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CURSO DE DIREITO FINANCEIRO

Prof. Msc. Edson Benassuly Arruda

ENTRADA E RECEITA
INTRODUÇÃO

 Formas do Estado obter recursos:


 Extorsões sobre outros povos;
 Exploração de atividade econômica pelo Estado;
 Tributos e penalidades;
 Empréstimos;
 Fabricação de moeda.

 “Receita pública é o ingresso de dinheiro aos cofres do Estado para


atendimento das suas finalidades”.
ENTRADA

 Conceito: todo e qualquer dinheiro que ingressa no cofre público (ingresso), de


caráter permanente ou transitório.

 Entradas:

a) provisórias (movimento de caixa). Ex. depósitos – judiciais, licitações;


empréstimos públicos; cauções; empréstimo compulsório - art. 148, CF-88

b) definitivas (receitas)
RECEITA PÚBLICA
 Conceito: entradas de dinheiro destinadas a permanecer em definitivo nos cofres públicos.

“Receita pública é a entrada que, interando-se ao patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no
passivo, vem acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo ”.

 Classificação das Receitas:

 QUANTO À ORIGEM:

A) Originárias: exploração pelo Estado de seus próprios bens ou serviço, sob o regime de direito privado, sem caráter coercitivo.

A.1) Classificação das receitas originárias: Patrimoniais, comerciais, serviço e Industriais.

A.1.1) Receitas Patrimoniais: Geradas pela exploração do patrimônio do Estado. Dividem-se em patrimônio mobiliário e
imobiliário.

 Patrimônio Mobiliário: composto de títulos representativos de crédito e de “ações” que representam parte do capital das
empresas – juros e dividendos.

 Patrimônio Imobiliário:

 O patrimônio da União
- Art. 20 CF
- Bens Públicos (arts. 98 a 101 do CC)
RECEITA PÚBLICA
Outorga de bens públicos a particular.

Concessão de direito real de uso: aforamento X Cessão X Permissão de uso X Alienação. – Lei 9636/98, arts. 12, 18, 22.

- Alienação (bens públicos – inalienáveis, imprescritíveis e impenhoráveis – desafetação do bem público – bens dominiais): art. 23
da Lei 9636/98 c/c arts 98 a 101 do CC.

DA ALIENAÇÃO
Art. 23. A alienação de bens imóveis da União dependerá de autorização, mediante ato do Presidente da República, e será
sempre precedida de parecer da SPU quanto à sua oportunidade e conveniência.
§ 1o A alienação ocorrerá quando não houver interesse público, econômico ou social em manter o imóvel no domínio da
União, nem inconveniência quanto à preservação ambiental e à defesa nacional, no desaparecimento do vínculo de propriedade.
§ 2o A competência para autorizar a alienação poderá ser delegada ao Ministro de Estado da Fazenda, permitida a
subdelegação.

- Privatizações:
art. 2º, § 1º da Lei 9491/97
§ 1º Considera-se desestatização:
a) a alienação, pela União, de direitos que lhe assegurem, diretamente ou através de outras controladas, preponderância nas
deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores da sociedade;
b) a transferência, para a iniciativa privada, da execução de serviços públicos explorados pela União, diretamente ou através
de entidades controladas, bem como daqueles de sua responsabilidade.
c) a transferência ou outorga de direitos sobre bens móveis e imóveis da União, nos termos desta Lei. (Incluído pela Medida
Provisória nº 2.161-35, de 2001)
RECEITA PÚBLICA

 Receitas comerciais, Industriais e de serviço: são geradas pelo Estado no exercício da atividade empresarial.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de
sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas
de sua atuação
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo
Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei.
§ 2º - As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não
extensivos às do setor privado.
- Doação (arts, 538 a 564 do CC)

- Sucessão legítima e testamentária (art. 1844 CC)

- Herança vacante (1822 CC)

- PREÇO PÚBLICO
RECEITAS DERIVADAS
 Receitas Derivadas: constrangimento sobre o patrimônio particular. Ex. tributos, multas, apreensões.
 
 RECEITAS TRIBUTÁRIAS
 
 Conceito de tributo (art. 3º CTN):
 
 “Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não
constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.”
 
 Classificação dos tributos:
 
 Quanto às espécies (Classificação qüinqüipartide – adotada pelo STF):
 
 Impostos (art. 16 CTN)
 Taxas (CF-88 art. 145, II; c/c CTN art. 77 e ss.)
 Contribuição de melhoria (Art. 145, III, CF-88 c/c arts 81 e 82 CTN)
 Contribuições especiais (art. 149, CF-88) DRU – ART. 76 ADCT
 Empréstimos compulsórios (art. 148, cf-88)
 
 PREÇO PÚBLICO X TAXA.

 MULTAS
RECEITA PÚBLICA
 Transferidas: provindas do patrimônio particular e transferidas de um ente federativo ao outro. Tributárias (art. 157 a
162, CF-88) não tributárias (art. 20, §1º, CF-88 – “compensação financeira”).

 Quanto à periodicidade:
A) Ordinárias: havidas com regularidade;
B) Extraordinárias: guerra ou iminência – impostos extraordinários (154, II, CF);

 Quanto à competência:
A)Federais;
B)Estaduais;
C)Municipais.

 Quanto à natureza do serviço prestado:


A)Serviços administrativos de interesse geral – impostos;
B)Serviços administrativos de interesse geral, mas que aproveitam mais alguns – taxas;
C)Serviços industriais e comerciais de fim financeiro em regime de livre concorrência – preços públicos;
D)Explorações comerciais ou industriais destinadas à obtenção do maior proveito fiscal possível em regime de monopólio
– preço/imposto.

 Segundo a Lei n. 4320/64 – art. 11

 RENÚNCIA DE RECEITA:
A)Incentivos Fiscais.
JURISPRUDÊNCIA

 EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONSTITUCIONAL.


IMPOSTOS. VINCULAÇÃO A ÓRGÃO, FUNDO OU DESPESA. AFRONTA AO INCISO IV DO ART.
167 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o
RE 183.906 e o RE 213.739, ambos da relatoria do ministro Marco Aurélio, declarou
inconstitucionais os arts. 3º, 4º, 5º, 6º, 7º, 8º e 9º da Lei 6.556/1989, bem assim das Leis
7.003/1990, 7.646/1991 e 8.207/1992, todas do Estado de São Paulo, por violação ao
inciso IV do art. 167 da Constituição Federal, que veda a vinculação da receita de impostos
a órgão, fundo ou despesa. 2. Do mesmo vício padecem as Leis paulistas 8.456/1993,
8.997/1994, 9.331/1995 e 9.464/1996. Precedente: RE 585.535, da relatoria da ministra
Ellen Gracie. 3. Agravo regimental desprovido.

(AI 635243 AgR, Relator(a):  Min. AYRES BRITTO, Segunda Turma, julgado em 13/09/2011,
DJe-215 DIVULG 10-11-2011 PUBLIC 11-11-2011 EMENT VOL-02624-02 PP-00243)
JURISPRUDÊNCIA
 AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI ESTADUAL 12.223, DE 03.01.05. FUNDO PARTILHADO DE
COMBATE ÀS DESIGUALDADES SOCIAIS E REGIONAIS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. CONCESSÃO DE
CRÉDITO FISCAL PRESUMIDO DE ICMS CORRESPONDENTE AO MONTANTE DESTINADO AO FUNDO PELAS
EMPRESAS CONTRIBUINTES DO REFERIDO TRIBUTO. ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART. 155, § 2º, XII, G, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INOCORRÊNCIA. CAUSA DE PEDIR ABERTA. ART. 167, IV, DA CARTA MAGNA.
VINCULAÇÃO DE RECEITA PROVENIENTE DA ARRECADAÇÃO DE IMPOSTO A FUNDO ESPECÍFICO. VEDAÇÃO
EXPRESSA. 1. Alegação de ofensa constitucional reflexa, manifestada, num primeiro plano, perante a LC 24/75,
afastada, pois o que se busca, na espécie, é a demonstração de uma direta e frontal violação à norma
expressamente prevista no art. 155, § 2º, XII, g, da Constituição Federal, que proíbe a outorga de isenção,
incentivo ou benefício fiscal em matéria de ICMS sem o consenso da Federação. Precedentes: ADI 1.587, rel.
Min. Octavio Gallotti, e ADI 2.157-MC, rel. Min. Moreira Alves. 2. O Diploma impugnado não representa
verdadeiro e unilateral favor fiscal conferido a determinado setor da atividade econômica local, pois, conforme
consta do caput de seu art. 5º, somente o valor efetivamente depositado a título de contribuição para o Fundo
criado é que poderá ser deduzido, na forma de crédito fiscal presumido, do montante de ICMS a ser pago pelas
empresas contribuintes. 3. As normas em estudo, ao possibilitarem o direcionamento, pelos contribuintes, do
valor devido a título de ICMS para o chamado Fundo Partilhado de Combate às Desigualdades Sociais e
Regionais do Estado do Rio Grande do Sul, compensando-se, em contrapartida, o valor despendido sob a forma
de crédito fiscal presumido, criaram, na verdade, um mecanismo de redirecionamento da receita de ICMS para
a satisfação de finalidades específicas e predeterminadas, procedimento incompatível, salvo as exceções
expressamente elencadas no art. 167, IV, da Carta Magna, com a natureza dessa espécie tributária.
Precedentes: ADI 1.750-MC, rel. Min. Nelson Jobim, ADI 2.823-MC, rel. Min. Ilmar Galvão e ADI 2.848-MC, rel.
Min. Ilmar Galvão. 4. Ação direta cujo pedido se julga procedente.

(ADI 3576, Relator(a):  Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 22/11/2006,
JURISPRUDÊNCIA

 PROCESSO OBJETIVO - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - LEI ORÇAMENTÁRIA.


Mostra-se adequado o controle concentrado de constitucionalidade quando a lei
orçamentária revela contornos abstratos e autônomos, em abandono ao campo da eficácia
concreta. LEI ORÇAMENTÁRIA - CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO
ECONÔMICO - IMPORTAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE PETRÓLEO E DERIVADOS, GÁS
NATURAL E DERIVADOS E ÁLCOOL COMBUSTÍVEL - CIDE - DESTINAÇÃO - ARTIGO 177, § 4º,
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. É inconstitucional interpretação da Lei Orçamentária nº
10.640, de 14 de janeiro de 2003, que implique abertura de crédito suplementar em
rubrica estranha à destinação do que arrecadado a partir do disposto no § 4º do artigo 177
da Constituição Federal, ante a natureza exaustiva das alíneas "a", "b" e "c" do inciso II do
citado parágrafo.

(ADI 2925, Relator(a):  Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão:  Min. MARCO AURÉLIO,
Tribunal Pleno, julgado em 19/12/2003, DJ 04-03-2005 PP-00010 EMENT VOL-02182-01 PP-
00112 LEXSTF v. 27, n. 316, 2005, p. 52-96)
EXERCÍCIO

1 – As privatizações constituem qual espécie de receita? Justifique.


 
2 - Os bens públicos podem ser livremente alienados? Justifique. Quanto a alienação destes
bens, qual espécie de receita estamos falando? Justifique.
 
3 - Sob a perspectiva do Direito Financeiro, qual a natureza jurídica do Empréstimo
compulsório? Justifique.
 
4 - O Governo Federal realizou um procedimento licitatório. Ao vencedor do certame foi
determinado a prestar uma garantia para o fiel cumprimento do contrato. Ao final da
execução deste, será devolvido o valor depositado. Deste modo pergunta-se:
 
- Como podemos classificar esta espécie de entrada? Justifique

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