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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE BARRA DO CORDA


CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS

LITERATURA BRASILEIRA
ROMANTISMO NO BRASIL: O caráter da
identidade nacional
Prof. Jonh Jefferson Alves
LITERATURA BRASILEIRA II

ROMANTISMO NO BRASIL: O caráter da identidade


nacional

AULA 2
LITERATURA BRASILEIRA II

CONTEXTO HISTÓRICO
 Revolução francesa: “Liberdade Igualdade e Fraternidade”;

Jean Meslier

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1978. AULA 2
LITERATURA BRASILEIRA II

CONTEXTO HISTÓRICO

VALORES ROMANTICOS

Individualismo;
Novo público leitor;
Livre iniciativa e competição;
Fim dos privilégios da nobreza;
Alteração da barreira entre as classes.

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1978. AULA 2
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ROMANTISMO – SEC XIX (1800)

LITERATURA ASSOCIADA A HISTÓRIA

Ascensão da Burguesia;
Chegada da Família Real ao Brasil (1808);
Independência do Brasil em 1822.

INFLUENCIAS EXTERNAS
O mito do bom selvagem (Jean-Jacques Rousseau);
Movimento Sturm und Drang / Tempestade e ímpeto (Alemanha
1760 - 1780);
Os sofrimentos do Jovem Werther (Johann Wolfgang von Goethe).
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1978. AULA 2
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CARACTERÍSTICAS GERAIS

 Individualismo;
 Subjetividade;
 Sentimentalismo;
 Culto a natureza;
 Formas de evasão;
 Idealização;
 Liberdade artística;
 Arte de alienação;
 Religiosidade.

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1978. AULA 2
LITERATURA BRASILEIRA II

FASES DO ROMANTISMO BRASILEIRO

São três as principais tendências da poesia romântica


brasileira, assim dividida em gerações:
1ª geração => indianista ou nacionalista;
2ª geração => ultrarromântica ou byroniana;
3ª geração => poesia social ou condoreira.

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1978. AULA 2
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PRIMEIRA GERAÇÃO DO ROMANTISMO BRASILEIRO

ELEMENTOS MARCANTES:

1 – Ufanismo;
2 – Nacionalismo;
3 – Indianismo.

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1978. AULA 2
LITERATURA BRASILEIRA II

ASPECTOS FUNDAMENTAIS:

• A eclosão do movimento se dá com o alvorecer da nacionalidade;


• Ênfase dada à inspiração: improvisação, espontaneidade como
fontes de criatividade;
• Relação íntima entre literatura e política;
• Busca de fontes de inspiração nacional e local – “cor local”
• Desenvolveu-se uma correspondência, uma comunhão entre a
paisagem e os estados de alma dos escritores.

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1978. AULA 2
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PRIMEIRA GERAÇÃO ROMÂNTICA

• Descrição da natureza;
• Panteísmo;
• Idealização do indígena;
• O indianismo – expressão original do nacionalismo brasileiro: o índio
como símbolo do espírito e da civilização nacionais em luta contra a
herança portuguesa.

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1978. AULA 2
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PRIMEIRA GERAÇÃO DO ROMANTISMO BRASILEIRO

AUTORES

AULA 2
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Pontos a considerar:

• Confederação dos Tamoios* (1856), Gonçalves de Magalhães .


* Poema épico em dez cantos, narra a revolta índia de 1560: os
tamoios guiados por Aimbiré se revoltam contra os portugueses e
morrem para fugirem da escravidão.

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PRIMEIRA GERAÇÃO DO ROMANTISMO BRASILEIRO

AUTORES

AULA 2
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SOBRE GONÇALVES DIAS

Três tipos de poesias

 Poesia Indianista;
 Poesia Nacionalista;
 Poesia Sentimentalista (lírica-amorosa).

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CARACTERÍSTICAS DA PRIMEIRA FASE

 Principais características da Primeira Geração Romântica;


 A poesia nacionalista ou indianista;
 Gonçalves Dias, genialidade poética

AULA 2
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SOBRE GONÇALVES DIAS

Características

 Escrita equilibrada;
 Formalidade rígida;
 Romantismo puro;
 Uso de ritmos;
 Indianismo;
 Sentimentalismo;
 Paisagens nacionais.

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Gonçalves Dias

“A partir dos Primeiros cantos, o que antes era tema – saudade,


melancolia, natureza, índio – se tornou experiência, nova e fascinante,
graças à superioridade da inspiração e dos recursos formais.” (Antônio
Candido)

“A lírica de Gonçalves Dias singulariza-se no conjunto da poesia


romântica brasileira como a mais literária, isto é, a que melhor
exprimiu o caráter mediador entre os polos da expressão e da
construção. O poeta de “I-Juca Pirama” é o clássico do nosso
Romantismo: enquanto fonte de temas e formas da segunda e terceira
geração” (Bosi)

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CANDIDO, Antônio. O Romantismo no Brasil. São Paulo-Humanitas/FFLCH/ SP, 2004.
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Gonçalves Dias – Bibliografia:

Primeiros Cantos – 1846


Segundos Cantos e Sextilhas de Frei Antão (1848)
Últimos Cantos (1851)
Brasil e Oceânia (1852)
Dicionário da Língua Tupi ( 1858)
Os Timbiras (publicado após a sua morte -1864)

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“Embora os sucessores hajam destacado a “poesia nacional”, o


Indianismo, nele encontraram muito mais: o modo de ver a
natureza em profundidade, criando-a como significado, ao mesmo
tempo que a registravam como realidade; sentido heroico da
vida, superação permanente da frustração; tristeza digna,
refinada pela arte; no terreno formal, a adequação dos metros à
psicologia, a multiplicidade dos ritmos, a invenção da harmonia
segundo as necessidades expressionais, o afinamento do verso
branco” (Candido)

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CANDIDO, Antônio. O Romantismo no Brasil. São Paulo-Humanitas/FFLCH/ SP, 2004.
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O Indianismo:

• visão geral do índio, por meio de cenas ou feitos ligados à vida de


um índio qualquer, cuja identidade é puramente convencional e
apenas funciona como padrão;
• visão do índio integrado na tribo, nos costumes; sentimento de
honra.

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O Indianismo:

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Leito de Folhas Verdes

“Por que tardas, Jatir, que tanto a custo


À voz do meu amor moves teus passos?
Da noite a viração, movendo as folhas,
Já nos cimos do bosque rumoreja.

Eu sob a copa da mangueira altiva


Nosso leito gentil cobri zelosa
Com mimoso tapiz de folhas brandas,
Onde o frouxo luar brinca entre flores
(...)

AULA 2
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“Meus olhos outros olhos nunca viram,


Não sentiram meus lábios outros lábios,
Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas
A arazóia na cinta me apertaram.

Do tamarindo a flor jaz entreaberta,


Já solta o bogari mais doce aroma
Também meu coração, como estas flores,
Melhor perfume ao pé da noite exala!

Não me escutas, Jatir! nem tardo acodes


À voz do meu amor, que em vão te chama!
Tupã! lá rompe o sol! do leito inútil
A brisa da manhã sacuda as folhas!”

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Entrada in media res:


Tupã, ó Deus grande! cobriste o teu rosto
Com denso velâmen de penas gentis;
E jazem teus filhos clamando vingança
Dos bens que lhes deste da perda infeliz!

Tupã, ó Deus grande! teu rosto descobree:


Bastante sofremos com tua vingança!
Já lágrimas tristes choraram teus filhos
Teus filhos que choram tão grande mudança.

Anhangá impiedoso nos trouxe de longe


Os homens que o raio manejam cruentos,
Que vivem sem pátria, que vagam sem tino
Trás do ouro correndo, voraces, sedentos.
(Deprecação)

AULA 2
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Ritmo - ( I-Juca Pirama)


“São rudes, severos, sedentos de glória,
Já prélios incitam, já cantam vitória,
Já meigos atendem à voz do cantor:
São todos Timbiras, guerreiros valentes!
Seu nome lá voa na boca das gentes,
Condão de prodígios, de glória e terror!”

“O prisioneiro, cuja morte anseiam,


Sentado está,
O prisioneiro, que outro sol no ocaso
Jamais verá!”

AULA 2
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Ritmo
“Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo Tupi.”
“É bem feliz, se existe, em que não veja,
Que filho tem, qual chora: és livre; parte!
— Acaso tu supões que me acobardo,
Que receio morrer!
— És livre; parte!
— Ora não partirei; quero provar-te
Que um filho dos Tupis vive com honra,
E com honra maior, se acaso o vencem,
Da morte o passo glorioso afronta.” ( I-Juca Pirama)

DIAS, Gonçalves. I-juca-pirama: seguido de Os timbiras. 5.ed. São Paulo: L&MP ,1997. AULA 2
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“ Indianismo gonçalvino. (...) O seu indianismo seria, como os seus


poemas de amor, autobiográfico. (...) o índio residia dentro dele; em
seu sentimento, na sua imaginação poética. (...) Era uma força
secreta, em estado de legítima defesa. O seu índio dos poemas
líricos e épicos seria índio mesmo, e não índio de cartão-postal. Era
o índio que havia nele...” ( Afrânio Coutinho)

COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil: era romântica. São Paulo: Global, 2004. AULA 2
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A Canção do Exílio, um poema indianista?

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Por que sublime?

“Apontam-se vários motivos: por causa da melodia; por ser uma


canção mais do que um poema; por causa de certas palavras-chaves,
como “sabiá”, que nela gorjeia quatro vezes; por causa do “a´” de
sabiá, com o seu sabor de vogal indígena ao fim de cada estância, em
agudo; da rima por aliteração de fonemas iniciais (primores,
palmeiras); por não possuir um único adjetivo”.

( Afrânio Coutinho)

COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil: era romântica. São Paulo: Global, 2004. AULA 2
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REFERÊNCIAS

ALENCAR, José de. O Guarani. 4.ed. São Paulo: Martin Claret,2012.


BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1978.
CANDIDO, Antônio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. Belo
Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1975.
CANDIDO, Antônio. O Romantismo no Brasil. São Paulo-Humanitas/FFLCH/ SP, 2004.
COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil: era romântica. São Paulo: Global, 2004.
CASTELLO, José Adraldo. A literatura Brasilira: Origens e Unidade. São Paulo: Edusp,
2004.
CAMPEDELLI, Samira Youssef , Tampos da Literatura Brasileira. 2.ed. São Paulo:Ática.
1991.
DIAS, Gonçalves. I-juca-pirama: seguido de Os timbiras. 5.ed. São Paulo: L&MP ,1997.

https://www.youtube.com/watch?v=-c7jtj8Rn6M
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