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DEMIN/EM/UFOP

Estabilidade de Escavações Subterrâneas –


MIN 225
março/2009
Prof José Margarida da Silva

Impactos Ambientais decorrentes da redistribuição de


tensões em escavações de lavra subterrânea

Liberações de energia dinâmica e ejeção de rocha


(Rockburts e outros)
Sumário
• Introdução
• Definição e caracterização do fenômeno
• Tipos de liberação
• Duração, intensidade
• Mitigação do Impacto
• Estudos de Caso
• Bibliografia
Introdução
Fenômenos associados à ruptura dinâmica de
maciços rochosos têm causado preocupação
em minas profundas em todo o mundo.
O aumento das escavações tem conseqüências
como maior risco de fenômenos naturais,
tornando essencial o conhecimento acerca do
comportamento das rochas.
As técnicas de previsão de eventos sísmicos
baseiam-se na detecção e interpretação de
eventos microssísmicos nos maciços.
Presença do fenômeno
Sismicidade em minas
Dos 5 tipos de atividade humana que podem
afetar a sismicidade, três estão ligados à
mineração: explosão subterrânea, lavra de
pedreiras, extração de líquidos
(obsis.unb.br,2009).

Algumas minas começaram a enfrentar este


problema, realizando trabalhos de
monitoramento contínuo no entorno da mina.
Definição
• À medida que as escavações subterrâneas
atingem determinadas dimensões críticas, as
intensidades dos novos campos de tensões que
se instalam nos seus contornos podem exceder
os limites de resistência da rocha, levando o
maciço à cedência ou ruptura, do que resultarão
deformações locais e a correspondente
dissipação das mesmas.

• Fenômenos semelhantes a céu aberto


(Pomeroy et al, 1976; Cook, 1976;Silveira,
1987)
Caracterização do fenômeno
• Quando a dissipação (liberação) de energia
armazenada num maciço rochoso se processa
de maneira relativamente rápida e violenta, o
fenômeno é designado, genericamente, por
“explosão de rocha”.

• Este fenômeno se caracteriza pela influência


acentuada de ações de corte e ocorre, quando
da abertura de escavações subterrâneas.
Efeito de “escorva”

O “efeito de escorva” pode se originar através de:

• ondas de choque decorrentes de detonação de


explosivos;
• elevação de temperatura das rochas;
• presença de água;
• ruptura de um suporte;
• explosão de gases;
• execução de uma abertura;
• as próprias ondas de uma outra explosão de
rocha.
Explosão de rocha
Ao desequilíbrio provocado localmente,
pode-se seguir uma reação em cadeia,
propagando-se rapidamente seus efeitos,
com a deformação e fraturamento da
rocha numa área de extensão apreciável e
a conseqüente dissipação do excesso de
energia armazenada.
Tipos de liberação - Terminologia
Talebi et al., 2007:
• Rockfall – queda de rocha pelo peso
próprio;
• Bump – ruptura violenta de rocha com
muito dano;
• Outburst – ejeção de rocha devido a alívio
por emanação de gás;
• Rockburst - ruptura violenta de rocha;
Duração e freqüência de eventos
Lorig (1996): freqüências e tempos de duração
típicos de energia dinâmica de interesse na
mineração
• Earthquakes – evento sísmico de maior duração
(2 a 150s) e baixa freqüência (até 7Hz);
• Blasts – ondas de desmonte, com duração
pequena (até 1s) e freqüência de 5 a 150Hz;
• Rockbursts- evento sísmico de duração
intermediária (1 a 7s) e freqüência de 3 a
160Hz.
Sistema de microsismicidade
Magnitude de dano
Intensidade
• O fenômeno é particularmente perigoso pelas
características anelásticas dos maciços
rochosos, que conferem ao tempo grande
importância nos processos de deformação das
rochas. O fenômeno é comum.

• Intensidade dos efeitos: é função da


deformidade da rocha, das intensidades e
heterogeneidades dos campos de tensões
instalados, da geometria da escavação, da
velocidade de escavação, entre outros.
Previsão do fenômeno
• As técnicas de previsão de ocorrência de
explosões de rochas baseiam-se na
detecção, medida e interpretação de
eventos micro-sísmicos nos maciços, os
quais que podem alertar com algumas
horas de antecedência, sobre a iminência
de um grande abalo.
Monitoramento
• Estudo de Caso 1 - Mina Caraíba, Jaguarari (BA),
cobre

• destress blasting: alterações nos padrões de furação,


nos arranjos de furos, nos explosivos, carregamento
e detalhes do desmonte, que implica transferência de
carga para pilares adjacentes (DE LA VERGNE,
2000).

• Monitoramento microsísmico (Andrade et al, 2003) - -


teve, entre 500 e 800m, tensões da mesma grandeza
de outras minas subterrâneas, com profundidades
entre 1500 e 2000m. Surgiram desplacamentos.
Estudo de Caso - Caraíba
• Após estudos, foram implementadas modificações no
método de lavra, monitoramento microsísmico de
superfície e de subsolo.

Introdução de:
• enchimento (pastefill),
• monitoramento topográfico a laser,
• aumento da mecanização e automação das operações.

• Primeiros três meses - 2237 eventos diversos;


• Desde a implantação - observados 2 eventos na escala
2 ou 3 por ano, com lançamento de material.
Monitoramento - Estudos de Caso
Monitoramento de movimentação de blocos (Dinis da Gama
et alii, 2002)
Mina de Panasqueira, tungstênio e estanho, Portugal -
realizado monitoramento (2 anos);

• análise por método discreto da movimentação de blocos


para caracterização de movimentação de volumes de
maciço (subsidência)
• evidenciando-se magnitudes de 3m em alguns pontos,
controlados por falhas principalmente, amplificadas pela
percolação de águas.
• Calculada média estatística entre 1990 e 1998 e
determinadas movimentações diferenciais entre pontos
de um bloco.
Estudo de Caso (3)
Mina Bellavista, Costa Rica:
• movimentações de 1cm/dia levaram à
suspensão dos trabalhos;

• foram implantados poços de


desaguamento, controle superficial da
água e redistribuição da carga (peso) –
E&M Journal (setembro/2007);
Referências Bibliográficas
• Dinis da Gama et al. Interpretação geomecânica da subsidência na Mina de Panasqueira. 8o. Congresso
Nacional de Geotecnia. Lisboa. 2002.
• Brady e Brown. Rock Mechanics for Underground Mining. 1985.
• Andrade, Santos e Silva. Minérios e Minerales, pp. 34-41. 2003.
• Andrade, S.; Sá, J. Desenvolvimento de galerias em condições severas de tensões. Belo Horizonte, 15 p.
2002.
• Engineering and Mining Journal, setembro/2007.
• De la Vergne, J. Hard Rock Miner’s Handbook. McIntosh, pp. 320-328. 2000.
• Talebi et al. Outburst monitoring using microseismic techniques in the Phallen Colliery, Canada, em
www.nrcan.gc.ca, 8p.; acessada em 10/2007.
• Cummins & Given. Mining Engineering Handbook, p. 13-118, 1973.
• Kaiser, P. K. & McCreath. 1992. Rock Support in Mining and Underground Construction.
• Mello Mendes, F. 1985. Geomecânica Aplicada à Exploração Mineira Subterrânea. Instituto Superior
Técnico de Lisboa.
• Obert e Duvall. 1967. Rock Mechanics and the Design of Structures in Rock, pp. 554- 611.
• Linkov, A. M. Rockbursts and the instability of rock masses. International Journal Rock Mechanics Mining
Sciences Geomechanics Abstracts, v. 33, n. 7, p. 727. 1996.
• Silva, J. M. A importância do monitoramento sísmico na previsão de explosões de rocha (rock bursts) em
minas subterrâneas. São Paulo. 2004.
• Villaescusa e Potvin. Ground Support in Mining & Underground Construction.Balkema, pp. 313-317, 359-
365. 2004.
• Sismicidade induzida pelo homem, em <obsis.unb.br>,acesso em 01/2009

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