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Ensilagem

Processo Fermentativo e Manejo

IZ – 124
Conservação de Forragens
Processo de Ensilagem

O processo de ensilagem é um método de


conservação de forragem, que se caracteriza pelo
condicionamento de forragem fragmentada e
compactada em um ambiente anaeróbico, onde
ocorre espontaneamente a fermentação de
carboidratos solúveis por bacterias epífitas,
resultando na produção predominante de ácido
lático, que acidifica o meio inibindo o
desenvolvimento de microorganismos degradadores
de matéria orgânica
FASES DO PROCESSO DE
ENSILAGEM

1. Fase Aeróbica
2. Fase Fermentativa
3. Fase de Estabilização
4. Fase de Abertura e Degradação Aeróbica
FASES DO PROCESSO
DE
ENSILAGEM
FASE AERÓBICA

Estando a forragem condicionada e vedada em um silo, esta


fase leva apenas algumas horas para ser completada

O oxigênio existente entre as partículas de forragem, é reduzido em


função da respiração dos tecidos da planta e ação de microorganismos
aeróbicos como leveduras e enterobactérias. As atividades celulares
dos tecidos vegetais, continuam em atividade, consumindo proteínas e
COH, porém o pH se mantem entre 6,0 e 6,5 como na forragem fresca
FASE
FERMENTATIVA

Nessa fase o ambiente vai se tornando anaeróbico com o esgotamento do


O², pela ação celular e de microorganimos.

Forragens de qualidade bem ensiladas, permitem predomínio de


fermentações láticas, que durante semanas vão reduzindo gradativamente
o nível do pH de 5,0 para 3,8

Inicialmente Coliformes atuam produzindo ácido acético e reduzindo um


pouco o pH, na sequencia são suplantados por Lactobacilos e
Estreptococos, ocorrendo fermentações homoláticas e heteroláticas, que
reduzem o pH a 3,8
FASE DE ESTABILIZAÇÃO

 A maior parte da população dos microorganismos da Fase Fermentativa é


drasticamente reduzida.
 Alguns microrganismos tolerantes ao meio ácido sobreviverão a este
período em um estado inativo, outros como Clostridium e Bacilos
sobrevivem como esporos.
 Organismos especializados como Lactobacillus buchneri e algumas
proteases carbohidrases tolerantes a acidez , persistem em baixos níveis de
atividade.
FASE DE ABERTURA E
DEGRADAÇÃO AERÓBICA

A degradação aeróbica ocorre de duas maneiras

1. Na abertura do silo - Inevitavelmente o contato com ar


ocasiona perdas, que podem ser minimizadas quando se deixa
exposta a menor superfície possível após a retirada da silagem

2. Danos na cobertura do silo – podem ser causados por


roedores, pássaros, animais domésticos e silvestres
ABERTURA DO SILO

Superfície exposta impacta no volume de perdas diárias


Descarga em fatias
regulares

Descarga em camadas irregulares


Maiores perdas diárias

Minimizam as perdas diárias


Cada fatia retirada deve atender a um
planejamento do consumo diário
DEGRADAÇÃO AERÓBICA

Após cada retirada de silagem para a alimentação, fica em


exposição a silagem residual, que é basicamente degradada
de duas maneiras

1. Leveduras e bactérias acéticas – degradam o ácidos orgânicos


preservadores, causando um aumento do pH e temperatura
2. Mofo, bolores e enterobactérias, proliferam na nova condição
3. A degradação é mais acelerada em função do quantitativo de
microrganismos presentes na massa ensilada. As perdas variam de 1,5 a
4,5% da MS / dia
Microflora da
Silagem

A flora microbiana que ocorre no processo de ensilagem, pode


ser dividida em dois grandes grupos:

1. Desejável– microorganismos produtores


de ácido lático
2. Indesejável– microorganismos degradadores
aeróbicos ou anaeróbicos da forragem

Obs: microrganismos indesejáveis, não só degradam a forragem, como


podem também trazer problemas a saúde animal
e afetar a qualidade do leite
Microrganismos Desejáveis

Bactérias Ácido-
Láticas
Homofermentativos
1. Cocos (Enterococcus faecalis; E. faecium; Pediococcus acidilactici;
P. cerevisae ; P. pentosaceus )
2. Bacilos (Lactobacillus plantarum; L. curvatus; L. casei; L. coryniformis

 Heterofermentativas
1. Cocos ( Leuconostoc mesenteroides; L. dextranicum; L. cremoris )
2. Bacilos ( Lactobacillus brevis; L. fermentum; L. buchneri; L. viridescens)
Desdobramento dos açucares

Maior parte das bactérias láticas são mesófilas, se desenvolvendo bem em


temperaturas entre 25 a 40 ºC, porém, toleram bem a amplitude de 5 a 50ºC.
São microrganismos aeróbios facultativos, sendo que alguns têm uma preferência
por condições anaeróbicas .

As homofermentativas produzem acima de 85% de ácido láctico a partir de


hexoses (C-6) açúcares, tais como a glucose, mas não conseguem degradar
pentoses (C-5) açúcares, tais como xilose.

As heterofermentativas também produzem principalmente ácido láctico a partir


de hexoses, porém, desdobram algumas pentoses em ácido láctico, ácido acético e
etanol, diminuindo com isso a eficiência na produção de ácido lático.
Microrganismos Indesejáveis

1. Leveduras 1. Bacilos
2. Enterobactérias 2. Mofos
3. Clostrídios 3. Listeria
4. Acetobactérias
Microrganismos Indesejáveis

LEVEDURAS
Sob condições anaeróbicas as leveduras desdobram açúcares em etanol e CO2 O
teor de etanol em silagem diminui a quantidade de açúcar disponível tem um efeito
negativo sobre o sabor do leite. Já em condições aeróbicas o ácido láctico é
desdobrado em CO2 e H2O, sua degradação provoca aumento no pH da silagem,
abrindo caminho para outros organismos de deterioração

ENTEROBACTÉRIAS
Com a redução do pH não conseguem sobreviver, porém em níveis relativamente
altos de pH, no seu desenvolvimento em meio anaeróbico, competem por COH
solúveis e degradam proteínas, o que reduz o valor nutritivo, e conduz à
produção de compostos tóxicos, tais como aminas biogénicas e ácidos graxos de
cadeia ramificada, afetando a palatabilidade da silagem. A degradação da amônia
produz ao final NO2 e NO, gases que afetam o tecido pulmonar, podendo levar
a pneumonia.
Microrganismos Indesejáveis
CLOSTRÍDIOS
Grupo de bactérias anaeróbias, que fermentam hidratos de carbono, bem como
proteínas, provocando reduções do valor nutritivo e produção de aminas
biogénicas, como as enterobactérias. Os esporos de Clostridium podem sobreviver
a passagem pelo trato digestivo de bovinos podendo contaminar o leite através das
fezes.
O C. tyrobutyricum, é de relevante importância pois degrada o ácido láctico em
ácido butírico, porém, os clostridídios toleram menos que as B. ácidoláticas baixos
teores relativos de umidade em silagens

ACETOBACTÉRIAS
São B. aeróbias e ácido-tolerantes, sua atuação prolongada é indesejável por
serem capazes de oxidar o lactato de etilo e em dióxido de carbono e água,
comprometendo a qualidade da silagem.
Microrganismos Indesejáveis
BACILOS
São aeróbios facultativos, favorecidos por temperaturas mais elevadas, fermentam
hidratos de carbono para ácidos orgânicos (acetato, lactato, e butirato) ou etanol,
2,3-butanodiol e glicerol. Sua presença é considerada indesejável, no entanto,
algumas estirpes produzem substâncias antifúngicas, e têm sido utilizados para
inibir a deterioração aeróbica de silagem. Seus esporos podem atravessar o trato
digestivo de bovinos como os de Clostrídios.

MOFOS
A presença de ar na massa ensilada, favorece a presença de mofo bolorento,
facilmente detectado pela presença de suas estruturas . Os principais gêneros são:
Penicillium, Fusarium, Aspergillus, Mucor, Byssochlamys, Absidia, Arthrinium,
Geotrichum, Monascus, Scopulariopsis e Trichoderma. Os esporos e as
micotoxinas afetam a qualidade, palatabilidade da silagem e estão associados a
danos nos pulmões e reacções alérgicas, assim como outros problemas, tais como,
distúrbios digestivos, problemas de fertilidade, redução da imunidade, lesões no
fígado, rins e abortos.
Microrganismos Indesejáveis
LISTERIA
São aeróbios e anaeróbicos facultativos, sendo indesejável a presença dos
anaeróbios como o L. monocytogenes, por ser um patógeno para animais e o
homem. Silagem contaminada está associada a casos fatais de listeriose em
ovinos. Podem tolerar um pH baixo de 3,8-4,2 por longos períodos de tempo em
presença de pequenas quantidades de O2, porém, sob condições estritamente
anaeróbias não sobrevivem sob baixos níveis de pH .

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