NULIDADE E ANULABILIDADE DO CASAMENTO MODALIDADES DE CASAMENTO
MODALIDADES TÍPICAS OU COMUNS – casamento
civil e casamento religioso com efeitos civis
MODALIDADES ATÍPICAS OU ESPECIAIS –
casamento nuncupativo e casamento em caso de moléstia grave.
OBS: casamento por procuração, casamento putativo,
casamento consular e a conversão de união estável em casamento não são modalidades específicas de casamento CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS (Arts. 1.515 a 1.516/CC; arts 70 a 75/LRP) Questão prévia: admite-se a celebração de casamento religioso com efeitos civis em qualquer crença religiosa?
“Válido o matrimônio oficiado por ministro de confissão
religiosa reconhecida (católico, protestante, mulçumano, israelita). Não se admite, todavia, o que se realiza em terreiro de macumba, centros de baixo espiritismo, seitas umbandistas, ou outras formas de crendices populares, que não tragam a configuração de seita religiosa reconhecida como tal.”(Caio Mário da Silva Pereira) CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS (Arts. 1.515 a 1.516/CC; arts 71 a 76/LRP) Lei n. 379/37(enumera as crenças autorizadas a celebrar casamento religioso com efeito civil) x Lei 1110/50(não enumera as crenças autorizadas a celebrar casamento religioso com efeito civil) x Lei 6015/73(Lei de Registros Públicos)
A doutrina atual declara que está autorizada a celebrar
casamento religioso com efeito civil a crença que exista como pessoa jurídica de direito privado(com registro em cartório) e cujo sacerdote(pai-de-santo, pastor, padre, rabino, mulá) que venha a oficiar o casamento esteja devidamente registrado em cartório como ministro daquela crença. CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS (Arts. 1.515 a 1.516/CC; arts 70 a 75/LRP) O Código Civil prevê duas modalidades de casamento religioso com efeitos civis: com habilitação prévia(art. 1516, § 1.°) e sem habilitação prévia(art. 1516, § 2.°)
Em ambos os casos, “o casamento religioso, que atender às
exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração(art. 1515/CC) CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS (Arts. 1.515 a 1.516/CC; arts 70 a 75/LRP) Casamento religioso precedido de habilitação civil – realizada a habilitação nos termos do CC/2002, pedem os nubentes, ao oficial de cartório, que lhes forneça o certificado para se casem perante a autoridade religiosa, indicando o certificado o prazo legal de 90 (noventa) dias. O certificado será apresentado à autoridade religiosa que realizar a celebração religiosa. Após a celebração, dentro de um novo prazo decadencial de 90 (noventa) dias este contado da celebração – a autoridade religiosa, ou qualquer interessado, deverá requerer o assento do matrimônio no Registro Civil (CC, art. 1.516, § 1.°) CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS (Arts. 1.515 a 1.516/CC; arts 70 a 75/LRP) Questão: e se não houver o registro civil posteriormente à realização da celebração religiosa?
“Celebrado o casamento(religioso), deverá ser promovido o registro, dentro
de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado. Tal prazo, contado da celebração, é decadencial e, se esgotado, ficarão sem efeito os atos já praticados. Os nubentes terão de promover nova habilitação e cumprir todas as formalidades legais, se desejarem realmente conferir efeitos civis ao casamento religioso (art. 1.516, § 1º). A validade civil do casamento religioso está condicionada à habilitação e ao registro no Registro Civil das Pessoas Naturais, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração(CC, art. 1.515).”(Carlos Roberto Gonçalves) CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS (Arts. 1.515 a 1.516/CC; arts 70 a 75/LRP) Casamento religioso sucedido de habilitação civil – na hipótese do casamento religioso acontecer antes da habilitação perante o oficial do Registro Civil, a habilitação poderá ser requerida posteriormente, a qualquer tempo. Para tanto, os nubentes, juntamente com o requerimento de registro, devem apresentar a prova do ato religioso e os documentos exigidos pelo art. 1.525 do Código Civil, suprindo, à requisição do oficial, eventual falta de requisitos no termo da celebração religiosa. Neste caso, os nubentes, após a expedição do certificado da habilitação, terão 90 dias para pleitear o registro da celebração religiosa em cartório. CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS (Arts. 1.515 a 1.516/CC; arts 70 a 75/LRP)
Questão: e se entre a cerimônia religiosa for anulada nos termos das
regras da crença religiosa já tendo ocorrido o registro ou o assento civil da cerimônia?
“Já as ações para invalidar o casamento obedecem exclusivamente aos
preceitos da lei civil. Anulado o matrimônio religioso, tal não afeta a validade do casamento civil, se ocorreu o respectivo registro.”(Maria Berenice Dias)
Questão: no casamento religioso com efeitos civis, como fica o regime de
bens dos nubentes?
“Aplicam-se ao casamento religioso, no tocante ao regime de bens, as
regras do Código Civil: não tendo sido realizado pacto antenupcial, prevalece o da comunhão parcial, salvo nos casos em que a lei impõe o regime da separação obrigatória.”(Carlos Roberto Gonçalves) CASAMENTO NUNCUPATIVO (Arts. 1.540 e 1.541/CC; art 76/LRP) Conceito: Trata-se do casamento realizado sob iminente risco de vida(art. 1.540/CC), em que um dos nubentes, se encontrando em tal situação, decide tomar o outro por cônjuge, sem habilitação prévia e sem celebração por sujeito autorizado na forma da lei
“Assim ocorre[o casamento nuncupativo], por exemplo, “quando um
dos nubentes é ferido por disparo de arma de fogo, ou sofre grave acidente, ou, ainda, é vítima de mal súbito, em que não há a mínima esperança de salvação, e a duração da vida não poderá ir além de alguns instantes ou horas. Nestas desesperadoras circunstâncias, pode a pessoa desejar a regularização da vida conjugal que mantém com outra, ou pretender se efetive o casamento já programado e decidido, mas ainda não providenciado o encaminhamento.”(Carlos Roberto Gonçalves) CASAMENTO NUNCUPATIVO (Arts. 1.540 e 1.541/CC; art 76/LRP) Procedimento: o casamento nuncupativo deve acontecer diante de 6(seis) testemunhas, que não podem ser nem parentes em linha reta, e nem colaterais de segundo grau, de nenhum dos nubentes(art. 1.540/CC), sendo que os nubentes devem declarar às testemunhas que querem casar-se e que naquele ato se tomam como cônjuges. Tais testemunhas terão o prazo decadencial de 10 (dez) dias, contados da celebração assim realizada, para que se apresentem perante a autoridade judicial mais próxima para que declarem o exigido no art. 1.541/CC.
Questão: e se a autoridade mais próxima não for competente para
julgar a causa, pelo domicilio dos nubentes? CASAMENTO NUNCUPATIVO (Arts. 1.540 e 1.541/CC; art 76/LRP) “A autoridade judiciária competente para ouvir as testemunhas e proceder às diligências necessárias é a mais próxima do lugar em que se realizou o casamento, ainda que não seja a do domicílio ou residência dos cônjuges. O juiz, se não for o competente ratione materiae o u ratione personae, encaminhará as declarações, depois de autuadas, à autoridade judiciária que o for. Esta determinará providências para verificar a inexistência de impedimentos, em procedimento semelhante a uma habilitação a posteriori, ouvirá o Ministério Público e realizará as diligências necessárias, antes de proferir a sentença, da qual caberá apelação em ambos os efeitos. Transitada em julgado, o juiz mandará registrá-la no Livro do Registro dos Casamentos, retroagindo os efeitos, quanto ao estado dos cônjuges, à data da celebração (CC, art. 1.541, §§ 1º a 4º).”(Carlos Roberto Gonçalves) CASAMENTO SOB MOLÉSTIA GRAVE (Art. 1.539/CC) Conceito: Trata-se do casamento no qual um dos nubentes não está em imediato risco de morte, mas sofrem, porém, de moléstia grave que pode ser fatal antes da realização da celebração, tendo sido concluída a habilitação prévia na forma da lei.
“Não confunda, amigo leitor, o casamento nuncupativo e o em caso de
moléstia grave. No primeiro caso, o nubente encontra-se no leito de morte, não tendo havido tempo para habilitarse, nem solicitar a presença da autoridade celebrante ou seu substituto; na segunda hipótese, a habilitação foi feita, mas, por conta de grave doença, tornou-se impossível o comparecimento à solenidade matrimonial. Em virtude, pois, da moléstia que o acomete, o nubente não pode deslocar-se ao salão de casamentos, solicitando, assim, que a própria autoridade celebrante vá ao seu encontro.”(Pablo Stolze Gagliano) CASAMENTO SOB MOLÉSTIA GRAVE (Art. 1.539/CC) Procedimento: a autoridade celebrante, chamada pelos nubentes, se dirige onde se encontrar o nubente enfermo, sendo urgente, ainda que à noite, realizando o matrimônio perante duas testemunhas que saibam ler e escrever(art. 1.539/CC). Diante de eventual impedimento da autoridade competente para realizar a celebração isto será suprido por qualquer dos seus substitutos legais(art. 1.539, § 1.°/CC).
“Na falta ou impedimento do oficial, o juiz designará uma pessoa que o
substitua, atuando como oficial ad hoc. O termo avulso por este lavrado será assinado pelo celebrante, pelo oficial ad hoc e pelas testemunhas e registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado (CC, art. 1.539, §§ 1º e 2º). Se o nubente enfermo não puder assinar, serão necessárias quatro testemunhas, conforme o disposto no § 2º do art. 1.534.(Carlos Roberto Gonçalves) CASAMENTO NUNCUPATIVO CASAMENTO SOB MOLÉSTIA GRAVE
Não há habilitação prévia. Há habilitação prévia.
Exigem-se 6 testemunhas(art. 1.540) Exigem-se 2 testemunhas que saibam
ler e escrever(art. 1.539)
Exige validação pelo juízo(art. 1.541) Não exige validação pelo juízo.
Pode ser celebrado por procuração,
em relação ao cônjuge saudável(art. **** 1.542, § 2.° ) CASAMENTO POR PROCURAÇÃO(Art. 1.542/CC)
Casamento por procuração(art. 1.542/CC) – admite-se a celebração de
casamento por meio de procuração por instrumento público, com poderes especiais
A validade/eficácia do instrumento público não pode ultrapassar 90 dias(art.
1.548, § 3.°/CC)
Revogação do instrumento(art. 1.548, § 4.°/CC)
QUESTÃO: E se o casamento for celebrado após a revogação e sem
que o mandatário tenha conhecimento desta? CASAMENTO POR PROCURAÇÃO(Art. 1.542/CC)
“Sobre o assunto, o preceito normativo[do art. 1.542, § 1.] arremata:
'celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o mandante por perdas e danos'. Importa ainda lembrar, à título de sistematização, que o casamento celebrado por quem não possui mais poderes para a prática deste aludido ato solene será anulável, conforme orienta o art. i.550, V, do CC. Para tanto, o interessado deve ajuizar a necessária ação anulatória, de caráter desconstitutivo, no prazo decadencial de 180 (cento e oitenta) dias (art. 1.560, parágrafo primeiro). Acaso permaneça inerte, a hipótese será de convalidação do ato anulável.”(Pablo Stolze)