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AS CASAS DO

AÇÚCAR
Um estudo histórico dos assentamentos agroindustriais
das usinas de Campos dos Goytacazes
Conhecendo o assunto…
■ Núcleo fabril: habitação oferecida pelo patrão á alguns trabalhadores sem ônus
(comunidade criada, administrada e de propriedade de uma única empresa ou grupo de
empresas);
■ Forma de hierarquização do espaço habitacional (submetidos á economia industrial e ás
ordens do patrão);
■ Fim do século XIX (com auge entre 1920-1950);
■ Termo: adaptado de “company town”;
■ Engenhos coloniais são a gênese;

Vista geral da vila residencial.


Fonte: Reynolds, 1985. In: Vianna, Mônica.
Conhecendo o assunto...
■ Garantia mão-de-obra próxima e disciplinada (patrão escolhe o que será ou não será
oferecido);
■ Trazia prestigio ás usinas e usineiros tanto na sociedade quanto em frente aos seus
empregados;
■ Trabalhadores demonstram interesse porém grande parte dos moradores se preocupa em
adquirir seu imóvel (instabilidade);
■ Haviam listas de espera e critérios encarregados á assistentes sociais a analisar e resolver
problemas do cotidiano (imprescindibilidade do trabalhador; tempo de espera na lista; a
impossibilidade de outro imóvel;);
■ Principiais reclamações: isolamento e ruas desprovidas de asfalto (poeira);
■ Possibilitou povoamentos adjacentes e núcleos urbanos:
Como são...
■ Hierarquia:

Casas dos proprietários


(engenheiros, gerentes, diretores)

Casas para funcionários


graduados

Edifícios religiosos

Casas dos operários

Alojamentos, pensões e quartos


coletivos (safristas)
Casas dos proprietários:

■ Algumas eram residência fixas outras concebidas como casas de temporadas;


■ São as maiores residências;
■ Raramente encontradas junto das demais (isoladas);
■ Cercadas por pomares, piscinas, quiosque para churrasco, fontes, jardins, generosas
varandas, telhados com beirais e grandes aberturas;
Usina Santa Bárbara/SP Usina Salgado/PE – 1930
(G.Campagnol,1998) (Acervo FUNDAJ)

Usina Esther/SP Usina Cucaú/PE


(F. Atique, 2002) (G.Campagnol,1998)
Casas para funcionários graduados:

■ Geralmente casas térreas (isoladas ou geminadas);


■ Paisagismo mais elaborado;
■ Construções mais novas, modernas e com técnicas e materiais melhores;
Usina Esther/SP Usina Santa Elisa/SP
(G.Campagnol,2005) (G.Campagnol,2005)

Usina Trapiche/PE Usina Barcelos/RJ


(G.Campagnol,2006) (G.Campagnol,2006)
Edifícios religiosos:

■ Colocados em locais privilegiados e de ampla visibilidade (destaque na paisagem);


■ Edificações modernas e de projetos exclusivos;
■ Evangélicas;
■ Templos;
■ Confirma os tradicionais vínculos entre instituição religiosa e elites;
Usina Salgado/PE - 1940 Usina Petribu/PE
(Acervo Fundaj)

Usina Esther/SP Usina Monte Alegre/SP


(G.Campagnol,2005) (A. Abuabara,2002)
Casas dos operários:
■ Casa pequena (varia) mas em boas condições sanitárias (evita promiscuidades);
■ Há casos de casas com quintais abertos e coletivos (cultivo de plantas e hortas);
■ Delimitações por muros baixos ou cercas;
■ Ruas de terra;

Tijolo cerâmico: Material indicado pela


resistência ao fogo
Cimento queimado nos Portas e janelas de folhas ripadas
cômodos comum do tipo “saia e blusa”
Ora eram isoladas, ora eram geminadas
Alojamentos, pensões e quartos coletivos:

■ Construídos para trabalhadores temporários de outras regiões do país (safristas);


■ Características econômicas;
■ Quartos coletivos dentro dos alojamentos;
■ Cabines com chuveiros e bacias nos sanitários coletivos;
■ Refeitório;
■ Capacidade variada de pessoas;
Usina União e Ind./PE
Alojamento
(G. Campagnol, 2006

Usina Furlan – Refeitório


(G. Campagnol, 1998
Funcionamento:

■ Modificações restritas com padronização;


■ Ocasionalmente abertas, mas é mais comum complexos cercados e restritos;
■ Há o controle de ocupantes através de vigilantes;
■ Sem arquitetos;
■ Frequentemente têm um médico, um dentista, uma farmácia, além de escola, cemitério,
comércio, etc.
Bibliografia:

■ Campagnol, Gabriela. “O espaço das usinas...”: “Morar na usina, morada na usina”.


In: Campagnol, Gabriela. “Usinas de açúcar: habitação e patrimônio industrial”. 2008.
503 páginas. Universidade de São Paulo, São Carlos, 2008.
■ Campagnol, Gabriela. “Usinas de açúcar: formação e transformação de seu espaço”.
In: Cordeiro, José M. L. “Arqueologia industrial”. Quarta série, volume IV, número 1-
2. 2008, 73-96.
■ Campagnol, Gabriela. “The Place of the Industrial Past: The daptive Reuse os the
Industrial Heritage in the Engenho Central de Piracicaba, Brazil”. Built Environment,
vol 43, no 1. 107-129.

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