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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

Contextualizando...
 Cada um de nós, quando nasce, começa a
aprender a língua em casa, com os familiares. Ao
ouvir as pessoas falando, nós também vamos, aos
poucos, apropriando-nos do vocabulário e das leis
combinatórias da língua.

 Também treinamos nossa boca e nossas cordas


vocais para produzirem sons, que se transformam
em palavras, em frases e em textos inteiros.
• Quando passamos a ter contato com outras
pessoas na rua, na escola, na cidade e nos
sítios, percebemos que nem todos falam
como nós e nossos parentes mais diretos,
mas nem por isso deixamos de compreendê-
las.

• Existem pessoas que falam diferente por


serem de outras famílias, de outras cidades ou
de outras regiões do país, ou até mesmo por
serem mais idosas / jovens que nós.
Assim, a língua sofre variações conforme os aspectos:

REGIONAL
Exemplo: Um falante
nordestino, ao chegar numa
Conforme a região do feira livre no Rio de Janeiro,
falante, o uso da língua varia, diz ao vendedor:
pois este tem vocabulário e
pronúncia - Quero um quilo de macaxeira.
próprios de sua região. E o vendedor responde:
O que não significa dizer que - Caramba, não tenho. Tenho
região X fala “melhor” ou mandioca, serve?
mais “bonito” do que região O falante nordestino examina o
Y. Quem assim pensa comete produto e diz:
preconceito linguístico. - Vou levar, é a mesma coisa!
ÉPOCA
É comum as pessoas de Exemplo:
diferentes épocas utilizarem
Num consultório entram o avô (65
um vocabulário diferente, e,
anos) e o neto (10 anos). O avô olha
na maioria das vezes,
também escreverem de para o médico e fala:
modo diferenciado devido às -Doutor, quero que o senhor me receite
variações da língua no um remédio para meu neto que está
tempo, as quais atingem a com difruço.
faixa etária dos falantes. Um O médico, meio que aturdido, porém
exemplo vivo para nós é a compreende a fala do senhor e
reforma ortográfica, a qual começa a prescrever a medicação.
muda o jeito de escrever Eis que o neto interrompe:
algumas palavras. -Vovô, eu não tenho essa doença aí
não, tenho apenas um leve resfriado.
CLASSE SOCIAL
Exemplo: Conversa entre três jovens
Pessoas que têm maior de diferentes classes sociais
acesso a leituras Jovem da classe alta: - Li ontem vários artigos
variadas, escolas, filmes, sobre variação linguística na biblioteca
internet etc apresentam virtual e tive aulas com meu pai.
uma variedade da língua, Jovem da classe média: -Foi mesmo, cara? Eu
tenho internet, livros, Tv a cabo, mas não li
digamos, mais próxima nada. Convidei um antigo colega para ir lá
do falar exigido pela em casa, ele também utilizou minhas mídias e
sociedade letrada. Não fez essa leitura que você aí fala.
se trata de mais pobres Jovem da classe baixa: - O convidado fui eu!
ou menos pobres, trata- Não tenho esses recursos, apenas as xérox
se apenas das das aulas, por isso aproveitei a oportunidade
dada pelo colega, a fim de também me sentir
oportunidades de leitura incluído e li tudo que pude. Resultado: Hoje
desses falantes. entendo as variações e sei me defender
diante do preconceito linguístico!
Exemplo:
NÍVEL DE INSTRUÇÃO Conversa entre um agricultor (analfabeto) e
um metereologista:

O nível de instrução do Agricultor: - Sinhô, hoje chove de todo jeito!


falante também faz com que
Metereologista: -Não, as previsões só
a língua sofra variações. anunciam chuvas para o final do mês.
Isso quer dizer que falantes Agricultor: -Num concordo, não sinhô e até
com maior escolarização pruque o mei miô, o mei findô e hoje já é
tendem a usar a língua de 15. Assim, tá no miado e vai chuver.
modo mais formal que os Metereologista: - Mas e as previsões? O
senhor não entende de nada, nem falar
falantes de menor
sabe...
escolaridade. Fato que, em Agricultor: - Me disculpe, falá bunito como o
muitos casos, provoca o sinhô eu possa num sabê, mas se o sinhô
tem istudo num parece pruque num sabe
surgimento do preconceito nem arrespeitar or mai véi. E se eu num
linguístico. sei falá como dixe, como é que eu tenho 65
ano e nunca deixei de falá com o povo
daqui e nunca errei um paipite de chuva?!
SITUAÇÃO DE COMUNICAÇÃO (REGISTROS)
Exemplo: A mãe com o filho, em casa, e na
Conforme a situação escola, na qualidade de sua educadora.
comunicativa em que se Maria (mãe): -Filho, vá estudar variação
encontra o falante, ele faz linguística. A avaliação é hoje, te dou uma
a língua variar. Isso quer bola se tirar 80. Não vai me envergonhar,
dizer que, em ambientes hein?
mais formais, a opção José (filho): - Mamãe, eu já sei que a língua
pelo uso formal da língua varia conforme a região, o tempo, o grau de
é mais conveniente. Já instrução e um bocado de coisas mais. Me
com os familiares e dê, mamãe, a bola.
colegas, o uso da Maria (na escola): - José, estude variação
informalidade é mais linguística que a avaliação será hoje e eu
darei à turma um livro a quem tirar 80.
usual. O interessante é
saber fazer essas trocas. José (na escola) - Professora, sei de todas as
variações, inclusive como banir o
preconceito linguístico existente na nossa
sociedade. E agora, mereço o 80 e o livro?!
Língua oral e língua escrita
A língua oral, (falada) também é diferente da língua escrita. Assim, quando
escrevemos, temos condições de escrever bem as palavras, de corrigir o texto
e melhorá-lo até transmitir exatamente o que desejamos.
Na fala isso não é possível, ela normalmente apresenta repetições, quebras
de sequência lógica, problemas de concordância e várias expressões de
apoio, como né?, tá?, entendem?, etc.
Em outras palavras, poderíamos resumir que a escrita é planejada, enquanto
a fala não, é espontânea. Aquilo que escrevemos podemos rever, revisar, ao
passo que aquilo que falamos, não temos mais como voltar atrás. Nesse caso,
sendo uma ofensa ao outro, somente um pedido de desculpa poderá
“sanar”o dito. Aproveitem essa aula e, a partir de agora, não menosprezem
seus colegas se estes falarem arrastado, com gírias, ou mesmo se usarem
palavras desconhecidas para vocês. Saibam que todo falante nativo conhece
muito bem a sua língua materna.
Língua
Língua FORMAL e INFORMAL
FORMAL: também chamada de culta ou padrão. Ao falarmos em público ou
ao conversarmos com pessoas mais instruídas do que nós, ou ainda com
pessoas que ocupam cargo ou posição elevada, passamos a empregar a
língua formal, isto é, falamos de modo mais cuidadoso. Evitamos tanto as
gírias e expressões grosseiras quanto aquelas que demonstrem muita
intimidade (caramba, fofinha, bicho etc).

A língua culta ou padrão é veiculada nos dicionários, nas


gramáticas, nos textos literários, técnico-científicos e
jornalísticos e nas redações oficiais do país.

INFORMAL: ao contrário, se a conversa for com pessoas conhecidas, com as


quais temos intimidade ou mesmo familiaridade, podemos falar de modo
informal, mais popular e menos policiado, pois nosso interlocutor não se
chocará com a nossa linguagem.
Gírias, jargões e calão

GÍRIA E JARGÃO: são os códigos linguísticos próprios de um grupo


sociocultural com vocabulário especial, incompreensível para quem dele não
fizer parte. Os médicos usam uma linguagem típica da medicina, por
exemplo, para explicar um procedimento cirúrgico (jargão); já os surfistas
empregam gírias entre eles.

CALÃO (ou baixo calão): é uma realização linguística caracterizada


pelo uso de termos baixos, grosseiros ou obscenos, que, dependendo do
contexto, muitas vezes chocam pela falta de decoro e desvalorizam
socialmente aqueles que os empregam.

Vale ressaltar que, no ato comunicativo, o falante deverá primar por ser
bem compreendido linguisticamente, suas escolhas deverão estar
adequadas à situação comunicativa vivenciada por ele, bem como a seu
interlocutor imediato.
PRECONCEITO LINGUÍSTICO
Ninguém deve menosprezar os usos da língua escolhidos pelo
falante. Este, por sua vez, deve fazer uso adequado dela, para
evitar situações de incompreensões e para participar
ativamente da sociedade da qual faz parte, por exemplo:

É ADEQUADO:
- Usar a linguagem formal em ambientes e eventos públicos como numa
formatura, numa palestra, na igreja etc.
- Usar a linguagem informal nos ambientes familiares, com amigos, em contextos
gerais de comunicação cotidiana.

É INADEQUADO:
- Usar uma linguagem extremamente formal, muito trabalhada, pomposa em
casa com os familiares ou com pessoas da intimidade.
- Usar linguagem extremamente informal em ambientes profissionais e eventos
oficiais.

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