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INSTITUIÇÕES DE DIREITO

CIVIL – Direito de Família


PROF. M. IWAO C. SUZUKI

AULA 4: ESPÉCIES DE CASAMENTO; CAUSAS DE


NULIDADE E ANULABILIDADE DO CASAMENTO
MODALIDADES DE CASAMENTO

MODALIDADES TÍPICAS OU COMUNS – casamento


civil e casamento religioso com efeitos civis

MODALIDADES ATÍPICAS OU ESPECIAIS –


casamento nuncupativo e casamento em caso de
moléstia grave.

OBS: casamento por procuração, casamento putativo,


casamento consular e a conversão de união estável em
casamento não são modalidades específicas de casamento
CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS
(Arts. 1.515 a 1.516/CC; arts 70 a 75/LRP)
 Questão prévia: admite-se a celebração de casamento
religioso com efeitos civis em qualquer crença religiosa?

“Válido o matrimônio oficiado por ministro de confissão


religiosa reconhecida (católico, protestante, mulçumano,
israelita). Não se admite, todavia, o que se realiza em
terreiro de macumba, centros de baixo espiritismo, seitas
umbandistas, ou outras formas de crendices populares, que
não tragam a configuração de seita religiosa reconhecida
como tal.”(Caio Mário da Silva Pereira)
CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS
(Arts. 1.515 a 1.516/CC; arts 71 a 76/LRP)
 Lei n. 379/37(enumera as crenças autorizadas a celebrar
casamento religioso com efeito civil) x Lei 1110/50(não enumera
as crenças autorizadas a celebrar casamento religioso com efeito
civil) x Lei 6015/73(Lei de Registros Públicos)

 A doutrina atual declara que está autorizada a celebrar


casamento religioso com efeito civil a crença que exista como
pessoa jurídica de direito privado(com registro em cartório) e cujo
sacerdote(pai-de-santo, pastor, padre, rabino, mulá) que venha a
oficiar o casamento esteja devidamente registrado em cartório
como ministro daquela crença.
CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS
(Arts. 1.515 a 1.516/CC; arts 70 a 75/LRP)
O Código Civil prevê duas modalidades de casamento
religioso com efeitos civis: com habilitação
prévia(art. 1516, § 1.°) e sem habilitação prévia(art.
1516, § 2.°)

Em ambos os casos, “o casamento religioso, que atender às


exigências da lei para a validade do casamento civil,
equipara-se a este, desde que registrado no registro
próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua
celebração(art. 1515/CC)
CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS
(Arts. 1.515 a 1.516/CC; arts 70 a 75/LRP)
 Casamento religioso precedido de habilitação civil –
realizada a habilitação nos termos do CC/2002, pedem os
nubentes, ao oficial de cartório, que lhes forneça o
certificado para se casem perante a autoridade religiosa,
indicando o certificado o prazo legal de 90 (noventa) dias. O
certificado será apresentado à autoridade religiosa que
realizar a celebração religiosa. Após a celebração, dentro
de um novo prazo decadencial de 90 (noventa) dias este
contado da celebração – a autoridade religiosa, ou qualquer
interessado, deverá requerer o assento do matrimônio no
Registro Civil (CC, art. 1.516, § 1.°)
CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS
(Arts. 1.515 a 1.516/CC; arts 70 a 75/LRP)
Questão: e se não houver o registro civil posteriormente à
realização da celebração religiosa?

“Celebrado o casamento(religioso), deverá ser promovido o registro, dentro


de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante
ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado. Tal
prazo, contado da celebração, é decadencial e, se esgotado, ficarão sem
efeito os atos já praticados. Os nubentes terão de promover nova
habilitação e cumprir todas as formalidades legais, se desejarem
realmente conferir efeitos civis ao casamento religioso (art. 1.516, § 1º).
A validade civil do casamento religioso está condicionada à habilitação e
ao registro no Registro Civil das Pessoas Naturais, produzindo efeitos a
partir da data de sua celebração(CC, art. 1.515).”(Carlos Roberto
Gonçalves)
CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS
(Arts. 1.515 a 1.516/CC; arts 70 a 75/LRP)
Casamento religioso sucedido de habilitação civil – na
hipótese do casamento religioso acontecer antes da
habilitação perante o oficial do Registro Civil, a habilitação
poderá ser requerida posteriormente, a qualquer tempo.
Para tanto, os nubentes, juntamente com o requerimento de
registro, devem apresentar a prova do ato religioso e os
documentos exigidos pelo art. 1.525 do Código Civil,
suprindo, à requisição do oficial, eventual falta de requisitos
no termo da celebração religiosa. Neste caso, os nubentes,
após a expedição do certificado da habilitação, terão 90
dias para pleitear o registro da celebração religiosa em
cartório.
CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS
(Arts. 1.515 a 1.516/CC; arts 70 a 75/LRP)

Questão: e se entre a cerimônia religiosa for anulada nos termos das


regras da crença religiosa já tendo ocorrido o registro ou o assento civil
da cerimônia?

“Já as ações para invalidar o casamento obedecem exclusivamente aos


preceitos da lei civil. Anulado o matrimônio religioso, tal não afeta a
validade do casamento civil, se ocorreu o respectivo registro.”(Maria
Berenice Dias)

Questão: no casamento religioso com efeitos civis, como fica o regime de


bens dos nubentes?

“Aplicam-se ao casamento religioso, no tocante ao regime de bens, as


regras do Código Civil: não tendo sido realizado pacto antenupcial,
prevalece o da comunhão parcial, salvo nos casos em que a lei impõe o
regime da separação obrigatória.”(Carlos Roberto Gonçalves)
CASAMENTO NUNCUPATIVO
(Arts. 1.540 e 1.541/CC; art 76/LRP)
Conceito: Trata-se do casamento realizado sob iminente risco de
vida(art. 1.540/CC), em que um dos nubentes, se encontrando
em tal situação, decide tomar o outro por cônjuge, sem
habilitação prévia e sem celebração por sujeito autorizado na
forma da lei

“Assim ocorre[o casamento nuncupativo], por exemplo, “quando um


dos nubentes é ferido por disparo de arma de fogo, ou sofre
grave acidente, ou, ainda, é vítima de mal súbito, em que não há
a mínima esperança de salvação, e a duração da vida não
poderá ir além de alguns instantes ou horas. Nestas
desesperadoras circunstâncias, pode a pessoa desejar a
regularização da vida conjugal que mantém com outra, ou
pretender se efetive o casamento já programado e decidido, mas
ainda não providenciado o encaminhamento.”(Carlos Roberto
Gonçalves)
CASAMENTO NUNCUPATIVO
(Arts. 1.540 e 1.541/CC; art 76/LRP)
Procedimento: o casamento nuncupativo deve acontecer diante de
6(seis) testemunhas, que não podem ser nem parentes em linha
reta, e nem colaterais de segundo grau, de nenhum dos
nubentes(art. 1.540/CC), sendo que os nubentes devem declarar
às testemunhas que querem casar-se e que naquele ato se
tomam como cônjuges. Tais testemunhas terão o prazo
decadencial de 10 (dez) dias, contados da celebração assim
realizada, para que se apresentem perante a autoridade judicial
mais próxima para que declarem o exigido no art. 1.541/CC.

Questão: e se a autoridade mais próxima não for competente para


julgar a causa, pelo domicilio dos nubentes?
CASAMENTO NUNCUPATIVO
(Arts. 1.540 e 1.541/CC; art 76/LRP)
“A autoridade judiciária competente para ouvir as testemunhas e
proceder às diligências necessárias é a mais próxima do lugar em
que se realizou o casamento, ainda que não seja a do domicílio
ou residência dos cônjuges. O juiz, se não for o competente
ratione materiae o u ratione personae, encaminhará as
declarações, depois de autuadas, à autoridade judiciária que o
for. Esta determinará providências para verificar a inexistência de
impedimentos, em procedimento semelhante a uma habilitação a
posteriori, ouvirá o Ministério Público e realizará as diligências
necessárias, antes de proferir a sentença, da qual caberá
apelação em ambos os efeitos. Transitada em julgado, o juiz
mandará registrá-la no Livro do Registro dos Casamentos,
retroagindo os efeitos, quanto ao estado dos cônjuges, à data da
celebração (CC, art. 1.541, §§ 1º a 4º).”(Carlos Roberto
Gonçalves)
CASAMENTO SOB MOLÉSTIA GRAVE
(Art. 1.539/CC)
Conceito: Trata-se do casamento no qual um dos nubentes não está em
imediato risco de morte, mas sofrem, porém, de moléstia grave que pode
ser fatal antes da realização da celebração, tendo sido concluída a
habilitação prévia na forma da lei.

“Não confunda, amigo leitor, o casamento nuncupativo e o em caso de


moléstia grave. No primeiro caso, o nubente encontra-se no leito de
morte, não tendo havido tempo para habilitarse, nem solicitar a presença
da autoridade celebrante ou seu substituto; na segunda hipótese, a
habilitação foi feita, mas, por conta de grave doença, tornou-se
impossível o comparecimento à solenidade matrimonial. Em virtude, pois,
da moléstia que o acomete, o nubente não pode deslocar-se ao salão de
casamentos, solicitando, assim, que a própria autoridade celebrante vá
ao seu encontro.”(Pablo Stolze Gagliano)
CASAMENTO SOB MOLÉSTIA GRAVE
(Art. 1.539/CC)
Procedimento: a autoridade celebrante, chamada pelos nubentes, se dirige
onde se encontrar o nubente enfermo, sendo urgente, ainda que à noite,
realizando o matrimônio perante duas testemunhas que saibam ler e
escrever(art. 1.539/CC). Diante de eventual impedimento da autoridade
competente para realizar a celebração isto será suprido por qualquer dos
seus substitutos legais(art. 1.539, § 1.°/CC).

“Na falta ou impedimento do oficial, o juiz designará uma pessoa que o


substitua, atuando como oficial ad hoc. O termo avulso por este lavrado
será assinado pelo celebrante, pelo oficial ad hoc e pelas testemunhas e
registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas
testemunhas, ficando arquivado (CC, art. 1.539, §§ 1º e 2º). Se o
nubente enfermo não puder assinar, serão necessárias quatro
testemunhas, conforme o disposto no § 2º do art. 1.534.(Carlos Roberto
Gonçalves)
CASAMENTO NUNCUPATIVO CASAMENTO SOB MOLÉSTIA GRAVE

Não há habilitação prévia. Há habilitação prévia.

Exigem-se 6 testemunhas(art. 1.540) Exigem-se 2 testemunhas que saibam


ler e escrever(art. 1.539)

Exige validação pelo juízo(art. 1.541) Não exige validação pelo juízo.

Pode ser celebrado por procuração,


em relação ao cônjuge saudável(art. ****
1.542, § 2.° )
CASAMENTO POR PROCURAÇÃO(Art. 1.542/CC)

Casamento por procuração(art. 1.542/CC) – admite-se a celebração de


casamento por meio de procuração por instrumento público, com poderes
especiais

A validade/eficácia do instrumento público não pode ultrapassar 90 dias(art.


1.548, § 3.°/CC)

Revogação do instrumento(art. 1.548, § 4.°/CC)

QUESTÃO: E se o casamento for celebrado após a revogação e sem


que o mandatário tenha conhecimento desta?
CASAMENTO POR PROCURAÇÃO(Art. 1.542/CC)

“Sobre o assunto, o preceito normativo[do art. 1.542, § 1.] arremata:


'celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente
tivessem ciência da revogação, responderá o mandante por perdas e
danos'. Importa ainda lembrar, à título de sistematização, que o
casamento celebrado por quem não possui mais poderes para a prática
deste aludido ato solene será anulável, conforme orienta o art. i.550, V,
do CC. Para tanto, o interessado deve ajuizar a necessária ação
anulatória, de caráter desconstitutivo, no prazo decadencial de 180
(cento e oitenta) dias (art. 1.560, parágrafo primeiro). Acaso permaneça
inerte, a hipótese será de convalidação do ato anulável.”(Pablo Stolze)

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