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UNIVERSIDADE

FEDERAL DO
AMAZONAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
SOCIOLOGIA
DISCIPLINA: SOCIEDADE E
AMBIENTE
PROFESSOR: ANTÔNIO CARLOS
WITKOSKI
DISCENTE: MARIA LUIZA GERMANO
DE SOUZA
A GÊNESE DE UM PLANO DE
MANEJO – O CASO DO
PARQUE NACIONAL DO JAÚ

Criação: 24/09/80
Área: 2.272.000 ha
Municípios: Novo Airão e Barcelos
Patrimônio natural da humanidade
ANTECEDENTES HISTÓRICOS
• Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente, em Estocolmo (1972). Antes, Encontro de
Founex, 1971.
 “Década de progresso para os parques nacionais
sul-americanos, 1974 a 1984”... foi o período em que
mais se criaram UCs de uso indireto (proteção
integral) no Brasil” = “década da destruição” p. 15:
• Campanhas desenvolvimentistas- II PND
(1975/1979); III PND (1980/1985); integração
nacional 1970/1974 “integrar para não entregar”
Slogan da ditadura militar.
• Final da década de 80 – desmatamento e queimadas
na Amazônia, morte de Chico Mendes, criação do
IBAMA. P. 5
PRODEPEF – Projeto de Desenvolvimento e Pesquisa
Florestal. Idéia da modernização do setor florestal. Fruto de
convênio entre PNUD/FAO/IBDF/BRA-45. Finalidade de
criação: “dar assistência ao Governo, para a integração e
expansão das atividades de pesquisa florestal, nas três
principais regiões florestais do Brasil – da Amazônia, do
Cerrado e do Sul (IBDF, 1973)” p. 16

A criação do PRODEPEF , na verdade: “É a


intencionalidade no controle do vetor científico e
tecnológico moderno para o domínio sobre o tempo e o
espaço, entendido como condição necessária para acelerar o
ritmo e a escala do crescimento econômico” = “projeto
geopolítico da modernidade no Brasil” (Becker, 1992) p. 17
Construindo uma Parceria
 IBAMA – inadaptação ao modelo de co-gestão(tornar mais
regionalizadas e integradas as Ucs). Controle político.
 convênio firmado com a FVA (11/11/1993), vigência de três
anos. Objetivos: “apoio de vigilância, fiscalização,
administração, pesquisa, educação ambiental e manejo do
parque.” p. 6
 Problema: permanência ou não de pessoas no parque.
 Workshop “políticas de Gestão para as unidades de
conservação”, 1985, recomendou que o IBAMA adotasse
modelo participativo amplo. Não monopólio do Estado. P.8
 Discussão das implicações da co-gestão(parceria ou
terceirização): vários discursos – Estado e sociedade civil;
agilização processos de gestão pública = sustentabilidade
dos recursos naturais.
 Plano de ação emergencial (PAE): pesquisadores,
moradores, prefeituras locais, políticos,madeireiros, etc.
Fundamentos Teóricos e Deslize cartográfico
• Teoria dos refúgios e do endemismos de flora e fauna.
• Critérios (pragmáticos) para a seleção de áreas a serem
protegidas na Amazônia:
1°Reserva Biológica – oito critérios, as áreas não deveriam
conter: esquemas de colonização, povos indígenas e
depósitos minerais de valor comercial; limites defensáveis
e identificáveis, seguir cursos de rios ou outro fenômeno
notáveis na topografia;
2° Parques Nacionais – acréscimo da beleza cênica,
potencial para recreação e fácil acesso.
• Sugestão de áreas: Jaú, Jatapu e Serra das Onças.
• Alguns fatores importantes não foram levados em conta
para a implementação do parque , como a inexistência de
endemismos, carência de componentes biológicos
importantes, falta de pedigree teórico, área não coincidir
como refúgio do Pleistoceno. (21/22)
RESERVA ou PARQUE
NACIONAL?
• Aspectos positivos: fisiografia e
geomorfologia; potencial científico e de
monitoramento; área suficiente e ausência de
usos conflitantes; habitat de espécies raras ou
ameaçadas de extinção, a qualidade estética e o
estado natural (ausência de alterações
antropogênicas).

• Aspectos negativos: Valor histórico, cultural e


antropológico.
• A presença humana seria um dos fatores para
ser parque e não reserva biológica (REBIO). P.
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SNUC – Sistema Nacional de unidades de conservação
da natureza.criação:18/07/2000, responsável pela divisão em
unidades de conservação (UC), podem ser de Proteção Integral
(PI) ou Unidades de Uso Sustentável (US).
PI(Uso indireto): Estação Ecológica, Reserva Biológica; Parque
Nacional, Monumento Natural, Refúgio da Vida Silvestre.
US(uso direto): Área de Proteção Ambiental, Área de Relevante
Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista,
Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável,
Reserva Particular do Patrimônio Natural.

Parque Nacional: objetivo básico preservar ecossistemas naturais


de grande relevância ecológica beleza cênica, possibilitando a
realização de pesquisas científicas, atividades de educação, em
contato com a natureza e de turismo ecológico. O Parna é de posse
e de domínio públicos, sendo que as áreas de particulares serão
desapropriadas.
PLANO DE MANEJO PARTICIPATIVO
Cap 5
• Começo da atuação da FVA : abril de 1992.
• Treze pessoas envolvidas de diferentes
instituições: FVA, INPA, EMBRAPA, FNS, Earth.
• Metodologia de trabalho feita por um comitê
científico que constava com pesquisadores do
INPA, FUA. Metodologia:Conceito de Rio
Contínuo.
• Um dos passos mais importantes: inserção
moradores.
• Educação foi apontada pelos moradores como
sendo prioridade. Pgs. 63-65
METODOLOGIA DA PESQUISA-AÇÃO
• Prática que promove a interação entre
pesquisadores e os sujeitos sociais na pesquisa.
(66)
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:
• 1ª parte (1992 e 19940: Entrevistas estruturadas e
semi-estruturadas; observação sistemática e
assistemática; reuniões comunitárias; encontros
com representantes; trabalho em grupo; conversas
informais; mapeamento comunitário
participativo.
• 2ª parte (início: janeiro/1996): socialização dos
resultados. P. 66-71
ATUAÇÃO DA FVA NO PNJ

• Linhas de ação: Organização Comunitária,


Educação, Saúde e Extensão Rural.
• Área piloto: Seringalzinho. Demais localidades:
comunidades do rio Unini, Jaú e Paunini.
• Dificuldades: morte da matriarca e disputa
interna no que os comunitários chamam de
“favorecimento da FVA ao Seringalzinho.” p.75
• Educação incluída como uma das linhas
importantes de ação da FVA.
A FVA E AS INSTITUIÇÕES - PARCERIAS – plano
de manejo
• Prefeituras de Novo Airão e Barcelos: relação com os
moradores “dar e receber”.
• Projeto FIBRARTE. P. 80
• Base da idéia de desenvolvimento sustentável. P. 81
(Jaú) e p 272/273 (texto 7 – Montibeller Filho)
• Construção naval.
PARCERIAS
• Prefeitura de Barcelos (comunidades, escolas); FNS
(diagnóstico da malária e medicamentos); UA
(pesquisadores); INPA (pesquisadores); IPAAM
(elaboração da PAE – Plano de ação emergencial; e
Oficina de Plano de Manejo); MP (discussões
jurídico-legais)
NATUREZA PARTICIPATIVA NO
PLANO DE MANEJO DO PNJ

• “Na prática da pesquisa e das ações, a


interdisplinaridade contribuiu para a efetivação
do diálogo entre as diferentes áreas do saber
acadêmico-científico e deste com o saber
tradicional.” p. 85

• Metodologias feitas no sentido de contemplar


“a coleta de informações, intervenção e retorno
das informações aos informantes”. P.87
HORIZONTES FUTUROS

PROBLEMAS JURÍDICOS
• Parques Nacionais definidos como áreas
protegidas de domínio público, “UCs cuja posse
e domínio da terra devem obrigatoriamente
constar como patrimônio da União, não
podendo pertencer a particulares.” p.89

• “Populações tradicionais são consideradas


POSSEIROS, pois ocupam terras sem
consentimento de terceiro.” p. 92
VISÃO AGROECOLÓGICA DE
APOSSAMENTO DA TERRA
• “Na posse agroecológica, o fato objetivo é o uso
sustentável da terra, pois para “ter posse” é preciso
interagir com o meio.” Terra sem caráter mercantil.
P. 93.

• O espaço usado como bem comum: Marcel Mauss


(Sociologia e Antropologia), no Ensaio sobre a
Dádiva, fala sobre o “Potlatch= forma evoluída e
relativamente rara das prestações totais”. 93
• Espaços agroecológicos: casa, roça e floresta. 94
• Choque entre o Direito brasileiro e a realidade
amazônica.
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
AGROECOLÓGICA NO PNJ
• Áreas em que as atividades são mais impactantes:
local onde está a casa dos moradores, a casa de
farinha, as roças e as áreas de capoeira.
(observando a quantidade de moradores no
parque x área – até que ponto há impacto causado
pelos moradores?)

• Áreas em que as atividades são de baixo impacto:


local onde ocorre a exploração do bréu, da copaíba,
da castanha, da madeira para consumo próprio, do
cipó-titica ou do timbó-açu e da pesca.
DIREITO DE POSSE?
• “A legislação brasileira reconhece a posse àquele
que realmente labuta a terra, explorando-a
economicamente, ou seja, ela exige, como
requisito, a cultura efetiva, além da morada
habitual.” p.96

• Quando os moradores do PNJ perdem o direito


de posse? “Todos os que saíram antes de 1985 ou
cederam a sua terra a terceiros... os que saíram do
PNJ depois de 1985 têm o direito de restituição de
suas posses ou de serem indenizados” p. 98;
• REASSENTAMENTO E A RECLASSIFICAÇÃO
O PNJ: NATUREZA– Cap. 3
• Metodologia para estudo : Conceito de Rio Contínuo
para verificação de animais aquáticos, florística da
mata de igapó e limnologia; para o estudo de
organismos terrestres foram utilizadas duas escalas
espaciais a geomorfologia e a topografia. P. 29

• Diversidade biológica: plantas de terra firme e das


florestas de igapó, peixes, quelônios, crocodilos, aves,
mamíferos. P 33
• Animais ameaçados de extinção: onze espécies de
mamíferos, quatro de aves e três de répteis –
quelônios, peixe-boi, gaviões, felinos e o jacaré-açu.
OS MORADORES DO PNJ

• POPULAÇÕES TRADICONAIS.
• MODO DE SUBSISTÊNCIA: atividade extrativa.
• EXTRATIVISMO VEGETAL: “aparentemente , não
causa alterações importantes à cobertura vegetal”. P. 44
• Comercialização dos recursos naturais: aviamento –
quase a inexistência de moeda e a relação de exploração
entre patrões e fregueses. Não gera lucro, nem
capitalização pelo produtor. P 45
• CAÇA: quelônios – um dos maiores problemas
• “a questão da subsistência dos moradores no PNJ é
mais política que econômica ou social – comércio é
ilegal e a captura de subsistência é proibida” p. 52
• PESCA: “Não há evidências de ameaças iminentes à
ictiofauna do rio jaú como um todo... Somente o
pirarucu talvez mereça algum cuidado”. p. 53

• SISTEMA DE AGRICULTURA: pousio – roças:


práticas da unidade familiar bem parecidas com
“dádivas dadas e recebidas” (Mauss)

• FARINHA, BANANA E MADEIRA – fontes de renda


• Atividade madeireira no entorno: problema (itaúba)
“Não há políticas consistentes nem um
comprometimento político que estabeleçam objetivos
e metas claras para o desenvolvimento florestal
sustentável do município de Novo Airão.” p 59
INFERÊNCIAS:
• Mito moderno da natureza intocada.
Texto 2 – Jonh Foster – Metabolismo entre o homem e a natureza:
• A análise da sustentabilidade em Marx. “A ênfase de Marx na
necessidade de manter a terra em benefício da CADEIA DE
GERAÇÕES FUTURAS.” Captava, segundo o autor, a
verdadeira essência da noção atual de desenvolvimento
sustentável.
• Exaurimento da terra x novos pólos agrícolas – produção
capitalista
• Lankester preocupação com a degradação ecológica – extinção
das espécies.
Texto 3 – Michel Serres – O contrato natural
• É preciso decidir sobre o maior objeto das ciências e das práticas
humanas: o Planeta-Terra, nova natureza.
• “A nova natureza não é apenas global, mas reage globalmente
às nossas ações globais.” p. 46
• “Eis a bifurcação da história: ou a morte ou a simbiose.” p. 47
Texto 4- Enrique Left – Pensamento Sociológico, racionalidade...
• Racionalidade biológica construída mediante articulações de
quatro níveis. Racionalidade substantiva “...racionalidade
ambiental fundada nos princípios de um desenvolvimento
ecologicamente sustentável, socialmente eqüitativo,
culturalmente diverso e politicamente democrático.” (muitas
idéias vinculadas ao texto PNJ)

Texto 5 – Boaventura
• Reflexão e prática do saber. Contra o desperdício da
experiência.
• Proposta de cinco ecologias. Na 5ª A ecologia a das
produtividades, a sociologia das ausências consistiria na
“recuperação e valorização dos sistemas alternativos de
produção das organizações econômicas populares, etc.” PNJ –
questão das desapropriações, luta por permanecer na terra.
• Tessitura do texto PNJ
Texto 6 e 9 – à parte
Texto 7 – Gilberto Montibeller Filho – As teorias Clássicas...
• Troca ecologicamente desigual: caso da itaúba, economia
agrícola do jaú.
• A tecnologia milenar garante a produção sem degradar o
ambiente – sistema de pousio.
• O autor do texto conclui que o modelo de capitalismo que
temos impossibilita a idéia de sustentabilidade. Duas
contradições do capitalismo: força de trabalho e meio ambiente.
Texto 8 – Ignacy Sachs – Estratégias de transição para o séc. XXI
• Bases das idéias modernas de desenvolvimento sustentável.
• Marcos iniciais – Founex, Estocolmo.
• Cinco dimensões para o ecodesenvolvimento – sustentabilidade
social, econômica, ecológica, espacial e cultural. P 24/26
• Sustentabilidade ecológica: regras para proteção com
instrumentos econômicos, legais e administrativas, para que as
regras sejam obedecidas.
• Princípios da Agenda Rio
OBRIGADA!

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