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Igor Quirrembach , Engenheiro Agrônomo – coordenador de forragicultura da Fundação

ABC

O tratamento de sementes (TS) em culturas como milho, soja, feijão e trigo é


prática adotada pela maioria dos produtores do Grupo ABC. Resultados de
pesquisa realizados pela Fundação ABC comprovam a eficácia do TS para
essas culturas (Figura 1). As classes de produtos mais utilizados são os
fungicidas e inseticidas.

Figura 1 – Efeito do tratamento de sementes com inseticidas em trigo.


Fundação ABC, 2007.

Em países como Estados Unidos, Argentina e Nova Zelândia, o tratamento de


sementes de forrageiras é técnica usual devido a diversos benefícios. Alguns
deles são: proteção contra pragas e doenças na fase inicial de
desenvolvimento, melhor desempenho das sementes, crescimento de plantas
com maior vigor, maior uniformidade na lavoura e maior potencial produtivo.
Mas não há estudos publicados no Brasil sobre este tema (Scielo e Google
Scholar, 2009).

O azevém é a forrageira de inverno mais semeada pelo Grupo ABC, ocupando


uma área de 19.940 ha (Fundação ABC, 2008). As principais doenças em
azevém na região são brusone (Pyricularia grisea) e bipolaris (Bipolaris
sorokiniana) (Figura 2). As principais pragas são pulgão da aveia
(Rhopalosiphum padi) e listronotus (Listronotus bonariensis) (Figura 3). Essas
pragas e doenças são capazes de permanecer na área de uma safra para
outra, em restos culturais e hospedeiros alternativos. Por isso, a rotação de
culturas é fundamental no manejo integrado de pragas e doenças. Mas nem
sempre o produtor tem condições de fazer rotação de culturas. Nesse caso, o
tratamento de sementes pode auxiliar em uma boa implantação da cultura.

Figura 2 – Sintomas de Brusone e Bipolaris em azevém.

Figura 3 – Sintomas do VNAC transmitido por pulgão em azevém e Listronotus.

A Fundação ABC realizou ensaios durante dois anos com diferentes inseticidas
e fungicidas no tratamento de sementes de azevém. A semeadura dos ensaios
foi em época preferencial (abril), em áreas de monocultura de azevém. Apenas
os inseticidas tiveram resposta. Os fungicidas não tiveram efeito nessa época
de semeadura (Figura 4).

A diferença do tratamento de sementes com inseticidas é visual (Figura 5), pois


aumenta a germinação, o desenvolvimento inicial das plantas e a produção de
massa verde e massa seca.

Para outras forrageiras como aveia, centeio, cevada e trigo, o TS também é


recomendado, pois nessas culturas o ataque de pragas é tão intenso ou maior
do que em azevém.

Figura 4 – Efeito do tratamento de sementes de azevém sobre a densidade


inicial, visual de parcela e produção de massa verde e massa seca. Fundação
ABC, 2007.

Figura 5 – Parcelas com e sem tratamento com inseticidas em azevém. Castro,


2007.
Para um bom tratamento de sementes de azevém (Figura 6), é necessário
utilizar o dobro da dose de produto recomendada para trigo e 3% de volume de
calda (água + produto), ou seja, 3 litros para 100 kg de sementes. Para aveia,
centeio e cevada, pode-se utilizar a mesma dose indicada para trigo com 0,5 a
1,0 % de calda. Para TS com betoneira, ligar a máquina e ir adicionando o
produto aos poucos. Em máquinas próprias para TS, repartir a dose em cada
compartimento de produto. Em tambor rotativo, adicionar metade do produto,
misturar, adicionar a outra metade e misturar novamente. Após o tratamento,
esperar secar e adicionar grafite caso necessário.

Figura 6 – Sementes de azevém sem tratamento e com tratamento em


betoneira.

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23/2/2010

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