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ANDRÉIA DALCIN

VIVIANE LOVATTI FERREIRA

AS FONTES IMPRESSAS
COMO FONTE E OBJETOS DE PESQUISA
ROTEIRO DE APRESENTAÇÃO

As revoluções da leitura no Ocidente


Relação autor - autoria

Texto impresso – texto virtual – editor

O leitor e as práticas de leitura


Literatura de Cordel
ROGER CHARTIER

• Nasceu em Lyon (França) em 1945;


•Formação na Escola dos Annales (anos
60);
•Primeiro trabalho dedicado à Academia
de Lion no século XVIII;
•Sofreu grande influência de Denis
Richet;
•1969-1976: foi assistente em Soborna;
ROGER CHARTIER

• 1969-1976: designado diretor de


estudos de investigações históricas da
Ècole des Heutes Etudes em Sciences
Sociales de Paris;
•Contato com historiadores de diferentes
países possibilitou conhecer uma história
mais científica do passado como também
outras questões, tais como a relação do
escrito impresso e as práticas de leitura;
ROGER CHARTIER

• Seu campo de investigação foi, em


princípio, a história das formas de
sociabilidade e da educação, centrando-
se posteriormente na relação entre os
textos e os leitores numa forma de
história do livro. Paralelamente a este
trabalho, tem investigado campos como
a filosofia e a história literária, e autores
como Michel Foucault e Michel De
Certeau.
ROGER CHARTIER

O que lhe interessa?


• Como, desde o final da Idade Média, a
escrita transforma toda a cultura
européia, como difunde novas formas de
socialização. A sociedade modifica seus
comportamentos, já que os livros
transmitem regras, prescrições públicas
e novas práticas de intimidade.
ÁREAS DE INTERESSE E
PUBLICAÇÕES
* Análise das instituições de ensino e das
sociabilidades intelectuais
* Conjunto de investigações parcelares e
tentativas de sínteses sobre a história
social da França sob a ótica das práticas
e de objetos culturais.
* História da leitura, história do livro.
* Análise das culturas políticas, nas
suas várias configurações.
Reflexões sobre o ofício do historiador.
AS REVOLUÇÕES DA LEITURA NO
OCIDENTE
Primeira Revolução:
Não está vinculada à tecnologia,
mas a uma mudança nas práticas de leitura.

“(...) consiste no longo processo que leva um número


crescente de leitores a passar de uma prática de leitura
necessariamente oral, na qual ler em voz alta era
indispensável para compreensão do significado, para uma
leitura visual, puramente silenciosa. Embora ambos os
estilos de leitura tivessem coexistido na antiguidade grega e
romana, foi durante a Idade Média que a habilidade de ler
em silêncio foi conquistada pelos leitores ocidentais”
(Chartier, 1999, p. 23).
AS REVOLUÇÕES DA LEITURA NO
OCIDENTE
Primeira Revolução:
Não está vinculada à tecnologia,
mas a uma mudança nas práticas de leitura.

“A leitura silenciosa permitiu um relacionamento com a


escrita que era potencialmente mais livre, mais íntimo,
mais reservado. Permitiu uma leitura rápida,
especializada, capaz de lidar com as complexas relações
estabelecidas na página do manuscrito entre o discurso e
as suas interpretações, referências, comentários e índices”
(Chartier, 1999, p. 24)
AS REVOLUÇÕES DA LEITURA NO
OCIDENTE
Segunda Revolução: Impressão e Industrialização
Impressão:
“Tal revolução, ocorrida na Alemanha, Inglaterra, França
e Suíça durante o século XVIII, apoiou-se em diferentes
circunstâncias: crescimento na produção do livro, que
triplicou ou quadriplicou entre o início do século e os anos
80, a multiplicação e transformação dos jornais, o triunfo
dos livros de pequeno formato e a proliferação de
instituições (sociedades de leitura, clubes do livro,
bibliotecas de empréstimos), que tornaram possível ler
livros e periódicos sem ter que comprá-los” (Chartier,
1999, p. 24).
AS REVOLUÇÕES DA LEITURA NO
OCIDENTE
Segunda Revolução: Impressão e Industrialização
Industrialização:
“No século XIX, novas categorias de leitores (mulheres,
crianças, trabalhadores) foram apresentadas à cultura
impressa e, ao mesmo tempo, a industrialização da produção
de impressos trouxe novos materiais e modelos para a
leitura” (Chartier, 1999, p. 26).

E por conseqüência, novas e diferentes práticas de leitura.


AS REVOLUÇÕES DA LEITURA NO
OCIDENTE
Terceira Revolução: O computador alterou o
relacionamento com a cultura escrita
Era Eletrônica:
“Ao tornar a produção, transmissão e leitura de um dado
texto simultâneas, e ao atribuir a um único indivíduo as
tarefas, até aqui distintas, de escrever, publicar e distribuir,
a apresentação eletrônica dos textos anula as antigas
distinções entre papéis intelectuais e funções sociais. Torna-
se, ao mesmo tempo, imperativo redefinir todas as categorias
que organizavam as expectativas e percepções dos leitores.
Estas incluem os conceitos jurídicos, categorias estéticas,
noções administrativas, instrumentos bibliográficos”
(Chartier, 1999, p. 27).
Práticas de Leitura

LEITOR AUTOR

BIBLIOTECA
UNIVERSAL

Texto
Escrito EDITOR
“Materialidade”
RELAÇÃO AUTOR - AUTORIA
• “autor oral” – pregador, palavra viva - teatro - “ é a
priori ilegítimo separar o texto teatral daquilo que lhe dá a vida:
a voz dos autores e a audição dos espectadores “ ( p. 27 LN)
• Da idade média a época moderna, frequentemente se
definiu a obra pelo contrário da originalidade.
- obra inspirada por Deus – o escritor não era senão
o escriba de uma Palavra que vinha de outro lugar.

* Antes do sex XVII e XVIII, há um momento original em


que é anexado ao texto principal o retrato do escritor no ato
da escrita.
RELAÇÃO ESCRITOR - AUTOR

Inglês : escritor escreve e autor é aquele cujo nome próprio


dá a identidade e autoridade ao texto.

França (1690) - Escritor: aquele que escreveu um texto que


permanece manuscrito sem circulação.

Autor: aquele que publicou obras impressas


(vinculação ao processo de editoração e divulgação).
CENSURA AO PROCESSO DE AUTORIA
( INQUISIÇÃO )
“A cultura escrita é inseparável dos gestos violentos que a reprimem.
Antes mesmo que fosse reconhecido o direito do autor sobre sua obra,
a primeira afirmação de sua identidade esteve ligada à censura e a
interdição dos textos tidos como subversivos pelas autoridades
religiosas e políticas. ( ...) ... a pulsão de destruição obcecou por
muito tempo os poderes opressores que, destruindo os livros e, com
freqüência, seus autores, pensavam erradicar para sempre suas
idéias. A força do escrito é de ter tornado tragicamente derrisória esta
negra vontade. Com a revolução eletrônica, as possibilidades de
participação do leitor; mas também os riscos de interpolação, tornam-
se tais que se embaça a idéia de texto, e também a idéia de autor.
Como se o futuro fizesse ressurgir a incerteza que caracterizava a
posição do autor durante a Antiguidade”
( 23-34 LN ).
TEXTO IMPRESSO - VIRTUAL
Um texto só existe se houver um leitor para lhe dar um
significado.
“ As obras, os discursos, só existem quando se tornam realidade
físicas, inscritas sobre as páginas de um livro, transmitidas por
uma voz que lê ou narra, declama num palco de teatro.
Compreender a “ordem do discurso” pressupõe decifrar, com
todo o rigor, aqueles outros que fundamenta, os processos de
produção, de comunicação e de recepção dos livros ( e de outros
objetos que veiculem o escrito) “ ( p. 8 OL).

“ não há texto fora do suporte que o dá a ler ( ou ouvir) e,


sublinhar o fato de que não existe a compreensão de um texto,
qualquer que ele seja, que não dependa das formas através das
quais ele atinge o seu leitor ( p.17 OL)”
O LEITOR E AS PRÁTICAS DE LEITURA
“ A leitura é, por definição rebelde e vadia. Os artifícios de que
lançam mão os leitores para obter livros proibidos, ler nas
entrelinhas, ou subverter as lições impostas são infinitos “ ( p. 7 -
OL)

“ a leitura é sempre uma prática encarnada em gestos, em espaços ,


em hábitos.( OL, p. 13)

“ Um livro muda pelo fato de que ele não muda quando o mundo
muda., enquanto o seu modo de leitura muda”
( p.22 OL).

Práticas de leitura :
• Leitura intensiva para leitura extensiva
• Leitura coletiva para leitura intima
•Leitura oral para leitura silenciosa
COM O HIPERTEXTO NOVAS PRÁTICAS E QUESTÕES:

Retomada da leitura no espaço privado, doméstico pode dissolver


o espaço público, espaço este onde se poderiam articular as
formas da intimidade e do privado com as formas do intercâmbio
e da comunicação?

O texto eletrônico favorece uma liberdade de troca de papéis e


permite aos autores tornarem-se editor, distribuidor e também
leitor. No entanto, a proliferação do universo textual acaba por
levar ao gesto da destruição, uma vez que perde-se a referência
sobre o texto, o projeto editorial e intelectual no qual tal texto foi
produzido.
LITERATURA DE CORDEL
ANÁLISE DO TEXTO DE CORDEL

Quem são os autores?


Quem são os editores?
Quem são os leitores?
Quais práticas de leitura estão envolvidas, tendo
em vista a materialidade deste tipo de impresso?
A enforcada que foi salva miraculosamente
* Um texto dois editores: Viúva de Jacques Boscard;
Jean Bogart impressos em Doui e Rennes.
* Processo de apropriação de textos anteriores mantendo-se a
essência.
* Intenção: Preservação do cristianismo e seus dogmas -
presença de Deus através do milagre.
* Leitores: – final do sec XVI – elites letradas
* Autores: desconhecidos – “narrador” – própria Anne –
reproduzida pelo “homem de bem”- a força está na oralidade
que se manifesta no texto escrito.
•Autenticidade da história é legitimada pela presença de
personagens com autoridade social ( juiz ...)
• Permanências e mudanças nas diferentes versões.
“ Tentar estabelecer aqui significados e as utilizações de
textos como os que aqui foram analisados é um desafio quase
impossível.(...) Penetrar o seu enigma possuindo apenas o
objecto e o texto é, de fato, construir um jogo de hipóteses
frágeis e arriscadas, possivelmente em breve desmentidas por
investigações mais rigorosas e mais bafejadas pela sorte. E,
no entanto, é certo que foram tais objectos impressos que
atraíram grande número de leitores e veicularam histórias,
imagens e crenças para lá do pequeno mundo das elites
letradas. (....) Essa pluralidade de leituras possíveis,
conjuntamente organizadas pelo texto e espontaneamente
produzidas pelos leitores, é sem dúvida uma das maiores
razões do sucesso durável dos livros de Cordel, que inscrevem
em objetos impressos as histórias que eram dantes contadas,
pregadas, recitadas.” (p. 129 OI)
LITERATURA DE CORDEL
Relação oralidade – letramento

Denominações do Cordel no Brasil:

“Folheto” “Livrinho de feira” “Romance”

“Livro de histórias matutas” “Folhinhas”

“Livrinhos” “Poesias matutas” “Poesias matutas”

“Leitura e Literatura de Cordel”

“História de João Martins de Athayde”


LITERATURA DE CORDEL

História do Cordel no Brasil:

1893 – primeiro folheto localizado no Brasil

Outra prática de leitura


Quem é o leitor do cordel?
Camadas populares

A denominação “literatura de cordel” é atribuída aos folhetos


brasileiros, pelos estudiosos, a partir de um tipo de literatura
semelhante encontrado em Portugal.
DENOMINAÇÃO DO CORDEL

“Dão-se esses nomes, assim, a uma forma de poesia


impressa, produzida e consumida, predominantemente, em
alguns Estados da região Nordeste. Embora caracterizado
pela forte presença da oralidade em seu texto e forma, o
cordel é necessariamente impresso, distinguindo-se de
outras formas de poesia oral, como as pelejas e desafios,
“cantados” pelos cantadores ou repentistas” (Galvão,
2001, p. 27).
ORIGENS DO CORDEL NO BRASIL
“(...) a literatura de cordel portuguesa tem sua origem nos
romances tradicionais daquele país, que eram impressos,
rudimentarmente, em folhas soltas ou volantes, e vendidos,
presos em um barbante ou cordel, em feiras e romarias. Esses
impressos traziam registros de fatos históricos, narrativas
tradicionais (como as da Imperatriz Porcina, Princesa
Magalona e o Imperador Carlos Magno) e também poesia
erudita (como as de Gil Vicente). A circulação das histórias
tradicionais, de origem portuguesa e, de modo mais amplo,
européia, e que serviram de base à elaboração de vários
folhetos, parece ter sido ampla em Pernambuco desde o século
XVIII” (Galvão, 2001, p. 29).
CONSUMO DE LIVROS PORTUGUESES NO BRASIL

“(...) parte significativa da produção de livros de cordel


portugueses foi consumida no Brasil nesse momento (século
XIX), através das importações ou das reimpressões feitas no
Brasil” (Galvão, 2001, p. 29).

“(...) os livros de cordel portugueses poderiam ser encontrados


no Brasil nas principais cidades do Império, nas portas de
alguns teatros, nas estações de estradas de ferro e noutros
pontos, embora estivessem, na avaliação do autor, já em
decadência” (Galvão, 2001, p. 29).
CORDEL:

BASEADO EM HISTÓRIAS TRADICIONAIS


E LITERATURA ERUDITA

A Escrava Isaura
Iracema
Quo Vadis
Histórias de Carlos Magno
Doze Pares de França
CORDEL:
POR QUE NO NORDESTE?
“Se são nebulosas as origens do cordel no espaço brasileiro, são
ainda menos precisas as informações acerca das razões de esse
tipo de literatura ter-se desenvolvido quase que exclusivamente
em algumas regiões do Nordeste” (Galvão, 2001, p. 31).

“As histórias eram veiculadas por cantadores ambulantes, que


iam de fazenda em fazenda, de feira em feira, transmitindo
notícias de um lugar para outro, aproximando as pessoas.
Reproduziam histórias, inventando casos, improvisos, repentes,
desafios e pelejas entre cantadores” (Galvão, 2001, p. 31).
CORDEL:

POR QUE NO NORDESTE?

Predisposição para acolher


este tipo de literatura

“Atraso, improdutividade, ruralidade, arcaísmo são


alguns desses enunciados que refletiriam uma suposta
‘verdade interior’ e dariam identidade à região”
(Diégues Junior apud Galvão, 2001, p. 32).
QUEM INICIOU O CORDEL NO BRASIL?

Leandro Gomes de
Barros (1865-1918):
Teria começado a
escrever folhetos em
1889
e a imprimi-los em
1893.
QUEM INICIOU O CORDEL NO BRASIL?

João Martins de Athayde


(1880 - ?)
Introduziu inovações na
impressão dos folhetos,
consolidando o formato no
qual até hoje é impresso.
APOGEU DO CORDEL NO BRASIL

Entre 1930 e 1950

“Nesse período, montaram-se redes de produção e


distribuição dos folhetos, centenas de títulos foram
publicados, um público foi constituído e o editor
deixou de ser exclusivamente o poeta” (Galvão, 2001,
p. 33).
CRISE DO CORDEL NO BRASIL

A partir dos anos 1960

“Nos anos 60, o cordel passou por uma grande crise,


tornando-se novamente centro de interesses a partir
dos anos 70, desta vez principalmente por parte de
turistas, universitários brasileiros e estrangeiros: o
cordel tornou-se objeto de estudo e de curiosidade”
(Galvão, 2001, p. 34).
QUEM ERA O PÚBLICO LEITOR / OUVINTE
DO CORDEL?
Análise de 109 folhetos (entre 1904 e 1957)
Categorias de Análise:
•Título •Gênero dos poemas

•Autor •Tamanho dos folhetos

•Editor •Tipos gráficos utilizados

•Data/local publicação •Disposição de letras


maiúsculas/minúsculas
•N.º de páginas
•Referência a direitos
•N.º de poemas p/ folheto autorais
•N.º de estrofes •Características da
capa/contra-capa
ACADEMIA BRASILEIRA DE
LITERATURA DE CORDEL
Fundada em 1988
Sede: Rio de Janeiro (RJ)

http://www.ablc.com.br
Arranquei toco,
Encoivarei, preparei terra
Fiz roça no pé da serra.
Só falta o milho plantar.

Tangi o gado.
O patrão me deu dinheiro,
Atravessei o Cajueiro
E o dinheiro eu fui gastar.

Saí de casa,
Fui descendo uma ladeira
Pra fazer a minha feira.
Veja q'eu entrei num bar.

Leontino Quirino da Silva


Santa Helena (PB), 1996.
São João tem que manter
A festança no arraiá,
A adivinhação, a pamonha,
A canjica, o mungunzá,
O casamento matuto
E o arrasta pé até suar.

Mas algumas tradições


Podem causar agonia:
A cana faz viciar
Se tomada em demasia
E o balão pode esquecer
Faz mal para a ecologia.

Durante o festejo junino


Bombas, tem de montão
Mas devemos ter cuidado
Com esse tipo de ação,
Francisco Ferreira Filho Diniz Pra não machucar ninguém:
Só com muita atenção. (...)
A moeda no Brasil
Muito se modificou
A Moeda no Brasil Era mil-réis em tempo de rei
E por muito tempo ficou
Só no ano 42 (1942)
Em cruzeiro se transformou.

Veja bem, preste atenção


Para não se atrapalhar
O nosso dinheiro aqui
O que mais fez foi mudar
Mas a vida do pobre
Pouco se viu melhorar.

1967,
O ano em que eu nasci,
Mudou pro cruzeiro novo
Só hoje que aprendi
Francisco Ferreira Filho Diniz
Posso até ter escutado,
Santa Rita - PB Confesso não entendi. (...)
Em tudo na vida a gente
Precisa equacionar
A Matemática da Vida Na matemática diária
Sempre com ética usar
A adição, o subtrair,
O dividir, o multiplicar.

Multiplicar o amor
Realizar a divisão
Da terra e do trabalho,
Principalmente do pão
Para então se acabar
Com a social exclusão.

Subtrair o descaso
Que se tem pela pobreza;
Francisco Ferreira Filho Diniz Fazer a adição correta
Do alimento sobre a mesa
Santa Rita - PB Para suprir com urgência
A fome, que é uma tristeza. (...)
Centro de Pesquisa da ABLC
O nascimento de um cordel
Fontes para tipografia
Matrizes para xilogravura
Prelo de 1880
Acervo da
ABLC
Acervo da ABLC

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