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Prof. Dr. Mazukyevicz Ramon Santos do


Nascimento Silva
Curso de Ciência Política e
Teoria Geral do Estado (30h)
Prof. Dr. Mazukyevicz Ramon Santos
do Nascimento Silva
1. Introdução à Ciência Política

“O de que mais se precisa no preparo dos juristas de hoje é fazê-los conhecer


bem as instituições e os problemas da sociedade contemporânea, levando-
os a compreender o papel que representam na atuação daqueles e
aprenderem as técnicas requeridas para a solução destes. Certas tarefas a
serem cumpridas com relação a esse aprendizado terão de ser deixadas às
disciplinas não jurídicas da carreira acadêmica do estudante de Direito “

(Ralph Fuchs, Professor Emérito de Direito e Política da Indiana University)


1. Introdução à Ciência Política

“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem
participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o
preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se
orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil
que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto
e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”

(Bertold Brecht)
1. Introdução à Ciência Política

• Ciência e Filosofia: ciência é uma forma


peculiar de conhecer sobre as coisas a partir
de métodos sistemáticos. Está ligada à prática.
Filosofia está mais ligada ao idealismo, ao
metafísico, à teoria, às reflexões.
1. Introdução à Ciência Política

• Ciência Política: tem por objeto o estudo dos


acontecimentos, dos fatos, das instituições e das
experiências políticas (eleições, partidos, relações de
poder, formas de governar)

• Filosofia Política: tem por objeto o estudo de


“modelos ideais” do fenômeno político, ou seja,
como as coisas teoricamente deveriam ser (como o
Estado deveria ser, como o poder deveria ser, como
as leis deveriam ser)
1. Introdução à Ciência Política

• Ciência Política ou Teoria Geral do Estado?

A área do conhecimento em questão costuma


receber uma ou outra nomeclatura, pois a
ciência política também é conhecida como a
ciência do poder, e a principal forma de
organização do poder é a forma Estado
2. Relações da Ciência Política

• Com o Direito Constitucional

É ele o aspecto jurídico da ciência política.


Organiza o poder, o Estado, os direitos dos
cidadãos. É o ramo do direito que garante a
estabilidade da ordem política e social. Mas
cuidado, há um hiato entre a vida política real e a
vida política juridicamente institucionalizada.
2. Relações da Ciência Política

• Com a Economia

Sem o conhecimento dos aspectos econômicos


em que se baseia a estrutura social, dificilmente
se poderia chegar à compreensão dos
fenômenos políticos e das instituições pelas
quais uma sociedade se governa. A economia
explica como satisfazer as necessidades materiais
da sociedade.
2. Relações da Ciência Política

• Com a História

O que é não pode ser compreendido sem o


conhecimento do que há sido, assim, a história
explica o contexto factual no qual os fatos
políticos devem ser compreendidos. A história
explica os por quês do fenômeno político.
2. Relações da Ciência Política

• Com a Psicologia

A Ciência Política opera com material humano e


os fundamentos do poder e da obediência são de
natureza psicológica. Fora das motivações
psicológicas não é possível lograr uma
compreensão plenamente satisfatória do
processo político.
2. Relações da Ciência Política

• Com a Sociologia

A sociologia se presta a explicar a sociedade em


sua totalidade, entendendo as especificidades
dos grupos, das classes sociais, das relações de
interação. A sociologia estuda o "ser" da ciência
política, por exemplo, a luta de classes, as
tensões sociais, etc.
3. Sociedade e Estado
• Sociedade: é o grupo derivado de um acordo de
vontades, de membros que buscam, mediante o
vínculo associativo, um interesse comum impossível
de obter-se pelos esforços isolados dos indivíduos
(conceito mecânico)

• Sociedade: conjunto de relações mediante as quais


vários indivíduos vivem e atuam solidariamente em
ordem a formar uma entidade nova e superior
(conceito organicista)
3. Sociedade e Estado
• Sociedade ou Comunidade?

A Sociedade supõe a ação conjunta e racional dos


indivíduos; nela, “os homens, a despeito de todos os laços,
permanecem separados”. Na Comunidade impera uma
solidariedade feita de vínculos psíquicos entre os
componentes do grupo. É dotada de caráter irracional,
primitivo, fortalecida de solidariedade inconsciente, feita
de afetos, simpatias, emoções, confiança, laços de
dependência direta e mútua do “individual” e do “social”.
3. Sociedade e Estado
• Sociedade ou Estado?

Sociedade é o círculo mais amplo onde os indivíduos


estabelecem suas relações econômicas (trabalho). Estado
é o circulo mais restrito, como a ordem jurídica, o corpo
normativo, a máquina de poder exterior à sociedade.
Bobbio define sociedade como o "Conjunto de relações
humanas intersubjetivas, anteriores, exteriores e
contrárias ao Estado ou sujeitas a este“.
3. Sociedade e Estado
• Noções de Estado na História

A polis dos gregos ou a civitas e a respublica dos romanos


eram vozes que traduziam a ideia de Estado,
principalmente pelo aspecto de personificação do vínculo
comunitário, de aderência imediata à ordem política e de
cidadania.
3. Sociedade e Estado

No Império Romano, durante o apogeu da expansão, e


mais tarde entre os germânicos invasores, os vocábulos
Imperium e Regnum, então de uso corrente, passaram a
exprimir a ideia de Estado, nomeadamente como
organização de domínio e poder.

Na Idade Média, que, empregando o termo Laender


(“Países”) traz na ideia de Estado sobretudo a
reminiscência do território
3. Sociedade e Estado

O emprego moderno do nome Estado remonta a


Maquiavel, quando este inaugurou O Príncipe com a frase
célebre: “Todos os Estados, todos os domínios que têm
tido ou têm império sobre os homens são Estados, e são
repúblicas ou principados”. O que ficou com a obra do
escritor florentino foi a palavra Estado, universalmente
consagrada pela terminologia dos tempos modernos e
da idade contemporânea.
3. Sociedade e Estado
• Conceitos de Estado

Acepção filosófica: Estado é o valor social mais alto, que


concilia a contradição Família e Sociedade

Acepção jurídica: Estado é o poder institucionalizado


(Burdeau), ou ainda, a reunião de uma multidão de
homens vivendo sob as leis do Direito (Kant)
3. Sociedade e Estado
Acepção sociológica: Estado é toda sociedade humana na qual
há diferenciação entre governantes e governados, e em sentido
restrito como “grupo humano fixado em determinado
território, onde os mais fortes impõem aos mais fracos sua
vontade (Oppenheimer), ou ainda, “a organização social do poder
de coerção” (von Jehring). Marx define Estado como ““o
poder organizado de uma classe para opressão de outra”.
Max Weber, por sua vez, o definiu como “aquela comunidade
humana que, dentro de um determinado território, reivindica
para si, de maneira bem sucedida, o monopólio da violência física
legítima”
4. Elementos do Estado
ESTADO: “é a corporação de um povo, assentada num
determinado território e dotada de um poder originário de
mando” (Jellinek)

- Povo

- Território

- Poder Soberano
4. Elementos do Estado
População

• São todas as pessoas presentes no território do Estado, num


determinado momento, inclusive estrangeiros e apátridas;

• É conceito puramente demográfico e estatístico, quantitativo,


independe de qualquer laço jurídico de sujeição ao poder
estatal;
4. Elementos do Estado
Conceito Político de Povo

•É um conceito político, vínculo do indivíduo ao Estado através


da nacionalidade ou cidadania;

•É um conceito da modernidade, da nova teoria do Estado que


começa com a implantação da sociedade liberal-burguesa, na
segunda metade do século XVIII, pois, no absolutismo o povo
fora objeto, com a democracia ele se transforma em sujeito.
4. Elementos do Estado

•Surge com o Estado representativo, com o sufrágio. O


sufrágio inaugura a participação dos governados no poder
mediante o sistema representativo, elegendo representantes
que intervirão na elaboração das leis e que exprimirão pela
primeira vez na sociedade uma vontade política nova e
distinta da vontade dos reis absolutos. Povo é então o quadro
humano sufragante, que se politizou (quer dizer, que assumiu
capacidade decisória), ou seja, o corpo eleitoral.
(Paulo Bonavides)
4. Elementos do Estado
Conceito Jurídico de Povo

•O conjunto de pessoas vinculadas de forma institucional e


estável a um determinado ordenamento jurídico (Paulo
Bonavides)

•O conjunto de indivíduos que pertencem ao Estado, isto é, o


conjunto de cidadãos (Raneletti)
4. Elementos do Estado

•O conjunto de pessoas que pertencem ao Estado pela


relação de cidadania (Ospitali)

•O conjunto de indivíduos vinculados pela cidadania a um


determinado ordenamento jurídico (Virga)
4. Elementos do Estado
Povo e Cidadania

•Fazem parte do povo tanto os que se acham no território


como fora deste, no estrangeiro, mas presos a um
determinado sistema de poder ou ordenamento normativo,
pelo vínculo de cidadania.

•A cidadania é a prova de identidade que mostra a relação


ou vínculo do indivíduo com o Estado
4. Elementos do Estado

•O status de cidadania implica numa situação jurídica


subjetiva, consistente num complexo de direitos e deveres
de caráter público

•O estado de cidadania define basicamente a capacidade


pública do indivíduo, a soma dos direitos políticos e deveres
que ele tem perante o Estado
4. Elementos do Estado

•É um status que define o vínculo nacional da pessoa, os seus


direitos e deveres em presença do Estado e que
normalmente acompanha cada indivíduo por toda a vida.

•Da cidadania, que é uma esfera de capacidade, derivam


direitos, quais o direito de votar e ser votado (status activae
civitatis) ou deveres, como os de fidelidade à Pátria,
prestação de serviço militar e observância das leis do Estado.
4. Elementos do Estado
Sistemas para determinação da Cidadania (Ver art. 12 CF/88)

•jus sanguinis (determinação da cidadania pelo vínculo


pessoal)

•jus soli (a cidadania se determina pelo vínculo territorial)

•sistema misto (admite ambos os vínculos)

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