mas um triângulo eterno composto por Deus, o marido e a esposa. Se o
casal estiver ligado a Cristo pelos laços indestrutíveis do amor, o casamento
será invencível. Se, por outro lado, um dos cônjuges permitir que o seu rela-
cionamento com Deus esfrie, haverá a possibilidade de desentendimento, de
desarmonia e até mesmo de separação. Isso não significa que o resultado seja
sempre a falta de harmonia, mas que o único matrimônio totalmente seguro
é aquele em que ambos os cônjuges possuem comunhão com Cristo.
Aqueles que estiverem comprometidos com Jesus levarão em conta os va-
lores cristãos mais elevados e não assumirão um relacionamento matrimonial
de maneira impulsiva e irresponsável. Ao buscar a direção divina, estabelece-
rão a base para a edificação de um casamento feliz e santo. Tal matrimônio
nunca será marcado pela crueldade, rispidez, aspereza, indiferença ou conver-
sas profanas e imorais. Deus instruiu que o marido fosse a cabeça da família.
O esposo deve levar a sério essa responsabilidade e cuidar para não se tornar
dominador e ditador. Nunca deve impedir que a esposa e os outros membros
da família cuidem de outras responsabilidades. O marido tem o dever de,
sempre que possível, liderar a vida espiritual da família. Embora o marido
seja o líder, deve preservar a individualidade da esposa ao passo que a vida de
ambos esteja sintonizada para seguir na mesma direção. A liderança do esposo
deve ser motivada pelo amor da esposa e dos filhos.
Talvez a situação mais crítica em qualquer casamento ocorra quando
um dos cônjuges viola o voto matrimonial através da infidelidade. Esse ato
tem embasamento bíblico para que o parceiro fiel se divorcie do infiel. No
entanto, mesmo nessa circunstância, o cônjuge infiel deve tentar buscar o
perdão e estar disposto a reconciliar-se. Com amor e perdão, o cônjuge fiel
tem a responsabilidade divina de aceitar de volta o cônjuge errado, assim
como Cristo estende o Seu amor imaculado a todos os que se afastaram dEle.
Porém, se todos os esforços foram feitos para alcançar a reconciliação e esta
não foi bem-sucedida, o cônjuge inocente estará livre para divorciar-se. Sob
nenhuma hipótese a Bíblia concede permissão para o cônjuge infiel casar-se

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O Casamento e a Família 201
de novo. Aqueles que, mesmo assim, decidem entrar em um novo casamento,
dão início a um relacionamento adúltero proibido pelo sétimo mandamento.
Alguns cônjuges, geralmente as esposas, são forçados a enfrentar grandes
provações que envolvem atos de crueldade intensos e até mesmo risco de vida
por parte do parceiro. Se o perigo persistir e se intensificar, mesmo depois
de ter sido feito todo possível para reverter a situação, a esposa estará apta a
deixar o marido. Porém, a Bíblia não permite que o divórcio ocorra a menos
que o marido tenha cometido adultério.
Em casamentos em que um cristão se une a um não cristão, o cônjuge
cristão tem a grande responsabilidade de fazer tudo ao seu alcance para viver
no amor cristão. Paulo afirmou que a falta de compromisso cristão não é
motivo válido para a separação ou para o divórcio.

Aos mais digo eu, não o Senhor: se algum irmão tem mulher in-
crédula, e esta consente em morar com ele, não a abandone; e a
mulher que tem marido incrédulo, e este consente em viver com
ela, não deixe o marido. Porque o marido incrédulo é santificado no
convívio da esposa, e a esposa incrédula é santificada no convívio do
marido crente. Doutra sorte, os vossos filhos seriam impuros; po-
rém, agora, são santos. Mas, se o descrente quiser apartar-se, que se
aparte; em tais casos, não fica sujeito à servidão nem o irmão, nem
a irmã; Deus vos tem chamado à paz. Pois, como sabes, ó mulher,
se salvarás teu marido? Ou, como sabes, ó marido, se salvarás tua
mulher? (1 Coríntios 7:12-16).

Uma das responsabilidades mais solenes enfrentadas pelo casal é a pater-


nidade. As responsabilidades de trazer ao mundo uma nova vida devem ser
consideradas cuidadosamente e com muita oração. Decidir dar à luz a uma
criança dentro de um casamento instável é uma imensa irresponsabilidade.
Alguns acreditam que a criança ajudará a estabilizar o casamento, mas não
seria justo trazer um bebê ao mundo sob tais circunstâncias. O que um bebê
poderia fazer para consertar a desarmonia do lar? Ao contrário do que alguns
pensam, o nascimento de uma criança trará ainda mais tensões a um relacio-
namento conjugal desequilibrado e o bebê estará sujeito a se tornar a vítima
da instabilidade dos pais.

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202 A Solução de Deus...
Os pais devem avaliar com critério o número de filhos que são capazes
de sustentar satisfatoriamente, reconhecendo que o custo da educação e de
outras despesas exigidas pela criança é muito alto. Um planejamento cristão
sábio não permitirá que a família cresça além dos recursos e das possibilidades
dos pais de atender às necessidades dos filhos de maneira responsável.
A vida espiritual é um fator muito importante para aqueles que estão
se preparando para casar, como também é essencial para o sucesso do re-
lacionamento conjugal. Como mencionado anteriormente, por trás de um
casamento falido está o declínio da vida espiritual do lar, se não da parte do
casal, no mínimo da parte de um dos cônjuges.
No matrimônio cristão é importante que o altar da família seja erigido
dentro de uma relação espiritual de amor durante um período tranquilo da
manhã e da tarde em que a família se reúna para o culto doméstico. Para
colocar esse momento especial em prática, será necessário que haja uma ava-
liação das prioridades. Se as atividades do dia forem bem organizadas, o culto
familiar poderá ser um período tranquilo e sem pressa que une toda a família
no amor cristão. Além disso, a harmonia do lar aumentará conforme a família
se unir para trabalhar para Deus. Essa união não deve envolver somente o
marido e a esposa, mas também os filhos, principalmente à medida que ma-
durecerem. Para os jovens, é uma grande oportunidade participar do trabalho
missionário da família e ajudar homens e mulheres a conhecer a Cristo e a
seguir os Seus passos. Eles também, à sua própria maneira, participarão do
espírito missionário do lar.
A relação sexual entre o marido e a mulher também é um aspecto muito
importante do casamento. Muitas vezes, o casamento é considerado como uma
licença para praticar a luxúria e comportamentos sexuais anormais. Tais prá-
ticas lançam uma influência degradante no lar e geralmente desenvolvem um
relacionamento que afasta o casal do verdadeiro cristianismo. A santidade do
matrimônio cede lugar à satisfação dos desejos sexuais. A vida sexual erigida
no amor verdadeiro e na preocupação pelo outro pode oferecer uma intimidade
muito profunda e uma base firme para o crescimento espiritual. Mas a vida
sexual construída sobre os desejos carnais resultará no declínio espiritual e na
redução do verdadeiro compromisso cristão. Assim como em todos os aspectos
da vida temperante, há a necessidade de controle e decisões racionais. Cada ação
precisa ser validada pelo desafio da pureza de Cristo, nosso Exemplo perfeito.

 Ver capítulo 25 intitulado “A Moralidade e o Sexo”.

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O Casamento e a Família 203
Alguns equivocadamente sentem que o ato sexual no casamento origi-
na-se do mal e causam pressões terríveis na relação conjugal ao adotar uma
opinião irracional. A decisão unilateral de um dos cônjuges de se abster da
relação sexual promove uma atmosfera não cristã entre o casal. Muitos pro-
blemas são gerados por causa de decisões como essa. Essa decisão, apesar de
ser aparentemente feita por razões espirituais, na verdade baseia-se na falta
egoísta de amor pelo companheiro.
Talvez não haja nada mais belo neste mundo do que o verdadeiro matri-
mônio e a atmosfera feliz do lar. Todo cristão tem o privilégio, pelo poder de
Cristo e sob a Sua orientação, de estabelecer um lar em que os nossos filhos
e a nossa juventude tenham a vantagem de receber bons exemplos e uma
educação cristã forte. Os pais precisam ter sabedoria para escolher a educação
dos filhos, pois essa responsabilidade sempre recairá sobre eles:

Tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e an-


dando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te (Deuteronômio 6:7).

A responsabilidade da educação dos filhos nunca poderá ser colocada


completamente nas mãos de outra pessoa. Ao escolher a escola que o filho
frequentará, os pais precisam ter em mente que ainda são os seus guardiões e
que estão delegando a um educador profissional a responsabilidade que lhes
pertence. É muito importante que essa responsabilidade seja dividida apenas
com cristãos comprometidos. Assim, a escolha da escola e dos professores
torna-se um dever muito sério perante Deus, pois o lar e a escola precisam
sempre estar em sintonia para que haja coerência e harmonia no programa de
desenvolvimento da criança.
Os pais que permitem que os filhos permaneçam em casa até que esteja
maduro o suficiente para tirar o máximo proveito do ambiente escolar agem
com sabedoria. Uma boa família, em que a esposa não trabalha fora, geral-
mente é a melhor escola até que a criança atinja no mínimo oito anos de
idade. Em alguns países, porém, esse ideal é proibido por lei.
Na era difícil em que vivemos é importante que todos os aspectos possíveis
sejam direcionados para o crescimento, desenvolvimento e comprometimento
espiritual da criança. Essa responsabilidade da família nunca será realizada
em vão.

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204 A Solução de Deus...
Sem dúvida, é muito melhor que a criança seja matriculada numa escola
cristã, mesmo que os custos sejam mais altos, do que ter luxos muitas vezes
considerados essenciais no lar, como tapetes caros no chão ou mobílias dis-
pendiosas. As prioridades dos pais determinarão não apenas até que ponto
a criança se desenvolverá física e intelectualmente, mas também o quanto
estimam o destino eterno do filho. As escolhas sábias dos pais estão no centro
do desenvolvimento espiritual, emocional e físico dos cidadãos do amanhã e
dos candidatos ao Céu.

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29
Conclusão

M
uitas religiões e culturas ensinam que a vida é triste e amarga,
meramente uma luta pela existência entre dois eventos mar-
cantes – o nascimento e a morte. Realmente, ao observarmos
a vida de milhões de pessoas, a evidência dessa crença torna-se marcante.
Porém, Deus nos oferece contentamento, paz, plenitude e amor verdadeiro
nesta vida: Ele nos oferece a saúde mental.
Infelizmente, a grande maioria dos habitantes da Terra rejeita essa oferta
e busca a felicidade em realizações humanas. A riqueza, o poder, o prestígio
e outros símbolos de sucesso mundano não podem oferecer a felicidade que
o ser humano tanto procura. Não há nenhuma solução humana para resolver
o problema de uma existência sem sentido. Sem Deus, o único propósito da
vida é dar continuidade à espécie.
Em 1969, faleceu o grande matemático, filósofo e pacifista britânico,
Bertrand Russel. Descendente direto da linha dos duques de Bedford, um
verdadeiro nobre, o Conde Bertrand Russel era neto de John Russel, um dos
primeiros ministros mais distintos da Inglaterra no século 19. John Russel,
anglicano devoto, introduziu no Parlamento de seu país o primeiro projeto de
lei de reforma de 1832. Esse projeto embasou os preparativos finais para a vo-
tação universal no Reino Unido (o direito de todo adulto votar nas eleições).
No entanto, o filho de John Russel, pai de Bertrand Russel, era ateu.
No ano em que Bertrand Russel faleceu, um filme de sua vida foi lançado
em sua homenagem. Esse filme incluía uma entrevista feita com ele três anos
antes de sua morte, aos noventa anos de idade. Nessa entrevista, Bertrand
Russel lembrou-se da morte do pai há setenta anos. Na ocasião, o pai chamou
os três filhos para perto do leito de morte e sem nenhuma demonstração de es-
perança, paz ou segurança, proferiu suas últimas palavras: “Adeus, adeus para

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206 A Solução de Deus...
sempre”. Ao se lembrar daquele momento, sete décadas mais tarde, a voz de
Bertrand Russel encheu-se de temor e lágrimas vieram aos olhos. Em seguida,
confirmando as próprias convicções ateístas, afirmou: “E assim será quando
eu morrer”. Essa é a “esperança” daqueles que, mesmo sendo ilustres e famo-
sos, perdem de vista Jesus e o Seu amor. Esse livro foi escrito com profundas
convicções. Não há nada, fora do amor de Cristo, que possa promover a saúde
mental. Exaltamos o nosso Salvador diante de cada leitor, pois Ele prometeu:
“Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10:10).

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Apêndice A
A Natureza do Homem

N
o início do século 20, muitos filósofos e educadores predisseram
com toda segurança que a educação universal resolveria os maio-
res problemas sociais do mundo, como a pobreza, o crime e a
insanidade. Na época, observou-se que esses problemas sociais ocorriam com
maior frequência nas classes sociais de pouca ou nenhuma instrução formal.
Talvez nada tenha estimulado mais a confiança na educação universal do que
a esperança de que esses problemas fossem eliminados à medida que homem
ascendesse na escala “evolucionária”. Entretanto, uma avaliação realista da
sociedade da última parte do século 20 indica que, no mundo ocidental, onde
a educação universal foi praticamente implantada, esses problemas sociais
intensificaram-se ainda mais.
A busca de uma solução por meio da educação universal, na verdade, ori-
ginou-se da filosofia grega. Sócrates criou técnicas de interrogatório segundo
a crença fundamental de que o homem poderia, através da educação, alcançar
o bem. Essa suposição baseava-se na premissa da imortalidade da alma pree-
xistente no corpo, uma alma boa. Acreditava-se que o homem apenas se cor-
romperia se estivesse inserido num ambiente desfavorável. Sócrates enxergava
o homem como sendo fundamentalmente bom e tudo o que precisava fazer
era proteger essa bondade inerente das maldades da sociedade para que se
tornasse consciente da bondade do ser. Sócrates questionava os jovens gregos
de acordo com a hipótese de que “saber é fazer”. Acreditava que se o jovem
descobrisse através de suas perguntas o bem e a verdade, automaticamente
passaria a viver a “boa vida”.
Inconscientemente, muitos cristãos têm aceitado essa filosofia pagã. Al-
guns até mesmo acham que os filhos teriam feito escolhas melhores se os pais
não tivessem exercido sua influência nas decisões da criança desde os primeiros

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208 A Solução de Deus...
anos de vida. Creem que se os pais derem “liberdade de expressão” à criança,
esta fará boas escolhas por causa de sua bondade inata. De acordo com a nossa
experiência, os resultados de tal método educacional são desastrosos, mas não
surpreendentes. Sem dúvida, Satanás não espera a criança crescer para lançar
ardis tentações em sua vida. Os hábitos que atrapalharão a criança de se sub-
meter a Cristo são facilmente desenvolvidos nos anos decisivos de formação.
Platão, discípulo de Sócrates, defendeu a visão da bondade inata e grande
parte de seus esforços filosóficos concentrou-se em estabelecer a sociedade per-
feita em que o “homem bom” poderia desenvolver-se universalmente.
Com a redescoberta da cultura helenística durante a Renascença, esse
conceito do homem ressurgiu e foi aceito até mesmo por alguns teólogos
cristãos. Um dos maiores defensores dessa teoria no século 18 foi Jean Jac-
ques Rousseau. O conceito da bondade do homem foi ressaltado em sua obra
clássica, Emile. O livro narra a história de um rapaz criado num ambiente
favorável a fim de preservar a sua bondade inata. Não podemos questionar
Rousseau a respeito dos benefícios de um ambiente apropriado, mas nenhum
estudante diligente da Bíblia deixará de questionar veementemente o conceito
da bondade inata do ser humano.
O século 20 presenciou uma mudança brusca entre a filosofia do nativis-
mo de Sócrates, Platão e Rousseau e a visão empirista ou tabula rasa (con-
ceito de que o homem é a soma total das influências do meio). Na verdade,
a visão empirista não se tratava de um conceito novo para o século 20, pois
foi amplamente disseminada nos séculos 17 e 18 por empiristas britânicos
como John Locke, bispo George Berkeley, David Hume e David Hartley,
mas a sua raiz filosófica originou as técnicas e as práticas psicológicas do
século 20. O movimento empirista foi impulsionado mais ainda pela teoria
da evolução, que enfatiza a habilidade de adaptação ao ambiente e nega o
Criador como a fonte da vida.
Intimamente ligado ao movimento evolucionista, encontra-se o impacto
científico. Ao final do século 19, a ciência adquiriu grande respeito no meio
acadêmico. As bases filosóficas antigas passaram a ser avidamente ensina-
das na maioria das disciplinas a fim de fundamentar as teorias científicas
de prestígio. Em 1879, época em que Wilhelm Wundt fundou o primeiro
laboratório psicológico em Leipzig, foram lançadas as bases da psicologia

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A Natureza do Homem 209
científica. Nesse período, os princípios deterministas da ciência natural fo-
ram firmemente estabelecidos e, claro, eram totalmente compatíveis com
a visão empirista do homem – visão que crê que o homem é simplesmente
o produto do meio em que vive e não nasce com nenhuma predisposição
moral. Portanto, de acordo com o empirismo, o homem é a soma total das
influências do meio que está inserido desde a concepção.
Na psicologia moderna, as duas visões – a filosofia nativista, que ensina
que o bem é inato ao homem, e a filosofia empirista, que afirma que o homem
nasce sem nenhuma predisposição moral – embasam a grande maioria das
teorias e das técnicas da psicologia. Isso pode ser mais bem exemplificado
através dos trabalhos de Carl Rogers e B. F. Skinner, respectivamente.
A terapia indireta de Rogers implica que o homem possui em seu interior
a resposta para lidar com os próprios problemas. Não podemos negar que
há momentos em que, através de um questionamento minucioso, como no
caso de Sócrates no passado ou de Rogers nos tempos modernos, o homem
e a mulher possam ser levados a verbalizar soluções e a tomar atitudes que
não haviam pensado antes. Porém, concluir que o ser humano possui em seu
interior todas as respostas para todos os problemas é o mesmo que aceitar
que o homem é capaz de lidar com qualquer questão e qualquer necessidade.
Tal visão favorece a crença de que o homem é o único senhor de seu destino
e descarta totalmente a única fonte real de sabedoria e força – a confiança
em Deus. O fato de Rogers ter, na última década, abraçado a psicologia de
grupos de encontro evidencia, mais uma vez, a sua visão de que o homem,
no ambiente de encontro, pode ser capacitado a enxergar-se de tal forma que
o habilite a tomar as melhores decisões e a agir da maneira mais apropriada.
Em contrapartida, a maioria dos behavioristas desde Watson e Thorn-
dike, Hull e Spence até B. F. Skinner reconheceu que o conhecimento não
resulta necessariamente no comportamento adequado. Assim, a teoria de
Sócrates de que “saber é fazer” foi derrubada à luz da evidência de que em
muitos casos o conhecimento não gera o bom comportamento. Com isso,
dentro da visão empirista, facilmente criou-se o conceito que implica uma
tentativa direta de mudar o comportamento. Através do processo de condi-
 Esse conceito declara que o homem não possui um controle real sobre as suas ações. De
acordo com essa visão, o homem é, na realidade, meramente um robô que age segundo a sua
hereditariedade e os ditames de sua experiência ambiental, sendo incapaz de fazer a própria
escolha.
 Ver capítulo 10 intitulado “Grupos de Encontro e Sensibilidade e o Cristianismo”.

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210 A Solução de Deus...
cionamento, foi possível formar padrões de comportamento e, dessa forma,
esperava-se desenvolver o “homem bom”. Desde então, a técnica de modifica-
ção de comportamento, utilizada por B. F. Skinner e outros, foi eleita como
a técnica mais eficaz em mudar o comportamento de crianças, de indivíduos
com problemas mentais e de delinquentes para um comportamento aceitável
e desejável pela sociedade.
A visão implícita na teoria da modificação de comportamento – visão que
alega que o homem possui em seu interior o bom comportamento – pode ser
equiparada com a visão da bondade inata do ser humano. Apesar de o método
de Roger ser influenciado pelo nativismo e o método de Skinner ser empirista
de origem, ambos têm muito em comum no que diz respeito ao prognóstico
da educação e do treinamento da criança. O nativismo, ao supor que o homem
é naturalmente bom, solicita um “bom ambiente” como o único pré-requisito
necessário para reeducar ou manter a bondade. Semelhantemente, o empi-
rismo, ao supor que o homem é o fruto do meio, a soma total dos estímulos
do meio sobre a sua vida, acredita que se o “bom” ambiente for mantido, a
criança se tornará um ser humano bom. Dessa forma, as duas teorias são
totalmente dependentes da qualidade do meio para o desenvolvimento do
homem “bom” e para o desenvolvimento da “boa” sociedade. Mas nenhuma
dessas teorias está de acordo com a visão bíblica cristã.
Ao contrário da filosofia da bondade inata, a visão nativista alternativa da
Bíblia afirma que o homem nasce no pecado: “Eu nasci na iniquidade, e em
pecado me concebeu minha mãe” (Salmo 51:5).
A Bíblia ensina que a tendência moral inata do homem leva à criação
de um caráter e de um comportamento egoísta e pecaminoso. Tal visão do
homem não nega a vantagem de um bom ambiente, mas não aceita que o
bom ambiente seja o único elemento necessário para manter a “boa” vida. Se
fosse assim, não haveria possibilidade de Adão e Eva pecar, pois habitavam
num ambiente perfeito. Tão pouco poderia Lúcifer e a terça parte dos anjos
se rebelarem contra Deus.

Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste


lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no teu co-
ração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu

 Esse processo recompensa os bons atos e pune os maus atos a fim de que, como conse-
quência, o indivíduo evite o mal e faça o bem.

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A Natureza do Homem 211
trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades
do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao
Altíssimo (Isaías 14:12-14).

A visão empirista exemplificada através da modificação de comportamen-


to também é insustentável, pois supõe, como mencionado anteriormente, que
o comportamento correto significa o mesmo que moralidade correta, que, de
alguma forma, podemos nos tornar bons por conta própria. A Bíblia declara
que essa esperança é completamente falsa.

Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está
sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar (Romanos 8:7).

A visão bíblica ensina que o homem, após a queda, está preso aos grilhões
do pecado e é incapaz de se libertar sozinho. A boa nova é que Jesus proveu um
meio para sermos perdoados de nossos antigos pecados e recebermos um novo
coração (vontade) para escolher o bom caminho e recebermos o auxílio do Es-
pírito Santo para nos fortalecer a resistir a tentação de voltar ao estágio inicial.
Aparentemente, há uma grande diferença entre a modificação de compor-
tamento e o conceito cristão de mudança de comportamento. Ao aceitar que as
predisposições naturais do homem são contrárias à natureza perfeita de Deus,
a questão não é a modificação de comportamento, mas a transformação do
caráter, conforme Jesus expressou de maneira maravilhosa em sua conversa
com Nicodemos. A questão, na verdade, é definida como a necessidade de um
novo nascimento. A modificação de comportamento não diz nada acerca dos
motivos e das intenções do coração e, portanto, encontra-se enraizada no mais
grave legalismo. O comportamento correto em si não pode esperar ou alcançar
a salvação, como Jesus claramente expressou com as seguintes palavras:

Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura,


não temos nós profetizado em Teu nome, e em Teu nome não expeli-
mos demônios, e em Teu nome não fizemos muitos milagres? Então,
lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, os
que praticais a iniquidade (Mateus 7:22-23).

 Ver João, capítulo 3.

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212 A Solução de Deus...
A questão abordada nessa passagem não é o comportamento correto, pois
os praticantes da iniquidade praticaram boas ações de acordo com a concepção
humana. O seu comportamento aparentemente condizia com a prática cristã,
mas o seu coração não havia sido transformado pelo poder de Cristo. Jesus
enfatizou em outra ocasião essa verdade ao repreender os líderes judeus.

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hor-


telã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais
importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém,
fazer estas coisas, sem omitir aquelas! (Mateus 23:23).

Jesus ressaltou que a devolução fiel dos dízimos é um comportamento


correto, mas insignificante se não for o resultado do amor que flui de um
coração transformado.
Não é de admirar que as hipóteses humanas desenvolvidas a partir de
premissas equivocadas resultem em conclusões, teorias e práticas erradas.
Certamente, tanto a terapia de modificação de comportamento quanto a
terapia indireta apresentam perigos. O terapeuta que pratica a modificação
de comportamento pretende desempenhar o papel de Deus na vida do pa-
ciente. Determina qual é o comportamento correto e aplica as técnicas de
condicionamento que produzirão o comportamento que em sua opinião é
o mais apropriado. O terapeuta que pratica a terapia indireta, por sua vez,
permite que o paciente pretenda desempenhar o papel de Deus levando-o a
crer que em seu interior encontrará as respostas para os problemas geradores
de depressão, instabilidade emocional e neurose. Mas o terapeuta cristão tem
a oportunidade de exaltar o Deus do céu, o único Ser que realmente possui
a resposta certa para qualquer tipo de problema.
Devemos avaliar criteriosamente essas três visões do homem. Enfrentamos
a realidade de um mundo em que a grande maioria de seus habitantes está
inserida num ambiente difícil de viver. De acordo com o conceito empirista e
a teoria da bondade inata do homem, não há a menor esperança para a grande
maioria das pessoas tanto no mundo atual quanto no mundo futuro, pois as
duas visões dependem de um bom ambiente para reter ou desenvolver a bon-
dade do ser humano. Segundo o conceito cristão, entretanto, há esperança
para todo ser humano. Apesar de reconhecer a vantagem de um ambiente fa-
vorável, o cristianismo afirma que o poder de Cristo “pode salvar totalmente

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A Natureza do Homem 213
os que por Ele se chegam a Deus” (Hebreus 7:25). O poder transformador de
Cristo oferece esperança a todos, a despeito das limitações do ambiente.
Não há dúvida de que o psicólogo cristão precisa cavar fundo a Palavra
de Deus para encontrar as respostas de que precisa, pois o mesmo Deus que
através de Sua Palavra demonstrou uma grande preocupação pelo bem-estar
físico e espiritual de Seu povo, também está profundamente interessado em
sua estabilidade emocional e mental. Nada mais lógico do que concluir que a
Bíblia também nos oferece princípios e bases para a obtenção da saúde mental
da mesma forma que oferece bases para a saúde espiritual e física. Sem a estabi-
lidade emocional, dificilmente o homem ou a mulher pode atingir plenamente
o potencial que Deus deseja para cada um de Seus filhos e nem participar da
melhor forma possível do ministério e das missões da igreja de Deus.

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CONCEITOS BÁSICOS DA NATUREZA DO HOMEM
214

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Posição Defensores Predisposição Relação com Perspectiva
Moral o ambiente
Bondade inata Sócrates O homem nasce pre- Necessidade de um A perspectiva do
Platão disposto para o bem. “bom” ambiente para homem depende
proteger a “bondade” do ambiente que
Rousseau inerente ao ser humano está inserido
Muitos a fim de que o homem (bom ou mau).
intencionalistas “bom” desenvolva-se.

Tendência ina- A maioria O homem nasce Admite as vantagens do A perspectiva do


ta para o mal dos cristãos predisposto para ambiente favorável, mas homem depende de
desenvolver padrões crê que o homem “bom” um relacionamento
de maldade. desenvolve-se apenas com Deus, a despei-
pelo poder de Cristo. to do ambiente
em que vive.

Nenhuma Empiristas O homem nasce isento O ambiente determina A perspectiva do


tendência inata britânicos de qualquer tendên- a totalidade das reações homem depende
Behavioristas cia e sem qualquer comportamentais. do ambiente em
predisposição moral. que está inserido
A Solução de Deus...

Deterministas (bom ou mau).

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Apêndice B
A Escolha e a Vontade

O
conceito da escolha é tão antigo quanto o Universo. Com certeza as
hostes angelicais receberam a liberdade de escolha. O profeta Isaías
declarou que Lúcifer, o querubim cobridor, fez muitas escolhas.

Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste


lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no teu co-
ração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu
trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do
Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altís-
simo (Isaías 14:12-14, ênfase dos autores).

Da mesma forma, na ocasião em que o homem foi criado, Deus lhe con-
cedeu o direito de escolha. Se não fosse assim, as instruções e as advertências
divinas não teriam o menor propósito.

E o Senhor Deus lhes deu esta ordem: De toda árvore do jardim


comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do
mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente
morrerás (Gênesis 2:16-17).

Desde o princípio, tantos os anjos quanto os pais da raça humana foram


criados com a predisposição de praticar o bem, mas depois que o homem
escolheu desobedecer ao mandamento direto e explícito de Deus, não lhe foi
mais natural seguir o caminho da justiça. A inclinação natural de escolher
caminhos que o distanciavam de Deus passou a fazer parte da vida. Davi foi,

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216 A Solução de Deus...
assim, obrigado a afirmar: “Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu
minha mãe” (Salmo 51:5).
Apesar das mais claras evidências bíblicas acerca da natureza do homem
e da sua habilidade de escolher, há aqueles que, desde o início da história
humana, aceitam uma visão determinista da vida. O determinismo, que se
encontra intimamente relacionado ao empirismo discutido no capítulo an-
terior, está profundamente enraizado no paganismo antigo e ainda pode ser
visto no misticismo moderno. O conceito da influência do macrocosmo do
céu estrelado sobre o microcosmo do organismo humano é tão antigo quanto
a astrologia. O determinismo penetrou muitas religiões orientais e também
pode ser notado em inúmeras formas de cristianismo.
A questão da liberdade de escolha versus o determinismo é muito rele-
vante hoje, não apenas no campo da teologia, mas também no campo da
literatura, da história, da sociologia, da psicologia e da filosofia, mas, talvez,
seja no campo da ciência do comportamento humano que o conflito entre
essas duas visões tenha maior significado para o cristão. Seria injusto confinar
o significado do determinismo ou do intencionalismo dentro dos parâmetros
de qualquer série de postulados. Deve haver necessariamente definições espe-
cíficas e delimitadoras. Assim, as orientações a seguir representam a arena em
que as questões da liberdade de escolha e do determinismo serão explanadas.
1. Determinismo: Visão de que o comportamento é mais bem definido
de acordo com todas as influências do meio sobre o indivíduo, tanto do pas-
sado quanto do presente, juntamente com o comportamento perceptível em
resposta às influências que recebeu.
Sugere-se que diante do conhecimento de todos os eventos causais, o
indivíduo seja capaz de predizer exatamente a resposta comportamental a
tais eventos. Não há reação ou escolha do indivíduo que possa de alguma
forma modificar, adaptar ou intervir na relação direta entre as influências e
as respostas comportamentais. Assim, toda referência aos processos cerebrais
ou fatores mentais como a “escolha”, a “decisão” e a “vontade” é negada. O
indivíduo é completamente dependente do meio para o desenvolvimento de
características de comportamento e de traços de personalidade.
2. Intencionalismo: Conceito de que o indivíduo atua como mediador
ativo entre o estímulo do meio e as suas reações comportamentais.

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A Escolha e a Vontade 217
Seria o mesmo que dizer que através da decisão, ou da escolha, ou de
qualquer outro processo cerebral, o indivíduo relacione as suas reações à si-
tuação presente. Normalmente conclui-se que os processos neurológicos e os
mecanismos do sistema nervoso central são as estruturas básicas que mediam
essas decisões. Dessa forma, o comportamento não pode ser definido sim-
plesmente pelos estímulos e as respostas. Deve-se levar em conta os processos
mentais da pessoa e as suas próprias decisões.
No campo científico, não é possível fazer uma escolha dogmática entre
o intencionalismo e o determinismo na área experimental. Tão pouco há
um consentimento universal entre os cristãos em relação à predestinação e à
liberdade de escolha, mas isso não quer dizer que o conceito da predestinação
possa ser diretamente equiparado ao determinismo, ou que a liberdade de
escolha seja sinônimo da posição psicológica do intencionalismo. No entanto,
há várias similaridades básicas que permitem que haja uma investigação satis-
fatória de cada um desses conceitos em relação ao outro.
1. Predestinação: O conceito da predestinação pouco se preocupa com
a relação entre o estímulo do meio e a reação corporal. Alega que a salvação
independe das escolhas e das decisões do ser humano e que Deus já predeter-
minou o destino eterno de cada pessoa.
2. Liberdade de Escolha: Os defensores da liberdade de escolha, como
os intencionalistas, enfatizam a função dos processos mentais no comporta-
mento humano. Afirmam que todo ser humano toma decisões e faz escolhas,
tanto em relação à existência do dia-a-dia quanto ao destino eterno, e que a
salvação depende totalmente da aceitação ou da rejeição de Cristo.
No estudo do comportamento humano, o conflito entre o determinismo
e o intencionalismo torna-se crítico para a compreensão dos princípios psico-
lógicos e sociológicos. Apesar de ter atingido a independência acadêmica cer-
ca de cem anos atrás, a psicologia tem sido investigada pelo homem durante
séculos sob a conotação da filosofia mental. O conflito entre o determinismo
e o intencionalismo não era tão intenso no passado como hoje, mas, antiga-
mente, o intencionalismo era aceito mais prontamente pela maioria, possivel-
mente, devido às bases cristãs fortes que grande parte dos filósofos possuía.
Richard Ruble procurou resumir e definir esse conflito dentro dos parâ-
metros da teologia cristã, reunindo primeiramente os argumentos básicos em
favor da liberdade de escolha:

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218 A Solução de Deus...
1. Sem a liberdade de escolha, o homem não seria responsável pelo seu
comportamento.
2. O homem possui a liberdade de escolha devido à experiência subjetiva
sentida na decisão.
3. Deus ordenou que o homem tivesse liberdade de escolha.
4. O Evangelho afirma que o homem possui liberdade de escolha.
5. O homem conduz seus afazeres certo de que possui liberdade de
escolha.
6. A liberdade de escolha é a única posição racional que pode ser adotada
pelo cristão.
Ruble também resumiu os argumentos em favor do determinismo. São
eles:
1. O determinismo é mais compatível com a natureza de Deus. Se Deus é
onipotente e onisciente, resulta naturalmente o determinismo.
2. As visões científicas devem ser deterministas.
3. O determinismo é mais humanista do que a liberdade de escolha.
4. A visão determinista leva em conta a motivação inconsciente.
5. O determinismo está mais em harmonia com a eleição, a soberania, a
predeterminação e presciência de Deus.
6. O determinismo capacita o homem a aceitar tudo o que lhe acontece
como sendo da vontade de Deus e, portanto, o bem. (Richard Ruble,
“Determinism versus Free Will”, Journal of American Affiliation, junho
de 1976, v. 28, n° 2, pp. 70-76).
A maioria dos cristãos – católicos romanos, cristãos ortodoxos e muitos
protestantes – apoia a doutrina da liberdade de escolha, mas há uma grande
parte dos cristãos da reforma que acredita na visão agostiniana da predesti-
nação como expressada por Calvino e Martinho Lutero. Apesar de não ser
o objetivo desta obra discutir as variações entre o calvinismo alto e baixo,
seria justo dizer que especialmente os calvinistas altos se apegam fortemente
à doutrina da predestinação. Consideram que a salvação ocorre pelo milagre
da graça de Deus e o homem pecador não deve questionar a justiça divina da
predeterminação. Porém, parece irracional aceitar o fato de que Deus tenha

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A Escolha e a Vontade 219
dado ao homem a liberdade de escolha sabendo, ao mesmo tempo, a escolha
que faria. Alguns alegam que o fato de Deus saber o futuro absolutamente
predetermina o evento. Seria mais racional, certamente, concluir que Deus
conhece todas as coisas, não porque predeterminou o evento, mas porque está
ciente das escolhas que homem fará.
Claro que esse dilema suscita a questão do pecado. Será que Deus não
poderia ter criado seres celestiais e terrenos que sempre escolhessem seguir
o caminho da obediência perfeita a Ele? Esse é um tema excepcionalmente
especulativo que possui poucas referências na Palavra de Deus e, portanto,
está fora da alçada de debates e de discussões proveitosos.
Os autores desta obra aceitam a visão de que o destino eterno do ser
humano depende da sua escolha de aceitar ou rejeitar o dom de Deus acessível
ao homem através do sacrifício de Cristo em favor dos pecados da humanida-
de. A Bíblia está repleta de afirmações a respeito da importância da escolha do
homem em relação à salvação. No Antigo Testamento, Josué fez um apelo aos
filhos de Israel para escolherem de uma vez por todas entre servir ao Senhor
ou aos deuses pagãos:

Porém, se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei, hoje, a quem


sirvais: se aos deuses a quem serviram vossos pais que estavam dalém
do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a
minha casa serviremos ao Senhor (Josué 24:15).

Elias também fez um apelo semelhante no Monte Carmelo, rogando aos


presentes que escolhessem entrar em aliança com o Deus Vivo ou Baal.

Então, Elias se chegou a todo o povo e disse: Até quando coxeareis en-
tre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-O; se é Baal, segui-o.
Porém o povo nada lhe respondeu (1 Reis 18:21).

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220

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AS VISÕES DO HOMEM EM RELAÇÃO AO SEU DESTINO
VISÃO DO HOMEM PRINCÍPIOS BÁSICOS FATOR DETERMINANTE
DO DESTINO DO HOMEM

Determinismo O homem é a soma total de O meio em que está inserido.


todas as influências do meio
desde o nascimento até a morte.

Predeterminismo O destino eterno do homem Deus.


já foi predeterminado por
Deus e não dependente de es-
colhas e decisões humanas.

Intencionalismo O homem modifica, media, O próprio homem.


faz escolhas e toma decisões
em resposta ao meio.
A Solução de Deus...

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Apêndice C
A Saúde Mental e a Criação

A
s últimas duas décadas do século 19 presenciaram o nascimento da
psicologia moderna, como também o esforço intenso de libertá-la
de suas raízes filosóficas e consolidá-la como ciência. Essa busca
por tornar a psicologia uma ciência prefigurou o aumento da aceitação do
determinismo como o método mais eficaz para o estudo psicológico. Em to-
dos os tempos, sempre houve aqueles que se apegaram à visão intencionalista
do comportamento, mas esses representam a minoria. A ampla aceitação do
determinismo parece ter sido motivada por quatro razões básicas.
1. As grandes ciências, como a física e a química, eram extremamente
deterministas na ocasião da virada do século e os psicólogos estavam ansiosos
para seguir a liderança dessas ciências mais consolidadas.
2. O determinismo, enquanto método, oferecia melhores perspectivas do
que o intencionalismo para a criação de princípios gerais e leis vigentes do
comportamento. Além disso, é mais fácil compreender as condições de estí-
mulos quando estas independem das chamadas noções metafísicas da mente.
Acreditava-se que nenhuma lei universal poderia ser deduzida enquanto esti-
vesse embasada numa explicação intencionalista do comportamento.
3. O determinismo representava um veículo satisfatório para a incorpora-
ção da doutrina evolucionista ao assumir que as diferenças entre o comporta-
mento humano e animal eram quantitativas e não qualitativas.
4. Ao defender a hipótese quantitativa, os cientistas viram a possibili-
dade de examinar o comportamento humano através da investigação do
comportamento animal. A utilização de animais oferecia não apenas um
escopo mais amplo para a investigação, mas também a possibilidade de
examinar o comportamento isolado das muitas complexidades associadas
ao desempenho humano. Nos últimos quarenta anos, houve o reavivamento

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222 A Solução de Deus...
parcial da posição intencionalista encabeçada por teoristas como Kreche-
vesky, Tolman e Woodworth, mas ainda assim a maioria dos psicólogos
favorece a visão determinista.
A sustentabilidade da posição cristã que favorece a visão da liberdade de
escolha deve ser examinada à luz das quatro razões citadas acima que, por
sua vez, proporcionam a base lógica para a aceitação do determinismo pela
maioria dos cientistas behavioristas.
1. A natureza determinista das grandes ciências
Apesar de a hipótese determinista ter sido universalmente aceita pelos
físicos há setenta anos, não podemos dizer que essa seja a situação atual. Os
avanços na física subatômica têm levado a reflexões indeterministas. Esse fato
foi ressaltado num artigo atribuído a Sir Marcus Oliphant.

A ideia vitoriana presunçosa da infabilidade da ciência foi substituí-


da pela incerteza e pelo indeterminismo... Os cientistas não esperam
mais encontrar uma resposta final para as suas perguntas... No fim
do século passado, a marcha da ciência intoxicou a humanidade, e
na ciência física o grande sucesso de [aplicar] a lógica matemática
nas observações experimentais gerou a certeza de que o conhecimento
máximo do assunto estava à mão.

Oliphant continuou:

Esse conceito de uma ciência arrogante e imoral, que rapidamente


emaranhou a humanidade numa teia de materialismo para satisfazer
seu enorme ego, ainda persiste entre muitos hoje... Com o aumento do
conhecimento, achou-se necessário modificar progressivamente quase
todas as estimadas leis da física clássica... a causalidade foi redefinida
e o determinismo cedeu lugar à incerteza” (Sir Marcus Oliphant, Ade-
laide Advertiser, 18 de maio de 1959).

A declaração franca de Oliphant a respeito das tendências atuais da física


habilmente demonstra que uma das razões básicas para a adoção inicial do de-
terminismo na psicologia não é mais tão sustentável como na virada do século.

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A Saúde Mental e a Criação 223
Uma das teorias mais famosas que se encaixa na argumentação de Oli-
phant é o Princípio Heisenberg da Incerteza (Heisenberg Uncertainty Prin-
ciple). Esse princípio afirma basicamente que ao localizar a posição exata de
um elétron, não será possível calcular precisamente a sua cinética, mas apenas
fazer um cálculo dentro de certos limites. Em contrapartida, se a cinética
do elétron puder ser calculada com precisão, não será possível determinar a
posição exata que ocupa no espaço.
Apesar da mudança nas grandes ciências abrir espaço para a reanálise do
método determinista na psicologia, as implicações vão ainda além para os
reducionistas que afirmam que os processos de ordem mais elevada podem
ser mais bem explicados à luz dos processos de ordens inferiores. Por exemplo,
de acordo com a sua finalidade lógica, os processos psicológicos exigem uma
explicação em termos de informações físicas que, por sua vez, exigem uma
explicação em termos da física subatômica. Assim, o mais complexo pode
ser explicado pelo menos complexo, a psicologia pela fisiologia, a fisiologia
pela física e a física pela física subatômica. Se o indeterminismo e a incerteza
aplicam-se à física subatômica, não deveriam também ser aplicados à física, à
fisiologia e, consequentemente, à psicologia? Se não, em que nível de entendi-
mento que o indeterminismo cede lugar ao determinismo?
A menos que uma posição intencionalista ou determinista seja postula-
da para todos os níveis de entendimento, uma posição reducionista torna-se
insustentável. Pode-se sugerir que em níveis microscópicos da física, em que
as leis de Newton se baseiam, o método determinista seja aplicável. Dessa
maneira, a física subatômica não pode explicar com sucesso a física macros-
cópica, quebrando, assim, a ligação da cadeia reducionista.
2. O valor do determinismo para o estabelecimento da lei
Há cem anos sugeriu-se que o determinismo oferecia um conceito mais
promissor para o estabelecimento de leis do que o intencionalismo. Essa suges-
tão não impede a possibilidade de o intencionalismo oferecer uma explicação
mais precisa do comportamento. Mesmo os primeiros teoristas pensavam que
esse fosse o caso, como ressaltado na seguinte declaração de William James:

No último capítulo levantamos a questão da liberdade de escolha na


“metafísica”. Realmente, seria precipitado fechar questão absoluta-
mente dentro dos limites da psicologia. Deixemos que a psicologia
fracamente admita que se apoiou nas reivindicações do determinis-

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224 A Solução de Deus...
mo a fim de alcançar os seus propósitos científicos, e ninguém pode
condená-la por isso. Se essas reivindicações vierem a servir apenas
para um propósito relativo e acontecer de serem confrontadas por
reivindicações opostas, um reajuste pode ser feito (William James,
Psychology’s Briefer Course, p. 461).

Quase um século se passou desde que James publicou a declaração acima


e ainda hoje não houve nenhum progresso real para o estabelecimento de um
fundamento firme no determinismo. Cattell resumiu essa situação em duas
declarações distintas publicadas em 1950:

Não importa o grau da teoria determinista que estamos preparados para


aceitar em relação ao comportamento humano, o que sabemos com cer-
teza é que na prática, por mais que tenhamos à disposição bons instru-
mentos de medição e conhecimento dos processos em jogo, a exatidão
de nossas predições é limitada (Cattell, R. B., Personality, London; New
York: Hutchinson’s University Library, 1950, 1st ed., p. 662).

Atualmente, nossas predições em relação à personalidade ou à me-


morização e ao aprendizado, à vontade e à decisão, certamente não
atingiram o auge da confiança sobre o qual todos os psicólogos pos-
sam alegar que não há lugar para o livre arbítrio imprevisível. Como
cientistas, temos mantido a mente aberta com relação ao que podemos
descobrir a respeito do mecanismo de operação à medida que nossas
investigações avançam. Pode ser que descubramos a necessidade de
caminhos não previstos de pensamento e de compreensão que torna-
rão tanto o determinismo quanto a liberdade de escolha igualmente
corretos em contextos apropriados (Cattell, R. B., An Introduction to
Personality Study, New York, McGraw Hill, 1950, p. 25).

As grandes esperanças depositadas no determinismo na virada do século


não se concretizaram. Frequentemente pede-se aos alunos para aceitarem a vi-
são de que essa falha atribui-se à falta de conhecimento presente e ao aprimo-
ramento de técnicas. Dizem que num dado momento do futuro, haverá uma
compreensão completa do causa e efeito comportamental. Talvez, a melhor
explicação seja a de Carttell sobre a imprevisão da liberdade de escolha.

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A Saúde Mental e a Criação 225
3. O determinismo e a evolução
A relação entre o determinismo e a evolução ocorre através de duas visões
um tanto opostas escritas no período da virada do século. Haeckel afirmou:
“A superstição do livre arbítrio, juntamente com a crença em dois outros ‘pi-
lares do misticismo’, Deus e a imoralidade, foram quebradas pela doutrina do
evolucionismo” (E. N. Haeckel, Riddle of the Universe, p. 210).
Ao mesmo tempo em que Haeckel afirma que a teoria evolucionista de-
saprova completamente o conceito do livre arbítrio, Smith declarou que se
a ligação entre o determinismo e o evolucionismo é válida, então a teoria
do evolucionismo deve ser negada. As conclusões de Smith são muito mais
aceitáveis aos cristãos conservadores.
Sem dúvida, é muito mais fácil confirmar a hipótese da “liberdade de es-
colha” ao analisar os muitos aspectos do comportamento do que a hipótese
evolucionista. Os evolucionistas sugerem muitas vezes que os cristãos tiram
conclusões infundadas, mas certamente os evolucionistas cometem muitos mais
erros como esse. Algumas dessas conclusões evolucionistas infundadas são:
a. A preexistência da matéria, ou no mínimo da energia, é inexplicável em
termos finitos.
b. A transição do mineral para o vegetal e em seguida para animal nunca
foi explicada ou demonstrada de forma satisfatória.
c. Se não há diferença qualitativa entre o homem e o animal, logo não
pode haver diferença qualitativa entre o reino animal e o vegetal ou entre
o reino vegetal e o mineral.
O último problema foi amplamente discutido por F. W. Headley em seu
discurso sobre a consciência:

Ou a consciência está presente nas formas mais simples de vida, ou


foi introduzida nos estágios mais elevados de desenvolvimento. Este
último princípio é contrário aos princípios da evolução. Assim, somos
levados a crer que até mesmo os microorganismos, quer animal ou
vegetal, possuem alguma consciência, mesmo que obscura (Headley,
F. W., Problems in Evolution, London: Duckworth, 1900, p. 210).

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226 A Solução de Deus...
Talvez Headley pudesse ter feito uma conclusão ainda mais ousada e
sugerido a presença de consciência em minerais inanimados que os evolu-
cionistas alegam serem os precursores lógicos dos microorganismos na teoria
evolucionista. Claro que tal conclusão é absurda, contudo o evolucionista
dificilmente é levado a sério se não seguir esse raciocínio.
4. O valor das investigações animais para a compreensão do comporta-
mento humano
O comportamento dos animais pode ser entendido com maior rapidez do
que o comportamento dos seres humanos, em parte devido a questões éticas.
Entretanto, pode-se questionar que o comportamento humano explica-se nos
mesmos termos que o dos animais, por essa razão há limitações consideráveis
para a utilidade ou para a aplicabilidade de tais experimentos.
Um das barreiras para o desenvolvimento da compreensão psicológica do
comportamento humano talvez seja a obsessão pela parcimônia. Essa barreira
levou muitos teoristas a resistir qualquer explicação que sugerisse a grande
complexidade do comportamento humano ou qualquer teoria que envolvesse
interpretações pluralistas.
Até hoje, época em que há um ressurgimento de interpretações dualistas,
ainda apoia-se profundamente o monismo. Em lugares em que se promoveu
noções dualistas, poucos foram os que seriamente sugeriram um dualismo
entre o determinismo e intencionalismo. Tal explicação é inerente à hipótese
do processo duplo de Betterman do aprendizado discriminativo e pode ser
notada na seguinte afirmação de Cattell: “tanto o determinismo quanto a
liberdade de escolha podem ser provados um dia de estarem igualmente cor-
retos em contextos apropriados”. Porém, nenhuma formulação cuidadosa de
tal dualidade foi realizada.
Não há dúvida de que muitos reflexos simples são de natureza determi-
nista. Assim, pode-se formular a hipótese de que esse tipo de comportamento
seja classificado nessa categoria, mediada pela área inferior do cérebro, pela
medula espinhal, pelo cerebelo, pelo mesencéfalo e pela ponte. Nessa catego-
ria encontram-se o reflexo do joelho, o reflexo do piscar de olhos, o reflexo da
pupila e outros reflexos semelhantes.

 (J. Wodinsky, M. A. Varely, M. E. Bitterman, “Situational determinants of the relative


difficulty of simultaneous successive discrimination”, Journal of Comparative Physiology &
Psychology, v. 47, 1954, pp. 337-340).

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A Saúde Mental e a Criação 227
Entretanto, a maioria dos comportamentos que envolve a área do córtex
cerebral pode também ser classificada como intencionalista, especialmente
o comportamento mediado pela associação das áreas do lóbulo frontal. Há,
porém, um ou dois problemas para a formulação de tal hipótese, especial-
mente em relação ao reflexo Babinski, que é mediado pelos processos do
córtex. Essa hipótese pode formar a base geral para uma explicação dua-
lista do comportamento. Segundo essa explicação dualista, muitas formas
inferiores de vida animal e toda vida vegetal não poderia apresentar um
comportamento intencionalista.
O cristianismo, baseado no que se tornou conhecido como a liberda-
de de escolha, não sugere que todo comportamento resulte da escolha. A
aceitação ou a rejeição do presente divino da salvação é a escolha funda-
mental. Essa escolha é a base sobre a qual o indivíduo tomará as decisões
do dia-a-dia de sua experiência. Ao tomar coerentemente tais decisões por
um período de tempo, o indivíduo formará estruturas de hábitos que, assim
que estiverem finalmente desenvolvidos, atuarão de maneira semelhante ao
comportamento reflexivo. Esse desenvolvimento condiz com o ensinamento
bíblico que afirma que o treinamento nos primeiro anos de vida é essencial
para o crescimento espiritual.

Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for


velho, não se desviará dele (Provérbios 22:6).

Além disso, por meio da oração e da súplica, o cristão busca o auxílio


divino para a vida diária, quer seja na área espiritual ou física. Ao agir as-
sim, o cristão aceita que todas as coisas contribuem para o bem do seguidor
fiel de Cristo.

Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que


amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito
(Romanos 8:28).

 Normalmente, quando a sola do pé sofre uma pancada, o dedão inclina-se para baixo.
Quando certas áreas do córtex cerebral são prejudicadas, como numa pancada, a reação do
dedão numa situação semelhante é inclinar-se para cima. Essa reação é conhecida como o
reflexo positivo de Babinski.

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228 A Solução de Deus...
A partir do momento que o indivíduo decide servir a Deus, e enquanto
continuar a fazê-lo, os agentes divinos estarão presentes em sua vida para dirigi-
lo e atendê-lo. Portanto, a consagração a Deus e a escolha de seguir o estilo de
vida cristão significam uma atenção divina especial às suas necessidades, o que
exclui uma explicação puramente intencionalista do comportamento por parte
do cristão que submete a cada dia a sua vida à vontade de Deus. Mas esta é uma
escolha diária, sendo o cristão livre para reverter a qualquer momento a decisão
por Cristo.

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Apêndice D
As Teorias da Personalidade e
as Diferenças Individuais
J
á houve muitas tentativas de classificar as personalidades. Os gregos
antigos identificaram quatro tipos de personalidade que, segundo
eles, cada uma se relacionava a um fluido diferente do corpo. Afir-
mavam que a personalidade sanguínea era o resultado do fluxo intenso de
sangue, permitindo que o indivíduo fosse feliz, extrovertido e otimista. A
personalidade colérica era produzida pelo excesso de bile amarela e, assim,
tornava o indivíduo mau humorado e um tanto agressivo. A personalidade
melancólica, por outro lado, dava-se pelo excesso de bile negra que gerava
mudanças frequentes de humor, envolvendo muitos períodos de depressão. Já
a personalidade fleumática ocorria pelo excesso de muco que resultava em de-
satenção e mansidão. Obviamente, tais descrições de personalidade são muito
simplistas e, certamente, há muitas razões para tais conceitos infundados
terem sido rejeitados pela psicologia moderna.
Entretanto, houve muitas tentativas recentes para definir a personalida-
de. Freud, por meio da teoria psicanalítica, tentou defini-la em termos de
domínio psicosexual. Outros tentaram traçar algumas descrições de persona-
lidades. Carl Jung escolheu tipologias de introversão e extroversão. Definiu
a personalidade do introvertido como tímida e insociável e a do extrovertido
como comunicativa e sociável. Outros ainda enxergaram a introversão e a
extroversão como um continuum que formava uma personalidade mista cha-
mada de ambiversão.
Alguns, na tentativa de definir a personalidade, buscaram tipos fisiológi-
cos que combinassem com as características de personalidade. Por exemplo,
Kretschmer descreveu três tipos de estrutura corporal – 1. Astênica, físico
alto e magro; 2. Pícnico, físico robusto e de formas arredondadas e 3. Atlé-
tica, físico musculoso. Kretschmer relacionou a personalidade introvertida à

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230 A Solução de Deus...
estrutura astênica; a personalidade extrovertida e sociável à estrutura pícnico
e a ambiversão à estrutura atlética. Por outro lado, Sheldon, sob a pretensão
de que a tipologia de Kretschmer era muito rígida, substituiu-a por uma tipo-
logia corporal conhecida como somatotipos. Segundo a teoria de Sheldon, a
pessoa é classifica de acordo com uma escala de sete pontos para cada um dos
três somatotipos básicos – 1. Endomorfo, predominância de tecido adiposo
em relação aos tecidos musculares e ósseos; 2. Mesomorfo, predominância de
tecido muscular em relação ao tecido adiposo e ósseo e 3. Ectomorfo, predo-
minância de tecido ósseo e da derme em relação ao tecido muscular e adiposo.
A partir dessa escala, Sheldon definiu um grande número de somatotipos que
relacionou de forma geral às características de personalidade. O indivíduo
predominantemente endomórfico é tido como extrovertido, sociável, geral-
mente agressivo e convencional. A pessoa predominantemente mesomórfica é
considerada agressiva, apresenta características de liderança e geralmente pos-
sui uma personalidade ambiversa. O indivíduo ectomórfo é avaliado como
alguém introvertido, com interesses voltados a buscas intelectuais, geralmente
tímido, reservado e insociável.
Entretanto, nenhuma dessas teorias explica plenamente a verdadeira
imparidade de cada personalidade e, apesar de as tentativas de classificar as
personalidades terem o seu valor, cada ser humano é único, possui uma here-
ditariedade diferente, vive num meio distinto e mantêm um relacionamento
singular com Deus. Nenhum indivíduo tem ou terá a mesma identidade he-
reditária, viverá no mesmo meio e apresentará a mesma inteligência, o mesmo
interesse, as mesmas aptidões, as mesmas características físicas, as mesmas
crenças, as mesmas tendências e as mesmas atitudes de outra pessoa.

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Ìndice Escriturístico 231
Gênesis Josué Salmos
1:27-28 171n 1:8 94 19:14 107, 115
2:2-3 145 4:5-8 101n 29: 11 48, 88
2:7-8, 15 126 24: 15 98, 219 34:14 115
2:15 142 Juízes 37:3 116
2:16-17 215 13:4,7 133 37:27 116
2:21-24 197 13:14 I49n 40:4 78, 146
3:1-19 120n 16:20 100 51:5 31, 210, 216
3:9-10 56 16:28 100 51:10 107
3:15 23 1 Samuel 71:5 166
4:3-8 55n 1:11 166 87:6 28
4:17 127 3:10 96 103:3 139
12:1-4 61n, 100n 4:11-18 158 103:12 45n
16:1-4 57n 8:7 94 103:14 28
19:26 101n 18:6-11 55n 118:8 78, 146
Êxodo 2 Samuel 119:11 105
3:10-17 99n 13:10-15 174 119:37 121
14:10 62n 24:12 64n 119:165 48
16:23 145 1 Reis 141:4 113
20:7 45 8:56 102 Provérbios
20:12 155 14:24 182n 4:19 113
20:14 197 15:12 182n 4:23 115
22:16 181 18:21 98, 219 6:6 144
32:19 54 18:39 98 12:5 107
Levítico 19:1-4 95n 13:15 97
6:4 45 22:46 182n 13:24 154
18:6-19 181n 2 Reis 15:1 55
18:20 175 6:5 142 15:26 106
18:22 176 23:7 182n 16:25 171
18:22 183 1 Crônicas 16:32 72
18:23 178 22:10 101 20:1 133
20:13 183 Jó 22:6 114, 162,227
Números 13:15 18, 95 23:7 104, 115
6:26 88 23:21 127
22, 23 61n 23:29-32 134
Deuteronômio 29:15 154
4:4-9 117 31 :4-5 133
4:10 112 Eclesiastes
6:7 162, 203 3:8 53
14:23 112n 5:12 144
21:20 127 12:1 166
22:18-19 181 Cantares de Salomão
23:17 182n 2:15 112
24:1-4 198
30: 15 49. 85
31:12 112n

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Ìndice Escriturístico 232
Isaías Mateus João
1:17 115 5:8 108 3 211n
6:8 96 5:22 55 3:1-21 80n
14:12-14 211, 215 5:23-24 49 3:3-6 21, 105n
26:3 48, 108 5:28 108, 198 3:3 111
26:9 116 5:31-32 198 3:21 169
28:7 134 5:44 54 8:11 42, 179
32:17 88 7:12 24 10:10 206
53:7 56 7:22-23 211 13:34 24
58:6-8 138 10:22 99 14: 21 65n
59:2 50 11:28-29 56 14:15 38
64:6 47 11:28 18, 144 14:27 48
Jeremias 12:34 115 15:5 47
1:5 180 14:26-31 93n 16:33 88
6:16 190 15:7-8 108 18:29- 30 21n
12:16 116 15:19 106 21:15-17 169
13:23 116 16:24 35 Atos
17:5 78 19:3-9 199 8:3 27
17:9 106 19:16-22 61n, 80n 9: 27 27
24:7 107 19:21 169 9:1-2 27
31:33 108 21:12-13 53 9:1-6 110
38:2 64n 22:37-40 39 9:6 24, 96, 169
Ezequiel 22:39 32 9:20 169
13:22 187 23:23 40, 213 16:23-25 57n
33:7-1 1 85, 184 24:37 172 18:1-3 143
36:26 24, 107 25:14-30 28n, 98n, 167 20:35 34
Daniel 25:21 28 24:16 22
4:30 93 26:39 24 Romanos
Oseias 26:42 62 1:17 18, 66n
4:11 134 Marcos 1:26-27 176
Joel 1:17 169 3:10 47
2:12 107 2:27 145 3:23 47
Amós 4:37-41 56n 5:20 39
2:12 133 6:3 143 7: 15 184n
Jonas 6:31 144 7:14-24 88n
4:1-3 95n 8:34 186 7:24 106
Miqueias 9:24 56 7:25 106
7:19 45n 9:42 154 8:1 46
Habacuque 15:23 132 8:4 181
2:4 66n 16:15 82 8:5-6 119
Zacarias Lucas 8:6-14 113n
3:1-4 50 1:15 133 8:7-8 106
Malaquias 2:27-32 I51n 8:7 114, 211
4:2 12 6:35-38 117 8:8-10 184n
19:1-10 110 8:11 106
21:1-4 103n 8:16-17 35
22:3-4 55 8:28 57, 93, 227
23:39-43 110

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Ìndice Escriturístico 233
Romanos (Continuação) Filipenses 1 Pedro
8:35 99 2:3-4 35 1:2 155
8:37-39 100 2:5 20, 79, 107 10 112
10:17 84 3:14 101 2:11 125
12:1 139 4:7 12 3:11 54, 115
12:2 21, 98 4:8 120 4:1-2 185
13:9 32 Colossenses 4:10 29
14:23 40, 56 1:27 94 5:7 67
1 Coríntios 2:10 18 2 Pedro
2:14 123 1 Timóteo 2:10-15 113
2:16 16 1:5 22,42, 108 3:18 112n
6:9 176, 183 1:9 183 1 João
6:15 176 1:10 183 1:9 45
6:19 174 3:4 154 3:1 36
7:12-16 201 3:9 22 3:4 40
8:7 22 4:2 22 3:9 184n
10:13 16, 64, 186 6:20 12 3:14 43
10:31 125 2 Timóteo 3:15 108
12:7-12 30 1:7 39, 46, 87 3:15 55
12:31 52 1:12 18 4:10 36
13:1-3 30 2:15 96 4:16 199
13:8 93 2:22 166 4:16 65
13:13 24 4:7 99 4:18 39
15:31 34 4:10 97 4:21 42
2 Coríntios Tito 5:4 67
3:6 38 1:7 133 5:18 184n
3:18 120 Hebreus Judas
5:17 105, 111 7:25 48, 213 7 172
6:14 193 10:25 73 24 64
9:7 103 10:38 66n Apocalipse
10:5 107, 155 11:8-9 57n 7:14 172
Gálatas 11:8-10 100n 12:17 173
2:20 94 11:24-26 97 13:10 67
3:11 66n 11:24-27 61n 14:12 67, 173
5:6 35 11:29 66 22:14 172
5:14 32 11:32-33 67
5:22-23 30 13:4 181
6:7-9 111 Tiago
Efésios 1:5-6 78
4:11-13 29 1:6 67
4:12-13 30 1:12 183
4:13-14 101 2:8 32
4:15 112n 2:10 45
4:26 53 4:4 53
6:4 114, 154 4:7 115

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Ìndice Geral 234
aborto, 179, 190, 192 evolução, 225
aconselhamento pastoral, 49 exercício físico, 142-143
água, 137, 139-140 existencialismo, 65
álcool, 131-135 férias, 144-145
alimentação, cap. 18 filhos, 147-167
amor, cap. 5 frustração, cap. 9
ar, 141 grupos de Encontro, cap. 10
autoimagem, 34, 47, 192 hipnose, cap. 11
behaviorismo, 151, 209, 222, 214 individualidade, cap. 4
cafeína, 135-137 intencionalismo, 212, apêndice B
caráter, desenvolvimento do, cap. 3 ira, 53-54
casamento com não cristãos, 193 L.A.W., 9, 89
casamento, cap. 18 legalismo, 211
confiança em Deus, 146 livre arbítrio, 9, 224-225
conflitos, tipos, 60-63 luz solar, 141-143
consciência, 22 métodos cristãos para o tratamento de
conflitos psicológicos, 20-21, 44, 72-73,
culpa, como vencer, 17, cap. 7, 91
87, 210-213
dependência psicológica, 10, 11, 18, 75
namoro, 189-195
depravação sexual, como lidar, 176
nativismo, 208, 210
depressão, 33, 54, 62, 104, 146, 229
nudez, 69, 99
descanso, 139, 144
paranoia, 37
determinismo, 9, 216-225
predestinação, 217-218
dieta alimentar, cap. 18, 148
promiscuidade, 175, 191-192
drogas, 11, 129, 130, 140
reputação, 21
emoção, 54, 58
saúde, leis de, 139
empirismo, 209-210
situacionismo, 63
esportes competitivos, 142-143
talentos, 28-30, 190
esquizofrenia, 37, 122, 156, 160
temperança, 139-140

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