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Curso de Especialização Tecnológica em Técnicas

de Gerontologia
Cuidados de Saúde no Idoso

- Módulo: Cuidados Paliativos-


INTRODUÇÃO

 Envelhecimento populacional como fenômeno


mundial

 Novas condições clínicas

 Mudanças na sociedade

 Mudanças na organização familiar


INTRODUÇÃO
 Predomínio de doenças crônico-
degenerativas

De evolução lenta, causando muito


sofrimento ao doente e à família

Levam ao comprometimento funcional


causando dependência
INTRODUÇÃO
 Nos idosos a morte pode ser lenta, com
muito sofrimento físico, mental, social,
emocional e espiritual
 Presença de múltiplas patologias em
idosos
 Manifestação atípica das doenças
 Fenômeno do “iceberg”
 Múltipla etiologia dos problemas em
idosos
INTRODUÇÃO

 Novas “formas de morrer” (“medicalização” da morte)

Reconhecer o processo de morrer é tão importante


quanto ter um diagnóstico

Assegurar uma morte digna (cuidados de higiene e


conforto, controlo dos sintomas e alívio da dor)
IMPORTÂNCIA

 Mesmo na fase terminal de uma doença, a qualidade


de vida dos doentes pode ser mantida com níveis
satisfatórios, utilizando adequadamente as técnicas
da paliação
CONCEITOS BÁSICOS
 A medicina paliativa é a especialidade
médica que visa proporcionar a melhor
qualidade de vida possível aos doentes
com doença muito avançada, sem
qualquer possibilidade de cura ou
reversão de sua condição de saúde
CONCEITO DA OMS
 A medicina paliativa é o estudo e o
controlo dos doentes com doença activa,
progressiva e avançada, para quem o
prognóstico é limitado e a assistência é
voltada para a qualidade de vida (alívio
da angústia e do sofrimento).
CONCEITO DA OMS
 A OMS considera como paliativos aqueles
cuidados totais activos
 Fundamental: o controlo da dor e de
outros sintomas
 Controlo de problemas psicológicos,
sociais e espirítuais
MEDICINA PALIATIVA
 Utiliza técnicas que aumentam o conforto,
mas que não interferem na sobrevida
 O objectivo não é de mudar o curso
natural da doença
 O objectivo é abordar complicações
consequentes, intercorrências e qualquer
sintoma que cause sofrimento
MEDICINA PALIATIVA
 Os cuidados paliativos não interferem no
curso natural da doença
 As suas acções não visam apressar ou
retardar a morte
 Não tem caráter curativo, mas
fundamentalmente visa dar conforto ao
paciente
PRINCIPAL OBJECTIVO
 O controlo adequado dos sintomas que
surgem durante a evolução da doença
incurável, avançada, terminal
 Evitar sintomas que causem qualquer tipo
de sofrimento, pois irão influenciar a
qualidade de vida e a dignidade da morte
ABORDAGEM AO DOENTE

 É de ampla dimensão
 Inicia-se diagnóstico da patologia incurável
 Multidisciplinar
 Interdisciplinar
 Avaliações periódicas/frequentes
 Dar prioridade aos sintomas que causam sofrimento
 Prescrição medicamentosa actualizada, coerente e
criteriosa
CUIDADOS PALIATIVOS
 Aliviam dor e outros sintomas
angustiantes
 Afirmam a vida
 Consideram a morte um processo
natural
 Não buscam acelerar ou retardar a
morte
 Integram os aspectos psicológicos e
espirituais da atenção ao paciente
CUIDADOS PALIATIVOS (WHO, 2002)

 Oferecem sistema de apoio para os pacientes


viverem activamente até a morte
 Utilizam uma abordagem multiprofissional para
atender pacientes e familiares, inclusive no luto se
necessário
 Aumentam a qualidade de vida
 Podem influenciar positivamente o curso da doença
PALIAÇÃO
 Tem como foco a pessoa, e não a doença
ou órgão
 É indicada para qualquer paciente com
doença que ameaçe a vida
 Indicada para o idoso com fragilidade,
declínio funcional e/ou falência orgânica
 Deve ser ampliada além da Oncologia
 Pode ser oferecida em hospitais, lares e
domicílios
PALIAÇÃO
 Não se deve retardar seu início
 A intervenção deve ser rápida, intensiva,
dinâmica e resolutiva
 Via subcutânea se via oral não for
possível
 Hipodermóclise: técnica simples, segura,
indolor, com baixo risco de complicações,
altamente eficaz
EQUIPE DA PALIAÇÃO
 Deve ser bem treinada, capacitada
 Deve ter capacidade de compreender o
doente e a família
 Deve ter empatia e bom humor
 Deve basear-se nas necessidades do
doente e familiares e não no prognóstico
da doença
SINTOMAS MAIS
PREVALENTES
 Fadiga, emagrecimento
 Dor de forte intensidade
 Dispneia, tosse
 Náuseas, vómitos, disfagia, obstipação ou
diarreia, anoréxia
 Confusão mental, depressão, ansiedade
 Agitação, insónia, tristeza
FARMACOLOGIA
 Analgésicos não-opióides e opióides
 Anti-inflamatórios esteróides (derivados de
corticóides) e não esteróides
 Antieméticos
 Antipsicóticos
 Antibióticos
 Protetores de mucosa gástrica
 Laxantes
 Reguladores de trânsito intestinal
CARACTERISTICAS DO
DOENTE TERMINAL
 Tem intenso catabolismo (processo pelo qual os
compostos orgânicos complexos são fraccionados em
compostos químicos mais simples, produtos residuais e,
em geral, libertam energia)

 Perda de massa muscular


 Tem resposta individual ao tratamento
 Idoso: alteração da farmacocinética
PATOLOGIAS: DOENÇA
ONCOLÓGICA
 ¾ das mortes por cancro ocorrem em
idosos
 Metade deles morrem com dor de forte
intensidade
 Mais comuns (mulheres): mama, pulmão,
cólon, recto
 Homens: pulmão, próstata, colorretal
 Em geral, os pacientes não ficam
dependentes (apenas em fases
avançadas), mas precisam de apoio
psicológico e informação desde o
diagnóstico
TRATAMENTO DA DOR
 Individualizado
 Via mais fisiológica (oral, rectal, SC), EV
 Evitar a via IM
TRATAMENTO NÃO
FARMACOLÓGICO
 Tratamento fisiátrico e fisioterapia
 Abordagem psíquica
 Terapia ocupacional: reabilitação
(actividades lúdicas e simulações de AVD)
 Cirurgias, RT, QT, bloqueios anestésicos
TRATAMENTO
FARMACOLÓGICO
 Dor de leve intensidade: medicações não-
opióides (paracetamol e AINE)
 Dor leve a moderada: analgésicos
opióides (codeína, propoxifeno,
oxicodona, tramadol)
 Dor moderada a intensa: morfina,
buprenorfina, metadona ou fentanil
 Pode-se associar AINE + opióide
TRATAMENTO
FARMACOLÓGICO
 Medicações adjuvantes: fármacos cujos
efeitos primários não consiste em
analgesia, mas que, em conjunto com
analgésicos, melhoram este efeito

Ex: AD (antidepressívos) e anticonvulsivantes na


dor neuropática
Outros: neurolépticos, corticóides, BZD,
antihistamínicos, psicoestimulantes,
anestésicos locais
PRINCIPAIS DROGAS
UTILIZADAS - AINE
 Ibuprofeno = menor toxicidade,menos
eficaz
 Indometacina = mais potente, mais
toxicidade
 Naproxeno e diclofenac
 Tentar menor dose eficaz e ajustar a dose
a cada 2 a 3 dias
PRINCIPAIS DROGAS
UTILIZADAS - OPIÓIDES
 Mitos e preconceitos
 Dependência e tolerância = inerentes ao
uso
 Abuso pelo paciente é raro
 Efeitos colaterais passiveis de terapêutica
adicional
OPIÓIDES = PRINCIPAIS
EFEITOS COLATERAIS
 Sedação
 Obstipação Intestinal
 Náuseas e vómitos
 Prurido
 Retenção urinária
 Mioclonia (contracções repentinas,
incontroláveis e involuntárias de um músculo ou grupo
de músculos)
 Depressão respiratória
TRATAMENTO DE OUTROS
SINTOMAS
 Dispneia: causa muita angústia, pode ser
aliviada com opiáceos (morfina), O2,
ventilador
 Anorexia: respeitar o desejo do paciente,
tranquilizar a família, fraccionar a dieta,
preparar alimentos com cheiro e aspecto
apetitoso, uso de baixas doses de
corticóides e AD
TRATAMENTO DE OUTROS
SINTOMAS
 Desconforto geral: gelo na boca, higiene
bucal
 Náuseas: buscar e tratar causas:
obstipação crônica, lentificação do
esvaziamento gástrico, obstrução
intestinal, efeito colateral de opióide e
outros fármacos, gastrite, úlcera, etc
TRATAMENTO DE OUTROS
SINTOMAS
 Obstipação intestinal: muito comum,
multifactorial, deve ser sempre abordada

Confusão mental: frequente e angustiante


para paciente e familiares, multifactorial,
abordar a causa, usar medidas não-
farmacológicas e, quando necessário,
farmacológicas.
TRATAMENTO DE OUTROS
SINTOMAS
 Ansiedade, insônia e agitação: buscar
possíveis causas. Podem tentar-se as
técnicas de relaxamento e meditaçãoUsar
drogas se necessário.
COMUNICAÇÃO COM O
PACIENTE
 Dizer a verdade sempre, respeitando a
necessidade de esperança e negação por
parte do paciente e familiares
 O profissional DEVE dar as más notícias,
mas deve saber fazê-lo
 Dar as notícias com sensibilidade, num
ambiente de apoio, no ritmo do paciente,
sempre com abertura para novas
perguntas
COMUNICAÇÃO COM O
PACIENTE
 Deve-se ter tempo para abordagem sem
interrupções
 A privacidade é fundamental
 Separar a mensagem do mensageiro
 Ambiente físico agradável
 Postura do profissional
 Escuta do paciente
CUIDADOS PALIATIVOS EM
PORTUGAL
 Os serviços qualificados e devidamente
organizados são escassos e insuficientes
para as necessidades detectadas
 O cancro é a segunda causa de morte em
Portugal, com uma clara tendência a
aumentar
 Importa reforçar que os cuidados
paliativos são prestados com base nas
necessidades dos doentes e famílias e
não com base no seu diagnóstico
CUIDADOS PALIATIVOS EM
PORTUGAL
 Como tal, não são apenas os doentes de
cancro avançado que carecem destes
cuidados: os doentes de SIDA em
estadio avançado, os doentes com as
chamadas insuficiências de orgão
avançadas (cardíaca, respiratória,
hepática, respiratória, renal) , os
doentes com doenças neurológicas
degenerativas e graves, os doentes
com demências em estadio muito
avançado
CUIDADOS PALIATIVOS EM
PORTUGAL
 E não são apenas os idosos que carecem
destes cuidados – cada vez mais, o
problema da doença terminal atravessa
todas as faixas etárias, incluindo a
infância. Estamos , por isso, a falar de um
grupo vastíssimo de pessoas – dezenas
de milhar, seguramente - um problema
que atinge praticamente todas as
famílias portuguesas.
CUIDADOS PALIATIVOS EM
PORTUGAL
 Os cuidados paliativos NÃO são cuidados
menores no sistema de saúde, NÃO
encarecem os gastos dos sistemas de
saúde, e tendem mesmo a reduzi-los pela
melhor racionalização dos meios
 Os cuidados paliativos deverão ser parte
integrante do sistema de saúde,
promovendo uma intervenção técnica que
requer formação e treino específico
obrigatórios por parte dos profissionais
que os prestam
CUIDADOS PALIATIVOS EM
PORTUGAL
 Os cuidados paliativos centram-se na
importância da dignidade da pessoa ainda
que doente, vulnerável e limitada,
aceitando a morte como uma etapa
natural da VIDA que, até por isso, deve
ser vivida intensamente até ao fim.

Os cuidados paliativos constituem hoje
uma resposta indispensável aos
problemas do final da vida. Em nome da
ética, da dignidade e do bem estar de
cada Homem é preciso torná-los cada vez
mais uma realidade.

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