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CFS – CURSO DE

FORMAÇÃO DE
SARGENTOS
FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA
APLICADO À SEGURANÇA PÚBLICA
 INSTRUTOR: SD MARTINE
 GRADUADO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS
 GRADUADO EM DIREITO
 CURSO DE CONCILIAÇÃO E ARBITRAGEM - ESMARN
 CURSO APRENDER A EMPREENDER – SEBRAE
 CURSO DE POLICIAMENTO COMUNITÁRIO - SENASP
 1 - INTRODUÇÃO
 "Gestão Pública é um campo de conhecimento peculiar. Trata-se de uma área
por definição interdisciplinar e que depende de conhecimento advindo da
ciência política, da economia, da administração, da sociologia, do direito, da
história e da cibernética" (ABRUCIO e GAETANI).
 Logo a partir desta assertiva pensar gestão pública sobre qualquer esfera é
necessário correlacionar aspectos que compõem as relações humanas em
ambiente de compartilhamento de espaço, ideias e valores que muitas vezes
são determinados por imposição constitucional, em locais que deveriam ser
de participação da população, mas que poucos percebem que possuem
"poder" de opinar, observando o desenho dos procedimentos que
viabilizam e instituem as leis que regem o país.
 Cabe acrescentar ao conceito interdisciplinar de gestão pública
conceitos de motivação para elevar a participação, interesse e
sensação de pertencimento dos cidadãos, utilizando processos
psicológicos que estimulam os populares a participar da moralidade
da sociedade brasileira, mas para isso ocorrer, informar-se sobre o
que impede o povo de sugerir e participar dos processos de
gestão é a questão ,para daí, partir para o universo complexo do
aumento do poder de policia ou da conscientização que as políticas
sociais podem abranger.
 Essa discussão conduz a busca por uma sociedade democrática
em que as forças de vários indivíduos corrobora para a
concretização de estratégias visando o sucesso da coletividade.
 1.1 - Organização e Estrutura do Estado
 Estado

 A palavra Estado foi utilizada pela primeira vez na obra O Príncipe, de Maquiavel, em 1513. Estado refere-se à convivência humana,
à sociedade política, e detém o significado de poder, força, direito.
 A organização do Estado brasileiro é assunto tratado no Direito Constitucional, no que concerne à sua divisão político-territorial, à
sua forma de governo, à estrutura dos poderes, ao modo de aquisição e exercício do poder e aos direitos e garantias individuais e
sociais dos governados.
 Os principais artigos da Constituição Federal de 1988, sobre a organização político administrativa do Estado e sobre as
competências comuns, privativas e concorrentes, da União, dos Estados, Distrito Federal e Municípios, encontram-se no final deste
item – Estado. Há outros artigos também importantes: são os que tratam da organização dos poderes e da Administração Pública;
do exercício da atividade econômica pelo Estado; da descentralização de competências e recursos nas áreas de Educação, Saúde e
Assistência Social; e da gestão associada de serviços públicos mediante consórcio ou convênio. No que concerne à repartição de
competências, o Brasil adotou o princípio da predominância do interesse; assim, o legislador constituinte deixou a cargo da União
as competências de interesse nacional/geral; as competências regionais, e eventualmente locais, atribuiu aos Estados-membros; e
destinou aos Municípios as competências de caráter local.
 Atenção: Embora haja a repartição de competências, em sua grande maioria essas competências permaneceram centralizadas e
atribuídas à União.
 A República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal. Constitui um
Estado Democrático de Direito, e possui três poderes independentes e harmônicos entre si: Legislativo, Executivo e Judiciário.
 A Administração pública compreende todo o aparato existente
(estrutura e recursos; órgãos e agentes; serviços e atividades) à
disposição dos governos para a realização de seus objetivos políticos e
do objetivo maior e primordial do Estado: a promoção do bem comum
da coletividade.

 A Administração pública em sentido amplo compreende: o governo


(que toma as decisões políticas), a estrutura administrativa e a
administração (que executa essas decisões). Em sentido estrito
compreende apenas as funções administrativas de execução dos
programas de governo, prestação de serviços e demais atividades.
1.2 - PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

 LIMPE
 O LIMPE é uma combinação interessante de letras, formada por alguns princípios encontrados na
Constituição Federal da República Federativa do Brasil. São eles, respectivamente, os princípios:
 Legalidade
 Impessoalidade
 Moralidade
 Publicidade
 Eficiência
 Esses apresentados, são referentes à Administração Pública e estão presentes no artigo 37 da Constituição
Federal de 1988. Através dele, todas as pessoas que fazem parte dessa administração devem se pautar, em
obediência à Constituição Brasileira. É importante ressaltar, que os princípios citados não são os únicos,
mas há referência de outros princípios em leis esparsas e específicas.
 Princípios aplicáveis à Administração Pública Princípios basilares do regime jurídico-
administrativo:

 Princípio da Legalidade

 O princípio da legalidade está contido na Constituição Federal de 1988 e é um princípio basilar do


Estado Democrático de Direito. Por esse princípio, a Administração Pública, em toda sua atividade,
prende-se aos mandamentos da lei, deles não podendo se afastar, sob pena de o ato ser declarado
inválido e o seu autor ser responsabilizado pelos danos ou prejuízos causados. Assim, toda ação
estatal deve ser regulada por lei, caso contrário, será injurídica e expõe-se à anulação.
 O administrador público somente pode fazer aquilo que a lei permite ou autoriza, e nos limites
dessa autorização. A legalidade da ação não está resumida na ausência de oposição à lei, mas
pressupõe autorização dela como condição de sua ação, uma vez que o sistema legal constitui
fundamento jurídico de toda ação administrativa.
 Princípio da Impessoalidade
 Em obediência a esse princípio, o agente público, ao praticar o ato, deve ser
imparcial, buscar somente o fim público pretendido pela lei, sem privilégios ou
discriminações de qualquer natureza.

 Princípio da Moralidade
 O princípio da moralidade exige do servidor público o elemento ético de sua
conduta. Assim, não terá de decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o
injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas
principalmente entre o honesto e o desonesto.
 Princípio da Publicidade
 Esse princípio consagra o dever administrativo de manter a transparência em seus
comportamentos. A finalidade da publicação é dar conhecimento dos atos/ações ao público em
geral, e iniciar a produção de seus efeitos.

 Princípio da Eficiência
 o princípio da eficiência requer direcionamento da atividade e dos serviços públicos à
efetividade do bem comum, cujas características de imparcialidade, neutralidade, transparência e
eficácia encontram-se ligadas ao conceito formal de eficiência.
 Este princípio exige que o agente público execute os serviços com perfeição, presteza e rendimento
funcional (Hely Lopes Meirelles).
 Esse princípio anteriormente não estava previsto na Constituição e foi inserido após a Emenda
Constitucional nº 19/98, relativo a Reforma Administrativa do Estado.
 Segundo Grupo
 Dados tais princípios, pertencentes ao chamado 1º grupo, da administração pública. Agora
vem o 2º grupo, que são os explícitos ou implícitos no texto constitucional, além dos que
estão no art. 37, também são conhecidos como princípios infraconstitucionais e derivam de
outras legislações esparsas e específicas.
 Princípio do Interesse Público
 O princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado é intimamente
unido em toda e qualquer sociedade organizada. Segundo a própria CF, “todo o poder
emana do povo”, por isso, o interesse público irá trazer o benefício e bem-estar à população.
 Princípio da Finalidade
 É dever do administrador público buscar os resultados mais práticos e eficazes. Esses
resultados devem estar ligados as necessidades e aspirações do interesse do público.
 Princípio da Igualdade
 O art. 5º da CF, prevê que todos temos direitos iguais sem qualquer distinção. Para o
administrador não é diferente. Ele não pode distinguir as situações. Sendo obrigado, por lei,
a agir de maneira igual em situações iguais e desigual em situações desiguais.
 Princípio da Lealdade e boa-fé
 O princípio da legalidade e boa-fé, resume-se que o administrador não deve agir com malícia
ou de forma astuciosa para confundir ou atrapalhar o cidadão no exercício de seus direitos.
Sempre deve agir de acordo com a lei e com bom senso.
 Princípio da Motivação
 Para todas as ações dos servidores públicos, deve existir uma explicação, um fundamento de
base e direito. O princípio da motivação é o que vai fundamentar todas as decisões que serão
tomadas pelo agente público.
 Princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade
 O princípio da razoabilidade tem o objetivo de proibir o excesso, com a finalidade de evitar as
restrições abusivas  ou desnecessárias realizadas pela Administração Pública. Esse princípio
envolve o da proporcionalidade, assim as competências da Administração Pública devem ser
feitas proporcionalmente, sendo ponderadas, segundo as normas exigidas para cumprimento
da finalidade do interesse público.
 1.3 - Diferenciação entre administração pública e administração
privada

 A democracia, a globalização e as inovações tecnológicas provocaram mudanças drásticas nas


organizações privadas e públicas, impondo-lhes uma tomada de decisão crucial: ou se
adaptam e evoluem para os padrões mundiais de produção de bens e serviços, ou se isolam em
seus mercados/nações correndo o risco de se autodestruírem.
 Todas as entidades privadas ou públicas utilizarão técnicas administrativas como o
planejamento, a organização, a direção e o controle, assim como as técnicas relacionadas à
motivação e avaliação de resultados. A divisão do trabalho também utilizará técnicas
semelhantes, e haverá funções idênticas como a orçamentária/financeira, a contábil, a de
recursos humanos etc. Tanto a Administração Pública quanto a privada sofrem influência do
ambiente no qual atuam: fatores políticos, sociais, econômicos e tecnológicos.
características fundamentais utilizadas nas comparações, que diferenciam a
Administração Pública da administração privada:
• O Governo tem como objetivo maior proporcionar o bem-estar à coletividade – enquanto a
iniciativa privada tem como objetivo primordial o lucro financeiro.
• Os princípios do art. 37 da CF/1988 são obrigatórios para a Administração Pública – e não se
aplicam à administração privada (ou se aplicam de forma diferenciada, como o princípio da
legalidade, que permite ao privado fazer tudo que não seja proibido pela lei, mas somente
permite atuação pública nos casos autorizados pela lei).
• Na Administração Pública o “cliente” paga os serviços através de impostos, mesmo sem usar
- enquanto que na iniciativa privada ele só paga pelo bem/serviço que compra ou utiliza.
• Normalmente, as atividades públicas são monopolistas e os usuários não podem escolher
outra forma – na iniciativa privada a livre concorrência proporciona várias opções.
• O Governo existe para servir aos interesses gerais da sociedade – a empresa privada serve aos
interesses de um indivíduo ou grupo.
• A responsabilidade do Governo deve responder à natureza e à dimensão de seu poder – a das
empresas privadas está restrita ao seu ambiente de atuação.
• A ação governamental é difícil, complexa e gigante, e tem menos autonomia – a da iniciativa
privada é menor, mais flexível e mais autônoma.
 • Em face da soberania do Governo e da universalidade das ações, cabe aos governos solucionar os
conflitos de interesses particulares, com vista a alcançar o máximo de bem-estar geral – a administração
privada preocupa-se com o seu bem-estar e como resolver os seus problemas.
 • O Governo é responsável pela condução da nação e responde à população pelas suas ações, que estão
sempre expostas à mídia em geral e à crítica – nas organizações privadas os dirigentes respondem aos
proprietários e acionistas, e somente casos de sucesso notório ou escândalos são expostos na mídia.
 • Entre todas as instituições, o Governo é aquela que detém a autoridade política suprema, sancionada
pelo monopólio da violência; os governantes dos órgãos superiores ou inferiores possuem grande poder
de coação, o que exige uma “proteção especial dos governados” para se evitar os abusos – na iniciativa
privada, mesmo grandes industriais ou empresários não têm esse poder.
 • A eficiência e a eficácia das entidades públicas medem-se não somente pela correta utilização dos
recursos, mas principalmente pelo cumprimento de sua missão e pelo atendimento, com qualidade, das
necessidades e demandas do cidadão e da sociedade – na iniciativa privada medem-se pelo aumento de
suas receitas, pela redução de seus gastos, ou pela expansão de seus mercados.
 • O controle da Administração Pública, amparado na lei e exercido pelos órgãos de controle, também se
dá mediante os políticos eleitos e, em alguns casos, pelos cidadãos – enquanto que nas empresas
privadas, além dos órgãos de controle, o mercado é quem dita as regras do jogo.
 • A cúpula da Administração Pública é frequentemente substituída em função do partido/bloco político
vencedor das eleições, ou por força de novas coalizões necessárias ao exercício do poder; essa
descontinuidade dificulta o planejamento e as ações de longo prazo – nas organizações privadas o poder
de mando raramente se altera, e a continuidade da alta administração é a regra.
 1.4 - FUNDAMENTOS GERENCIAIS

 Administração Pública gerencial


 A Administração Pública gerencial emerge na segunda metade do século XX,
como resposta, de um lado, à expansão das funções econômicas e sociais do
Estado, e, de outro, ao desenvolvimento tecnológico e à globalização da economia
mundial, uma vez que ambos deixaram à mostra os problemas associados à adoção
do modelo anterior. A eficiência da Administração Pública – a necessidade de
reduzir custos e aumentar a qualidade dos serviços, tendo o cidadão como
beneficiário – torna-se então essencial. A reforma do aparelho do Estado passa a
ser orientada predominantemente pelos valores da eficiência e qualidade na
prestação de serviços públicos e pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial
nas organizações.
 Na Administração Pública gerencial a estratégia volta-se: para a definição precisa dos
objetivos que o administrador público deverá atingir em sua unidade; para a garantia de
autonomia do administrador na gestão dos recursos humanos, materiais e financeiros
que lhe forem colocados à disposição para que possa atingir os objetivos contratados;
para o controle ou cobrança a posteriori dos resultados; adicionalmente, pratica-se a
competição administrada no interior do próprio Estado, quando há a possibilidade de
estabelecer concorrência entre unidades internas.
 No plano da estrutura organizacional, a descentralização e a redução dos níveis
hierárquicos tornam-se essenciais. Em suma, afirma-se que a Administração Pública
deve ser permeável à maior participação dos agentes privados e/ou das organizações da
sociedade civil, e deslocar a ênfase dos procedimentos (meios) para os resultados (fins).
 A Administração Pública gerencial vê o cidadão como contribuinte de impostos e como
cliente dos seus serviços. Os resultados das ações do Estado são considerados bons –
não porque os processos administrativos estão sob controle e são seguros, como quer a
Administração Pública burocrática, mas porque as necessidades do cidadão-cliente estão
sendo atendidas.
 O modelo burocrático de Administração implantado no país se somava aos defeitos
 relacionados com o controle rígido dos processos, a falta de treinamento e de estrutura de
carreiras. Os instrumentos de supervisão e acompanhamento eram pouco criativos e
insuficientes para caminhar passo a passo com a mudança tecnológica e atender à
necessidade de repensar e propor novos objetivos e métodos de forma ágil, em menor
tempo, e a um custo mais baixo. Além disso, o sistema carecia de mecanismos
autorreguladores e era refratário às inovações. Sua
 capacidade de resposta aos novos e constantes estímulos era limitada, arcaica e
ineficiente.
 O mecanismo de motivação na burocracia era a promoção por mérito em carreiras
formalmente estabelecidas (teoria). Através desse mecanismo, em que os cursos, a
avaliação de desempenho e os exames são essenciais, o administrador ascende lentamente
na sua profissão. No Brasil a amplitude das carreiras era baixa, o sistema, de premiação, a
motivação dos funcionários públicos ocorria mediante a ocupação de cargos em comissão
e a promoção era por tempo de serviço.
 Era essencial repensar o sistema de motivação dos servidores públicos brasileiros!
 A administração gerencial tornou-se realidade no mundo – no Brasil ainda se
encontra em fase de implementação.
 As principais características da Administração Pública gerencial (também
chamada de nova Administração Pública):
 • orientação da ação do Estado para o cidadão-usuário ou cidadão-cliente;
 • ênfase no controle dos resultados através dos contratos de gestão;
 • fortalecimento e aumento da autonomia da burocracia estatal, organizada em
carreiras de Estado, e valorização do seu trabalho técnico e político de participar,
juntamente com os políticos e a sociedade, da formulação e gestão das políticas
públicas;
 • separação entre as secretarias formuladoras de políticas públicas, de caráter centralizado, e as
unidades descentralizadas, executoras dessas mesmas políticas;
 • distinção de dois tipos de unidades descentralizadas: as Agências Executivas, que realizam
atividades exclusivas de Estado, por definição monopolistas, e os serviços sociais e científicos
de caráter competitivo, em que o poder de Estado não está envolvido;
 • transferência para o setor público não estatal dos serviços sociais e científicos competitivos;
 • adoção cumulativa dos mecanismos de controle social direto para controlar as unidades
descentralizadas: do contrato de gestão em que os indicadores de desempenho sejam
claramente definidos e os resultados medidos; e da formação de quase mercados em que
ocorre a competição administrada;
 • terceirização das atividades auxiliares ou de apoio, que passam a ser licitadas
competitivamente no mercado.
 Não há dúvida que a motivação positiva fundamental é aquela relacionada com
o sentido de missão do servidor, diretamente voltada para o interesse público.

 A segunda motivação é a da profissionalização do serviço público, através de


concursos e processos seletivos públicos e de um sistema de promoções na
carreira, em função do mérito, acompanhadas por remuneração
correspondentemente maior.

 Finalmente, era essencial contar-se com uma motivação negativa, possibilitada


através da demissão por insuficiência de desempenho, com a finalidade de levar o
funcionário comum a valorizar o seu emprego.
1.4.1 - Breve histórico da qualidade na Administração
Pública
 E m 1990, para incentivar a busca pela qualidade e a redução de custos, Collor lançou o Programa Brasileiro da
Qualidade e Produtividade – PBQP. O objetivo do programa era apoiar o esforço de modernização da empresa
brasileira, através da promoção da qualidade e produtividade, com vistas a aumentar a competitividade dos bens e
serviços produzidos no país. No entanto, o programa estava direcionado para a iniciativa privada.
 Em maio de 1991 cria-se o subprograma Qualidade e Produtividade na Administração Pública, voltado para a
área pública. Este programa buscava a sensibilização para a qualidade no setor público, com ênfase em ferramentas
e melhorias de processo. O programa estabeleceu uma meta para a Administração Pública: aumento de nível de
satisfação dos usuários de 10% ao ano, e meta
 geral de 70% de satisfação dos usuários em 2002. Em 2004 (avaliação do PPA 2000-2003), constatou-se que os
órgãos que aderiram ao programa obtiveram 81,3% de satisfação dos usuários, quanto aos serviços prestados.
 Ainda em 1991, foi criada a Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade. A primeira premiação privada ocorreu
já em 1992, mas a premiação pública somente foi instituída em 1998.
 Atualmente, a Fundação Nacional da Qualidade – FNQ –(de Direito Privado) tem como missão “disseminar os
fundamentos da Excelência em Gestão para o aumento de competitividade das organizações e do Brasil”
 Em 1995, o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado
apresentou dois programas como instrumentos de administração da
qualidade e da melhoria das práticas na Administração Pública
Federal: o Programa de Qualidade e Participação, de aplicação
geral na Administração Pública Federal; e o Programa de
Reestruturação e Qualidade dos Ministérios, voltado a promover a
readequação das estruturas administrativas dos Ministérios.
 Atenção: O Programa da Qualidade e Participação era o principal
instrumento de mudança da cultura burocrática para a cultura gerencial
na Administração Pública.
 Os objetivos gerais deste programa eram dois: 1. Contribuir para a melhoria da
qualidade dos serviços públicos, por meio da institucionalização de seus
princípios, com ênfase na participação dos servidores; e 2. Apoiar o processo de
mudança de uma cultura burocrática para uma cultura gerencial, fortalecendo a
delegação, o atendimento ao cidadão, a racionalidade no modo de fazer, a
definição clara de objetivos, a motivação dos servidores e o controle de resultados.
O programa
 QPAP tinha como princípios: satisfação do cliente; envolvimento de todos os
servidores; gestão participativa; gerência de processos; valorização do servidor
público; constância de propósitos; e melhoria contínua.
 A implantação da gestão da qualidade foi considerada um fator crítico para o
sucesso da Reforma Gerencial do Estado.
 Em 1999, surge o Programa de Qualidade no Serviço Público, que defendeu uma nova cultura
dentro do Governo, justamente abordando os pontos mais importantes da Administração Pública
gerencial: foco no usuário-cidadão, gestão por resultados, inovação nos instrumentos gerenciais e o
envolvimento dos servidores de todos os níveis, visando à contínua melhoria na prestação dos
serviços
 Em 2005, foi implantado o GesPública – Programa Nacional de Gestão Pública e
 Desburocratização, através do Decreto no 5.378. Segundo consta em sua página oficial, o
GesPública é o resultado da evolução histórica de iniciativas do Governo Federal para a promoção
da gestão pública de excelência. Tem como principais características: ser essencialmente público,
ser contemporâneo, estar voltado para a disposição de resultados para a sociedade e ser federativo.
 O GesPública deverá contemplar a formulação e implementação de medidas integradas de
transformação da gestão, necessárias à promoção dos resultados preconizados no Plano Plurianual,
à consolidação da Administração Pública profissional voltada ao interesse do cidadão e à aplicação
de instrumentos e abordagens gerenciais.
2 - FERRAMENTAS GERENCIAIS DE MODERNIZAÇÃO DO
SETOR PÚBLICO

 As rápidas mudanças sociais, políticas e econômicas marcam o atual cenário mundial,


provocando importantes transformações em vários âmbitos; levando os governos a
enfrentar os mais variados e complexos problemas. Assim, ideias inovadoras são
necessárias para dar resposta às demandas da sociedade e para a modernização da
gestão pública.
 Este tópico tem como objetivo avaliar a tendência à inovação no setor público, bem como
identificar os cuidados necessários na condução do processo de inovação na gestão
pública, fazendo um sucinto levantamento de possibilidades para a promoção de um
ambiente de inovação na administração pública do Brasil.
 2.1 - Gestão de banco de dados para o setor público (TI, SI,
Governo eletrônico e Transparência) 
 As tecnologias da informação são instrumentos utilizados para alavancar a modernização,
aumentar a competitividade e apoiar o desenvolvimento econômico e social de todos os
setores da economia: local, nacional e mundial – públicos e privados. As tecnologias
abrangem todos os aspectos da vida humana. Elas provocaram uma gama de mudanças que
envolvem toda a estrutura da empresa, incluindo os recursos humanos, e não somente o
ambiente tecnológico.
 2.1.1 - Tecnologia da Informação (TI)
 
 A Tecnologia da Informação pode ser definida como o conjunto de todas as atividades e
soluções providas por recursos de computação; designa o conjunto de recursos tecnológicos e
computacionais para geração e uso da informação.
 O termo Tecnologia da Informação serve para designar o conjunto de recursos
tecnológicos e computacionais (hardware, software, dados e telecomunicações) para geração,
armazenamento, processamento, uso e difusão (comunicação) da informação – em suas
variadas formas – como: dados, voz e imagens. O glossário disponível na página do
GesPública define que a “Área de TI” compreende todos os setores e subprocessos de
trabalho inerentes.
 O desenvolvimento de novas tecnologias modificou o armazenamento da informação, assim
como possibilitou novas formas de organização e acesso aos dados e às obras armazenadas;
reduziu custos, facilitou a produção de jornais e permitiu a formação de redes televisivas de
âmbito mundial.
 2.1.2 - Sistemas de Informação (SI)
  

 Os Sistemas de Informação abrangem o estudo e o desenvolvimento de modelos, técnicas e


ferramentas computacionais para auxiliar pessoas e organizações a utilizarem as informações de
forma eficiente: eles transformam dados em informações úteis mediante três atividades básicas:
entrada, processamento e saída.
 Sistemas de informação são um “conjunto de componentes inter-relacionados”, utilizados para
coletar, processar, armazenar e distribuir a informação. Independente de qual seja o Sistema de
Informação, ele apresenta duas finalidades principais: dar suporte à tomada de decisões; e dar
suporte ao controle de uma organização.
 Para facilitar essa tomada de decisão, pessoas e organizações vêm utilizando sistemas de
informação capazes de processar uma grande quantidade de dados e transformá-los em informações
válidas – reduzindo assim as incertezas e proporcionando maior assertividade às decisões.
 O objetivo clássico de um SI é proporcionar a informação certa para a pessoa certa na hora certa,
em formato, tempo e custos adequados. O objetivo moderno dos SI é melhorar o desempenho dos
trabalhos realizados dentro de uma organização (melhorar a eficiência organizacional).
 2.1.3 - Governo Eletrônico
 
 O termo Governo Eletrônico começou a ser utilizado por volta dos anos 1980, após a
disseminação do e-commerce pelas empresas privadas, sempre associado às Tecnologias da
Informação e Comunicação – TIC.
 No contexto do Governo Eletrônico “a internet surge como facilitadora da participação da
sociedade
 no Governo e do exercício do controle social” (José Pinho, 2008).
 No meio público, as primeiras ações de TIC sempre estiveram mais associadas às questões
operacionais e internas do que às estratégicas ou de relacionamento com a sociedade. Mas isso
mudou, e é possível afirmar que hoje a relação está equilibrada: utilizam-se em larga escala
os recursos das TIC nos dois sentidos – tanto interna quanto externamente.
 Mesmo atrasada em relação à iniciativa privada, houve evolução na gestão das TIC na área
pública: de administração de sistemas de informações passou para administração dos Recursos
de Informação, e atualmente consiste na administração de Tecnologia da Informação na Era da
Informação. Esses estágios passam do operacional para o estratégico, partindo da busca da
eficiência administrativa, na automação e agilização dos procedimentos operacionais e
burocráticos, à melhoria da atividade fim, na relação direta do Governo com o cidadão.
 Governo Eletrônico não significa apenas colocar os serviços públicos online ou melhorar sua
prestação, mas compreende também “um conjunto de processos, mediados pela tecnologia,
que pode modificar as interações, em uma escala maior, entre os cidadãos e o Governo”
(Comissão Europeia, 2006).
 Assim, podemos definir Governo Eletrônico – GE – como as ações de governo direcionadas
a disponibilizar informações e serviços à sociedade e novos canais de relacionamento direto
entre governo e cidadãos, mediante o uso de recursos da Tecnologia da Informação e
Comunicação, em especial a internet.
 A prioridade do Governo Eletrônico é a promoção da cidadania.
 2.1.4 - Transparência Eletrônica
 A transparência viabilizada pela internet inclui a disponibilização de todo o tipo de
informação sobre: o Governo, a Administração, a estrutura de governo e dos órgãos, o
processo decisório, as políticas públicas, as contratações e compras públicas em geral, a
prestação de contas dos recursos utilizados, legislação etc. A disponibilização da prestação de
contas através da internet proporciona a transparência da gestão governamental no contexto
democrático, e é uma forma de concretização do accountability governamental.
 A transparência é inerente aos Estados democráticos modernos; insere-se no bojo da
democracia.
 Num ambiente democrático a sociedade tem direito a informações transparentes: quanto
mais houver transparência nas informações, mais democráticos serão os governos e a
sociedade.
2.2 - GESTÃO POR RESULTADOS

 Gestão por Resultados caracteriza-se por ser o ciclo que começa com o estabelecimento dos
resultados desejados, a partir da tradução dos objetivos de governo; prescreve o
monitoramento e a avaliação do desempenho da organização ou da política pública a partir
do alcance desses resultados; e retro-alimenta o sistema de gestão, propiciando ações
corretivas decorrentes dessa avaliação (Gomes, 2009).
 Independente do modelo de administração por resultados adotado, o planejamento
estratégico deve orientar a atuação administrativa amparada numa visão de longo prazo
(Paludo, 2013, p. 227).
 A gestão por resultados é uma das principais recomendações da Nova Gestão Pública. Isso
decorre do argumento de ser este modelo apropriado a, simultaneamente:
focar na efetividade ou no que de fato interessa ao cidadão e a sociedade;
 flexibilizar a condução dos processos e assim remediar as disfunções
burocráticas, relacionadas ao apego excessivo às normas e procedimentos; 
 e propiciar mais eficiência e accountability.
 Em qualquer modelo de gestão por resultados deverá ser definida a missão, a visão, os
objetivos, as metas e os indicadores (Paludo, 2013, p. 227).
2.3 - QUALIDADE EM SERVIÇOS
 A qualidade de um serviço é percebida diferentemente da qualidade de um produto porque:
 o serviço é intangível;
 não pode ser armazenado;
 não pode ser inspecionado;
 não tem tempo médio de vida;
 envolve relacionamento entre pessoas;
 em geral, sua qualidade é subjetiva.

 Não podemos falar em serviço sem relacioná-lo a cliente, toda organização possui clientes internos e
externos. Os clientes internos são os funcionários da organização, que utilizam resultados de processos
criados por outros colaboradores da empresa, enquanto os  clientes externos, são os que pagam pelo produto
final, ambos são importantes e devem ser atendidos com qualidade.
 Algumas empresas cobram de seus funcionários excelência em qualidade na prestação do serviço, como esse
funcionário poderá prestar um serviço de qualidade e atender realmente as necessidades do cliente se as
entradas do seu processo tem pouca qualidade? A qualidade oferecida ao cliente interno, acaba refletindo na
hora da prestação do serviço ao cliente externo.
 O que pode ser um serviço de qualidade para um cliente, pode ser considerado de má qualidade por outro,
vamos então  identificar alguns elementos da qualidade de serviço:
 ELEMENTOS DA QUALIDADE DE UM SERVIÇO
 Confiabilidade: prestar um serviço confiável ao cliente, por exemplo, quando contratar um
prazo de entrega, esse terá que ser respeitado para que o serviço seja considerado confiável.
Cortesia: ser gentil e paciente com o cliente, procurando entender suas necessidades.
Comunicação: usar uma linguagem clara e acessível, simplificando a prestação do serviço.
Capacidade para entender as necessidades dos clientes: colocar-se no lugar do cliente e
procurar entender o que realmente ele precisa para atendimento de suas necessidades.
Credibilidade: fazer com que o cliente acredite naquilo que está lhe oferecendo.
Competência: apresentar competência, mostrando ser conhecedor do serviço prestado.
Segurança: transmitir segurança ao cliente na prestação do serviço.
Rapidez na resposta: sanar todas as dúvidas do cliente no momento em que for solicitado.
Aspectos visíveis: percepção do serviço prestado, envolvendo vários aspectos que vão desde
a aparência do vendedor e do local onde o serviço é prestado, até os aspectos sentidos pelo
cliente na prestação do serviço.
 3 - Novas Tecnologias Gerenciais
 Com o aumento da competitividade entre as empresas (e por que não dizer entre as nações?),
houve uma intensa busca por inovações – amparadas em grande parte nas novas tecnologias –
como forma de superação dos concorrentes na procura por novos mercados, melhoria de
produtos, novos produtos, redução de custos, melhoria da qualidade, aumento da eficiência,
incremento nos lucros etc.
 As organizações se tornaram sistemas abertos sujeitas a mudanças como forma de se
adaptar ao ambiente e como meio de garantir a própria sobrevivência no longo prazo.
 A competitividade, a globalização, as novas tecnologias tornaram-se um desafio a ser
enfrentado também pelas entidades públicas. Em decorrência dessas fortes mudanças
oriundas das empresas privadas, constatou-se a necessidade de novas formas de
administrar/gerir a coisa pública, pois esta encontrava-se incapacitada de dar conta das novas
demandas impostas pela reestruturação produtiva e pela mundialização da economia.
 As estruturas governamentais foram fortemente afetadas pelas inovações tecnológicas, pelo
ritmo intenso/contínuo das mudanças, pelo surgimento de uma economia global pós-industrial e
por uma sociedade baseada no conhecimento e na informação. Com as inovações tecnológicas,
não só as organizações privadas, mas também as públicas, mudaram suas configurações.
 3.1 - Melhoria contínua (Kaizen)
 A melhoria contínua é uma técnica de mudança organizacional lenta, suave e
ininterrupta, centrada nas atividades em equipes. Visa aumentar a qualidade
dos produtos e serviços dentro de programas a longo prazo. Seu foco é a
melhoria gradual e contínua, através da colaboração e participação das pessoas,
para realizarem suas tarefas um pouco melhor a cada dia.
 O Kaizen promove a melhoria através da eliminação de problemas
identificados, objetivando fazer melhor as atividades/tarefas e conquistar
resultados específicos relacionados à satisfação dos clientes, ou relacionados com
a redução de custos de fabricação, estoques e distribuição.
 3.2 - Downsizing (Enxugamento)
 A teoria que fundamenta o uso dessa ferramenta surgiu no final do século XX. O downsizing promove
redução de níveis hierárquicos (mediante a fusão de departamentos ou gerências intermediárias) e o
enxugamento organizacional, para reduzir as operações ao essencial do negócio (core business); e
transfere as operações não essenciais para terceiros com capacidade de fazê-lo melhor e mais barato
(terceirização).
 O foco do downsizing é concentrar as atividades da empresa no que ela tem de melhor: na sua
competência principal (core business).
 O downsizing reduz custos e aumenta a flexibilidade da organização e a capacidade de resposta às
constantes mudanças no ambiente.
 3.3 - Ciclo PDCA
 O Ciclo PDCA teve origem na década de 1920, com Shewhart, nos Estados Unidos, mas tornou-se conhecido
como ciclo de Deming a partir de 1950, no Japão. Para o glossário do GesPública, Ciclo PDCA é uma
ferramenta que busca a lógica para fazer certo desde a primeira vez.
 PDCA é uma “ferramenta oficial da qualidade”, utilizado em processos de trabalho com vistas a maximizar a
eficiência e alcançar a excelência de produtos e serviços. Em regra, quando aplicado na melhoria de
processos, significa estabelecer uma nova diretriz de controle, da qual decorre um novo nível de controle.
 O PDCA parte da insatisfação com o “estado atual das coisas” e analisa os processos com vistas a realizá-
los de maneira otimizada. Inclui as seguintes etapas: planejamento (Plan): estabelecer objetivos, metas e os
meios para alcançá-los; execução (Do): executar as atividades propostas no planejamento;
controle/verificação (Check/Control): monitora/controla a execução e verifica o grau de cumprimento do que
foi planejado; Ação Avaliativa/Corretiva (Act to corret): identifica eventuais falhas e corrige-as, a fim de
melhorar a execução das atividades
3.4 - Programa 5S
 Criado no Japão, o Programa 5S proporciona melhor organização, arrumação, limpeza, asseio e disciplina, eliminando os
desperdícios, aumentando a produtividade e criando um excelente ambiente de trabalho. Senso significa faculdade de apreciar,
sentir, julgar. Os cinco sensos estão promovendo mudanças nas organizações e dando sustentação aos programas de Qualidade
e Produtividade.
 Várias palavras diferentes vêm sendo utilizadas para definir as palavras japonesas que compõem os 5S: Seiri – senso de
utilização, seleção; Seiton – senso de ordenação, arrumação; Seisoh – senso de limpeza; Seiketsu – senso de asseio, saúde,
padronização; Shitsuke – senso de autodisciplina, harmonia, educação.
 O 5S é um programa voltado para os funcionários, que busca promover os bons hábitos no ambiente de trabalho, como
forma de melhorar a produtividade.
3.5 - Diagrama de Pareto
 Diagrama ou princípio de Pareto é uma forma especial de gráfico de barras verticais (histograma) que
permite determinar quais problemas resolver e qual a prioridade. Esse histograma direciona os esforços para
os problemas mais importantes, visto que permite selecionar e visualizar itens ou fatores em sua ordem
crescente de importância, e utilizá-los para melhora da qualidade, redução de custos etc.
 O diagrama de Pareto baseia-se em fatos e dados e poderá ser usado sempre que for preciso ressaltar a
importância relativa entre os vários problemas ou condições, no sentido de escolher o ponto de partida
para a solução de um problema: identificar a causa básica de um problema ou avaliar o progresso de uma
operação. Identifica as causas que mais se repetem nos problemas que estão continuamente sendo
enfrentados pela organização.
3.6 - Diagrama de Ishikawa
 Criado pelo químico japonês Kaoru Ishikawa, e também conhecido como Diagrama de Causa e Efeito ou
Diagrama Espinha de Peixe, esse diagrama expressa, de modo simples e fácil, a série de causas e efeitos
de um processo ou um problema. O diagrama é uma forma sequencial e ordenada para se descrever ou
separar todas as fases e partes de um problema.
 Parte-se dos efeitos dos problemas para a identificação das causas que o provocaram, colocando-as em
grau de importância da esquerda para a direita. Toda a equipe deve participar na identificação das causas,
como forma de garantir que todas as causas potenciais sejam consideradas.
 O diagrama pode ser utilizado para identificar as causas de qualquer problema. O nome “espinha de peixe”
vem da semelhança do desenho gráfico com um peixe.
Vítimas Infratores Órgãos de
Segurança
Certeza de
Demanda impunidade Combate ineficiente
Falta de Valores Boa opção de renda
Morais Dificuldade de
acesso
Desestruturação
Familiar
Tráfico
Desemprego Dificuldade de de
Pobreza acesso Desestruturação Drogas
Falta de Familiar
Má distribuição Omissão
capacitação
de renda Pobreza
Ociosidade dos Lotes baldios Desemprego
Medo
jovens
Falta de lazer Prédios abandonados
Falta de políticas
sociais
Instituições Meio-ambiente Comunidade
Governamentais (local e horário) (família, vizinho etc.)
 3.7 - Orçamento participativo
 O orçamento participativo é uma técnica orçamentária em que a alocação de alguns recursos contidos no orçamento
público é decidida com a participação direta da população, ou através de grupos organizados da sociedade civil , como a
associação de moradores.
 É um importante espaço de debate e decisão político-participativa. Nele, a população interessada decide as prioridades de
investimentos em obras e serviços a serem realizados, a cada ano, com os recursos do orçamento. Essa técnica orçamentária
estimula o exercício da cidadania, o compromisso da população com o bem público, e gera responsabilização entre governo e
sociedade sobre a gestão dos recursos públicos.
 Vale ressaltar que somente são colocados para decisão da população uma parte dos recursos disponíveis para
investimentos, e a participação do cidadão ocorre no momento de elaboração e muito timidamente na fiscalização de sua
execução.
 Esse mecanismo foi reforçado pela LRF
 Art. 48, parágrafo único: a transparência será assegurada também mediante incentivo à participação popular e realização de
audiências públicas, durante os processos de elaboração e de discussão dos planos, Lei de Diretrizes Orçamentárias e
orçamentos.
 O Orçamento participativo aplica-se apenas aos municípios e de forma facultativa.
 4 - Noções de políticas públicas
 “Políticas Públicas são diretrizes, princípios norteadores de ação do poder
público; regras e procedimentos para as relações entre poder público e
sociedade, mediações entre atores da sociedade e do Estado. São, nesse caso,
políticas explicitadas, SISTEMATIZADAS OU FORMULADAS EM
DOCUMENTOS (leis, programas, linhas de financiamentos) que orientam
ações que normalmente envolvem aplicações de recursos públicos.”
 Por que estão aqui ouvindo falar sobre políticas públicas?
 Porque tudo isso interfere em nossas vidas de alguma forma!.
 1) Leis
 2) Programas
 3) Linhas de financiamento.
 Para quê tudo isso?
 Para orientar as ações que normalmente envolvem a aplicação de recursos
públicos!
 Elaborar uma política pública significa definir QUEM
 DECIDE O QUÊ, QUANDO, COM QUE CONSEQUÊNCIAS E PARA QUEM?

 Planejamento, execução e
 avaliação
 Objetivos das políticas públicas
 • “As políticas públicas visam responder a demandas, principalmente dos setores
marginalizados da sociedade, considerados como vulneráveis.
 Essas demandas são interpretadas por aqueles que ocupam o poder, mas influenciadas
por uma agenda que se cria na sociedade civil através da pressão e mobilização social.”
 • “Os objetivos das políticas têm uma referência valorativa e exprimem as opções e visões
de mundo daqueles que controlam o poder, mesmo que, para sua legitimação, necessitem
contemplar certos interesses de seguimentos sociais dominados, dependendo assim da sua
capacidade de organização e negociação.”
 Redução dos espaços de atuação dos criminosos (como?)
 As fases da construção de uma “política pública”:
 1) Conscientização;
 2) Metodológica;
 3) Ações
 Ações individuais e coletivas = políticas públicas
 “As políticas públicas são um processo dinâmico, com negociações, pressões,
mobilizações, alianças ou coalizões de interesses. Compreende a formação de uma
agenda que pode refletir ou não os interesses dos setores majoritários da população, a
depender do grau de mobilização da sociedade civil para se fazer ouvir e do grau de
institucionalização de mecanismos que viabilizem sua participação.”
 4.1 - Segurança pública no Brasil, planos de combate à
violência
 Constituição Cidadã de 1988
 CAPÍTULO III
 DA SEGURANÇA PÚBLICA
 Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e
 responsabilidade de todos, é exercida para a
 preservação da ordem pública e da incolumidade das
 pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
 I - polícia federal;
 II - polícia rodoviária federal;
 III - polícia ferroviária federal;
 IV - polícias civis;
 V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
 Contextualizando a polícia nos
 séculos XX e XXI:
 A polícia, diferentemente de
 todas as outras organizações
 de policiamento (caso, por
 exemplo, no Brasil, dos órgãos
 de fiscalização sanitária e do
 meio ambiente), se destaca
 em função de duas razões
 principais:
 Contextualizando a Polícia
 primeiro, por ter acesso ao uso legítimo da força;
 segundo, pelo fato de ela ser um serviço público permanente de atendimento de
 emergência, ao menos teoricamente, disponível para todos, em qualquer lugar, 24 horas por
dia.
 A Polícia:
 Nos séculos XIX e XX
 protetora do patrimônio,
 subsidiariamente protege a vida;
 Proteger a elite;
 Conter a plebe;
 A Revolução de 64 “abduziu a polícia da sociedade”
 Segundo a mídia a polícia brasileira é:
 Mal paga;
 Mal treinada;
 Violenta;
 Corrupta; e incompetente, porque não se fala.
 “POLICIA” é um vocábulo de origem grega, “politeia”, e derivou para o latim, “politia”,
ambos com o mesmo significado: governo de uma cidade, administração, forma de governo.
 Com o passar dos tempos o termo “POLÍCIA” assumiu um sentido mais restrito, particular,
passando a representar a ação do governo enquanto exerce sua missão de tutela da ordem
jurídica, assegurando a tranquilidade pública e a proteção da sociedade contra as violações e
malefícios.
 A gestão da política de segurança pública envolve, necessariamente,
o exercício da governança.
 Gerência de redes interorganizacionais auto-organizativas.
 Restrições claras à capacidade dos governos de gerência do sistema
de justiça criminal.
 POLÍTICAS PÚBLICAS DE MANUTENÇÃO DA ORDEM
PÚBLICA
 Questão central :
 Política pública é capaz de impactar a incidência da criminalidade ?
 Não há consenso na expertise acadêmica quanto á real capacidade
do aparato estatal de reduzir os indicadores de criminalidade.
 O acúmulo de conhecimento científico sobre o tema é fundamental.
 Políticas públicas não são caracterizadas, necessariamente, por alto grau de racionalidade ou
mesmo planejadas e executadas de forma sistemática.
 A implementação de políticas públicas não está sujeita apenas à dualidade Estado-Mercado.
 Muito da atividade política está direcionada para a manutenção do status quo e não para a
realização de mudanças a participação da sociedade civil deve ser também considerada neste
processo, além dos novos mecanismos de parceria público-privada.
 O principal debate no âmbito das políticas de segurança pública diz respeito à indefinição
quanto à eficiência comparativa entre estratégias repressivas e estratégias preventivas.
 Este debate está contaminado por uma perspectiva ideológica, dificultando qualquer esforço
de compatibilização teórica e prática destas estratégias.
 As evidências empíricas disponíveis não permitem afirmar que estratégias preventivas de
controle da criminalidade são mais eficientes do que estratégias repressivas, e vice-versa.
 À medida que prevenção e repressão são concebidas como pólos opostos, reduz-se a
capacidade do Estado em prover ordem pública com efetividade.
 Escassas experiências internacionais de políticas públicas que tenham alcançado resultados
relevantes em termos de redução dos indicadores de criminalidade.
 Tolerância Zero
 Combate imediato aos pequenos delitos.
 Focou em viaturas e discursos duros contra o crime.
 Sucateamento de postos existentes para focar em viaturas.
 Policiamento Inteligente
 Busca da eficiência, eficácia e efetividade das ações policiais
tendo como base os anseios da comunidade. Busca a redução da
área de atuação do criminoso. Utiliza-se do espalhamento de
postos e ações sociais, viaturas, bases móveis, análises criminal,
divisão territorial, protocolos, treinamento, qualificação
profissional, monitoramento de câmeras...
 Está sucateando os postos e retornando as viaturas de maneira
disfarçada por meio do hibrido “Bases móvel”
 4.2 - Redemocratização e paradoxos nas políticas de segurança
pública
 Em termos históricos:
 Observa-se que o policiamento pode não ser realizado apenas pela polícia, ainda que o
trabalho dela seja imprescindível para a manutenção e reprodução da lei e da ordem nas
sociedades modernas.
 No mundo contemporâneo, entretanto, passou-se a entender que o trabalho policial (“da
polícia...”) não deva ser conduzido sem uma estreita "colaboração organizada" da cidadania.
 A forma mais comum dessa organização da segurança pública, por intermédio da cidadania,
dar-se-ia no seio da própria comunidade – daí a expressão gestão comunitária da segurança
pública.
 Consenso
 Com o intuito de evitar equívocos de interpretação, pode ser considerado que a expressão
“policiamento comunitário” equivale a de “gestão comunitária da segurança pública”.
 Sistema de segurança pública no Brasil.
 Qual a natureza da identidade da polícia brasileira?
 Civil? Humanista? Militar? Governamental? Judiciária? Social? Cidadã? Investigativa? Ostensiva?
Preventiva? Nacional? Estadual? Municipal?
 QUEM PRODUZ SEGURANÇA PÚBLICA?

 Os atores sociais;
 As agências públicas e civis que prestam serviços essenciais à população;
 As agências de segurança pública e justiça criminal, em especial as polícias.

 Refletindo ainda mais sobre comunidade:


 Podemos envolver outros órgãos públicos na questão ? Qual a participação das escolas e das universidades?
 A mídia não tem papel importante nesse trabalho educativo? Qual a participação das igrejas neste processo?
 Teremos autonomia para exigir ações dos poderes públicos locais?
 Na realidade...
 Ao longo dos últimos 30 anos, o Brasil registrou mais de 1 milhão de
homicídios.
 Desde a década de 1980 até o final de 2017, foram mais de 35 mil homicídios
por ano — uma média superior à de diversos conflitos armados ao redor do
mundo. A guerra civil de Angola, por exemplo, provocou uma média anual de
20 mil mortos.
 Números não mentem
 A imagem da nossa realidade ficou muito bem retratada na pesquisa Segurança
Pública no Brasil, divulgada pelo DataSenado. A violência experimentada no
cotidiano da população refletiu diretamente nos resultados da pesquisa: 38%
dos entrevistados afirmaram já terem sido vítimas de violência ou crime.
 O descaso das autoridades
 Os números alarmantes fogem dos relatórios oficiais porque há um sub-registro nas ocorrências
policiais:
 entre as pessoas que já foram vítimas de violência, 32% afirmaram não ter feito o boletim de
ocorrência em delegacias. Em 38% dos casos, o principal motivo para isso é o fato de
acreditarem que a polícia não faria nada a respeito do ocorrido — o que revela a descrença atual
nos órgãos policiais.
 O medo do agressor e a falta de provas motivaram, respectivamente, 13% e 12% dos
entrevistados a não procurarem a polícia.
 Qual a solução?
 Na opinião da população, o enfrentamento da criminalidade deve passar pela redução das
desigualdades sociais, melhorando a educação (39%) e reduzindo a pobreza (12%), mas
aumentando também a rigidez das penas aplicadas aos criminosos (23%), com investimentos na
polícia (12%) e combatendo a impunidade (11%).
 A população quer mais rigor no tratamento daqueles que infringem a lei. Como
exemplo disso, 87% dos entrevistados concordaram que menores de idade
 infratores recebam punições iguais às de indivíduos adultos. No Brasil, a
maioridade penal se dá aos 18 anos e, hoje, menores de idade são submetidos a
um regime penal diferenciado.
 Alguns benefícios concedidos aos presos pela legislação também foram
questionados. Foi o caso dos indultos (os chamados saidões), aos quais quase
70% dos entrevistados se opuseram. A possibilidade de cumprimento de pena em
regime aberto também foi contestada: 70% dos entrevistados discordam que
presos com bom comportamento passem o dia fora da prisão.
O GOVERNO CUMPRE AS
MEDIDAS DE SEGURANÇA
PROPOSTAS ?
OS POLÍTICOS ESTÃO
PREOCUPADOS COM A
NOSSA SEGURANÇA?
 4. 3 - O papel desempenhado que funciona nas políticas de
segurança pública
 O processo de retomada da Democracia na sociedade brasileira, desde meados da década de 1980, não
trouxe consigo avanços na provisão da ordem pública.
 Deterioração intensa dos padrões de segurança pública.
 Manifestação de um inquietante paradoxo : a democratização tem sido acompanhada pela violência.
 A institucionalização da democracia e o recrudescimento da violência têm sido acompanhadas de uma
lenta e gradual melhoria dos indicadores sociais.
 Queda na proporção de pobres;
 Queda da miséria;
 Avanços nos indicadores de saúde e educação;
 Melhoria do IDH;
 Há um processo em curso caracterizado por uma crescente inclusão social e não por uma exclusão social.
 O recrudescimento da violência na sociedade brasileira nos últimos vinte anos não pode ser
explicada pela pobreza absoluta.
 Jovens negros e residentes nas periferias das grandes cidades brasileiras tornaram-se as
principais vítimas e algozes deste espiral de violência.
 Combinação perversa de fatores psicossociais:
 • disseminação de valores individualistas e consumistas;
 • consolidação do tráfico de drogas;
 • disseminação das gangues de jovens;
 PRESERVAÇÃO DA ORDEM PÚBLICA DEMOCRÁTICA
 Inclui variáveis extra-policiais
 Ultrapassa a abrangência, a intensidade e a qualidade das ações exclusivas de polícia.
 É maior que as políticas de policiamento.
 A ruptura de falsas dicotomias:
 manutenção de altos níveis de desigualdade social.
 Plano Nacional de Segurança Pública (2003)

 INTERSETORIALIDADE;

 MAIS EFICIÊNCIA, EFICÁCIA E EFETIVIDADE DO SISTEMA ÚNICO DE SEGURANÇA PÚBLICA


(SUSP);
 PARCERIAS INSTITUCIONAIS.

 Mudança de paradigmas na GESTÃO

 Planejamento, Prevenção, Repressão qualificada, Solução Pacífica de Conflitos e Investimento em educação


permanente;
 Efetividade do SUSP;

 Parcerias;

 Consenso com estados e municípios,

 E PARCERIAS INSTITUCIONAIS.

 Objetivos da mudança de paradigmas na GESTÃO:

 GARANTIA DO PLENO EXERCÍCIO DA CIDADANIA

 Os Municípios no Sistema Único de Segurança Pública

 União, Estado e Municípios = SUSP


 Os P´s da Polícia Comunitária:
 O policiamento comunitário é uma filosofia de policiamento personalizado
 de serviço completo, onde o mesmo policial patrulha e trabalha na mesma
 área numa base permanente, a partir de um posto descentralizado, trabalhando
 numa parceria preventiva com os cidadãos para identificar e resolver
 problemas.
 Elementos da Polícia Comunitária:
 Prevenção do Crime Baseada na Comunidade;
 Reorientação das Atividades de Patrulhamento;
 Aumento da Responsabilidade da Polícia;
 Descentralização do Comando;
 Supervisão e Avaliação de Resultados; e
 Policiamento Orientado Para Solução de Problemas.
 Elementos da Polícia Comunitária:
 Prevenção do Crime Baseada na Comunidade;
 Reorientação das Atividades de Patrulhamento;
 Aumento da Responsabilidade da Polícia;
 Descentralização do Comando;
 Supervisão e Avaliação de Resultados; e
 Policiamento Orientado Para Solução de Problemas.

 O policial como mediador de conflitos (objetivo do gestor público, mediar, simplificar,


solucionar problemas, atendendo um dos princípios basilares da administração pública, a
eficiência, tornando o processo menos burocrático e mais gerencial, atingindo o objetivo
proposto pelo projeto principal de segurança pública).
 Internas
 Resistência por desconhecimento dos mais variados escalões;
 Falta de apoio da alta direção; e Falta de Envolvimento e comprometimento.
 Externas
 Aproximação policial da comunidade;
 Falta atuação integrada com outros órgãos;
 Desconhecimento do conceito de Polícia Comunitária;
 Mobilização comunitária; e Falta de Envolvimento e comprometimento.
 Dificuldades para Implantação e Implementação
 As organizações de Segurança Pública e a Dinâmica do Ambiente
 •AMBIENTE EXTERNO
 –Crescimento Vertiginoso dos Centros Urbanos
 –Precarização das Condições de Vida
 –Expansão e Banalização da Violência, Delitos e Crimes
 –Pressão da Sociedade/Mídia por Soluções Imediatas
 –Etc, etc....
 •AMBIENTE INTERNO
 –Modelo de Gestão Indefinido.
 –Muito Diagnóstico, mas pouca mudança estrutural.
 –Pouca Integração e Alinhamento entre os Órgãos.
 –Inexpressivo enfoque em Capacitação, Motivação e Conhecimento.
 –Problemas de Infra-Estrutura.
 –Relação ainda Tímida com a Comunidade
 –Etc, etc.....
CENÁRIO E PERSPECTIVAS DA SEGURANÇA GLOBAL
 4.4 -
E LOCAL
 5 razões de falta de eficiência na Gestão Pública
 1. Limbo sócio-jurídico

 Para começar, há um vácuo jurídico acerca do tema segurança pública, avalia Renato Sérgio de
Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
 "Nossa Constituição não diz o que é segurança pública, nenhuma lei diz que segurança pública é
proteger a população ou investigar criminoso, só diz por quem a segurança vai ser exercida“.
 "Então segurança é um conceito que ganha significado no dia a dia da prática policial. Se
olharmos para a história das instituições policiais hoje, muitas estão reguladas por outro
conceito de segurança, que é a manutenção de um modelo de ordem pública, de uma situação
em que o Brasil tem um inimigo interno. A lógica é que o tráfico é o inimigo a ser combatido e
deixamos de lado uma série de problemas ligados à preservação da vida", explica.
 Para Lima, um bom conceito de segurança pública seria prevenção, investigação e punição de
responsáveis por atos de violência e criminalidade e administração de conflitos para garantir
direitos básicos da população para que ela possa exercer outros direitos da cidadania, como sair
de casa, ir ao médico e trabalhar.
 2. Precariedade do sistema penitenciário
 As rebeliões em várias unidades prisionais do Brasil nas primeiras semanas de 2017 que
provocaram mais de 130 mortes evidenciaram a precariedade do sistema penitenciário.
 Atualmente o Brasil possui a quarta maior população carcerária do mundo, com 622 mil
detentos e apenas 371 mil vagas, de acordo com o Ministério da Justiça. De 2000 para cá, a
população carcerária mais que dobrou de tamanho.
 "O problema de fundo é que o Brasil encarcera muito e encarcera mal. O país adotou uma
política de guerra às drogas, qualquer um que é pego com drogas é preso. Se o menino entra
um contraventor, vai para a universidade do crime. Não é pelo encarceramento que se causa
melhoria da segurança", disse à BBC Julio Jacobo Waiselfisz, sociólogo, autor do Mapa da
Violência e coordenador de estudos sobre Segurança Pública da Faculdade Latino-Americana
de Ciências Sociais (Flacso).
 E ainda há o problema da guerra entre facções criminosas dentro das prisões.
 "Todos sabem que há facções dentro das prisões, facções violentas que dominam o sistema
carcerário. Estamos de crises em crises que podemos chamar de anunciadas e para cada
período desses o governo cria um plano que nunca se concretiza", diz Waiselfisz.
 3. Reformas que não saem do papel
 Este é outro problema apontado por ambos os especialistas em segurança pública.
 "O plano nacional de segurança pública de hoje é (semelhante ao) de 2002, então temos uma
série de reformas que se discutem mas não foram concretizadas até hoje, como reforma do
código penal, desmilitarização da polícia, mais recursos para políticas públicas", explica
Waiselfisz.
 Para Lima, esse problema está ligado a uma desconexão de instituições que compõem o
sistema de segurança pública.
 "Como não há uma clareza sobre o que é segurança pública, quem dá sentido a isso são as
instituições, em especial a polícia, mas também tribunais, delegacias, Ministério Público. Cada
uma faz um pedaço em uma profunda desconexão tanto administrativa quanto republicana,
envolvendo judiciário com executivo e defensoria", diz.
 "Nesse quadro de baixíssima eficácia institucional, que afeta a resolução do que poderíamos
pensar como segurança pública, ninguém se sente dono do problema, fica um jogo político de
empurra com uma baixíssima governança da vida pública", afirma.
 4. Falta de investigação
 O estudo "Diagnóstico da Investigação de Homicídios no Brasil", realizado pelo Conselho
Nacional do Ministério Público (CNMP) e divulgado em 2012, apontou que a média nacional
de resolução de homicídios é de apenas de 5%. No Reino Unido, esse número é de 93%.
 "Não temos pesquisas, não temos polícia técnica judiciária e sofremos com um deficit
impressionante de investigação e ocorrência. As polícias não prestam contas e têm dificuldade
de construir uma relação de confiança com a população", afirma Waiselfisz.
 Segundo o sociólogo, a ineficiência da polícia em termos de investigação está ligada a outro
fator que explica a crise de segurança pública, que é a falta de recursos.
 5. Recursos
 Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2016, o Brasil gasta 1,5% do PIB em
segurança pública, um pouco menos dos gastos da França na área (1,7% do PIB). "Precisamos
de muito mais dinheiro", afirma.
 Outro problema é a forma como esse valor é repassado.
 "Os mecanismos de finanças precisam ser revisados. Atualmente esse dinheiro é repassado por
convênios, mas o custo do repasse é caro porque passa por impasses burocráticos. A segurança
precisa de dinheiro constante e planejamento, o comandante precisa saber quanto dinheiro vai
receber a cada ano para pensar em um plano de trabalho. Isso não acontece hoje", explica o
especialista.
“Com planejamento cuidadoso e detalhado, pode-se
vencer; com planejamento descuidado e menos
detalhado, não se pode vencer. A derrota é mais do
que certa se não se planeja nada! Pela maneira como
o planejamento antecipado é feito, podemos predizer
a vitória ou a derrota.”

Sun Tzu
A Arte da Guerra

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