Você está na página 1de 35

ESMA 2014 - AULA 2

A EVOLUÇÃO DO DEBATE
AMBIENTAL – DE ESTOCOLMO
À RIO + 20
PONTOS MARCANTES DO DEBATE
 Início: década de 60 – diferentes perspectivas
entre países mais e menos desenvolvidos
 Desaceleração e crise dos anos 70: Constatações
acerca do alto preço da sociedade de consumo
 “Limites do crescimento” e a nova agenda de
discussões
PRINCIPAIS VISÕES SOBRE MA NA DÉCADA
DE 70, SEGUNDO KERRY TURNER (1987)¹

 Tecnocentrismo extremado – livre mercado e


inovações tecnológicas – substituição de fatores
 Tecnocentrismo complacente – harmonia entre
crescimento econômico e equilíbrio ecológico via
gerenciamento adequado dos RN
 Ecocentrismo socialista – preservacionista, admite
algumas restrições ao crescimento
 Ecocentrismo extremado – preservacionista radical,
adoção da bioética.
¹ Togeiro, 1998’
1972: CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO
PRINCIPAIS RESULTADOS:

 Percepção do meio ambiente como uma questão de


caráter planetário - ”Uma terra só”
 Mudança no ideário e propostas ambientalistas - da
proteção da natureza e conservação dos RN para a
forma de utilização da biosfera pela humanidade
1972: CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO
PRINCIPAIS RESULTADOS:

Os Governos Nacionais passaram a


assumir o meio ambiente como uma
questão política
Clareza sobre as diferentes percepções
do meio ambiente entre os países ricos e
os pobres - mudança na “agenda ambiental
global”
Criação do Programa de Meio Ambiente
das Nações Unidas
DOCUMENTOS VOTADOS EM
ESTOCOLMO
Declaração de Estocolmo ( a Declaração das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano)
Plano de Ação sobre Meio Ambiente
 avaliação do MA mundial
 gestão do MA
 medidas de apoio (educação, informação...)

Resolução sobre aspectos financeiros e


organizacionais
Resolução instituindo o Programa das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente - PNUMA (United
Nations Environmental Program - UNEP)
DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO SOBRE O
MEIO AMBIENTE HUMANO
26 PRINCÍPIOS, DESTACANDO:

 Uso racional dos recursos naturais


 Condenação de todas as formas de opressão e dominação
 Redução/eliminação da emissão de substâncias tóxicas
 Utilização da C&T para solucionar os problemas ambientais
 Assistência à transferência desses conhecimentos para os
países em desenvolvimento, sem ônus
 Reconhecimento de diferenças entre países pobres e ricos no
que se refere à possibilidade de observância de normas
 Afirmação da necessidade de livrar o homem do perigo
representado pelas armas de destruição em massa.
EVOLUÇÃO DO DEBATE MUNDIAL SOBRE
MEIO AMBIENTE

 1973:CONVENÇÃOSOBRE COMÉRCIO
INTERNACIONAL DE ESPÉCIES DE FAUNA E
FLORA AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO (CITES)
 1974:
CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS
PARA O COMÉRCIO E O DESENVOLVIMENTO
(UNCTAD, México)
EVOLUÇÃO DO DEBATE MUNDIAL SOBRE MEIO
AMBIENTE

 1979:
CONVENÇÃO SOBRE POLUIÇÃO
TRANSFRONTEIRIÇA
 1982: CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DO MAR
 1985:
CONVENÇÃO DE VIENA PARA A PROTEÇÃO
DA CAMADA DE OZÔNIO
 1984-87:
COMISSÃO MUNDIAL SOBRE O MEIO
AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO
COMISSÃO BRUNTLAND
Criada em 1983 pela ONU para:
 1. Propor estratégias ambientais de longo prazo
 2. Elaborar propostas que levassem à cooperação
entre países mais e menos desenvolvidos
 Elaborar propostas para que a comunidade
internacional pudesse tratar da questão
ambiental
 Ajudar a definir noções comuns de longo prazo
sobre as questões ambientais
COMISSÃO BRUNTLAND
“ Em 1982 (...) houve quem desejasse que suas atribuições se
limitassem às questões ambientais. Isso teria sido um grave erro.
O meio ambiente não existe como uma esfera desvinculada das
ações, ambições e necessidades humanas, e tentar defende-lo sem
levar em conta os problemas humanos deu à própria expressão meio
ambiente uma conotação de ingenuidade em certos círculos
políticos. Também a palavra desenvolvimento foi empregada por
alguns num sentido muito limitado, como o que as nações pobres
deviam fazer para se tornarem ricas e por isso passou a ser posta
automaticamente de lado por muitos (...) Mas é no meio ambiente
que todos vivemos; o desenvolvimento é o que todos fazemos ao
tentar melhorar o que nos cabe neste lugar que ocupamos. (...)”

Harlem Bruntland, in Barbieri, 2001


1987: NOSSO FUTURO COMUM

 Alterar a qualidade do crescimento econômico


 Atender as necessidades essenciais de todos

 Manter níveis populacionais sustentáveis

 Conservar e melhorar a base de recursos naturais

 Reorientar as relações comerciais internacionais

 Reorientar a tecnologia e a administração de riscos

 Incluir o meio ambiente em todas as decisões


EVOLUÇÃO DO DEBATE MUNDIAL
SOBRE MEIO AMBIENTE

1987: PROTOCOLO DE MONTREAL SOBRE


SUBSTÂNCIAS QUE DESTROEM A
CAMADA DE OZÔNIO
1989: CONVENÇÃO DE BASILÉIA SOBRE
MOVIMENTOS TRANSFRONTEIRIÇOS
DE RESÍDUOS PERIGOSOS
1992: CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE
MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (RIO DE
JANEIRO)

Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio


Ambiente e Desenvolvimento
Declaração de princípios sobre florestas
Convenção da biodiversidade
Convenção sobre mudanças climáticas
Agenda 21
DECLARAÇÃO DO RIO DE JANEIRO
SOBRE MEIO AMBIENTE E
DESENVOLVIMENTO
 Reafirmae amplia a Declaração de
Estocolmo
 27 princípios, lembrando a Carta das
Nações Unidas, a interdependência das
crises e a necessidade de justiça social
(os direitos das minorias - mulheres,
povos indígenas (...) - a insustentabilidade
da guerra, a interdependência entre a paz,
o desenvolvimento e a proteção ao meio
ambiente).
CONVENÇÃO SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS
 Objetivo controlar e reduzir a emissão de gases de
efeito estufa, especialmente CO², NOx, ozônio e
metano
 Recomendação de que as emissões se reduzissem
aos níveis de 1990 até o final do século
 Obrigatoriedade de produzir e divulgar inventários,
promover programas nacionais e regionais de
mitigação e gerenciamento sustentável dos
elementos da natureza capazes de remover e fixar
esses gases.
 As nações desenvolvidas devem liderar o processo
 Ausência de prazos, metas e compromissos efetivos.
DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS
SOBRE FLORESTAS
 Intenção inicial Convenção sobre
exploração, proteção e desenvolvimento
sustentável das florestas
 Supremacia da soberania dos países sobre
a exploração dos recursos naturais de
seus territórios
 Questão subjacente: busca do mesmo
modelo de desenvolvimento
CONVENÇÃO DA BIODIVERSIDADE
 Reconhecimento de que a conservação da
biodiversidade diz respeito a toda a
humanidade
 Os países são responsáveis pela
conservação dos recursos biológicos de
seu território
 Compromissos: identificar e monitorar os
componentes da diversidade biológica,
proteger e recuperar as espécies
ameaçadas, encorajar práticas
sustentáveis tradicionais
AGENDA 21
Da agenda constam 40 capítulos divididos em 4 partes:

 Recomendações sociais e econômicas (mudança de padrões


de consumo, combate à pobreza)
 Recomendações para a conservação do ambiente natural
(conservação da biodiversidade etc)
 Participação das comunidades locais nas decisões
 Formas de viabilização das ações sugeridas, incluindo
repasse de tecnologia e alívio da dívida externa dos países
pobres
 (A não disponibilização de recursos comprometeu a execução
dos programas)
AGENDA 21

Pretendia ser um plano de ação para a resolução/mitigação


dos problemas ambientais,tendo em vista Resolução inicial
da Conferência de Estocolmo segundo a qual os países
centrais repassariam 0,7% de seu PIB para os periféricos.

Critérios norteadores:
 prudência ecológica,
 equidade social,
 eficiência econômica
EVOLUÇÃO DO DEBATE MUNDIAL SOBRE
MEIO AMBIENTE

 1993
(Viena) Conferência da ONU sobre direitos
humanos
 1994(Cairo) Conferência das Nações Unidas sobre
População e Desenvolvimento
 1995(Copenhague) Conferência das Nações Unidas
para o Desenvolvimento Social
 1995(Berlim) Conferência das partes da convenção
quadro sobre mudanças climáticas
 1995(Pequim) Conferência das Nações Unidas sobre
a Mulher
EVOLUÇÃO DO DEBATE MUNDIAL SOBRE
MEIO AMBIENTE

 1996 (Istambul): Conferência das Nações Unidas sobre


Assentamentos Urbanos - Habitat
 1997 (Kioto): III Conferência das partes da Convenção
Quadro sobre Mudanças Climáticas
 1998 (Buenos Aires): IV Conferência das partes da Convenção
Quadro sobre Mudanças Climáticas
 2000 (Haia): V Conferência das partes da Convenção Quadro
sobre Mudanças Climáticas
 2001 (Bohn): VI Conferência das partes da Convenção Quadro
sobre Mudanças Climáticas
RIO + 10 – CONFERÊNCIA DE
JOANNESBURGO
 Principal objetivo: avaliação dos avanços e
obstáculos em relação aos compromissos
assumidos na Rio-92 (continuidade dos
princípios da Rio 92)
 Documentos oficiais:
 Declaração política
 Plano de implementação
PLANO DE IMPLEMENTAÇÃO

 Erradicar a pobreza
 (redução pela metade, até 2015, da população sem água
potável e esgotamento sanitário; idem da população que vive
com menos de US$ 1 por dia...)
 Mudar os padrões de produção e consumo insustentáveis
 Proteger e administrar a base de recursos naturais face ao
desenvolvimento econômico e social
 Perseguir o desenvolvimento sustentável num mundo
globalizado
 Saúde e desenvolvimento sustentável
 ...
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A conferência tem capacidade de mobilização,
mas não consegue implementar metas
 Saldo da cúpula: mostrar barreiras e dificuldades
 Conjuntura internacional desfavorável: resultado
eleitoral da Europa, ataque aos EUA, super-
exposição do debate ambiental
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
 Nãoalinhamento dos emergentes (BRICs) em torno
de propostas comuns
 Ausências importantes: agentes da utilização dos RN
e organismos internacionais financeiros e de
regulação: OMC, FMI, Banco Mundial...
RIO + 20 – RIO DE JANEIRO, 2012
 A Rio+20 foi a 4ª conferência internacional para
discutir a saúde do planeta em seus aspectos
sociais, econômicos e ambientais
 Sua agenda foi previamente estabelecida no
zero-draft “The future we want”, documento
composto por 128 parágrafos que versaram sobre
os seguintes temas:
DRAFT ZERO
 Reafirmação dos compromissos políticos
assumidos nas conferências Rio 92 e Rio+10
(Agenda 21 e Declaração de Joannesburgo de
Desenvolvimento Sustentável)
 Economia verde no contexto do desenvolvimento
sustentável e da erradicação da pobreza
(NA CONSTRUÇÃO DA ECONOMIA
VERDE NÃO É PERMISSÍVEL:)
 Criar novas barreiras comerciais
 Impor novas condições à ajuda e ao
financiamento internacional
 Aprofundar os gaps ou exacerbar a dependência
tecnológica entre mundo desenvolvido e em
desenvolvimento
 Restringir o espaço político para que cada país
trilhe seu próprio caminho em direção ao
desenvolvimento sustentável
MEIOS DE IMPLEMENTAÇÃO
 Reafirmação do compromisso por parte dos
países desenvolvidos de atingir 0,7% do PIB em
assistência a países em desenvolvimento até
2015, garantindo de 1,5 a 2% de ajuda aos países
menos desenvolvidos
 Reafirmação da importância do fortalecimento da
capacidade científica, tecnológica e de inovação
para a promoção do desenvolvimento sustentável,
bem como da desobstrução de seus canais de
transferência
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 TOGEIRO DE ALMEIDA, L. Política ambiental. Uma
análise econômica. São Paulo: Papirus/Unesp, 1998.
 BARBIERI, J.C. Gestão ambiental empresarial.
Conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo:
Saraiva, 2007.
 MEADOWS, D.et al. Limites do crescimento. São
Paulo: Editora Perspectiva, 1972.
 UNITED NATIONS. The future we want. Rio+20,
January, 2012 (draft zero).
 CAMARGO, A.,CAPOBIANCO,J.P.,PUPPIM, J.A.
(orgs.) Meio ambiente Brasil. Avanços e obstáculos
pós Rio-92. São Paulo: Estação Liberdade, 2002.

Você também pode gostar