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Lesões do Hemisfério

Direito
Introdução
❖ O Hemisfério Direito (HD) participa de forma ativa da comunicação, tanto
na capacidade narrativa e da compreensão dos elementos complexos do
discurso.

❖ Assim como, da compreensão, produção e repetição da gestualidade e dos


elementos prosódicos da linguagem.

(Muñoz et al., 2006)


Lesões no HD
❖ As lesões de HD afetam a capacidade dos indivíduos de:

Organizar uma Interpretar metáforas,


Escrever um texto
narração provérbios e modismos

Compreender o sentido global de Apreciar o humor expresso


um discurso verbalmente (ex. piada ou ironia)

(Muñoz et al., 2006)


Hemisfério Direito e a Linguagem
❖ Desde a década de 70, demonstram-se a superioridade do HD em relação
aos aspectos de entonação da fala e do HE para a análise dos aspectos
segmentares da lgg.

❖ Além das alterações relacionadas à prosódia e a capacidade de manter e


interpretar corretamente a entonação, melodia e ritmo da fala durante o
discurso, encontram-se alterações nas acentuações de palavras, nas
realizações de pausas, mudanças na curva melódica e na identificação do
ânimo do interlocutor e suas expressões faciais.

(Muñoz et al., 2006)


Avaliação das alterações de prosódia
❖ Produção espontânea de gestos e prosódia: na entrevista incluem-se
questões com carga emocional (doenças, experiências negativas) para
observar a forma como o paciente expressa a afetividade por meio da
modulação da entonação.

❖ Repetição de prosódia efetiva: o clínico pronuncia uma frase


enunciativa com diferentes padrões de entonação para que o paciente
repita com a mesma entonação (frases desprovidas de emoção e outras que
expressam felicidade, desgosto)

(Muñoz et al., 2006)


Avaliação das alterações de prosódia
❖ Compreensão de prosódia efetiva: pronuncia-se um enunciado
declaratório livre de palavras com carga emotiva, utilizando diferentes
entonações afetivas. Depois, oferece-se ao paciente uma lista de opções
para que selecione a emoção expressa na frase.

❖ Compreensão de gestos: o clínico se situa em frente ao paciente e


realiza gestos com o rosto e com as mão, que expressem diversas emoções,
que o paciente deve reconhecer

(Muñoz et al., 2006)


Bateria MAC
Este instrumento neuropsicológico avalia quatro componentes do
processamento comunicativo de ativação do hemisfério cerebral direito (HD):
discursivo,pragmático-inferencial, léxico-semântico e prosódico.

Abrangendo os aspectos linguísticos (gramaticais ou estruturais) e


paralinguísticos (funcionais), ao invés de apenas investigar os componentes
formais ou estruturais da linguagem verbal (fonologia, morfo-sintaxe e
semântica literal), presentes em outras baterias tradicionais que investigam as
funções do hemisfério esquerdo - HE.

(Fonseca et al.,2007)
Bateria Mac
É uma forma de verificar as dificuldades adquiridas após a lesão cerebral:
tarefas de discurso conversional, interpretação de metáforas, evocação lexical,
compreensão e produção de prosódias linguísticas e emocional, discurso
narrativo, interpretação de atos de fala indiretos e julgamento semântico.

(Fonseca et al.,2007)
Relato de Caso
❖ R.L.G, 40 anos. Sexo Feminino, Pós - AVC.

❖ Dificuldades:
- Prejuízo na troca de turnos
- Dificuldade na manutenção do assuntos
- Dificuldade na habilidades pragmático-discursiva (Entender a intenção do
interlocutor e conduzir o discurso com base nela)
- Dificuldade no processamento pragmático-inferencial (Entender
metáforas)
- Dificuldade no processamento prosódico- linguístico e emocional
(diferenciação das entonações interrogação x exclamação)
Planejamento Terapêutico
❖ O objetivo principal da terapia é desenvolver a compreensão das situações
de comunicação e a intencionalidade da mesma, por meio do uso de
habilidades comunicativas não-verbais e verbais, visando melhoria na
inserção social do paciente.

❖ Os objetivos específicos foram: desenvolvimento da atenção conjunta, do


contato ocular, do estabelecimento de turnos interacionais e a atribuição
de funcionalidade a objetos e situações comunicativas.
Planejamento Terapêutico
❖ Identificar as destrezas-alvos de comunicação e contexto que podem ser
direcionados para reduzir o problema de comunicação.

❖ Demonstrar ou modelar as destrezas-alvos, utilizando sempre feedback


(atividade de consciência)

❖ Iniciar com cumprimentos sociais adequados, diminuir as interrupções,


fazer perguntas ao ouvinte (reduzir o comportamento de monólogo),
reduzir a tendência de invadir o “espaço pessoal” do parceiro da
comunicação

(Sohlberg et al., 2010)


Planejamento Terapêutico
❖ Proporcionar situações planejadas a fim de que ocorra o aparecimento das
habilidades comunicativas, incentivando o paciente a inciativa
comunicativa, a troca de turnos interacionais e a participação ativa nas
interações (sendo estes considerados, neste momento, os comportamentos
desejáveis).
Planejamento Terapêutico
❖ Ensinar os princípios da comunicação:

➔ Envolve enviar e receber mensagens


➔ Envolve pessoas
➔ Todo mundo se comunica de forma diferente
➔ Comunicação é estabelecer o que nós pensamos, acreditamos e sentimos
➔ Os lugares e as pessoas mudam a maneira de se comunicar
➔ A forma como nos comunicamos afeta as pessoas ao nosso redor
➔ A comunicação está sempre mudando

(Sohlberg et al., 2010)


Planejamento Terapêutico
❖ Facilitar a construção de redes sociais

Indivíduos com lesões cerebrais apresentam redes sociais


significativamente menores do que as pessoas sem lesões, e
essas redes sociais diminuídas ou limitadas podem ser um
grande obstáculo para uma integração bem-sucedida na
comunidade.

(Sohlberg et al., 2010)


Conclusão
O hemisfério cerebral direito (HD) exerce papel importante em diferentes
funções cognitivas como atenção, percepção, habilidades visuoespaciais,
esquema corporal e emocionais, principalmente aquelas transmitidas pela
mímica facial e expressão vocal.
(Pagliarin et al., 2012)

Vale ressaltar a importância de se levar em consideração o desempenho


cognitivo desses pacientes, como também a necessidade de uma avaliação
cognitiva para compor e embasar os achados comunicativos nesses indivíduos.
(Pinto et al.,2013)
Conclusão
Portanto, faz-se necessário o olhar da Fonoaudiologia e de outros profissionais
da saúde, já que a LHD podem acarretar alterações linguístico-cognitivas que
apresentam caminhos e relações desconhecidas.

Cabe então, ao fonoaudiólogo destacar as alterações causadas pela lesão


(cognitivas e linguísticas) e trabalhar a percepção do individuo com relação a
elas, favorecendo a comunicação social, através de compensações e da própria
reabilitação das funções do individuo.
Referências
● FONSECA, Rochele Paz et al. Processo de adaptação da bateria Montreal de avaliação da comunicação- bateria
MAC-ao português brasileiro. Psicologia: Reflexão e Crítica, v 20, n2, p. 259-267.2007
● MUÑOZ, J.M.; MELLE, N.; ÍÑIGO, S. Avaliação da atividade lingüística e comunicativa. In: PLAJA, C.J.
Neuropsicologia da linguagem: funcionamento normal e patológico e reabilitação. São Paulo:Livraria Santos
Editora,2006. 177-179
● PAGLIARIN, Karina Carlesso et al . Avaliação neuropsicológica da linguagem pós-lesão de hemisfério direito:
instrumentos de avaliação de desempenho e exame funcional. Temas psicol., Ribeirão Preto , v. 20, n. 1, jun.
2012 .
● Pinto AR, Gastão APF, Ferreira MS, Sakamoto MFRO, Santana ASK. Processos comunicativos dos
indivíduos com lesão do hemisfério direito. Acta Fisiátr. 2013;20(1):8-13
● SILVA, Rubem Abrão da; LOPES-HERRERA, Simone Aparecida; DE VITTO, Luciana Paula Maximino. Distúrbio
de linguagem como parte de um transtorno global do desenvolvimento: descrição de um processo terapêutico
fonoaudiológico. Rev Soc Bras Fonoaudiol, v. 12, n. 4, p. 322-8, 2007.
● SOHLBERG,M.M; MATTER,C.A. Problemas na comunicação. In: Reabilitação cognitiva: uma abordagem
neuropsicológica integrada. São Paulo: Livraria Santos Editora, 2010. 306-327

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