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INTRODUÇÃO ÀS

OPERAÇÕES UNITÁRIAS E
O PROCESSO DE
CRISTALIZAÇÃO
Instituto Federal de São Paulo (IFSP-CPV)
Prof. André Peixoto
INTRODUÇÃO
As etapas na produção de qualquer produto químico podem
ser divididas em três grandes grupos:

1- Com raras exceções, a parte principal de qualquer unidade


de produção é o reator químico, onde ocorre a
transformação dos reagentes em produtos. As reações
químicas podem ser classificadas como reações de
hidrogenação, nitração, sulfonação, oxidação etc.
Compreende o conjunto de parâmetros que processam as
reações químicas: condições dos reagentes e matérias-
primas (grau de pureza, composição de mistura etc) que
serão utilizadas nos processos, condição de pressão e
temperatura, tipos de catalisadores etc.
INTRODUÇÃO
2- Antes de entrarem no reator, reagentes ou matérias-
primas passam através de vários equipamentos, onde
pressão, temperatura, composição e fase são ajustadas
para que sejam alcançadas as condições em que ocorrem
as reações químicas, ou seja, são as etapas de preparação
da carga para o reator.
3- Os efluentes do reator são, em geral, uma mistura de
produtos, contaminantes e reagentes não reagidos que
devem ser separados em equipamentos apropriados para
se obter o(s) produto(s) na pureza adequada ao mercado.
INTRODUÇÃO
Em geral, em todos os equipamentos usados antes e após o
reator ocorrem apenas mudanças físicas no material, tais
como: elevação da pressão (bombas e compressores) ,
aquecimento ou resfriamento (trocadores de calor),
mistura, separação etc. Estas várias operações que
envolvem mudanças físicas no material,
independentemente do material que está sendo
processado, são chamadas de operações unitárias da
indústria química. São tão importantes quanto as reações
químicas utilizadas para a obtenção do produto.
INTRODUÇÃO
Estas operações unitárias podem ser agrupadas em cinco
grandes divisões que envolvem a engenharia química:
1) Mecânica dos fluidos: é o primeiro assunto normalmente
estudado nos cursos de operações unitárias. Em toda
planta industrial é necessário transportar reagentes e
produtos para diferentes pontos da planta. Na maioria
dos casos, os materiais são fluidos (gases ou líquidos) e
há necessidade de determinar os tamanhos e os tipos de
tubulações, acessórios e bombas (ou compressores) para
movimentá-los.
INTRODUÇÃO
2) Transmissão de calor: é o assunto normalmente estudado
após a mecânica dos fluidos. A maioria das reações
químicas não ocorre a temperaturas ambiente e, portanto,
os reagentes e produtos devem ser aquecidos ou
resfriados. Algumas reações são exotérmicas, o calor
deve ser removido; outras são endotérmicas, o calor deve
ser fornecido. São necessários cálculos de taxas de calor
envolvidas e dimensionar os equipamentos (trocadores
de calor) necessários.
INTRODUÇÃO
3) Operações de agitação e mistura: são operações normais
em plantas químicas para homogeneizar a mistura
formada por diferentes componentes (reagentes e
produtos). São operações importantes em reatores, partes
essenciais em qualquer processo. São utilizados
diferentes tipos, sempre levando em consideração o tipo
de reação como por exemplo processos em fase líquida
ou gasosa, tipo de reagente (sólido, líquido ou gasoso),
etc.
INTRODUÇÃO
4) Operações de agitação são importantes em processos
químicos, principalmente quando estão envolvidos
reagentes e produtos em fases diferentes (sólido, líquido
ou gás), líquidos imiscíveis, etc.
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
5) Operações de separação: com certeza é o maior grupo de operações
unitárias aplicadas nas indústrias químicas. Este grupo inclui:
• processos físicos em que se permite a separação de duas fases
(sólido-
líquido e líquido-líquido), como filtração, decantação e centrifugação;
• processos em que ocorrem transferências de massa de uma fase
para outra, pela afinidade do material para a segunda fase, como a
absorção (do gás para o líquido), a extração (de líquido para outro
líquido), a adsorção (de uma mistura gasosa ou líquida para um
sólido), a secagem etc.;
• processos em que ocorrem as transferências de material de uma fase
para outra pela influência da troca de calor, como a evaporação, a
destilação, a cristalização, etc.
CRISTALIZAÇÃO
 Em muitos casos, o produto comercializável de uma usina
(planta química) deve estar na forma de partículas sólidas.
Quando o processo de fabricação leva a uma solução, o sólido
pode ser obtido, da forma mais conveniente, pela
concentração da solução até a saturação e pela formação de
cristais da solução.
 Em toda a história da indústria química moderna se têm
produzido cristais mediante métodos que vão desde os mais
simples, como o de se deixarem arrefecer (esfriar) tabuleiros
contendo soluções concentradas quentes, até os mais
complexos, como os processos de cristalização contínuos,
cuidadosamente controlados em várias etapas e que visam à
obtenção de um produto com partículas de dimensões, de
formas, de teor de umidade e de pureza muito uniformes.
CRISTALIZAÇÃO
 As exigências do mercado, quanto à qualidade dos
produtos, forçou o abandono dos cristalizadores mais
simples, pois os produtos cristalinos modernos devem
satisfazer a especificações muito rígidas.
EXEMPLOS DE INDÚSTRIAS QUE
UTILIZAM A CRISTALIZAÇÃO DE SEUS
PRODUTOS
 Setor sucroalcooleiro – utiliza-se a cristalização para
obtenção de açúcar a partir do caldo tratado da cana-de-
açúcar.
 Salinas (Nordeste brasileiro).

 Indústria farmacêutica – ex. produção ácido


acetilsalicílico; separação de penicilinas após a sua
produção por via fermentativa.
 Indústria cosmética – ácido hialurônico vem sendo
apontado como ingrediente mágico pelo seu altíssimo
poder umectante.
 Formulação de sorvetes, cremes e outros alimentos (uso
de surfactantes para estabilizar uma emulsão).
PROCESSO DE CRISTALIZAÇÃO
 A Cristalização é uma operação de separação onde,
partindo de uma mistura líquida se obtêm cristais de um
dos componentes da mistura, com 100% de pureza. Na
cristalização criam-se as condições que levam as
moléculas a aproximarem-se e a agruparem-se em
estruturas altamente organizadas, os Cristais. Por vezes,
as condições operatórias não permitem obter cristais
100% puros verificando-se a existência, nos cristais, de
inclusões (impurezas) de moléculas que também têm
grande afinidade para o soluto.
EXEMPLOS DE CRISTAIS (SULFATO DE
AMÔNIO E NITRATO DE POTÁSSIO)
FORMAÇÃO DOS CRISTAIS:
NUCLEAÇÃO
 O primeiro passo num processo de cristalização é a Nucleação. É
necessário criar condições no seio da mistura para as moléculas se
aproximarem e darem origem ao cristal. A “driving force” para a
cristalização é a existência de sobressaturação na mistura líquida, ou
seja, a existência de uma concentração de soluto na solução superior
à concentração de saturação (limite de solubilidade). Este estado é
naturalmente muito instável, daí ser possível a nucleação. Contudo,
para haver cristalização é mesmo assim necessário ocorrer agitação
ou circulação da mistura líquida, a qual provoca a aproximação e
choque entre as moléculas. A nucleação a que nos referimos até aqui
é a Nucleação Primária. Uma vez formados os primeiros cristais,
pequenos fragmentos desses cristais podem transformar-se também
em novos núcleos. Estamos perante a Nucleação Secundária. Muitas
vezes, para tornar o processo de cristalização mais rápido, podem-se
introduzir sementes (núcleos) no cristalizador.
FORMAÇÃO DOS CRISTAIS:
CRESCIMENTO
 Uma vez formado o núcleo o cristal começa a crescer, e
entramos na etapa de crescimento do cristal. A
velocidade de agitação ou circulação no cristalizador, o
grau de sobressaturação, a temperatura, etc. são
parâmetros operatórios que condicionam a velocidade de
crescimento dos cristais e as características do produto
final. Por exemplo, um grau de sobressaturação
demasiado elevado e, consequentemente, uma situação
muito instável, pode dar origem a uma velocidade de
nucleação muito elevada. Formam-se muitos núcleos
simultaneamente e o produto final é formado por cristais
muito pequenos.
EQUIPAMENTOS DE CRISTALIZAÇÃO
 Os cristalizadores podem ser classificados
convenientemente em termos do método usado para se
obter o depósito das partículas. Os grupos são:
1. Cristalizadores que conseguem a precipitação mediante
o resfriamento de uma solução concentrada e quente;
2. Cristalizadores que conseguem a precipitação mediante
a evaporação de uma solução;
3. Cristalizadores que conseguem a precipitação pela
evaporação e pelo resfriamento.
CURVAS DE SOLUBILIDADE EM ÁGUA
TÉCNICA DE RESFRIAMENTO DIRETO
OU POR TROCA TÉRMICA

•Este método é utilizado quando a variação da


solubilidade com a temperatura é importante.
PRIMEIRO GRUPO DE
CRISTALIZADORES
 Nesse grupo estão os resfriadores de tabuleiro, os
cristalizadores descontínuos com agitação e o
cristalizador contínuo Swenson-Walker.
CRISTALIZADOR CONTÍNUO SWENSON-
WALKER
SEGUNDO GRUPO DE
CRISTALIZADORES
 Nesse grupo estão os evaporadores no qual a
cristalização e também a evaporação ocorrem
simultaneamente; são os evaporadores-cristalizadores, os
cristalizadores com tubo de tiragem e os cristalizadores
Oslo.
CRISTALIZADOR OSLO
TERCEIRO GRUPO DE
CRISTALIZADORES
 No último grupo estão os cristalizadores a vácuo.

Vaso à baixa pressão!


CRISTALIZADOR SWENSON-WALKER
 É um cristalizador de resfriamento destinado a operar
continuamente. Consiste numa grande calha
semicilíndrica, com 24 in de largura e 10 ft de
comprimento, com camisa de água de resfriamento e um
misturador de fitas que gira a cerca de 7 rpm. É possível
acoplar até quatro destas unidades, com os agitadores
acionados por um mesmo motor. Quando se querem
comprimentos maiores, usa-se um segundo cristalizador
num nível ligeiramente inferior, e alimentado pelo
líquido vertido pelo terminal do primeiro conjunto de
cristalizadores.
CRISTALIZADOR SWENSON-WALKER
 A solução quente, concentrada, é introduzida
continuamente numa das extremidades do cristalizador e
flui lentamente para a outra extremidade enquanto vai
sendo resfriada.
 A função do agitador é a de raspar os cristais das paredes
frias da unidade e agitar os cristais na solução.
CRISTALIZADOR SWENSON-WALKER

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