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AULA 28

Professor: Marcelo Uchôa

DIREITO
INTERNACIONAL
PÚBLICO

Direito Internacional Público

Prof. Marcelo Uchôa


1
Unidade IX
Direito Internacional dos Direitos Humanos

SINOPSE
• Afirmação histórica dos direitos
humanos.

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Afirmação histórica
dos Direitos Humanos

• Desde as primeira civilizações


antigas se tem notícia de
legislações esparsas de
proteção comum aos
indivíduos. O Código do rei Ur-
Nammu (2040 AC), aplicável
aos Sumérios, previa sistema
de punição não apenas com
aplicação de penas
retaliativas, mas de penas
pecuniárias e de reparação e
dano moral.

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Afirmação histórica
dos Direitos
Humanos

• O Código de Hamurabi (1690 AC), p. Ex.,


consagrou direitos como a vida, a
propriedade, a honra, a dignidade, a
família, e, ainda, a supremacia das leis
em relação aos governantes.
• Consagrou o conceito de pena taliana
(“olho por olho dente por dente”),
compreendendo a pena como
proporcionalidade à infração, e, não,
como mera vingança deliberada.
Respeitava, portanto, uma ideia de
existência de lei natural básica de
proteção à pessoa, que não podia ser
ignorada.

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Afirmação histórica dos Direitos
Humanos

• No século VI AC, ao conquistar a


Babilônia, Ciro o Grande reconheceu a
existência de determinadas garantias
fundamentais, concedendo, liberdade
aos escravos e direito de culto a todas as
pessoas.
• Os direitos por ele consagrados direitos
foram insculpidos num tablete de barro
chamado “Cilindro de Ciro”, até hoje
tido, por muitos, como a primeira norma
consolidada de direitos humanos. Estas
normas, porém, não validade universal,
era aplicáveis tão-somente ao Império
Persa.
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Afirmação histórica
dos Direitos
Humanos

• A partir do Império Persa, a


ideia de proteção ao
indivíduo se estendeu para
as sociedades orientais e
ocidentais, sendo destaque
nas sociedades grega e
romana da Antiguidade.
• Havia certo consenso de
que todos os indivíduos da
sociedade estavam sob
efeito de certas normas
afins, de ordem supra
positiva, leis naturais. Eram
elas, p. Ex., o respeito à
vida, à família, à moradia,
ao trabalho, etc.
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Afirmação histórica dos Direitos
Humanos
• Na Grécia, o usufruto das leis
naturais era condicionado à
participação do indivíduo nos
destinos da pólis. Na Roma
Antiga, vinculava-se a rigoroso
sistema jurídico (o Direito
Romano), orientado a partir e
em função da estrutura social
étnica romana.
• Em ambas as situações, as leis
naturais eram reconhecidas
apenas ao indivíduo social, isto
é, à pessoa relacionada com a
comunidade, e, não, a todas as
pessoas pelo fato único de
serem pessoas.

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Afirmação histórica dos Direitos
Humanos
• Portanto, nem na Grécia antiga,
tampouco em Roma, o usufruto das
leis naturais era concebido ao
indivíduo por ele ser considerado
um fim em si mesmo. Era concebido
por ele ser um fim a serviço da
correspondente cidade-Estado
(grega) ou do Império (romano).

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Afirmação histórica
dos Direitos Humanos
• Para a filosofia do ocidente, o
cristianismo, seja como prática,
seja como doutrina,
revolucionou o paradigma dos
direitos humanos, porque
revelou o ser humano a partir
de dois de seus valores
fundamentais: a dignidade da
pessoa humana e a
fraternidade universal.
Vicejando, porém, o poder real
de transformação como ação
divina, não concretizou tais
valores no plano terreno.

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Afirmação histórica dos Direitos
Humanos

• Ainda assim, a cristianização da filosofia


platônica e aristotélica, respectivamente, com
Sto. Agostinho (Patrística, 354-430 DC) e Sto.
Tomás de Aquino (Escolástica, 1225-1274 DC),
superando o estoicismo romano (De Sêneca,
55AC – 39DC), incluindo Deus no panteão da
verdade suprema, a partir de quem e para
quem toda construção do conhecimento
humano deveria focar, aliado à noção bíblica
de que o homem fora feito à imagem e
semelhança de Deus, resultou numa
compreensão de que o ser humano deveria
ser compreendido como pessoa humana e
não apenas como ser integrante do Estado.

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Afirmação histórica dos Direitos
Humanos

• No plano teológico, nos idos de 1500, quando


veio à tona a discussão sobre a condição
humana dos povos indígenas no Novo Mundo,
os frades dominicanos Francisco de Vitória
(1483/92-1546), fundador da tradição filosófica
“Escola de Salamanca”, e Bartolomé de las
Casas (1474-1566), apesar de escolásticos,
distanciaram-se da teoria da escravidão natural
de Aristóteles, eventualmente sustentada por
Sto. Tomás de Aquino, e passaram a defender a
dignidade humana dos indígenas,
posicionando-se abertamente contra o suposto
direito de colonos e coroa ao domínio e
escravização dos povos originários da América.

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• Mas o primeiro documento jurídico ocidental


relevante a reconhecer de forma incisiva leis
naturais foi a Magna Carta imposta, em 1215,
ao Rei João da Inglaterra (João Sem-Terra).

• O documento consagrou, com relativa isenção,


direitos como obediência à legalidade,
submissão do soberano às leis, devido
processo legal, livre acesso à justiça, liberdade
de locomoção, liberdade de culto à Igreja da
Inglaterra (todavia, ainda ligada à Igreja
católica romana), restrições tributárias e
proporcionalidade entre delito e sanção.

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dos Direitos Humanos
• Havendo sido descumprida sucessivamente pelos
monarcas, outros documentos importantes de
reconhecimento às leis naturais foram celebrados na
Inglaterra, com o fito de tutelar liberdades individuais
diante do Estado: a Petição de Direitos (1629), ratificando
as liberdades consagradas pela Carta Magna; a Lei de
Habeas Corpus (1679), em sentido similar ao remédio de
hoje; e a Bill of Rights (1689), que punha fim ao
absolutismo monárquico (evitando que um novo Oliver
Cromwell aparecesse como Lord Proctetor, igual ao
acontecido entre 1649-1658). O Bill of Rights foi depois
confirmada pelo Ato do Parlamento (1701), que também
serviu para unifica a coroa do Reino Unido, disputada por
casas reais de Inglaterra e Escócia, linhagem real anglicana.
Direito Internacional Público Oliver Cromwell
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• As ideias contratualistas gestadas por Marsílio de Pádua
(1275-1343), Francisco Suárez (1548-1617), desenvolvidas
por Thomas Hobbes (1588-1679) e John Locke (1632-1704),
Afirmação com consequências já sentidas na Inglaterra, associadas ao
histórica dos ideário contratualista de outros pensadores, estimularam a
afirmação dos direitos humanos, na medida em que
Direitos Humanos conscientizavam que o poder residia no povo e que somente
segundo os desígnios do povo e para o próprio povo poderia
o soberano exercer tal poder.
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• O caminho estava aberto, portanto, para que,
na segunda metade do século XVIII, inflamadas
Afirmação pelo ideário iluminista de Rousseau (1712-1778)
- por sua vez inspirado em Montesquieu (1689-
histórica dos 1775) e, especialmente, em Voltaire (1694-
1778) -, ocorressem as revoluções que
Direitos mudariam o paradigma dos Direitos Humanos
Humanos em todo mundo, a Independência dos Estados
Unidos (1776) e a Revolução Francesa (1789).

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Afirmação histórica
dos Direitos Humanos
• No ínterim de ambos os conflitos,
importantes documentos afirmaram
a existência de valores ínsitos a
natureza humana: a Declaração de
Direitos do bom povo da Virgínia
(1789), a Declaração de
Independência dos Estados Unidos
da América (04/07/1776) e,
fundamental e principalmente, a
Declaração Universal dos Direitos do
Homem e do Cidadão (1789),
formulada sob o embalo inspirador
do lema liberdade, igualdade e
fraternidade.
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• A Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão (1789)
Afirmação estabelecia, dentre outras previsões,
o princípio da liberdade, da
histórica dos igualdade formal, da legalidade,
presunção de inocência, livre
manifestação de pensamento, de
Direitos cidadania, voto, etc. (Direitos Civis e
Políticos oponíveis contra a ação do
Humanos Estado  1ª dimensão de direitos
humanos)

“Os representantes do povo francês,


1 reunidos em Assembleia Nacional, tendo
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em vista que a ignorância, o
esquecimento ou o desprezo dos direitos
do homem são as únicas causas dos
males públicos e da corrupção dos
Governos, resolveram declarar
solenemente os direitos naturais,
inalienáveis e sagrados do homem, a fim
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de que esta declaração, sempre presente


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em todos os membros do corpo social,


lhes lembre permanentemente seus
direitos e seus deveres”. (Preâmbulo)
Afirmação histórica
dos Direitos
Humanos

• Tão importante quanto o


reconhecimento dos direitos
naturais em si foi a concepção de
que os mesmos não derivavam
de simples leis de conduta
natural isoladas. Ao contrário,
compunham grande bloco de
direitos naturais atribuíveis aos
seres humanos pelo fato único
de serem humanos.

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Afirmação histórica dos Direitos
Humanos

Observação:
À época, era comum proclamar –se uma
Declaração antes da promulgação de uma
Constituição. Entendia-se que a Declaração
tinha vinculação com o pacto social, enquanto
a Constituição seria a própria expressão do
pacto político.

Segundo o internacionalista SIDNEY GUERRA:


“as declarações de direito têm força na medida
em que os textos constitucionais erigiram seus
ditames como princípios informadores e de
validade de toda a ordem jurídica nacional, e
valem na medida que esta mesma ordem está
preparada para torná-las efetivas.
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Afirmação histórica dos
Direitos Humanos
• Mas os direitos naturais, apesar de
declarados, não eram reconhecidos.
Na França, o desdobramento
violento da Revolução Francesa,
seguida da ascensão de Napoleão
Bonaparte ao poder, ofuscou-os.
Basta dizer que Olympe de Gouges,
(1748-1793), que formulou a
Declaração dos Direitos da Mulher e
da Cidadã, foi decapitada.
• Por sua vez, nos Estados Unidos, a
existência da escravatura contrastava
com as afirmações de liberdade
antes declaradas.

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Afirmação histórica dos
Direitos Humanos
• Efetivamente, apesar do relativo
conhecimento dos direitos naturais,
poucos os levavam a sério. Nas décadas
seguintes ao período napoleônico, por
razões colonialistas e de mercado,
guerras foram travadas desde a Europa
para todo mundo. A multiplicidade de
conflitos e a sofisticação das armas e
dos métodos utilizados nas guerras
chocava a humanidade. Em 22 de agosto
de 1964, a Convenção de Genebra de
socorro aos feridos em campos de
batalha adotou os princípios defendidos
pelo Comitê Internacional para Ajuda
aos Militares Feridos (embrião da Cruz
vermelha)

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• Paralelamente às guerras nacionalistas e colonialistas do século
XIX, a sociedade atravessava tempos de Revolução Industrial.
Afirmação Desde a segunda metade do século anterior, o liberalismo vinha
se convertendo em regime econômico hegemônico. A “mão
histórica dos invisível” que movia o mercado (Adam Smith, 1723-1790), porém,
não repercutia em salários dignos, condições adequadas de
Direitos trabalho, muito pelo contrário, apenas garantia mais lucros aos
afortunados que, por sua vez, investiam mais e mais na
Humanos produção, explorando ao máximo possível os trabalhadores,
fossem estes homens, mulheres ou crianças.

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Afirmação histórica dos Direitos
Humanos
• O estudo científico e a descoberta da
manipulação do vapor permitiram a
invenção de máquinas rápidas e
eficientes, equipamentos que logo
permearam as indústrias.
• O trabalho deixou de ser notadamente
agrícola passando a ser industrial, e,
pior, com a fragmentação do processo
produtivo na indústria, os trabalhadores
perderam importância, passando a ser
compreendidos como necessários não
mais para a produção do produto, mas
tão somente, para a operacionalização
da máquina.

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Afirmação histórica dos Direitos
Humanos
• Com a massa de trabalhadores vindo do
campo em busca de trabalho e a
exploração aberta do homem sobre o
homem, o ambiente das cidades passou
à total decadência. Neste cenário de
injustiças propagavam-se na ambiência
do operariado e do camponês ideias
anarquistas e comunistas, as últimas
especialmente trabalhadas por Karl Marx
(1818-1883) e Friedrich Engels (1820-
1895) nas obras Manifesto Comunista
(1848) e O Capital (1867) e A origem da
família, da propriedade privada e do
Estado (1884).

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Afirmação histórica
dos Direitos Humanos
• Como consequência da mobilização política dos
trabalhadores, os movimentos de massa passaram
a adotar diversas bandeiras, p. Ex., da luta por
melhores condições de trabalho à luta por um
Estado proletário.
• Em 1891, o Papa Leão XII publicou a Encíclica Rerum
Novarum cobrando regras mínimas para o trabalho.
• Em 1917, a Constituição do México torou-se a
primeira do mundo a constitucionalizar direitos
laborais
• Ainda em 1917, a Revolução Russa inaugurou a
institucionalização e internacionalização do poder
operário. Em 1918, foi proclamada a Declaração dos
Direitos do Povo Trabalhador e Explorado da Rússia.

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Afirmação histórica
dos Direitos Humanos
• A partir de então, na zona de influência
soviética, as normas individuais e coletivas de
proteção ao trabalhador e de bem estar social
(Direitos Econômicos, Sociais e Culturais , 2ª
dimensão dos direitos humanos, oponíveis
contra à inação do Estado) passaram a ser
constitucionalizadas.
• Mesmo a Constituição alemã de Weimar de
1919 (da Alemanha do pós- I Guerra) também
consagrou a constitucionalização destes
direitos, que passaram a ser reconhecidos na
Europa.
• Também em 1919, como parte do Tratado de
Versalhes, paralelamente à instituição da
Sociedade das Nações foi instituída a
Organização Internacional do Trabalho (OIT).

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Afirmação histórica
dos Direitos
Humanos
• Mas mesmo após a criação da Sociedade
das Nações o período de conturbação
político-social continuou acontecendo:
imperialismo, fascismo, nazismo, etc.
• No final do Século XIX, Mohandas Gandhi
(1869-1948) deu início, na África do Sul e
depois na Índia, à sua cruzada por
direitos iguais a todas as pessoas,
abalando impérios arraigados como o
Britânico.
• Apesar de tudo, foi somente após a II
Guerras Mundial (1939-1945) que a
Sociedade Internacional, a par das
catástrofes ocorridas no período, e
consciente do risco de eventual extinção
do planeta e da humanidade, decidiu dar
rumo diferente às coisas.
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Afirmação
histórica dos
Direitos Humanos

2 • Foi promulgada então, em 10 de dezembro de 1948, seguindo-se à


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criação da ONU em 1945, em cujo preâmbulo os signatários
manifestaram “... Reafirmar a fé nos direitos fundamentais do
homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade dos
direitos dos homens e das mulheres”, sob orientação intelectual de
Eleonor Roosevelt (1884-1962), a Declaração Universal dos Direitos
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Humanos (DUDH), um bloco de 30 normas conhecidas não mais


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como direitos naturais, mas como direitos humanos.


• Direitos universais, inalienáveis e interdependentes.
Afirmação histórica
dos Direitos Humanos
• Porém, mesmo sendo a DUDH a grande
força motriz do discurso de afirmação
dos Direitos Humanos no planeta, ela
não possuía força cogente.
• Por isso, outros 2 documentos (2,
devido a rixa EUA vs URSS) foram
celebrados, em 16 de dezembro de
1966, ambos ratificados pelo Brasil,
formando a Carta Internacional de
Direitos Humanos voltada à orientação
dos sistemas internacionais de proteção
dos direitos humanos:
1. Pacto Internacional dos Direitos Civis e
Políticos;
2. Pacto Internacional dos Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais.

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Afirmação histórica dos Direitos
Humanos
• No curso das últimas décadas, com
fundamento na Declaração Universal dos
Direitos Humanos, novas dimensões de
direitos humanos agregaram-se às já
reconhecidas:
3ª dimensão dos direitos humanos:
• Direitos difusos e coletivos (meio ambiente,
proteção à infância e juventude, defesa do
consumidor, etc.), além de outros direitos de
solidariedade como: desenvolvimento
sustentável, autodeterminação dos povos,
conservação da memória e patrimônio, entre
outros.
• Assim como os direitos de 2ª dimensão
também são direitos oponíveis à inação do
Estado. No Brasil, foram consagrados
globalmente após a CF/88.
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Afirmação histórica dos Direitos
Humanos
4ª dimensão de direitos humanos:
Segundo Norberto Bobbio são direitos
decorrentes do processo de evolução
científico-tecnológica, o qual incide em
campos como da bioética, da telemática, da
informação, do acirramento das distorções
econômicas perpetrado no mundo
globalizado.
• Visam, em suma, a proteção da espécime
humana, daí porque há quem afirme que
são direitos de minorias de assegurarem
sua existência e conservação da memória.
• Envolvem, p. Ex., direitos de clonagem,
inseminação artificial, eutanásia, bioética,
sexo e gênero, informática, democracia,
ação da mídia, direitos de minorias em
geral, etc.

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Afirmação histórica dos
Direitos Humanos

5ª dimensão dos direitos humanos:


A tese da 5ª dimensão dos direitos
fundamentais vem sido defendida pelo
jurista cearense Paulo Bonavides.
Segundo ele, são direitos
transportados das dimensões
anteriores, especialmente da 3ª
dimensão, visando, o direito à paz
permanente.
• São, acima de tudo, direitos com alto
conteúdo ético. Em razão da tese não
tratar de direitos novos, tampouco ser
nova a finalidade para a qual se
justifica o translado de uma dimensão
a outra, a ideia não encontra amparo
na doutrina internacional, a exceção,
basicamente, de Cone Sul e Portugal.
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Afirmação histórica dos Direitos
Humanos
• Com a massificação do estudo dos direitos
humanos muitos autores passaram a divagar
sobre o tema. Há estudos que apontam a
existência de novas dimensões, além das 5 já
citadas. 6ª, 7ª e 8ª dimensões existiriam para
contemplar desde o direito ao usufruto de
direitos humanos globalmente considerados, até
o direito à impunidade (em situações de demora
judicial exorbitante ou casos de penas brandas) e
o direito à segurança pública efetiva.
• Embebidos numa vaidade desnecessária, raros
se preocupam com o fato de que mais
importante do que tentar justificar a existência
de novas dimensões de direitos humanos sobre
temas já reconhecidos, é encontrar maneiras de
tornar-lhes efetivos, bem como buscar freios à
sua retração local e universal.

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Direitos humanos

• De qualquer maneira, as diversas


dimensões de direitos humanos
servem para desmitificar as ideias
equivocadas de que direitos
humanos servem para “defender
bandidos” ou que direitos humanos
“são só para humanos direitos”;
que direitos humanos “é coisa da
esquerda”; que direitos humanos “é
discurso da direita”.

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Direitos humanos
• Direitos humanos são de todas pessoas,
indistintamente, pelo fato de serem pessoas
humanas. Porém, não são bens jurídico desregrados
da vontade coletiva ou da permissão jurídica
existente. São reconhecido pelo sistema jurídico e
condicionam-se ao cumprimento da lei. António
Enrique Perez Luño (2004, p.46) ensina que formam
um “conjunto de faculdades e instituições que, em
cada momento histórico, concretizam as exigências
da liberdade, igualdade e dignidade humanas, as
quais devem ser reconhecidas positivamente pelos
ordenamentos jurídicos a nível nacional e
internacional.”

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Afirmação
histórica dos
Direitos Humanos
• Afinal de contas, a Declaração
Universal dos Direitos Humanos
vem sendo cumprida?
• Por que há óbices à efetivação dos
direitos humanos?
• Que óbices a política dos direitos
humanos deve suplantar para
tornar a afirmação dos direitos
humanos uma realidade efetiva?
• Martin Luther King (1929 – 1968):
Eu tenho um sonho...

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• A lista de Schindler;

Filmes
• A queda
• A Revolução em Paris
• A Vida é Bela
• Danton;

indicados... •


Gandhi
Germinal
Graça e liberdade;
• Matar o rei;
• O jovem Marx;
• O pianista;
• Selma
• Tempos modernos;

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BIBLIOGRAFIA
• CANÇADO, Antônio Augusto
Trindade. A humanização do
Direito Internacional. Ed. Del Rey.
• COMPARATO, Fábio Konder. A
afirmação histórica dos direitos
humanos. Ed. Saraiva.
• DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO
BOM POVO DA VIRGÍNIA in
http://www.geocities.com/cp_adh
emar/ehd11.5_Decl_Dir_Virginia.h
tml

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BIBLIOGRAFIA
• DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO
HOMEM E DO CIDADÃO in
http://www.direitoshumanos.usp.br/c
ounter/Doc_Histo/texto/Direitos_ho
mem_cidad.html
• DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA
DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
in http://docs.google.com/View?
docid=dffcgvh3_92c3dpc2gg
• DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS
DIREITOS HUMANOS in
http://www.mj.gov.br/sedh/ct/legis_i
ntern/ddh_bib_inter_universal.htm

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BIBLIOGRAFIA
• FERRAJOLI, Luigi. Derechos y
garantías: la ley del más débil.
Ed. Trotta.
• GUERRA, Sidney. Direito
Internacional Público. Ed. Freitas
Bastos.
• HUSEK, Carlos Roberto. Curso de
Direito Internacional Público. Ed.
LTr.
• MELLO, Celso D. Albuquerque de
Mello. Curso de Direito
Internacional Público. Ed.
Renovar.
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BIBLIOGRAFIA
• PEREZ LUÑO, Antonio Enrique.
Los derechos fundamentales. Ed.
Tecnos.
• UCHÔA, Marcelo Ribeiro. Curso
Crítico de Direito Internacional.
Ed. Lumens Juris.
• UCHÔA, Marcelo Ribeiro. Direito
Internacional. Ed. Lumens Juris.

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Até a próxima aula...

FIM!!

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