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Deus...
Para a Depressão,
A Culpa e
O Distúrbio Mental
A Culpa e
O Distúrbio Mental
Colin D. Standish
e
Russell R. Standish
Tradução
Karina Carnassale Deana
Seção 2 – Terapia
17 Os Sentidos 119
18 A Dieta Alimentar 125
19 A Saúde Mental e as Drogas Legalizadas 131
20 O Fator Físico na Saúde Mental 138
Conclusão 205
P
arece-nos muito apropriado que nós, autores, ao tratarmos de
um assunto potencialmente controverso, expliquemos detalha-
damente nossa origem, na tentativa de contextualizar o leitor
quanto à base filosófica que possuímos. Nossa intromissão no campo da
saúde mental certamente foi no mínimo ortodoxa. Nunca tivemos interesse
pelo estudo da psicologia. Nossa atenção foi lentamente direcionada para
essa área. Porém, seria justo dizer que isso se deve à nossa própria herança.
Nunca poderíamos adivinhar que escolheríamos essa área de atuação ao
ingressarmos na universidade.
Nascemos na cidade australiana de Newcastle, que na época não possuía
uma universidade. Nossos pais eram cristãos profundamente comprometi-
dos, mas nenhum membro de nossa família, tanto por parte de pai quanto
de mãe, jamais completou o Ensino Médio. Mas foi o profundo comprome-
timento cristão de nossos pais que a princípio chamou a nossa atenção para
o comportamento humano e a sua relação com a conversão e a salvação.
Após completarmos dois anos de curso de treinamento para professores
no Avondale College na Austrália e ministrarmos aulas no Ensino Funda-
mental por três anos, ingressamos na Universidade de Sydney. A essa altura
nosso maior interesse era estudar história. Nosso grande desejo era obter
licenciatura em história com o objetivo de ensiná-la para os alunos de Ensino
Médio. Devido às limitações financeiras, tivemos de optar por estudar à
P
ouquíssimas coisas são mais importantes ou mais valiosas do que
a saúde mental. As implicações da saúde mental sobre a experiên-
cia completa da vida é tamanha que ninguém pode ignorar a sua
relevância para o seu próprio estilo de vida. O ser humano, apesar de ser um
todo indivisível, manifesta-se através do aspecto físico, intelectual e espiritual.
Cronologicamente, na história da vida humana, primeiro nos desenvolvemos
fisicamente, depois intelectualmente e por último espiritualmente. Concei-
tualmente, começamos a nossa peregrinação física capazes de crescer e nos
desenvolver num índice de rapidez altíssimo por meio da multiplicação celu-
lar. Muito antes do nascimento, o homem se torna um ser intelectual – isto
é, capaz de monitorar algumas das influências do meio em que está inserido.
No entanto, o último aspecto desenvolvido, a dimensão espiritual, torna-se
aparente apenas após o nascimento.
É óbvio que sem o aspecto físico não poderia existir o aspecto intelectual,
pois as capacidades mentais e intelectuais do homem dependem do cresci-
mento físico do organismo e especialmente do desenvolvimento do cérebro e
do sistema nervoso. Da mesma forma, o homem não pode ser um ser espiri-
tual até que as capacidades intelectuais tenham se desenvolvido em boa parte.
Esses três aspectos, através da vida, tornam-se fortemente interdependentes.
Não se trata apenas de uma reação unilateral, mas de uma reação multifásica
em que cada um interage com o outro. A menos que haja um desenvolvimen-
to intelectual satisfatório e obtenha-se uma boa saúde mental, é impossível
alcançar o tipo de vida espiritual que Deus proporciona à humanidade, assim
como também é impossível desenvolver completamente as outras capacidades
sem que todos os três aspectos sejam uniformemente desenvolvidos.
Ao aceitar que todo princípio valioso do viver correto encontra-se na Pa-
lavra de Deus, o cristão deve reconhecer que a mente sadia é um dom divino.
Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e
não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrá-
rio, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que
a possais suportar (1 Coríntios 10:13).
INTERDEPENDÊNCIA ENTRE
OS VÁRIOS ASPECTOS NO HOMEM
ESPIRITUAL
INTELECTUAL EMOCIONAL
FÍSICO
N
a ocasião em que o homem foi criado, era perfeito, no entanto,
todas as suas capacidades estavam suscetíveis ao desenvolvimen-
to. O homem foi criado para compartilhar da mente divina e
esse ainda é o desejo de Cristo para o homem.
Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar que Cristo Jesus tinha
(Filipenses 2:5, NTLH).
E
mbora exista uma inter-relação entre a personalidade e o caráter, a
personalidade não é o mesmo que o caráter e vice-versa. Podemos
definir a personalidade como a totalidade dos padrões caracterís-
ticos de comportamento de uma pessoa, incluindo os pensamentos, as emo-
ções, as respostas comportamentais, o temperamento, a aparência e qualquer
outro padrão característico que distingue o indivíduo como um ser único.
Por outro lado, o caráter está relacionado à atitude diante da lei imutável
de Deus, envolvendo os motivos, os pensamentos, as palavras e as ações. É
bem possível para o homem apresentar uma personalidade agradável, mas
possuir um caráter profundamente defeituoso. Por exemplo, muitos farsantes,
por assim dizer, possuem uma personalidade cativante e persuasiva que, no
mínimo, mascaram eficazmente o seu caráter.
Entretanto, não devemos ignorar o fato de que algumas características de
personalidade são mais compatíveis com o desenvolvimento do caráter do que
outras. Por exemplo, o temperamento de uma pessoa tem muito a ver com a
determinação da personalidade e do caráter. Uma pessoa ansiosa e impulsiva
obviamente apresenta defeitos de caráter que precisam ser transformados pela
graça de Deus. A atitude diante dos talentos e dos dons que cada ser humano
possui, apesar de também determinar parcialmente a personalidade, afeta
profundamente o desenvolvimento do caráter.
Vale dizer que há uma enorme variedade de personalidades entre os cris-
tãos completamente submetidos. Os doze discípulos de Cristo, por exemplo,
possuíam personalidades totalmente diferentes. João, o discípulo amado, era
um homem muito amoroso e compassivo, desenvolveu especialmente a afe-
tuosidade, apesar de em algumas ocasiões ter demonstrado hostilidade. Por
Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como
bons despenseiros da multiforme graça de Deus (1 Pedro 4:10).
E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, ou-
tros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao
aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a
edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da
fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade,
à medida da estatura da plenitude de Cristo. (Efésios 4:11-13).
Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor,
serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que
eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a
ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar mon-
tes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os
meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo
para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará (1
Coríntios 13:1-3).
Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos
chamados filhos de Deus (1 João 3:1).
Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas
em que Ele nos amou e enviou o Seu Filho como propiciação pelos
nossos pecados (1 João 4:10).
Jesus veio para estabelecer de uma vez por todas a veracidade do amor
infinito de Deus e provar, além de qualquer dúvida, a falsidade da acusação
feita por Satanás de que Deus é egoísta. Ao fazer isso, Jesus nos proporcionou
um verdadeiro exemplo de amor abnegado pelo próximo.
Esquizofrenia
Paranoia
Megalomania
Egocentrismo Masoquismo
Hipocondria
Depressão
Suicídio
CAUSA REFLEXOS
Contentamento
Amor
Abnegação Segurança
através de Valor próprio
Cristo Felicidade
Serviço
Amizade
N
os caminhos de Deus, a lei e o amor são gêmeos siameses insepa-
ráveis. Se um for separado do outro, ambos serão destruídos. Os
legalistas tentaram separá-los, mas ao fazerem isso destruíram
a essência da lei, que é o amor. Os antinomianos tentaram separá-los, mas o
amor fora do contexto da lei é insignificante. O amor sem a lei é como um
navio sem leme, assim como a lei sem o amor é como um leme sem navio.
Não há como amar os nossos pais e desobedecer-lhes persistentemente, da
mesma forma como não podemos amar o nosso país sem obedecer às suas leis.
Tão pouco podemos amar a Deus sem guardar os Seus mandamentos.
M
uitos problemas mentais resultam da relutância em aceitar a
imutabilidade dos mandamentos de Deus. A relação íntima
sugerida por Menninger entre os valores espirituais e morais
e os valores mentais e emocionais representa o grande desafio da comuni-
dade cristã. Numa época em que tantos pastores passaram a achar que de-
vem desempenhar o papel de conselheiro e cuidar das necessidades sociais
da comunidade, um clamor como o de Menninger talvez seja necessário a
fim de reorientar o ministério cristão para desempenhar o seu papel mais
importante: o de cuidar das necessidades espirituais do rebanho de maneira
que, em troca, resulte em implicações vitais na saúde mental e emocional da
comunidade.
Uma das áreas mais importantes analisada atualmente pelos psicólogos é
a área da culpa. Por muitos anos os psicólogos rejeitaram a visão cristã clássica
de que a culpa é o resultado do pecado e da transgressão da lei moral de
Deus que, consequentemente, interrompe a comunhão com o Senhor. Houve
muitas tentativas de ignorar a culpa e de racionalizá-la com o objetivo de
incentivar a repetição do comportamento gerador de culpa, mas reduzindo,
para não dizer eliminando, a culpa. Mas o fato é que se o homem não pecou,
não deveria, então, sentir culpa e o medo gerado por ela.
Sigmund Freud foi uma das pessoas que mais se empenhou para desenvol-
ver uma noção de culpa diferente da visão bíblica tradicional. Ele afirmou: “O
sentimento de culpa é, na verdade, nada mais do que uma variedade topográ-
fica de ansiedade, em suas últimas fases coincide completamente com o medo
do superego” (Freud, Sigmund, Complete Works, ed. Strachey, v. 21, p. 135).
Será, pois, que, tendo pecado e ficado culpada, restituirá aquilo que
roubou, ou que extorquiu, ou o depósito que lhe foi dado, ou o perdi-
do que achou (Levítico 6:4).
Grande paz têm os que amam a Tua lei; para eles não há tropeço
(Salmo 119:165).
Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu
irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta,
Somente um Deus fiel, por meio das provisões do sacrifício de Seu filho,
pode reintegrar o pecador ao convívio de Sua família através do perdão e do
poder para vencer.
A
s emoções e os sentimentos, as dimensões afetivas do homem, de-
sempenham um papel central na vida humana, revelando e, muitas
vezes, dominando as forças intelectuais e cognitivas. Embora não
seja bom que as emoções superem a razão no momento de tomar decisões,
também não é bom que as decisões sejam feitas com base no intelectualis-
mo frio e calculado. As emoções oferecem uma resposta fundamentalmente
única aos estímulos do meio, apesar de também resultarem em grande parte
de influências do meio em que se esteve inserido no passado. A razão deve,
portanto, estar ciente das reações emocionais e estar pronta para respondê-las,
mas nunca permitir ser dominada por elas.
As emoções são educáveis. Podem ser disciplinadas para promover uma
satisfação crescente pela vida ou lançar sombras escuras de reações negativas
sobre ela. As emoções em si não são nem boas e nem más. Até mesmo as emo-
ções positivas, como a alegria, podem gerar consequências negativas, como
também, algumas emoções negativas, como a tristeza, podem causar efeitos
positivos. Não é fisicamente vantajoso encontrar-se num estado emocional
intenso por longos períodos de tempo, pois tanto as emoções positivas quanto
as negativas esgotam os recursos do corpo humano. Por outro lado, a tristeza
e a dor, especialmente quando resultam da ação errada ou de relações pessoais
abusivas, desempenham um papel muito importante na busca do arrependi-
mento e da restauração.
Geralmente, o estado de contentamento e serenidade não exibe fortes
reações emotivas. A pessoa equilibrada não passa por estados frequentes ou
prolongados de excitação emocional, seja negativa ou positiva. O tumulto
emocional constante gera grandes prejuízos que afetam tanto a dimensão
física quanto a dimensão espiritual do ser humano. A relação entre a emo-
tividade intensa e a doença cardiovascular é bem conhecida. Muitos estados
Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos
perseguem (Mateus 5:44).
Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo
assassino não tem a vida eterna permanente em si (1 João 3:15).
Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra
seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a
seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar:
tolo, estará sujeito ao inferno de fogo. (Mateus 5:22).
Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro
foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os Seus tos-
quiadores, Ele não abriu a boca (Isaías 53:7).
Não nos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e
não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrá-
rio, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que
a possais suportar (1 Coríntios 10:13).
Pela fé, atravessaram o mar Vermelho como por terra seca; tentando-o
os egípcios, foram tragados de todo (Hebreus 11:29).
Situações de Conflito
+ • +
Conflito Aproximação-Aproximação
+ •
Conflito Aproximação-Evitamentor
- • -
Conflito Evitamento-Evitamento
N
uma sala destituída de qualquer outra mobília a não ser um
tapete e algumas almofadas, um grupo de doze pessoas está
envolvido na terapia de Encontro. A terapia estende-se por al-
guns dias, com sessões diárias de duas horas. A idade dos participantes varia
desde a adolescência até a terceira idade. Devido à duração da sessão, todos
os participantes residem na mesma região. O programa não é estruturado.
O grupo concentra as atividades na descoberta e na expressão destemida de
seus sentimentos, emoções e atitudes. A franqueza do grupo aumenta a cada
sessão e, muitas vezes, a expressão emocional se intensifica. A força emocio-
nal de alguns é elevada a ponto de ruptura. Há poucas restrições evidentes
quanto ao que o grupo pode fazer ou dizer. Talvez a maior restrição seja a
proibição de atos que envolvam a violência física. Há uma ênfase crescente
em formas de expressão desinibidas e, não raramente, em algumas das sessões
mais extremas da terapia de Encontro e Sensibilidade, o grupo é encorajado a
interagir em estado de nudez completa. Isso começa quando o líder do grupo
indica que se sente “muito mais confortável sem a inibição da roupa”.
Os proponentes do grupo de Encontro afirmam com toda certeza que o
ambiente livre e desinibido das sessões, psicologicamente, promove grande
vantagem terapêutica. Entretanto, cada vez mais são levantadas sérias dúvi-
das a respeito dos resultados produtivos dos grupos de Encontro. Uma das
pesquisas que levantou mais dúvidas a respeito da efetividade do grupo de
Encontro e Sensibilidade foi a pesquisa realizada por Diana Hartley, Howard
Roback e Steven I. Abramowitz da Vanderbilt University. Os pesquisadores
apresentaram evidências impressionantes que questionam seriamente o valor
terapêutico dos grupos de Encontro e apontam muitos equívocos do pro-
Diana Hartley, H. B. Roback, S. I. Abramowitz, “Deteriorative Effects in Encounter
Groups”, American Psychology, v. 31, março de 1976, pp. 247-255.
A
o longo das últimas décadas, o campo do aconselhamento cresceu
assustadoramente, tornando-se uma indústria multimilionária
com um número crescente de novos conselheiros para atender a
multidão incontável de homens, mulheres, jovens e crianças que sofrem das
mais variadas formas de problemas emocionais.
A igreja cristã rapidamente assumiu esse papel, especialmente ao notar
que mais e mais pessoas buscam o conselho de psicólogos e psiquiatras e
deixam de lado o auxílio pastoral que tradicionalmente desempenhava essa
função. Essa tendência tem levado muitos pastores a buscarem treinamentos
mais profundos nessa área e a desenvolverem técnicas de aconselhamento em
seu ministério pastoral.
O aconselhamento não é uma inovação, pois há muitos exemplos de con-
selhos dados no Antigo e no Novo Testamento. No ministério de Cristo, por
exemplo, homens como Nicodemos e o jovem rico foram ao encontro de
Jesus em busca de um conselho direto para orientá-los em sua vida pessoal.
Sem dúvida, é importante que homens e mulheres aconselhem-se a fim de
se animarem mutuamente e de orientarem os passos no caminho da justiça.
Porém, há sérios perigos no aconselhamento, especialmente numa época em
que muitos pastores tendem a concentrar a ênfase de suas atividades nessa
área de atuação. Precisamos estar cientes de alguns dos perigos relacionados a
esse trabalho, tanto para o conselheiro quanto para a pessoa aconselhada.
O papel principal e essencial de cada cristão é aprender a depender com-
pletamente de Cristo e não do próprio homem. Deus é quem deve ser con-
sultado a fim de nos ajudar a compreender um dever individual. É verdade
Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e
de equilíbrio (2 Timóteo 1:7, NVI).
Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em Mim. No mun-
do, passais por aflições; mas tende bom ânimo; Eu venci o mundo
(João 16:33).
E
normes pressões sociais para alcançar o sucesso e evitar o fracasso
recaem sobre a maioria dos seres humanos desde a infância. Pensa-
se em geral que o sucesso pode ser alcançado somente através da
luta pela vitória, notoriedade, fama e aceitação. O fracasso ocorre quando
somos derrotados, quando falhamos em atingir arbitrariamente as metas
estabelecidas, quando somos rejeitados ou permanecemos no anonimato. A
sociedade altamente competitiva é o cenário que abriga a poderosa síndrome
do fracasso social.
A grande maioria dos conceitos sobre o sucesso envolve ideias de poder,
orgulho, exaltação, popularidade, prestígio e bens materiais. Repetidamente,
os pais, intencionalmente ou não, bombardeiam os filhos com ambições não
santificadas que estimulam e reforçam motivos egocêntricos e minimizam
as metas que permitem que a criança enxergue com mais eficiência o sucesso
à luz da abnegação. Pensa-se, portanto, que o fracasso ocorre quando não
atingimos as metas estabelecidas por nós mesmos ou por outras pessoas,
gerando, assim, a frustração, os sentimentos de desvalorização, a culpa e até
mesmo a agressividade.
Com muita frequência, a avaliação do sucesso-fracasso é determinada
através de resultados imediatos. Contudo, a avaliação tardia é geralmente
muito mais sábia. Assemelha-se à história do mineiro que escavou várias
semanas a procura de ouro sem obter sucesso algum, mas ao perseverar
encontrou o veio dourado. Será que o mineiro fracassou nas primeiras se-
manas de trabalho? Ou será que o empenho e a perseverança que demons-
trou foram importantes para atingir a meta final? A crucifixão de Cristo foi
aparentemente o maior fracasso da história da Terra, mas em contrapartida
foi essencial para o maior sucesso da história humana. Durante o Seu jul-
Pela fé, Moisés, quando já homem feito, recusou ser chamado filho da
filha de Faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus
a usufruir prazeres transitórios do pecado; porquanto considerou o
opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito,
porque contemplava o galardão (Hebreus 11:24-26).
Este edificará casa ao Meu nome; Ele me será por filho, e Eu lhe
serei por Pai; estabelecerei para sempre o trono do seu reino sobre
Israel (1 Crônicas 22:10).
Bendito seja o Senhor, que deu repouso ao Seu povo de Israel, se-
gundo tudo o que prometera; nem uma só palavra falhou de todas
as Suas boas promessas, feitas por intermédio de Moisés, Seu servo
(1 Reis 8:56).
D
efende-se, em geral, que, sem motivação, nenhum comporta-
mento é colocado em prática, pois são os motivos que incitam a
ação. A motivação pode ser largamente equiparada aos impulsos,
aos incentivos, aos apetites, às aversões e às necessidades. É a motivação que
determina a real natureza das ações humanas. Cristo ressaltou essa verdade
ao comentar a atitude da viúva que ofertou no Templo tudo o que possuía
– duas moedas de pouco valor. Aquelas moedas, na verdade, valeram muito
mais do que a grande quantidade de dinheiro ofertada pelos ricos, cujos co-
fres transbordavam de riquezas. Deus estima em alto valor cada ato movido
pela preocupação abnegada com o próximo. As ofertas generosas oriundas de
motivos egoístas são inaceitáveis a Deus e incapazes de abençoar o doador.
Assim, o ato de doar deve ser colocado em prática pela motivação altruísta.
O leitor não deve confundir a tentação com o pecado. Satanás colocará tentações em
nossa mente, assim como fez com Cristo. As tentações apenas tornam-se pecado quando a
acariciamos. Grandes bênçãos são prometidas àqueles que não se rendem à tentação.
O
s cristãos rejeitam a posição comportamentalista de que o homem
é a soma total de todas as influências do ambiente em que está
inserido. Entretanto, é evidente que o comportamento presente,
como também as atitudes e as crenças se desenvolvem e se fortalecem através
do processo de habituação. A habituação, na concepção cristã, depende da
escolha e da decisão. A formação de hábitos e de maneiras características
de comportamento está sujeita à influência modificadora e controladora de
processos cerebrais elevados que, se bem desenvolvidos e corretamente empre-
gados, serão cada vez mais refletidos em pensamentos, palavras e ações.
Durante o desenvolvimento pré-natal e os primeiros anos da infância, as
formações de hábitos são estabelecidas, inicialmente de acordo com a influên-
cia hereditária, os padrões de amadurecimento e a influência direta dos pais. A
interação desses fatores forma uma fundação sólida em que serão instituídos os
hábitos futuros e o comportamento. À medida que a criança atinge os anos de
independência, a sua capacidade de se comportar de acordo com os princípios
e propósitos estabelecidos pelos poderes elevados da razão dependerá muito
dos recursos dos anos anteriores. A experiência dos primeiros anos de vida afeta
profundamente as escolhas futuras. Porém, não podemos aceitar que esse fator
seja a única base do comportamento. Sabe-se que a repetição de ações fortalece
os hábitos comportamentais, mas o ser humano tem o poder de modificar,
substituir ou apagar até mesmo os hábitos há muito tempo estabelecidos. A
conversão de qualquer ser humano a Cristo implica não apenas na escolha de
quem controlará a vida, mas também numa mudança de estilo de vida que em
muitos casos é radical. Se o homem não tivesse o poder da escolha, ser-lhe-ia
impossível aceitar o poder de Cristo em sua vida. Não haveria esperança de
que os traços de caráter que definem a vida não convertida pudessem ser subs-
Ver Apêndice A intitulado “A Natureza do Homem”.
Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem
semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria
carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito
do Espírito colherá vida eterna. E não nos cansemos de fazer o bem,
porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos (Gálatas 6:7-9).
Davi orou para que o Senhor guardasse o seu coração de cometer qual-
quer ato de maldade: “Não permitas que meu coração se incline para o mal,
para a prática da perversidade na companhia de homens que são malfeitores;
e não coma eu das suas iguarias” (Salmo 141:4).
Todo incentivo por parte de amigos cristãos e de familiares para reverter
ou evitar hábitos pecaminosos serão inúteis a menos que a mente carnal seja
submetida e o indivíduo permita que o Espírito Santo controle a mente.
Esse é o segredo para a erradicação de hábitos errados e do estabelecimento
Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está
sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar (Romanos 8:7).
E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na discipli-
na e na admoestação do Senhor (Efésios 6:4).
Embora a busca por recompensas nunca deva ser o motivo para a práti-
ca do bem, há inevitavelmente uma grande recompensa refletida na cura e
no fortalecimento físico, emocional e espiritual daqueles que obedecem ao
mandamento divino. O Espírito de Deus educa a mente a buscar valores
espirituais e motiva as ações de pureza e de santidade.
Os hábitos formam a base do caráter. Até mesmo um ato minúsculo
compõe o caráter. Portanto, a prática persistente e constante do bem é o fun-
damento para o aperfeiçoamento do caráter cristão. Deve também haver a
lembrança contínua da vontade de Deus e do Seu caminho para que seja de-
senvolvido um alicerce firme e confiável para a prática do bem. Por exemplo,
Deus instruiu o povo de Israel a ensinar a Sua lei constantemente aos seus
filhos e implantar no coração os Seus preceitos.10 Cada teste, provação e ten-
tação devem ser superados um a um. Há pessoas que foram enganadas pelo
pecado durante muitos anos. O cristão tem a responsabilidade de mostrar a
essas pessoas que Deus lhes oferece um meio de vida completamente superior
e concede o poder para viver de acordo com ela.
Mas as leis de habituação são tais que mesmo diante do perdão e da res-
tauração de Cristo a vida fica proporcionalmente marcada pelos pecados aos
quais o indivíduo se sujeitou. Além disso, os talentos concedidos por Deus são
limitados na mesma proporção. Permanecer no pecado depois de conhecer a
O
homem monitora o ambiente externo através de doze a quinze
modalidades de sentido. Por intermédio dessas modalidades,
o cérebro e o sistema nervoso central recebem informações. As
informações transmitidas pelos sentidos controlam em grande parte a pro-
dução de informação dentro da mente. O mal do ambiente desperta o mal
dentro da mente.
A saúde mental e a saúde emocional estão totalmente relacionadas às
informações que recebemos através dos sentidos, como também às respos-
tas individualizadas diante dessas informações. Por sua vez, essas respostas
estão intimamente ligadas à nossa saúde espiritual. Claro que não podemos
controlar totalmente os estímulos monitorados pelos órgãos do sentido, mas
podemos, sim, ter um controle considerável sobre eles. Se as informações que
recebemos são em sua maioria de natureza negativa, não poderemos atingir o
potencial dinâmico que Deus deseja para os Seus filhos. A Bíblia diz: “Porque
os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se
inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito. Porque o pendor da carne dá
para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz” (Romanos 8:5-6).
A vida espiritual construída sobre a justiça imputada e concedida por Jesus
Cristo, além de ser uma preparação para a vida eterna, também nos garante a
paz. Uma pessoa emocionalmente perturbada carece de paz interna, mas o cris-
tão possui a fórmula da verdadeira paz. Tudo isso depende muito daquilo que
as modalidades sensoriais transmitem ao cérebro. Paulo enfatizou a necessidade
de tomarmos cuidado redobrado com o que deixamos entrar em nossa mente.
Entre elas estão o frio, o calor, a audição, a sinestesia (sentido que percebe os movimen-
tos musculares), a dor, a luz, a pressão, a pressão profunda, o olfato, a esterognose (sentido
que percebe as formas), o paladar, o toque, a vibração, a visão e a distinção entre dois
pontos.
Para os seres humanos é impossível pensar em coisas que não têm a me-
nor relevância para a sua experiência. Seria impossível para um bebê recém-
nascido pensar sobre a física nuclear, por exemplo. Esse assunto está com-
pletamente fora de seu campo de conhecimento. Está fora até mesmo para
muitos adultos. Pensamos e refletimos sobre coisas que entram no campo
de ação de nossa experiência perceptiva. Toda modalidade de sentido recebe
constantemente informações acerca do ambiente externo. Essa recepção de
informações começa muito antes de nascermos, durante o estado pré-natal, e
é largamente ampliada logo após o nascimento. No mundo variado em que
vivemos, as possibilidades perceptivas são praticamente ilimitadas. Todos os
tipos de estímulos lutam pela nossa atenção.
A humanidade tem se tornado cada vez mais consciente dos vários as-
pectos da atenção humana. Podemos ver isso pelo tremendo empenho dos
anunciantes, da pessoa que quer vender uma ideia através dos meios de comu-
nicação em massa e dos comerciantes interessados em vender seus produtos.
Aqueles que desejam chamar a nossa atenção concentram seus esforços para
atingir o maior número de pessoas possível. Alguns têm boas intenções, ou-
tros visam apenas ao lucro, mas a grande maioria está interessada na destrui-
ção de almas. Não é sábio desejar vivenciar todas as experiências disponíveis.
Somos grandemente beneficiados ao evitar experiências que provavelmente
prejudicariam a saúde mental e o crescimento espiritual.
Nem todo conhecimento é sinônimo de poder. Adão e Eva aprenderam
arduamente essa lição no Jardim do Éden. O orgulho, o egoísmo e as emo-
ções negativas anuviam a percepção humana. O pecado persistente reduz a
capacidade de percepção. Pela contemplação o homem pode mudar tanto para
o bem quanto para o mal. Paulo afirmou que pela contemplação da glória do
Senhor “somos transformados, de glória em glória, na Sua própria imagem,
como pelo Senhor, o Espírito” (2 Coríntios 3:18). Hoje em dia, os jovens veem
por toda parte um misticismo provocante que destoa completamente do estilo
de vida em que foram criados. Os jovens de origem cristã devem reconhecer
Gênesis 3:1-19.
N
o capítulo anterior, exploramos a influência do processo percep-
tivo das modalidades de sentido sobre a saúde mental. Há, no
entanto, outras maneiras de influenciar o funcionamento cere-
bral. O cérebro é uma estrutura anatômica que faz a mediação dos processos
mentais e serve de base para os processos neurológicos que estimulam os
mecanismos do pensamento de todos os seres humanos.
Apesar das modalidades de sentido e do sistema nervoso periférico de-
sempenharem um papel fundamental no funcionamento cerebral através
das informações que levam até esse órgão, não podemos deixar de men-
cionar que o funcionamento cerebral também é grandemente afetado pelo
sistema circulatório. Portanto, não é de admirar que a saúde mental esteja
relacionada com os hábitos alimentares. A dieta alimentar afeta profunda-
mente a qualidade dos nutrientes sanguíneos.
Paulo certamente enxergou a relação evidente entre a dieta alimentar e
a vida espiritual ao dizer: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais ou-
tra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Coríntios 10:31). O
apóstolo Pedro, referindo-se não apenas à dieta, mas também à relação entre
a dieta e a vida espiritual, afirmou: “Amados, exorto-vos, como peregrinos
e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra
contra a alma” (1 Pedro 2:11). Não há dúvidas de que Satanás obtém sucesso
em controlar a vida do ser humano através do apetite.
Com o ambiente sofisticado da era em que vivemos, a alimentação hu-
mana sofreu uma revolução. A maior parte de nossa dieta alimentar baseia-se
em alimentos refinados e os líquidos ingeridos tendem a substituir a água
pura proporcionada por Deus no princípio para saciar a sede do homem.
Ver capítulo 17 intitulado “Os Sentidos”.
Não é próprio dos reis, ó Lemuel, não é próprio dos reis beber vinho,
nem dos príncipes desejar bebida forte. Para que não bebam, e se esque-
çam da lei, e pervertam o direito de todos os aflitos (Provérbios 31:4-5).
Agora, pois, guarda-te, não bebas vinho ou bebida forte, nem comas
coisa imunda... Porém me disse: Eis que tu conceberás e darás à luz
um filho; agora, pois, não bebas vinho, nem bebida forte, nem comas
coisa imunda; porque o menino será nazireu consagrado a Deus, des-
de o ventre materno até ao dia de sua morte (Juízes 13:4, 7).
Pois ele será grande diante do Senhor, não beberá vinho nem bebida
forte e será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno (Lucas 1:15).
Mas vós aos nazireus destes a beber vinho e aos profetas ordenastes,
dizendo: Não profetizeis (Amós 2:12).
Para quem são os ais? Para quem, os pesares? Para quem, as rixas? Para
quem, as queixas? Para quem, as feridas sem causa? E para quem, os
olhos vermelhos? Para os que se demoram em beber vinho, para os que
andam buscando bebida misturada. Não olhes para o vinho, quando
se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suave-
mente. Pois ao cabo morderá como a cobra e picará como o basilisco
(Provérbios 23:29-32).
Mas também estes cambaleiam por causa do vinho e não podem ter-se
em pé por causa da bebida forte; o sacerdote e o profeta cambaleiam
por causa da bebida forte, são vencidos pelo vinho, não podem ter-se
em pé por causa da bebida forte; erram na visão, tropeçam no juízo
(Isaías 28:7).
Ele é o que perdoa todas as tuas iniquidades, que sara todas as tuas
enfermidades (Salmo 103:3).
O fato de que a maioria dos cristãos não guarde o santo dia de descanso
de Deus e prossiga, quer completa ou parcialmente, com a rotina diária, con-
tribui para a ocorrência de muitas doenças na sociedade. Esse é um aspecto
que nenhum cristão pode ignorar. O próprio Jesus disse que o sábado foi
criado em benefício do homem: “E disse-lhes: O sábado foi feito por causa do
homem, e não o homem por causa do sábado” (Marcos 2:27).
O descanso e o rejuvenescimento alcançados nas férias anuais são muito
importantes. Atividades diferentes das ocupações regulares são muito apro-
priadas para que as férias sejam aproveitadas ao máximo. Passar as férias
envolvido no trabalho doméstico não é tão recompensador quanto passar
esse período num lugar diferente. Porém, se o indivíduo for um trabalhador
sedentário, a ideia de passar as férias realizando atividades físicas no lar tem o
seu valor. Se houver crianças na família, as férias deverão ser levadas em gran-
de consideração. Se bem planejadas, as férias em meio à linda natureza podem
ter custos mínimos. Geralmente, períodos extensos de férias apresentam mais
benefícios. Dias aleatórios de férias raramente produzem os efeitos rejuvenes-
cedores oferecidos por férias de, no mínimo, duas semanas de duração. O
propósito do descanso é adequar-nos melhor para as atividades rotineiras da
vida. O descanso elimina o cansaço e restaura os nervos esgotados para que as
atividades do dia a dia possam ser realizadas com mais ânimo e prazer.
A
força de vontade é o aspecto mais importante para o progresso da
saúde mental. Assim, torna-se imprescindível desenvolver a força
de vontade e o processo de tomada de decisão da criança o mais
rápido possível. Nas primeiras fases da vida, os pais são a mente dos filhos.
Essa relação supre as necessidades biológicas, como também a necessidade de
proteção contra o perigo. Porém, passo a passo, começando pela questão da
proteção, a criança deve entender a relação causa e efeito das situações da vida.
Por exemplo, a criança precisa saber que as avenidas movimentadas, o fogo e
a água são perigosos. Inicialmente, os pais terão que pensar pelo filho, mas
assim que possível é importante mostrar à criança que há uma razão por trás
de cada decisão. Dessa maneira, a resposta paterna ao pedido do filho será re-
lacionada à razão. Por exemplo, João pergunta: “Posso brincar com o Pedro?”.
Talvez brincar com Pedro não seja uma boa ideia, mas uma simples resposta
como: “Não, porque está na hora do jantar” indica que a mãe tem uma razão
para responder “não”. Responder apenas “não” incitará inevitavelmente a per-
gunta “Por quê?”. A resposta “Porque eu disse” não contribui em nada para
aprofundar a compreensão da criança sobre o comportamento equilibrado e,
geralmente, estimula reações negativas entre os pais e os filhos.
Mais tarde, os pais poderão ajudar, orientar e encorajar a criança a to-
mar decisões próprias. Deverão, porém, considerar atentamente os possí-
veis resultados. Os pais poderão, por exemplo, ajudar a criança a decidir a
compra de uma peça de vestuário até que chegue o momento em que ela
Na ocasião em que James, o filho caçula de um dos autores, estava com oito meses
de idade, encontrou o portão da casa aberto e engatinhou para fora. O motorista de uma
carreta freou a meio metro de distância do bebê que tentava cruzar a avenida movimentada,
obviamente sem a menor noção do perigo. Esse incidente não serviu apenas para evidenciar
o cuidado protetor de Deus, mas também para ilustrar a falta de noção do perigo que as
crianças possuem.
O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama, desde
cedo o castiga (Provérbios 13:24).
Os pais fiéis farão tudo para evitar um ambiente negativo, destrutivo e sem
amor que oprime os filhos e impede o crescimento e o desenvolvimento positivos.
E vós, pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na dou-
trina e admoestação do Senhor (Efésios 6:4).
O mais importante é que a criança aprenda a obedecer aos pais, não por
medo ou por ameaças, mas pela responsabilidade que tem para com eles. Os
pais, por sua vez, desempenham, especialmente nos primeiros anos de vida,
o papel de Deus na vida do filho. Se a criança for continuamente submetida
a críticas e estiver sujeita a muitas punições físicas e psicológicas, o caráter
de Deus será pervertido na mente da criança e o relacionamento entre pais
e filhos será sempre defeituoso. O autocontrole dos pais é vital para a boa
educação dos filhos.
Ao aprender a obedecer absolutamente aos pais e às autoridades, a criança
aprende a obedecer a Deus. A obediência é parte integrante do relacionamen-
to entre Deus e o homem.
Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na
terra que o Senhor teu Deus te dá (Êxodo 20:12).
ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO DA
INDEPENDÊNCIA DA CRIANÇA
NASCER
COORDENAR AS MÃOS
ENGATINHAR
ANDAR
FALAR
FREQUENTAR A PRÉ-ESCOLA / ESCOLA
TIRAR CARTEIRA DE MOTORISTA
ALCANÇAR A INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA
MORAR SOZINHO
CASAR-SE
G
eralmente, a realidade mais difícil de ser admitida pelos pais de um
adolescente é que as atitudes e o comportamento do filho nessa fase
são, em grande parte, o resultado da educação que recebeu durante
os anos de formação. Muitas vezes, no início da infância, aquilo que aparenta ser
idiossincrasias insignificantes torna-se, na adolescência, características irritantes
e até mesmo distúrbios emocionais. Nessa fase, os pais tentam em vão reverter
os resultados de uma educação pobre nos anos anteriores. Por outro lado, um
relacionamento criterioso e equilibrado entre pais e filhos durante a infância é a
maior garantia de um desenvolvimento livre de problemas sérios na adolescência.
Mesmo assim, os pais que não colocaram em prática uma educação adequada
desde os primeiros anos da criança poderão ainda extrair alguns benefícios de
um relacionamento mais responsável com o filho adolescente, se bem que essa
tarefa seja muito mais difícil e os resultados mais árduos para serem alcançados.
Não há, porém, motivos para não tentar fazer todo o possível.
Todos os períodos de mudanças significativas são cruciais especialmente pa-
ra a saúde mental. A adolescência, que envolve a metamorfose da infância para a
maturidade, certamente é o período mais crítico para a saúde mental. Os distúr-
bios mentais comumente se tornam mais aparentes durante a adolescência. Esse
fato aplica-se principalmente a manifestações psicóticas como a esquizofrenia.
A adolescência é um período de oscilações frequentes de comportamentos
infantis e maduros. Assim, ao buscar a sua própria identidade e independência,
o adolescente enfrenta muitas frustrações e pressões. Especialmente na sofis-
ticada sociedade ocidental, a adolescência tende a prolongar-se. Geralmente
começa com uma mudança psicológica envolvendo a puberdade e termina no
momento em que o desenvolvimento psicológico caracterizado pela maturida-
de emocional e social é alcançado.
A
s maiores decisões da vida tendem a serem tomadas durante a ado-
lescência ou logo após essa fase. Não há decisões mais importantes
do que a decisão de escolher a Cristo, a decisão de seguir um cha-
mado de vida e a decisão de escolher o cônjuge. O ideal é que essas três decisões
sejam feitas na mesma ordem citada acima. Na maioria das vezes, o casamento
prematuro ou o casamento realizado antes de ter sido tomada a decisão de
seguir a Cristo, frustram os propósitos de Cristo para a vida do indivíduo. O
melhor e mais aconselhável é que ambos os cônjuges sejam comprometidos
com a causa de Cristo e estejam dispostos a seguir a Sua direção, seja ela qual
for. Se um dos cônjuges se opõe a seguir a direção de Deus, estabelece-se um
conflito dentro do lar que talvez nunca seja completamente solucionado.
A maior decisão e mais significativa que o ser humano pode fazer é, sem
dúvida, a decisão de seguir a Cristo. Essa decisão afetará todas as outras de-
cisões e, por isso, deve ser a prioridade da educação dos jovens. Geralmente,
as crianças tomam logo cedo a decisão de aceitar a Jesus, mas é provável que
uma decisão mais firme e imutável seja feita durante a adolescência. Os jovens
devem enfrentar a pressão do grupo e as pressões biológicas da adolescência
para solidificar as boas decisões tomadas na infância.
Nessa época, muitos pais preocupam-se excessivamente ao perceberem
que os filhos estão hesitantes em decidir-se por Cristo. Diante dessa situa-
ção, muitos tentam forçar ou apressar essa decisão tão importante. Porém,
é impossível forçar alguém a aceitar a Jesus. Os pais são responsáveis por
conduzir os filhos aos pés de Cristo e apresentar-lhes da maneira mais atra-
tiva possível as reivindicações do Filho de Deus sobre a sua vida e serviço.
No entanto, as consequências positivas do reino de Deus poderão entrar em
ação apenas no momento em que o indivíduo tomar por si mesmo a decisão
A
moralidade envolve a reação total do homem diante da lei de
Deus. Atualmente esse assunto tem recebido uma atenção es-
pecial no que diz respeito à reação aos instintos sexuais. Esse
assunto influencia profundamente o comportamento de adolescentes e
adultos e, talvez, assim como outros fatores, tenha uma influência decisiva
na felicidade e na realização do ser humano. O instinto sexual do homem
claramente faz parte do plano de Deus para a reprodução da raça humana.
Deus não planejou que o ato sexual fizesse parte de um estilo de vida ilícito.
No momento em que os planos de Deus para o homem são alterados e a
Sua lei é violada, o homem paga o preço inestimável do sofrimento e da
infelicidade. Sendo assim, a era permissiva atual é o resultado da escolha
do homem de se separar de Deus, o que também é a raiz do sofrimento do
mundo em geral e da vida familiar. O desejo do homem de se libertar da
restrição moral inevitavelmente traz consigo resultados fatais que o levam a
colher terríveis consequências.
Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho
do Homem (Mateus 24:37).
Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porven-
tura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz?
Absolutamente, não (1 Coríntios 6:15).
Hoje, pode-se ouvir em alto e bom som o clamor pela libertação da “re-
pressão” da era antiga, mas tal clamor não exige a verdadeira liberdade que
livra o homem do medo e da ansiedade produzidos pelo pecado, mas, sim,
a permissividade sórdida que escraviza a mente e as emoções humanas. O
homossexualismo e o lesbianismo são apresentados como práticas sexuais
normais e saudáveis. Muitos estão sendo encorajados a participar de práticas
bissexuais, adicionando, assim, uma “nova dimensão” à vida sexual já perver-
tida e desenfreada. Até mesmo algumas igrejas cristãs estão santificando aqui-
lo que Deus explicitamente condenou: Com homem não te deitarás, como se
fosse mulher; é abominação (Levítico 18:22).
Atualmente, há homossexuais declarados trabalhando como ministros
ordenados em igrejas cristãs.
O cristão deve ter uma compreensão compadecida das tentações que os
homossexuais e as lésbicas enfrentam. Na verdade, a própria sociedade cons-
tituída de pais solteiros é uma das grandes culpadas por predispor os jovens a
procurar a afeição em pessoas do mesmo sexo.
Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem
mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros (Hebreus 13:4).
O
homossexualismo se tornou um assunto de certa importância
dentro da igreja cristã moderna. Os cristãos sempre tiveram
como regra que a prática do homossexualismo é pecado. Hoje,
porém, muitos alegam que a Bíblia condena apenas a prostituição, o estupro
e o abuso homossexual de menores e não tomam uma posição clara quanto
às relações homossexuais entre adultos conscientes. Tais indivíduos declaram
que “uma leitura superficial das poucas referências bíblicas sobre a prática
homossexual não é suficiente para determinar a vontade de Deus para os
homossexuais de nossa era” (Spectrum, v. 12, n° 3, p. 35). No mesmo artigo,
o autor afirmou que “o Antigo Testamento por si só (sem contar os conselhos
encontrados no Novo Testamento e na teologia contemporânea baseada no
testemunho completo da Bíblia) não é suficiente para esclarecer a questão da
moralidade dos relacionamentos homossexuais do mundo moderno” (Ibid.).
Entretanto, ao analisar o texto bíblico, o mesmo autor concluiu que “o Novo
Testamento claramente desaprova alguns tipos de atos sexuais, tanto homos-
sexuais quanto heterossexuais, mesmo que seja difícil determinar especifica-
mente que atos são esses” (Ibid, p. 36).
As afirmações acima foram feitas a um grupo de homossexuais prati-
cantes e pode-se dizer que apenas serviram para encorajá-los a continuar
praticando o homossexualismo. O ato homossexual gera grande ansiedade e
sofrimento àqueles que desejam seguir os ensinamentos de Cristo. Em vista
desse sofrimento, é essencial que o indivíduo estude profundamente esse
tema à luz da Palavra de Deus. Ao povo judeu não restou a menor dúvida em
relação a esse assunto.
Mesmo palavras tão claras como essas são enfraquecidas pela visão de
que “os teólogos, ao alegar que algumas das leis sagradas são morais e outras
apenas cerimoniais, justificam assim as admoestações do livro de Levítico,
mas um acadêmico cuidadoso não dividiria as leis dessa forma. Se certas leis
podem ser ignoradas, talvez nenhuma deva ser observada” (Spectrum, v. 12,
no. 3, p. 35). O Novo Testamento, no entanto, confirma a palavra de Deus
registrada em Levítico.
Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos
enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efemina-
dos, nem sodomitas (1 Coríntios 6:9).
Tendo em vista que não se promulga lei para quem é justo, mas para
transgressores e rebeldes, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos,
parricidas e matricidas, homicidas, impuros, sodomitas, raptores de
homens, mentirosos, perjuros e para tudo quanto se opõe à sã doutrina
(1 Timóteo 1:9-10).
Será que não há esperança para o homossexual a menos que seja reorientado
sexualmente? Há, sim, muita esperança. Muitos dos esforços contra as práticas
homossexuais associadas aos critérios cristãos surgem de uma falsa visão da
natureza do homem e de uma distinção equivocada entre o pecado e a tentação.
Um grande número de pessoas acredita que a natureza carnal não é transfor-
mada no momento da conversão. Assim, acredita-se que os homossexuais, após
a conversão, não apenas continuarão a sentir o desejo de continuar praticando
o pecado, mas também terão pouco poder para resisti-lo. Pedro, contudo, resu-
miu muitas promessas bíblicas que contrapõem esse conceito. Ele declarou:
A natureza carnal não deve ser confundida com a natureza caída. A natureza carnal se
expressa pela busca e pelo prazer de pecar sem reconhecer a sua pecaminosidade. Já a natu-
reza caída, destituída do poder de Deus, não tem a menor chance de se desviar do pecado
reconhecido. Essas duas naturezas são exemplificadas em Romanos 7:7, 15.
Ver também 1 João 3:9, 5:18; Romanos 8:8-10.
Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e
não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrá-
rio, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que
a possais suportar (1 Coríntios 10:13).
Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e
siga-Me (Marcos 8:34).
A
pesar das muitas incertezas associadas ao matrimônio reveladas
pelas estatísticas crescentes de divórcio, parece que há entre os
jovens uma verdadeira ânsia para casar. A sociedade moderna
pressiona excessivamente os imaturos semeando, dessa maneira, grandes pro-
blemas futuros. Pode-se dizer que parte dessa pressão inicia-se no Ensino
Fundamental, época em que as crianças, totalmente incapazes de lidar com
a questão do namoro, são quase forçadas pelas circunstâncias a aceitar uma
situação destinada a pessoas mais velhas e mais experientes. Seja em festas ou
em outros eventos sociais, os jovens imaturos são pressionados de tal forma a
arranjar um acompanhante que passam a acreditar que a menos que encon-
trem um parceiro do sexo aposto, não serão bem aceitos.
Os perigos do namoro e do romance precoces são inestimáveis. Tal ati-
tude estimula o instinto sexual prematuro e naturalmente promove o hábito
de práticas promíscuas numa fase em que os jovens são imaturos demais para
lidar ou até mesmo entender as consequências de suas ações.
Essa situação persiste durante o Ensino Médio e o Ensino Superior, perío-
do em que os relacionamentos intensificam-se profundamente. Bem antes de
esses jovens terem a oportunidade de submeterem-se completamente a Cristo,
muitos cedem à pressão de relacionar-se sexualmente antes do casamento,
prática que provavelmente os acompanhará pelo resto da vida.
Os romances imaturos são um dos grandes responsáveis por frustrar o
desenvolvimento educacional e emocional dos jovens, pois ao se “apaixonar”
encontram dificuldade em concentrar-se nos estudos. No momento em que o
namoro imaturo termina, o sentimento de angústia apodera-se dos indivídu-
os envolvidos e, simultaneamente, há perda do equilíbrio emocional e queda
do desempenho acadêmico. O namoro encoraja a atitude de brincar com
N
ão há outra relação humana mais sagrada do que a relação entre
marido e mulher. A primeira instituição estabelecida por Deus
após a criação do ser humano foi o casamento.
Então, o Senhor Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este
adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com car-
ne. E a costela que o Senhor Deus tomara ao homem, transformou-a
numa mulher e lha trouxe. E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos
meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do
varão foi tomada. Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua
mulher, tornando-se os dois uma só carne (Gênesis 2:21-24).
Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de
divórcio. Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, ex-
ceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e
aquele que casar com a repudiada comete adultério (Mateus 5:31-32).
Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se ela não for
agradável aos seus olhos, por ter ele achado coisa indecente nela, e se
ele lhe lavrar um termo de divórcio, e lho der na mão, e a despedir de
casa; e se ela, saindo da sua casa, for e se casar com outro homem; e
se este a aborrecer, e lhe lavrar termo de divórcio, e lho der na mão, e
a despedir da sua casa ou se este último homem, que a tomou para si
por mulher, vier a morrer, então, seu primeiro marido, que a despe-
diu, não poderá tornar a desposá-la para que seja sua mulher, depois
que foi contaminada, pois é abominação perante o Senhor; assim,
não farás pecar a terra que o Senhor, teu Deus, te dá por herança
(Deuteronômio 24:1-4).
Aos mais digo eu, não o Senhor: se algum irmão tem mulher in-
crédula, e esta consente em morar com ele, não a abandone; e a
mulher que tem marido incrédulo, e este consente em viver com
ela, não deixe o marido. Porque o marido incrédulo é santificado no
convívio da esposa, e a esposa incrédula é santificada no convívio do
marido crente. Doutra sorte, os vossos filhos seriam impuros; po-
rém, agora, são santos. Mas, se o descrente quiser apartar-se, que se
aparte; em tais casos, não fica sujeito à servidão nem o irmão, nem
a irmã; Deus vos tem chamado à paz. Pois, como sabes, ó mulher,
se salvarás teu marido? Ou, como sabes, ó marido, se salvarás tua
mulher? (1 Coríntios 7:12-16).
M
uitas religiões e culturas ensinam que a vida é triste e amarga,
meramente uma luta pela existência entre dois eventos mar-
cantes – o nascimento e a morte. Realmente, ao observarmos
a vida de milhões de pessoas, a evidência dessa crença torna-se marcante.
Porém, Deus nos oferece contentamento, paz, plenitude e amor verdadeiro
nesta vida: Ele nos oferece a saúde mental.
Infelizmente, a grande maioria dos habitantes da Terra rejeita essa oferta
e busca a felicidade em realizações humanas. A riqueza, o poder, o prestígio
e outros símbolos de sucesso mundano não podem oferecer a felicidade que
o ser humano tanto procura. Não há nenhuma solução humana para resolver
o problema de uma existência sem sentido. Sem Deus, o único propósito da
vida é dar continuidade à espécie.
Em 1969, faleceu o grande matemático, filósofo e pacifista britânico,
Bertrand Russel. Descendente direto da linha dos duques de Bedford, um
verdadeiro nobre, o Conde Bertrand Russel era neto de John Russel, um dos
primeiros ministros mais distintos da Inglaterra no século 19. John Russel,
anglicano devoto, introduziu no Parlamento de seu país o primeiro projeto de
lei de reforma de 1832. Esse projeto embasou os preparativos finais para a vo-
tação universal no Reino Unido (o direito de todo adulto votar nas eleições).
No entanto, o filho de John Russel, pai de Bertrand Russel, era ateu.
No ano em que Bertrand Russel faleceu, um filme de sua vida foi lançado
em sua homenagem. Esse filme incluía uma entrevista feita com ele três anos
antes de sua morte, aos noventa anos de idade. Nessa entrevista, Bertrand
Russel lembrou-se da morte do pai há setenta anos. Na ocasião, o pai chamou
os três filhos para perto do leito de morte e sem nenhuma demonstração de es-
perança, paz ou segurança, proferiu suas últimas palavras: “Adeus, adeus para
N
o início do século 20, muitos filósofos e educadores predisseram
com toda segurança que a educação universal resolveria os maio-
res problemas sociais do mundo, como a pobreza, o crime e a
insanidade. Na época, observou-se que esses problemas sociais ocorriam com
maior frequência nas classes sociais de pouca ou nenhuma instrução formal.
Talvez nada tenha estimulado mais a confiança na educação universal do que
a esperança de que esses problemas fossem eliminados à medida que homem
ascendesse na escala “evolucionária”. Entretanto, uma avaliação realista da
sociedade da última parte do século 20 indica que, no mundo ocidental, onde
a educação universal foi praticamente implantada, esses problemas sociais
intensificaram-se ainda mais.
A busca de uma solução por meio da educação universal, na verdade, ori-
ginou-se da filosofia grega. Sócrates criou técnicas de interrogatório segundo
a crença fundamental de que o homem poderia, através da educação, alcançar
o bem. Essa suposição baseava-se na premissa da imortalidade da alma pree-
xistente no corpo, uma alma boa. Acreditava-se que o homem apenas se cor-
romperia se estivesse inserido num ambiente desfavorável. Sócrates enxergava
o homem como sendo fundamentalmente bom e tudo o que precisava fazer
era proteger essa bondade inerente das maldades da sociedade para que se
tornasse consciente da bondade do ser. Sócrates questionava os jovens gregos
de acordo com a hipótese de que “saber é fazer”. Acreditava que se o jovem
descobrisse através de suas perguntas o bem e a verdade, automaticamente
passaria a viver a “boa vida”.
Inconscientemente, muitos cristãos têm aceitado essa filosofia pagã. Al-
guns até mesmo acham que os filhos teriam feito escolhas melhores se os pais
não tivessem exercido sua influência nas decisões da criança desde os primeiros
Esse processo recompensa os bons atos e pune os maus atos a fim de que, como conse-
quência, o indivíduo evite o mal e faça o bem.
Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está
sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar (Romanos 8:7).
A visão bíblica ensina que o homem, após a queda, está preso aos grilhões
do pecado e é incapaz de se libertar sozinho. A boa nova é que Jesus proveu um
meio para sermos perdoados de nossos antigos pecados e recebermos um novo
coração (vontade) para escolher o bom caminho e recebermos o auxílio do Es-
pírito Santo para nos fortalecer a resistir a tentação de voltar ao estágio inicial.
Aparentemente, há uma grande diferença entre a modificação de compor-
tamento e o conceito cristão de mudança de comportamento. Ao aceitar que as
predisposições naturais do homem são contrárias à natureza perfeita de Deus,
a questão não é a modificação de comportamento, mas a transformação do
caráter, conforme Jesus expressou de maneira maravilhosa em sua conversa
com Nicodemos. A questão, na verdade, é definida como a necessidade de um
novo nascimento. A modificação de comportamento não diz nada acerca dos
motivos e das intenções do coração e, portanto, encontra-se enraizada no mais
grave legalismo. O comportamento correto em si não pode esperar ou alcançar
a salvação, como Jesus claramente expressou com as seguintes palavras:
Godssolution.indd 214
Posição Defensores Predisposição Relação com Perspectiva
Moral o ambiente
Bondade inata Sócrates O homem nasce pre- Necessidade de um A perspectiva do
Platão disposto para o bem. “bom” ambiente para homem depende
proteger a “bondade” do ambiente que
Rousseau inerente ao ser humano está inserido
Muitos a fim de que o homem (bom ou mau).
intencionalistas “bom” desenvolva-se.
17/5/2009 18:47:44
Apêndice B
A Escolha e a Vontade
O
conceito da escolha é tão antigo quanto o Universo. Com certeza as
hostes angelicais receberam a liberdade de escolha. O profeta Isaías
declarou que Lúcifer, o querubim cobridor, fez muitas escolhas.
Da mesma forma, na ocasião em que o homem foi criado, Deus lhe con-
cedeu o direito de escolha. Se não fosse assim, as instruções e as advertências
divinas não teriam o menor propósito.
Então, Elias se chegou a todo o povo e disse: Até quando coxeareis en-
tre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-O; se é Baal, segui-o.
Porém o povo nada lhe respondeu (1 Reis 18:21).
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AS VISÕES DO HOMEM EM RELAÇÃO AO SEU DESTINO
VISÃO DO HOMEM PRINCÍPIOS BÁSICOS FATOR DETERMINANTE
DO DESTINO DO HOMEM
17/5/2009 18:47:45
Apêndice C
A Saúde Mental e a Criação
A
s últimas duas décadas do século 19 presenciaram o nascimento da
psicologia moderna, como também o esforço intenso de libertá-la
de suas raízes filosóficas e consolidá-la como ciência. Essa busca
por tornar a psicologia uma ciência prefigurou o aumento da aceitação do
determinismo como o método mais eficaz para o estudo psicológico. Em to-
dos os tempos, sempre houve aqueles que se apegaram à visão intencionalista
do comportamento, mas esses representam a minoria. A ampla aceitação do
determinismo parece ter sido motivada por quatro razões básicas.
1. As grandes ciências, como a física e a química, eram extremamente
deterministas na ocasião da virada do século e os psicólogos estavam ansiosos
para seguir a liderança dessas ciências mais consolidadas.
2. O determinismo, enquanto método, oferecia melhores perspectivas do
que o intencionalismo para a criação de princípios gerais e leis vigentes do
comportamento. Além disso, é mais fácil compreender as condições de estí-
mulos quando estas independem das chamadas noções metafísicas da mente.
Acreditava-se que nenhuma lei universal poderia ser deduzida enquanto esti-
vesse embasada numa explicação intencionalista do comportamento.
3. O determinismo representava um veículo satisfatório para a incorpora-
ção da doutrina evolucionista ao assumir que as diferenças entre o comporta-
mento humano e animal eram quantitativas e não qualitativas.
4. Ao defender a hipótese quantitativa, os cientistas viram a possibili-
dade de examinar o comportamento humano através da investigação do
comportamento animal. A utilização de animais oferecia não apenas um
escopo mais amplo para a investigação, mas também a possibilidade de
examinar o comportamento isolado das muitas complexidades associadas
ao desempenho humano. Nos últimos quarenta anos, houve o reavivamento
Oliphant continuou:
Normalmente, quando a sola do pé sofre uma pancada, o dedão inclina-se para baixo.
Quando certas áreas do córtex cerebral são prejudicadas, como numa pancada, a reação do
dedão numa situação semelhante é inclinar-se para cima. Essa reação é conhecida como o
reflexo positivo de Babinski.