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Antonio Gramsci nunca superou 1 metro

e meio de altura e tinha uma corcunda,


“além sofria de freqüentes
indisposições”. Aos
disso, quatro anos
pelos médicos e foi
“desenganado”
mãe, Peppina, chegou a comprar sua
pequeno caixão para o filho.
um
1912 - Nos primeiros meses como
estudante universitário, vive
isolado,
sofrendo dificuldades
graves materiais padecendo de um
e
esgotamento nervoso. Interessa-se
particularmente pelos de
estudos
glotologia, realizando algumas
sobre o dialeto
pesquisas sardo.
também o curso de
italiana ministrado por
Freqüenta Cosmo. Nessa
literatura Togliatti, de época,
conhece quem se torna
UmbertoPouco tempo depois, fazem
amigo.
juntos uma pesquisa sobre a
estrutura social da Sardenha.
1919 - Gramsci, Tasca, Togliatti
e Umberto Terracini decidem criar
a revista L'Ordine Nuovo [A Nova
Ordem], com o subtítulo "Resenha
semanal de cultura
socialista". é o
redação.
Gramsci Em 1º de de
secretário maio, sai o
primeiro número da revista, que,
ao lado do título, traz a seguinte
palavra de "Instruí-vos,
ordem: porque
precisamos da vossa
inteligência. Agitai-vos, porque
precisamos do vosso entusiasmo.
Organizai-vos, porque carecemos
de toda a vossa força". Embora
seja difundida quase somente em
Turim e no Piemonte, a revista
passa, em um ano, de 3.000
leitores e 300 assinantes para,
respectivamente, 5.000 e 1.100.
Em maio, Gramsci é eleito para a
Comissão Executiva turinense do
PSI.
1926 - Em conseqüência das
"medidas excepcionais" adotadas
pelo regime fascista depois de um
obscuro atentado contra Mussolini
ocorrido em Bolonha, Gramsci --
apesar de desfrutar de imunidades
parlamentares -- é preso junto
com outros deputados comunistas
e recolhido ao cárcere de Regina
Coeli, em isolamento absoluto e
rigoroso. Na sessão do
dia a Câmara
dominada
seguinte,
pelos fascistas cassa os mandatos
não só dos deputados
oposição, da mas
parlamentares também doscomunistas,
embora esses
regressado à Câmara. houvessem
1929 - Obtém permissão
para escrever na cela.
Projeta fazer leituras
sistemáticas e aprofundar
certos temas,
encomendando livros.
Começa a fazer
traduções.

Começa a redigir notas,


apontamentos, etc., no
primeiro dos Cadernos do
cárcere, em cuja primeira
linha está escrita, pelo
próprio Gramsci, a data de 8
de fevereiro de 1929. Até o
momento de sua
transferência para a prisão
de Civitavecchia, em
novembro de 1933, ele já
terá completado ou iniciado a
redação de 21 cadernos.
1937 - Encerra-se o período de
liberdade condicional.
readquire a plena liberdade.
Gramsci
Projeta voltar à Sardenha para
se restabelecer. Na noite de 25
de tem uma
abril,
imprevista: sofre crisederrame
cerebral. um o assiste.
Gramsci morreTatiana
dois dias depois,
no início da manhã de 27 de
abril. Os funerais têm lugar na
tarde do dia 28. As cinzas de
Gramsci, depositadas numa
urna, são sepultadas no
cemitério Verano,
de
tumbas da prefeitura. Depois nas
da
Libertação, foram transferidas
para o Cemitério dos Ingleses,
em Roma. No exterior, os
companheiros do PCI e todas
as correntes antifascistas
prestam homenagem à
memória de Antonio Gramsci.
(...) o Estado deve ser concebido como 'educador' na medida em que tende
precisamente a criar um novo tipo ou nível de civilização. Dado que se
opera essencialmente sobre as forças econômicas, que se reorganiza e se
desenvolve o aparelho de produção econômica, que se inova a estrutura,
não se deve concluir que os fatos de superestrutura devam ser
abandonados a si mesmos, a seu desenvolvimento espontâneo, a uma
germinação casual e esporádica. O Estado, também neste campo, é um
instrumento de 'racionalização', de aceleração e de taylorização; atua
segundo um plano, pressiona, incita, solicita e 'pune', já que, criadas as
condições nas quais um determinado modo de vida é 'possível', a 'ação ou
a omissão criminosa' devem receber uma sanção punitiva (GRAMSCI,
2002: 28)
"1) Uma relação de forças sociais estreitamente ligada à estrutura,
objetiva, independente da vontade dos homens, que pode ser
mensurada com os sistemas das ciências exatas ou físicas. Com
base no grau de desenvolvimento das forças materiais de
produção, tem-se os agrupamentos sociais, cada um dos quais
representa uma função e ocupa uma posição determinada na
própria produção" (GRAMSCI, 2002: 40)
"2) O momento seguinte é a relação das forças políticas, ou seja, a
avaliação do grau de homogeneidade, de autoconsciência e de
organização alcançado pelos vários grupos sociais. (...) O primeiro
e mais elementar é o econômico-corporativo: (...) isto é, sente-se a
unidade homogênea do grupo profissional e o dever de organizá-la,
mas não ainda a unidade do grupo social mais amplo. Um
segundo momento é aquele em que se atinge a consciência da
solidariedade de interesses entre todos os membros do grupo
social, mas ainda no campo meramente econômico" (GRAMSCI,
2002: 41)
"Um terceiro momento é aquele em que se adquire a consciência
de que os próprios interesses corporativos, em seu
desenvolvimento atual e futuro, superam o círculo corporativo, de
grupo meramente econômico, e podem e devem tornar-se os
interesses de outros grupos subordinados. Esta é a fase mais
estritamente política, que assinala a passagem nítida da estrutura
para a esfera das superestruturas complexas; (...) as ideologias
geradas anteriormente se transformam em 'partido', entram em
confrontação e lutam até que uma delas, ou pelo menos uma única
combinação delas, tenda a prevalecer, (...) determinando, além da
unicidade dos fins econômicos e políticos, também a unidade
intelectual e moral, (...) num plano 'universal', criando assim a
hegemonia de um grupo social fundamental sobre uma série de
grupos subordinados" (GRAMSCI, 2002: 41)
"O fato da hegemonia pressupõe indubitavelmente que sejam
levados em conta os interesses e as tendências dos grupos sóbrios
aos quais a hegemonia será exercida, que se forme um certo
equilíbrio de compromisso, isto é, que o grupo dirigente faça
sacrifícios de ordem econômico-corporativa; mas também é
indubitável que tais sacrifícios e tal compromisso não podem
envolver o essencial, dado que, se a hegemonia é ético-política,
não pode deixar de ser também econômica, não pode deixar de ter
seu fundamento na função decisiva que o grupo dirigente exerce no
núcleo decisivo da atividade econômica" (GRAMSCI, 2002: 48).
"O exercício 'normal' da hegemonia, no terreno tornado
clássico do regime parlamentar, caracteriza-se pela
combinação da força e do consenso, que se equilibram
de modo variado, sem que a força suplante em muito o
consenso, mas, ao contrário, tentando fazer com que a
força pareça apoiada no consenso da maioria, expresso
pelos chamados órgãos da opinião pública - jornais e
associações -, os quais, por isso, em certas situações,
são artificialmente multiplicados" (GRAMSCI, 2002: 95).
"O processo é diferente em cada país, embora o conteúdo seja o
mesmo. E o conteúdo é a crise de hegemonia da classe dirigente,
que ocorre ou porque a classe dirigente fracassou em algum grande
empreendimento político para o qual pediu ou impôs pela força o
consenso das grandes massas (como a guerra), ou porque amplas
massas (sobretudo de camponeses e de pequeno-burgueses
intelectuais) passaram subitamente da passividade política para
uma certa atividade e apresentam reivindicações que, em seu
conjunto desorganizado, constituem uma revolução. Fala-se de
'crise de autoridade': e isso é precisamente a crise de hegemonia,
ou crise do Estado em seu conjunto".(GRAMSCI, 2002: 60).
"(...) no se aos Estados mais avançados, onde
que
'sociedade refere
a tornou-seuma estrutura muito
civil'
resistente às 'irrupções'
complexa
catastróficas
e do elemento econômico
imediato (...); as superestruturas da sociedade civil são como o
sistema das trincheiras na guerra moderna. Trata-se, portanto, de
estudar com 'profundidade' quais são os elementos da sociedade
civil que correspondem aos sistemas de defesa na guerra de
posição" (GRAMSCI, 2002: 73).

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