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A Urbanização do Tocantins e a produção do

espaço urbano de Palmas TO

Ricardo T. Marcilio Jr

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Email: ricardo_marcilio@yahoo.com.br
Cel: (63) 98453-1780
O Urbano e a Cidade: algumas considerações.
O espaço urbano é objeto de estudo da Geografia, bem como suas configurações,
seus recortes e suas transformações.
O fenômeno da urbanização é um processo e a cidade é a forma concreta da
realização deste processo. A pesquisa urbana revela que é possível pensar a cidade e
o urbano a partir de várias abordagens e tendências teórico‐metodológicas.

Pensar o urbano como um conceito é pensá‐lo na perspectiva de que o mesmo é


um processo que viabiliza a cidade, e mesmo sendo dois conceitos diferentes
(cidade e urbano), um não pode ser compreendido sem o outro, como afirmam
diversos autores como Milton Santos, Ana Fani Carlos, Marcelo Lopes de Souza,
Roberto Lobato Corrêa, dentre outros.
Algumas considerações sobre o Norte de
Goiás
 O início da ocupação do norte de Goiás se deu exclusivamente pela
descoberta de minas de ouro no século XVIII, dando o primeiro
passo para processo de formação econômica e do povoamento do
norte de Goiás

 O desenvolvimento das atividades econômicas e o processo de


ocupação territorial no Brasil sempre estiveram inseridos num
conjunto de relações mercantis estabelecidas entre a Metrópole
(Portugal) e a Colônia, tendo como função, fornecer matéria prima
ao mercado europeu (PRADO JÚNIOR, 1986).
(OLIVEIRA, 2018)
 Com o fim da mineração, a dinâmica econômica de Goiás voltou-se
para a agricultura de subsistência e pecuária extensiva.

 No norte da capitania, o declínio foi mais rápido provocando uma


diminuição no afluxo de migrantes, levando esses remanescentes a
prática da lavoura de subsistência.

 O norte de Goiás era considerado uma região árida e de difícil


acesso, com povoamentos rarefeitos e esparsos, pois eram distantes
da sede administrativa, localizada no sul de Goiás.

(OLIVEIRA, 2018). (SANTOS E SILVA, 2016)


A partir da década de 1960, o estado de Goiás, especificamente a sua
antiga região norte, passou por significativas transformações nas suas
estruturas produtivas e no relacionamento com as demais regiões do
país, notadamente com o estado de São Paulo, que comandava desde
a década de 1930 o novo processo de acumulação de capital, baseado
na indústria.

O grande divisor de águas entre o processo de ocupação rarefeito e a


moderna incorporação de Goiás à dinâmica produtiva nacional, cujo
ápice foi a construção de Brasília e os vultosos investimentos
federais em eletrificação, comunicações e estradas de rodagem,
dentre outros.

(OLIVEIRA, 2018)
Ainda que essas medidas beneficiassem sobremaneira o centro-sul
goiano, em detrimento do norte do estado, a implantação de um
sistema de transportes integrado, com especial destaque à
construção da rodovia Belém-Brasília (BR-153)42, cortando o estado
de Goiás no sentido longitudinal, em direção ao Pará, modificaria a
configuração econômica e retiraria a região do futuro estado do
Tocantins do isolamento em que se encontrava.

Porém, somente em meados da década de 1970 a estrada teria a sua


pavimentação concluída. Nessas três décadas, a população norte
goiana quase quadruplicou, passando de 204.041 habitantes, em
1950, para 738.688 habitantes, em 1980.

(OLIVEIRA, 2018)
 A construção da Rodovia Belém-Brasília (BR-153) alterou
substancialmente a dinâmica das novas cidades surgiram às margens
dessa rodovia. Além desse efeito, o norte de Goiás recebeu
incentivos fiscais na expansão da sua fronteira agrícola durante as
décadas de 1960 a 1980.

Verificou-se ao longo da BR-153 novos centros urbanos, como


Araguaína, Gurupi e Paraíso do Norte, transformando-se em
entrepostos comerciais encravados no meio rural, funcionado
como coletores dos excedentes agropecuários produzidos
regionalmente e repassadores dos bens industrializados
provenientes do Sudeste

(OLIVEIRA, 2018). (SANTOS E SILVA, 2016)


Rodovia Transbrasiliana
BR 153
Rodovia Belém - Brasília
BR 010
Processo de emancipação do Tocantins
No processo de emancipação do Tocantins deve-se retomar o conceito
de reterritorização que, segundo Haesbaert (2009), ocorre quando é
uma nova interdependência e ao conectar a economia e a cultura às
regiões mais longínquas; assim, está-se estruturando uma nova
organização territorial, uma espécie de:

TERRITÓRIO-MUNDO GLOBALMENTE ARTICULADO


Evolução populacional: Norte Goiano/Tocantins
Quantidade de municípios
Norte Goiano/Tocantins
   
Período Quantidade de Municípios

1900 - 1940 11
1940 - 1950 14
1950 - 1960 33
1960 - 1970 52
1970 - 1980 52
1980 - 1991 79
1991 – 2000 139
Gênese de Palmas
• A cidade de Palmas começou a ser construída em 20 de maio de 1989, com um projeto de cidade
planejada, de arquitetura moderna, organizada em quadras que seriam destinadas à indústria, ao
comércio e à ocupação domiciliar.

• Porém essa ocupação do espaço que originalmente deveria ser ordenada, feita em etapas pré-
definidas, com o tempo acabou por se demonstrar desordenada, onde a população de menor poder
aquisitivo se tornou refém dos parcelamentos de terras criados pelo Governo Estadual

• Novos bairros foram criados para o assentamento desta população, que teve papel fundamental na
construção do centro da capital, fugindo totalmente da lógica inicial de ocupação da cidade em
etapas.

(CARVALHEDO e LIRA, 2009) (MARCILIO, 2016)


Figura 1: Etapas pré-definidas de ocupação das quadras
Figura 2: Ocupação da área urbana entre 1990 e 1994
Palmas: produção do espaço urbano e segregação
socioespacial
O povoado Taquaralto, já existente anterior a construção de Palmas,
abrigou as primeiras pessoas que foram impedidas de ocupar o plano
urbanístico.
Após um relativo crescimento deste setor foram criados os bairros
Aurenys I, II, III e IV, localizados no extremo sul da cidade, também
fora do plano diretor urbanístico.

(CARVALHEDO e LIRA, 2009)


(CARVALHEDO e LIRA, 2009)
Este processo de assentar a população de menor renda em áreas afastadas
do plano urbanístico, da cidade moderna, criada e planejada, seguindo
junto a ela um processo de segregação evidente, tendo no processo, dando
valor a propriedade privada, produzindo o espaço da cidade como
mercadoria de acesso a classes pré-definidas, delimitando os espaços
passiveis de apropriação e revelando uma fragmentação baseada na
propriedade privada do solo urbano, materializando no espaço, diferenças
na paisagem da cidade e consolidando o processo de segregação espacial e
consequentemente a acentuando dificuldade na mobilidade urbana dos que
só tem o poder de ocupar as páreas distantes da cidade (CARLOS, 2001).

(MARCILIO, 2016)
Expansão e redução urbana
• Ocorreu no ano de 2002 o processo de
expansão e posterior redução urbana
no ano de 2006 com a revisão do
Plano Diretor Participativo.

Mapa 1: Área de expansão e redução urbana – Palmas-TO


Mapa 2: Palmas – TO: Áreas regulares, irregulares e AUIT na Zona Norte - 2019
Considerações finais
• Fonte Gadugi, tamanho 20, justificado

Figura 5: Condomínios regulares e loteamentos irregulares. (MARCILIO, 2016)


Apontamentos Finais
Para entender a atual configuração urbana do Tocantins, foi preciso
recorrer ao processo histórico de urbanização de seu território.
Analisando diferentes períodos, tendo visto que o mesmo passou por
três principais fases, sendo elas:

• A ocupação e uso do território pela mineração do ouro;


• A fase de pecuária e agricultura de subsistência;
• A implantação de infraestrutura e avanço da fronteira agrícola.
Apontamentos Finais
Como visto, do inicio da produção do espaço urbano até os momentos
atuais, a cidade de Palmas, (re)produz a lógica de uma cidade
capitalista, privilegiando espaços em detrimento de várias outras áreas
de seu território, corroborando com o processo de segregação
socioespacial

Essa segregação socioespacial, demonstra a desigualdade expressa no


tipo de construções, na infraestrutura, nos aparelhos urbanos
disponíveis para os que ali vivem, sendo claro que a diferenciação
espacial reflete a diferença das classes sociais que ali habitam.
Referências
• CARLOS, A. F. A. Espaço – Tempo na Metrópole. São Paulo: Contexto, 2001
• CARVALHÊDO W, Santos; Lira, E. R. Palmas Ontem e Hoje: Do interior do Cerrado ao Portal da
Amazônia. OBSERVATORIUM: Revista Eletrônica de Geografia, v.1, n.2, p.51-73, jul. 2009.
• MARCILIO, R. T. J. Palmas para além do Plano Diretor: diálogos entre o planejamento
urbano e a produção do espaço urbano. Porto Nacional, TO: Dissertação (Mestrado) - Programa
de Pós-Graduação em Geografia. UFT, 2016.
• OLIVEIRA, N. M. Transição Do Norte De Goías Ao Território Do Estado Do Tocantins. Revista
Tocantinense de Geografia, Araguaína (TO), Ano 07, n.12, abr./jul.. de 2018.
• SANTOS, J. N. D. R. SILVA, F. C. A. ANÁLISE DAS FASES DE URBANIZAÇÃO DO
TERRITÓRIO GOIANO: Uma Resposta À Atual Configuração Urbana De Goiás. Revista
OKARA: Geografia em debate, v. 10, n. 1, p. 93-109. ISSN: 1982-3878

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