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ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO

DO PODER JUDICIÁRIO

Disciplina: Teoria Geral do Processo

Profa. Luana da Silva Seeger


1. Considerações Iniciais: vocabulário
 Juiz: pessoa física, representante e atuadora do Poder
Judiciário;

 Vara: repartição responsável por coordenar as atividades do


magistrado e sua lotação; subdivisão da especialização
jurisdicional;

 Comarca: área em que um Juiz desempenha sua


jurisdição;

 Fórum: espaço físico do juízo;


 Foro: esfera jurisdicional escolhida pelas partes ou
estabelecida pela lei para fixar o juízo de
conhecimento e julgamento das causas.

 Instância: primeira, segunda e terceira instância.

 Entrância: As comarcas, que podem apresentar


uma ou mais varas, podem ser classificadas como
de primeira ou segunda entrância, além da comarca
de entrância especial. Cada vara representa uma
entrância. 
2. Os poderes do Estado

 Teoria da tripartição dos poderes


(Montesquieu – O Espírito das Leis)

 Independentes e harmônicos entre si;

 Artigo 2°, Constituição Federal;

 Cláusula Pétrea – Artigo 60, parágrafo 4°, Constituição


Federal;
2.1. Função e estrutura dos
poderes do Estado
 Legislativo

Função Típica: legislar e fiscalizar;

Função Atípica: administrar (Congresso Nacional tem a


capacidade de se auto-administrar concedendo férias e licenças a
seus servidores), e julgar (julgar o Presidente da República nos
crimes de responsabilidade);

Estrutura:
Municipal: vereadores;
Estadual: deputados estaduais;
Federal: deputados federais e senadores;
2.1. Função e estrutura dos
poderes do Estado
 Executivo
Função Típica: administrar o governo;

Função Atípica: legislar (decreto do presidente da


república); julgar (apreciar e julgar processos e
recursos administrativos em seu âmbito interno);

Estrutura
Municipal: prefeitos;
Estadual: governadores;
Federal: presidente;
2.1. Função e estrutura dos
poderes do Estado

 Judiciário
Função Típica: exercício da jurisdição;

Função Atípica: legislar (regimento interno); administrar


(concurso público);

Estrutura
Municipal: Juízes de Direito;
Estadual: Juízes e Tribunais Estaduais;
Federal: Juízes Federais;
3. Poder Judiciário e Função
Jurisdicional

 3.1. O que é jurisdição?


 A função jurisdicional é uma das funções
fundamentais do Estado;

 3.2. Poder judiciário


 Organização do Estado;
 “Vontade” do Estado;
 Atividades necessárias para a finalidade do
Estado;
 Assegurar o desempenho da função jurisdicional;
3.2.1 Poder Judiciário

 Independência
 a) Política – exercício da função típica;
 b) Administrativa – autogoverno (art. 96, CF);

 Limites
 Vínculo com outros poderes;
 Exemplo: escolha dos ministros do STF pelo
presidente da república (executivo);
Participação do povo no
poder judiciário

Participação como poder judiciário:


 Júri popular;
 Justiça eleitoral;
 Juiz de paz;

Participação em colaboração ao poder judiciário:


 Testemunha, perícia;

Participação na função de controle da


administração:
 Conselho Nacional de Justiça: dois cidadãos eleitos pela
câmara de deputados e senado;
Princípios que regem a
organização do poder judiciário
 Princípio da Desconcentração: divisão de funções
entre os vários órgãos;

 Princípio da Territorialidade: competência


territorial;
 Princípio da Adequação: qualificação jurídica da
matéria, divisão das justiças;
 Princípio do duplo grau de jurisdição: “a parte
que não obteve satisfação da sua pretensão em 1° grau
pode provocar um novo exame de seu processo por um
órgão de 2° grau, diverso do anterior”
Órgãos do Poder Judiciário

 Artigo 92 da Constituição Federal;

 Monocráticos: em regra, todos de 1° grau de


jurisdição, exceto: a) 1° grau da Justiça Militar
(conselhos). 1° grau da Justiça Eleitoral (juntas
eleitorais) e Tribunais do Júri;

 Colegiados
Juízes de Direito

 Composição: concurso público;

 Competência: competência originária,


ampla, criminal ou civil em sentido lato. Tudo o que
não é de competência das justiças especiais;

 Juizado Especial Cível e Juizado Especial Criminal:


LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995.
Tribunais de Justiça

 Composição: alternância dos critérios de


merecimento e antiguidade, para a promoção dos
magistrados de carreira, e o denominado quinto
constitucional, isto é, a reserva de um quinto (1/5) das vagas
de todos os tribunais da jurisdição comum, para provimento
entre membros do Ministério Público e advogados. (art. 94,
da CF) Divididos em câmaras;
 Competência: originária ou recursal;
Jurisprudência
Número: 70072771082
Tipo de processo: Apelação Cível
Tribunal: Tribunal de Justiça do RS
Classe CNJ: Apelação
Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro
Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível
Comarca de Origem: SARANDI
Seção: CIVEL
Assunto CNJ:
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE GUARDA. Merece ser mantida
a sentença que deferiu a guarda ao pai, ante o resultado do estudo
social. Apelação desprovida, de plano. (Apelação Cível Nº
70072771082, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Liselena Schifino Robles Ribeiro, Redator: , Julgado em 22/03/2071)
Data de Julgamento: 22/03/2017
Juízes Federais

 Composição: Concurso Público;


 Competência: originária; art. 109, CF;
 Território dividido em seções judiciárias;
 Cada Estado constitui uma seção judiciária;

 Juizados Especiais da Justiça Federal:


Lei n° 10.219 de 2001.
Tribunal Regional Federal
 Composição: pelo menos 7 julgadores, escolhidos preferencialmente
nas respectivas Regiões, nomeados pelo Presidente da República; 1/5 das
vagas para membros do Ministério Público Federal e advogados, também.

 Competência: originária e recursal; causas decididas pelos juízes


federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da
área de sua jurisdição.
Dividem-se em 4 seções integradas pelas turmas;
1ª Seção (competência tributária, composta pelos integrantes da 1ª e da 2ª Turmas);
2ª Seção (competência residual, ou seja, todas as matérias que não são afetas 1ª, 3ª e 4ª
Seções, composta pelos integrantes da 3ª e da 4ª Turmas);
3ª Seção (competência previdenciária, composta pelos integrantes da 5ª e da 6ª Turmas);
4ª Seção (competência penal, composta pelos integrantes da 7ª e da 8ª Turmas).
Superior Tribunal de Justiça
 Composição: composto por trinta e três ministros, nomeados
pelo Presidente da República; 1/5 das vagas para membros do
Ministério Público Federal e advogados, também (art. 94 da CF);
 3 Seções, no total de 6 Turmas, com 5 ministros em cada turma, além da Corte
Especial, composta pelo presidente e vice-presidente do tribunal, o coordenador-geral da
Justiça Federal e os 6 ministros mais antigos de cada uma das 3 seções;
 1ª Seção: 1ª e 2ª turmas  questões que envolvem direito público;

 2ª Seção: 3ª e 4ª turmas  questões que envolvem direito privado;

 3ª Seção: 5ª e 6ª turmas  questões que envolvem direito penal;

 Corte Especial: causas envolvendo autoridades graduadas, como governadores de


Estado e desembargadores;

 Competência: recursal para julgar causas oriundas tanto da Justiça


Federal como da Justiça Estadual;
Juízes do Trabalho

 Composição: Concurso Público;


Nas Comarcas onde não houver Juízos do Trabalho,
poderá a lei atribuir suas funções aos juízes de direito;

 Competência: originária e em razão da matéria (art.


114 da CF);
Tribunais Regionais do
Trabalho

 Composição: mínimo de sete juízes, intitulados


Desembargadores do Trabalho, nomeados pelo Presidente
da República, com reserva de 1/5 para membros do
Ministério Público do Trabalho e advogados;

 Competência: originária e recursal; em razão


da matéria;
Tribunal Superior do Trabalho

 Composição: 27 juízes com o título de ministros,


nomeados pelo Presidente da República depois de aprovados
seus nomes pelo Senado Federal (o art. 111-A, I e II, da C.F.)

 Competência: originária e recursal (art. 702,


CLT)
Juízes e Juntas Eleitorais
 Composição: juízes são recrutados de outras Justiças;
 Competência: exclusivamente em razão da matéria
eleitoral;
 O território nacional é dividido em circunscrições eleitorais e, estas,
em zonas eleitorais para fim de administração da Justiça Eleitoral.
Cada Estado e o Distrito Federal constituem uma circunscrição
eleitoral.

 Juntas Eleitorais: criados para apurar as eleições em cada


zona eleitoral, presididas por um juiz de direito e seus outros
membros, dois ou quatro cidadãos, indicados pelo respectivo juiz
eleitoral ao Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, que os aprovará.
Tribunal Regional Eleitoral

 Composição: 2 Desembargadores do Tribunal


de Justiça local, 2 Juízes de Direito, 1 Desembargador
Federal, ou Juiz Federal de 1o grau e dois advogados.

 Competência: originária e recursal; em razão da


matéria;
Tribunal Superior Eleitoral
 Composição: 7 juízes com o título de ministro, com mandato de
2 anos, reconduzidos por mais 2 (art. 120, § 2o, CF):
 A)mediante eleição pelo voto secreto: a-1) de três juízes, entre os ministros
do Supremo Tribunal Federal; a-2) de dois juízes, entre os membros do
Superior Tribunal de Justiça;
 B) por nomeações do Presidente da República de dois entre seis
advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo
Supremo Tribunal Federal.

 Competência: originária e recursal, disciplinada no Código


Eleitoral; São decisões irrecorríveis, salvo quando contrariem a
Constituição Federal e as denegatórias de habeas corpus ou
mandado de segurança;
Juízes Militares – Auditorias
Militares – Conselhos de Justiça
 Composição: São os órgãos de 1° grau da Justiça Militar;
 1 juiz togado, bacharel em direito, que ingressa na carreira por
concurso público específico, e por 4 juízes leigos, sorteados dentre
militares.

 Competência: originária e recursal; em razão da matéria;


 a) Conselho Especial de Justiça para processar e julgar oficiais, exceto os
generais, que são processados e julgados pelo Superior Tribunal Militar;
 b) Conselho Permanente de Justiça para processar e julgar civis, exceto
aqueles que, pelos cargos que ocupam, são processados e julgados pelo
Superior Tribunal Militar (art. 40, IX, b e c);
 c) Conselho de Justiça para o julgamento de deserção de praças e
insubmissos.
Tribunais Regionais Militares

 Em tempos de guerra, os Conselhos


Superiores da Justiça Militar funcionam
junto às forças em operação como órgãos
de 2° grau.
Superior Tribunal Militar
 Composição: 15 ministros vitalícios, nomeados pelo
Presidente da República depois de aprovada a escolha pelo Senado
Federal (CF, art. 123).
 a) três oficiais-generais da ativa da Marinha;
 b) quatro oficiais-generais da ativa do Exército; e
 c) três oficiais-generais da ativa da Aeronáutica.
Os cinco ministros civis são escolhidos pelo Presidente da República
dentre cidadãos de mais de 35 anos, sendo:
 a) três, dentre advogados de notório saber jurídico e idoneidade
moral, com prática forense de mais de dez anos;
 b) dois, dentre auditores e membros do Ministério Público da
Justiça Mi- litar de comprovado saber jurídico.
Supremo Tribunal Federal

 Composição: 11 ministros indicados pelo presidente da


república e aprovados pela maioria absoluta do Senado Federal (art.
101, CF)

 Competência:
 Controlar a constitucionalidade das leis;
 Originária e recursal (art. 102, CF).
 Encaminhamento de proposta orçamentária;
 Iniciativa de proposta de Lei Complementar;
 Elaboração e edição de súmula;
 Comunicação e decisão que declara inconstitucionalidade por
omissão;
Conselho Nacional de Justiça
 Criado pela Emenda Constitucional n° 45, de
08/12/2004, acrescentando o artigo 103-B à
Constituição Federal;
 Controle do Judiciário;
 Não é órgão jurisdicional;
 Órgão de natureza administrativa;
 Órgão de fiscalização do governo e
administração do judiciário;
 Composição: artigo 103-B, CF.
Outros Tribunais
 Tribunais Internacionais – competência da
disciplina de Direito Internacional;

 Tribunal de Contas – não integram a função


jurisdicional, exercem funções de julgar no âmbito
administrativo, auxiliam o Poder Legislativo em
relação à fiscalização;

 Tribunal Marítimo – julga fatos de navegação;


Ex: avarias de mercadorias;

 Cortes de Justiça Desportiva – meio


alternativo de soluções de conflitos

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