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AMAZÔNIA
INSTITUTO CIBERESPACIAL
CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS LIBRAS
Belém - PA 2023
LÍVIA MARIA BEZERRA DOS SANTOS
Belém – PA
2023
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Bibliotecas da Universidade Federal Rural da Amazônia
Gerada automaticamente mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a
CDD 419.81
LÍVIA MARIA BEZERRA DOS SANTOS
Banca examinadora
Primeiramente ao meu Deus que nunca me desamparou, até nos meus momentos mais
falhos, sempre demonstrou sua presença e amor.
Com lágrima nos olhos e sorriso no rosto, deixo registrado na presente folha em caixa
alta para que todos possam ver, o meu mais precioso: “OBRIGADA MÃE!” Obrigada pelo
apoio; força; incentivo; por ser um exemplo a ser seguido, por acreditar em mim, quando nem
eu mesma consigo fazer isso. Essa vitória não é só minha, é nossa! Odilene Bezerra dos Santos,
minha mãe, meu pai, meu tudo!
Para minhas irmãs, Letícia Cristina e Larissa Camile, que entre tapas e beijos, brigas e
risadas, estarão comigo por toda a minha vida, e saber que eu tenho vocês duas como
companheiras e confidentes é simplesmente tranquilizador, torna a vida mais leve.
Um obrigado mais que estimado e recheado de saudades para minha amiga Anne Lopes,
tão distante fisicamente, mais precisamente no Rio de Janeiro, e ainda sim, sempre esteve
comigo durante minha jornada acadêmica. Participou do meu crescimento enquanto estudante
do ensino fundamental, então o médio, e por via whatsapp, participou da minha trajetória
universitária, sempre ao meu lado, me fazendo rir e me distraindo quando tudo parecia pesado
demais.
Para meus parentes de coração que me acolheram em Belém com tanto carinho e
cuidado. Obrigada por acreditarem em mim.
Obrigada para todas as minhas colegas de turma do ano de 2019.1 do curso de Letras-
Libras da UFRA. Vocês são demais! Fico feliz em saber que fui parte de uma turma com
excelentes futuros profissionais, que sempre se demonstraram solícitas e companheiras.
Em especial, agradeço minhas amigas queridas, Camila Quaresma e Vivi Lima, que
caminham ao meu lado desde a primeira palestra de “Boas Vindas” lá no Prédio Central, agora
com esse trabalho de conclusão de curso escrito e finalizado, me vejo recordando do ínicio,
quando pedíamos um dia cheio, produtivo! Olhe para nós agora, todas produtivas finalizando
essa linda etapa.
Agradeço também a minha amiga Giovanna Barros, que com sua calmaria e bondade,
esteve lado a lado nas minhas reuniões de orientação e disposta a me ajudar no que podia.
Falando em orientação, como não agradecer minha querida orientadora, profº Draº Ana
Cleide Guimbal de Aquino, que com seu jeitinho amoroso e compreensível de ser, foi muito
além do que a supervisora do presente trabalho, ela também foi a pessoa que me tranquilizava
e dizia que tudo ia dar certo, que confiava em mim, e não se conteve em passar um pouquinho
da sua enorme inteligência. Obrigada de coração, professora. O mundo precisa de mais
“Guimbals”.
Para meus professores e professoras, que impulsionaram minha melhoria, meu
aprendizado, me enxergaram de igual para igual e proporcionaram aprendizados que levarei
para sempre. Professores em especial que conduziam suas aulas com tanta leveza e amor, que
por muitas vezes me vi percebendo que eles também são meus colegas, agora, futuros colegas
de profissão.
Obrigada, obrigada, obrigada!
E por fim, mas não menos importante: Obrigada meu pai Orivaldo Barbosa, por me
ensinar que agradecer nunca é demais.
RESUMO
Os estudos sobre terminologia visam apresentar e analisar termos específicos de uma área da
ciência, nesse viés, a presente monografia se debruça na terminologia Amazônica e do curso de
Engenharia de Pesca integrado na Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, propondo
um glossário piloto com o par linguístico: Língua de sinais brasileira – LIBRAS e português.
A ocorrência do estudo deu-se a partir da problemática evidenciada ao pensar na interação surdo
e ouvinte, e surdo com o ambiente no qual está inserido, e então averiguar como ocorre essa
comunicação em sua língua natural quando não existe o conhecimento dos sinais termos para a
conceituação. Sendo assim, a pesquisa objetiva descrever e analisar termos Amazônicos,
também vistos no curso de Engenharia de Pesca com a catalogação em glossário, pois são duas
vertentes que dialogam em questões sociais e culturais. De caráter metodológico documental,
com a abordagem de cunho qualitativo e quantitativo, o levantamento de dados ocorreu através
de entrevistas semiestruturadas com atuantes da área de Engenharia de Pesca, um formulário
aplicado aos alunos do curso, consulta com a comunidade surda e amparada no material de
apoio do glossário ilustrado adquirido pela autora, e revisão bibliográfica. Como aparato teórico
utilizou-se os saberes de de Faulstich (2001), sobre a ciência da terminologia e suas
ramificações, Strobel (2009) abrangendo a educação de surdos.; Quadros e Karnopp (2004)
acerca da construção de sinais, e reconhecimento da língua; Os estudos de Nascimento (2016)
sobre inclusão e vocabulário em língua de sinais, bem como a base organizacional de Cardoso
(2017) sobre a inclusão de surdos a partir da utilização de diferentes materiais, além da revisão
de literatura sobre a temática de Estudos Amazônicos, a partir de um livro didático e o projeto
pedagógico curricular – PPC - do curso de Engenharia de Pesca. Ao final da pesquisa foi
possível discorrer sobre os sinais termos encontrados e pontuar sobre a necessidade da criação
de sinais, e de ferramentas de apoio ao surdo, professor, intérprete. Assim, recomenda-se o
aprimoramento nos glossários, empregando novos sinais-termos descobertos, e impulsionando
a pessoa surda desenvolver-se em qualquer área acadêmica optada, fugindo do pressuposto que
o surdo só deve atuar em Letras-Libras, demonstra-se a relevância da sua língua natural e do
registro em língua de sinais de termos de outras áreas do conhecimento, em prol de uma inclusão
e inserção maior.
The studies on terminology aim to present and analyze specific terms of an area of science, in
this bias, this monograph focuses on the Amazonian terminology and the course of integrated
Fisheries Engineering at the Federal Rural University of the Amazon - UFRA, proposing a pilot
glossary with the language pair: Brazilian Sign Language - LIBRAS and Portuguese. The
occurrence of the study came from the problem evidenced when thinking about the interaction
between deaf and listener, and deaf people with the environment in which they live, and then
investigate how this communication occurs in their natural language when there is no
knowledge of the sign terms for the conceptualization. Thus, the research aims to describe and
analyze Amazonian terms, also seen in the course of Fisheries Engineering with the cataloging
in glossary, because they are two sides that dialogue on social and cultural issues. It has a
documental methodological character, with a qualitative and quantitative approach, the data
survey occurred through semi-structured interviews with people working in the area of Fisheries
Engineering, a form applied to the students of the course, consultation with the deaf community
and supported by the support material of the illustrated glossary acquired by the author, and
literature review. As a theoretical framework we used the knowledge of Faulstich (2001), on
the science of terminology and its ramifications, Strobel (2009) covering deaf education.
Quadros and Karnopp (2004) about the construction of signs, and recognition of the language;
The studies of Nascimento (2016) on inclusion and vocabulary in sign language, as well as the
organizational basis of Cardoso (2017) on the inclusion of the deaf from the use of different
materials, in addition to literature review on the theme of Amazonian Studies, from a textbook
and the PPC of the course of Fisheries Engineering. At the end of the research it was possible
to discuss the signs terms found and point out the need for the creation of signs, and support
tools for the deaf, teacher, and interpreter. Thus, it is recommended the improvement in
glossaries, employing new sign-terms discovered, and driving the deaf to develop in any
academic area chosen, fungusing the assumption that the deaf should only act in Letters-Libras,
it is demonstrated the relevance of their natural language and registration in sign language of
terms from other areas of knowledge, for the sake of greater inclusion and insertion.
Keywords: Glossary; Brazilian Sign Language -BSL; Fishing engineering; Amazon and
Culture.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
1 INTRODUÇÃO 11
2 EDUCAÇÃO DE SURDOS 15
2.1 Educação no contexto Amazônico 17
2.2 Educação de surdo no contexto Amazônico 19
2.3 Educação de surdo no âmbito acadêmico 21
3 A CIÊNCIA TERMINOLÓGICA EM LIBRAS 23
3.1 Lexicografia 24
3.2 Dicionário X Glossário 25
3.3 Aspectos fonológicos na LIBRAS 26
4 PRESSUPOSTOS METODOLÓGICOS 28
4.1 Seleção de termos 30
5 ANÁLISE DE DADOS 32
5.1 Construção do Glossário Piloto Libras-Português no contexto do Estudos Amazônicos
e do curso de Engenharia de Pesca da UFRA 35
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES 37
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 70
Apêndice A 76
APÊNDICE D 78
11
1 INTRODUÇÃO
Discorrer sobre Terminologia significa compreender que essa representação de
conceitos assume diversas concepções, sendo capaz de ser vista como disciplina, prática e
objeto. A autora Cabré (1999), pontua que a terminologia é interdisciplinar, sendo assim, ela é
fomentada por componentes de outras disciplinas, que ocasionam seu produto final de maneira
delimitada e constrói um objeto de estudo original e específico para determinada área. Partindo
dessa premissa, e dialogando de maneira geral em conjunto com o senso comum e genérico
sobre terminologia, conceitua-se que essa ciência está vinculada à análise e investigação de
vocabulários restringidos a um setor que possui suas próprias especificidades e vocábulos
técnicos-científicos.
A terminologia está presente em diversas areas do conhecimento e é capaz de fornecer
forma e sentido a termos individuais, a partir da interpretação teórica. Nesse sentido, ao debater
sobre a terminologia e terminografia - produção de obras terminológicas, como conceitua Cabré
(1999) - na Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS -, deve-se levar em consideração as
particularidades linguísticas e culturais da comunidade surda. Em um panorama linguístico,
Quadros (2017) define que a modalidade da Libras é visuoespacial, logo, a comunicação e a
expressão livre do indivíduo surdo ocorre por meio dos seus olhos, da posição de suas mãos e
das expressões faciais e corporais, a autora acrescenta que é uma língua diferenciada, enxergada
no outro.
Ademais, enriquecendo o que foi dito sobre as singularidades linguísticas da Libras,
quando Quadros (2017) aponta a importância da posição das mãos, expressão facial e entre
outros, a autora está se referindo aos parâmetros da Língua (Karnopp, 1999), que constituem o
sinal de maneira correta para a aplicação efetiva do sinal final, ou seja, peças fundamentais no
que diz a respeito da formação fonológica do sinal, a construção do léxico e consequentemente,
o sinal concreto.
Neste cenário de sinalização autêntica, pode-se destacar o ato de tradução e interligar
com a terminologia, pois nesse rumo de traduzir as experiências surdas, por conseguinte,
experiências visuais, a ação de tradução utiliza o par linguístico: língua portuguesa e língua de
sinais, tendo como finalidade a utilização de termos no português, para sinais-termos de áreas
de conhecimento singular, o que promove a possibilidade da pessoa surda ser inserida em
diversos lugares com diferentes saberes, o que diz Hurtado Albir (2001) que ao tratar de
competência tradutória, indica que um dos principais mecanismos de auxílio para uma tradução
satisfatória, é o copilado terminológico adequado com o saber central a traduzir, nessa premissa
12
Letras-Libras, ou qualquer indivíduo ativo na cultura surda que busca conhecer e aprender sobre
essa temática em particular. Propicia também a ampliação da língua e busca atingir o
reconhecimento da Libras como meio interacional do surdo, na vertente de formação de nível
superior.
O referencial utilizado para essa pesquisa será baseado nos estudos de Faulstich (2001),
sobre a ciência da terminologia e suas ramificações, Strobel (2009) abrangendo a educação de
surdos.; Quadros e Karnopp (2004) acerca da construção de sinais, e reconhecimento da língua;
Os estudos de Nascimento (2016) sobre inclusão e vocabulário em língua de sinais, bem como
a base organizacional de Cardoso (2017) sobre a inclusão de surdos a partir da utilização de
diferentes materiais, além da revisão de literatura sobre a temática de Estudos Amazônicos, a
partir de um livro didático e o PPC e do curso de Engenharia de Pesca.
Para tal fim, e de forma organizada da pesquisa aqui descrita, o trabalho dispõe da
seguinte estrutura: Capítulo 1. Introdução; Capítulo 2.Educação de Surdos; Capítulo 3.A ciência
da terminologia na Libras; Capítulo 4. Pressupostos metodológicos; Capítulo 5. Análise de
dados. Capítulo 6. Resultados e Discussões e Capítulo 7. Considerações Finais.
15
2 EDUCAÇÃO DE SURDOS
e suas condições. Reconhecer sua língua significa também discernir sobre as especificidades
que ela confere, levando em consideração melhorias para sua aprendizagem e a busca de
valorização do seu povo.
Com isso, demonstra-se que ainda há grande material para discorrer sobre as fases
históricas da educação de surdos, por um longo período, a língua de sinais foi considerada
irrelevante, compreendida como mímica, junção de meros sinais sem estrutura lógica ou
gramatical, como pauta Fernandes (2011) “a utilização de gestos ou mímicas, como eram
denominados os sinais naquela época, significava caminhar em direção contrária ao avanço do
aluno.” Todavia, após muitas lutas e conquistas, ocorre a promulgação da Lei de nº 10.436/02
(BRASIL, 2002), a referida “Lei de Libras” que admite a língua de sinais como meio de
comunicação e expressão do surdo, apresentando as nuances de uma língua própria que contém
além de toda estrutura gramatical, sua morfologia e fonologia. Ao surdo que é exposto e se
desenvolve plenamente, cognitivo e linguístico, a língua de sinais resulta em independência e
autonomia.
Nesse viés benéfico ao surdo, a Lei de Libras é regulamentada perante o Decreto nº
5.626, em 22 de dezembro de 2005, na qual ressalta-se com relevância os art. 14 e 15, ao pontuar
sobre acesso das pessoas surdas à educação:
funcional e instrumental como expõe o Decreto. Além disso, dissertar sobre a educação de
surdos compromete abordar também a inclusão escolar, ainda que utópicamente, idealizar
futuramente a língua de sinais como disciplina curricular obrigatória em qualquer curso de
graduação, é visualizar profissionais habilitados e inclusivos.
Nos dias contemporâneos, após o reconhecimento da Libras e o compilado de
legislações que buscam amparar o povo surdo, a educação eficiente de surdos é proposta com
resultados positivos no bilinguismo, ideologia que afirma:
O bilinguismo tem como pressuposto básico que o surdo deve ser bilíngue, ou
seja, deve adquirir como língua materna a língua de sinais, que é considerada
a língua natural dos surdos e, como segunda língua, a língua oficial do seu
país. Para o bilinguismo, o surdo não precisa almejar uma vida semelhante ao
ouvinte, podendo aceitar e assumir sua surdez. (GOLDFELD, 2002. p. 42)
Em contrapartida com o que foi lido anteriormente sobre as visões majoritárias sobre a
pessoa surda e seu processo de aprendizagem, o bilinguismo surge para impulsionar a
identidade surda e trabalhar sua educação considerando sua surdez, evidentemente assim, sua
língua. A filosofia Bilíngue busca complementar sua formação educacional, respeitando a
língua de sinais. Entretanto, ainda é baixa a utilização do bilinguismo em escolas regulares ou
professores conhecedores dessa concepção, então, a práxis real da inclusão não ocorre como
apontam as leis de assistência ao surdo desde a educação básica até o ensino superior.
Contudo, frisando o campo acadêmico, local em que o presente trabalho retrata com
veemência, a educação de surdos não se restringe ao campo dos cursos de licenciatura. O surdo
é capacitado e habilitado para exercer e adquirir outras áreas de conhecimento, ele é possuidor
de uma língua natural, identidade e cultura, e para que seu processo de aprendizado ocorra, é
necessário então do ambiente dispor de mecanismos e estratégias que possibilitem a sua
inserção.
Para isso, considera-se o contexto do cidadão surdo atuando em qualquer área da sua escolha,
além da permanência do intérprete em sala de aula, faz-se necessário também o conhecimento
de outras estratégias que facilitem o processo educacional, e em soma, corroboram de maneira
satisfatória com a educação do surdo, salienta-se o olhar cuidadoso sobre o local no qual ele se
encontra inserido e o que isso infere na sua trajetória de aprendizagem.
o caminho até o povo surdo e sua educação nesse espaço geográfico, denotando alguns
empasses pelo caminho. De conhecimento comum, a Amazônia abarca um território
multicultural que é demarcado desde o início da colonização, designando um povo miscigenado
e plural, na qual têm suas vivências atreladas com a flora, fauna e a magnitude de rios que os
cercam. Assim, falar do espaço geográfico Amazônico significa colocar em pauta sua cultura,
identidade, realidade econômica e social, e as especificidades dos povos residentes.
A saber sobre ensino e aprendizagem Amazônica, Ivanilde Oliveira (2004), doutora em
educação, discorre em seu livro "Referências para pensar aspectos da educação na Amazônia.”
1º livro da série: “Educação e Sociedade Amazônica”, sobre as condições geográficas e sociais
na Amazônia:
[.....] Nesse setor, a logística precisa contemplar outras questões não pensadas
na cidade, como transporte (...) e hospedagem dos alunos, transporte dos
alunos (barco, gasolina, etc.), estabelecimento de um calendário escolar que
respeite as especificidades da Região Amazônica e seu calendário hidrológico.
(Andrade, 2015, p. 208)
provê sustento financeiro e alimentício, não abstendo da sua relação com a terra e floresta.
Então a partir disso, deixa-se a reflexão, como explicar ao surdo ou ouvinte urbano esses
ensinamentos amazônicos na língua portuguesa e em Libras?
A partir do momento, que entende-se que qualquer comunidade Amazônica apresenta
um estilo particular de vida em diferentes aspectos, assim como, a comunidade surda apresenta
valores culturais e experiências individuais, uma vez que sua forma de se expressar é diferente
da cultura majoritária, se torna possível relacionar essas duas variantes, na qual o sujeito é
encarregado de levar consigo essas duas bagagens culturais e aprender a desenvolver em sua
língua materna – Libras – seus saberes identitários, e a terminologia particular dessas duas
dimensões, demonstra a necessidade de registro para agregar de maneira positiva no que tange
sobre escolarização do surdo que mora no campo, ou do surdo que adentra a universidade
inserida na Amazônia.
Falemos um pouco sobre a educação no campo Ribeirinho e como a comunidade surda
residente atravessa os desafios impostos para sua escolarização. Em primeira análise, se busca
entender o que é a educação de campo, nesse viés, a autora Fernandes (2015) assume caráter
crítico ao indagar se a educação do campo irá sempre ser equiparada com a educação urbana?
E se sim, por que a condição de vida e escolarização das pessoas no campo devem ser a todo
momento precárias e sem amparo? Assim, a educação no campo engloba a educação daqueles
habitantes das áreas rurais, e consequentemente afastados da urbanização. Ao colocar sobre a
equiparação com a educação urbana, identifica-se a precariedade dessa educação quando
comparada a cidade. Nesse viés, além da estrutura escolar, problema evidente no que tange às
escolas locais, a autora também ressalta sobre a organização curricular, professores não-
habilitados, descaso com o social e cultural, falta de instrumentos auxiliares sobre o estudo
desses povos.
Ao sujeito surdo, no processo de aquisição do conhecimento é necessário o mecanismo
de estratégias aplicadas ao ensino, o caminho de escolarização ocorre de maneira totalmente
defasada, não importando filosofias viáveis e facilitadoras como expostas previamente, porque
grande parte da população e dos próprios educadores não possuem o conhecimento dessas
novas informações ou registro palpáveis para o estudo. Ao surdo Amazônico, a exclusão ocorre
de forma duplicada, na qual seu acesso a escolas é tardio, e sua permanência não é efetiva, além
da falta de desenvolvimento do seu social, limitando-se a sua comunidade e expandido seu
léxico dentro da sua bolha territorial.
Diante da realidade em que vive, ademais a sua diferença, o surdo ribeirinho enfrenta
barreiras na ausência de profissionais que sabem Libras, na falta valorização da sua língua e
21
sua cultura externa a sua identidade amazonense, e até mesmo na escassez de trabalhos e
pesquisas acadêmicas nesse viés, ainda sim, esses sujeitos necessitam de cuidados básicos.
Apesar de todos os pontos listados, o médico ainda utiliza o rio para contatar esses povos, o
acadêmico futuro docente ou engenheiro, surdo ou ouvinte ainda precisa conhecer os termos
sinalizados no seu curso e no cotidiano cultural amazônico, tendo em vista que a educação
precisa alcançar esses povos e atravessar os rios. Contudo, ao interligar o que foi dito sobre
Amazônia, a educação de surdos e seus entraves, faremos um elo ao propor a catalogação de
termos no contexto Amazônico, e que porventura também fazem parte do curso de Engenharia
de Pesca, curso elegido para tal análise.
Ancorado pelas legislações que buscam propiciar a inclusão, pontua-se que ao surdo a
garantia efetiva do seu desenvolvimento cognitivo e social, deveria ser debruçada em ações
pedagógicas por todos aqueles que fazem parte do seu processo de ensino e aprendizagem,
contribuindo diretamente para sua formação e valorização da sua língua, cultura e o acesso às
informações técnicas e científicas, como explanadas no recorte do decreto acima.
Sendo assim, trazer a vista do profissional intérprete e tradutor durante os anos
22
Art. 3o A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos
cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível 19
médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino,
públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
§ 1o Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o
curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e
o curso de Educação Especial são considerados cursos de formação de
professores e profissionais da educação para o exercício do magistério.
§ 2o A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais
cursos de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da
publicação deste Decreto.
Revisando a literatura no que tange a língua e a densidade lexical, para início de capítulo,
salienta-se os dizeres de Vygotsky (1977) ao constatar que a ação de conceituação objetiva
intuir a compreensão da comunicação e solucionar problemas, no entanto, não é uma construção
isolada. Nesse viés, entende-se que a própria ideia do que venha ser “conceito” ou a ação de
“conceituar” é abstrata e relativa, pois pode ser continuamente remodelada. Entretanto, é válido
ressaltar a contra análise apresentada pelo autor, ao dizer que determinado número de palavras
utilizadas de forma coletiva, são capazes de nomear campos de conceitos específicos. Sendo
assim, essas palavras-termos também podem ser reformuladas, e ininterruptamente
apresentarem o mesmo sentido.
Deste modo, ao propor a discussão dessas palavras-termos estamos abrangendo o campo
de ciência referente a terminologia, que engloba o léxico e a ciência da lexicologia, presente
em obras termográficas constituindo uma cadeia linguística encaminhada para a ampliação
lexical. Nessa premissa, Cabré (1998, p. 106) elenca alguns princípios que conceituam a
definição terminológica, tais como: descrição do conceito; apresentar a diferença de um
conceito, que mesmo sendo proveniente de um mesmo lócus, apresenta campo de conceituação
distinto, demonstrar as dimensões minuciosas sobre o campo principal de cada conceito, além
de se adequar aos objetivos no qual está inserido.
Posto isso, demonstra-se que a terminologia trabalha com um espaço conceitual
fechado, abrangendo termos que constituem um único campo com o mesmo eixo,
exemplificando pelo campo central do presente estudo, terminologia amazônica, terminologia
de Libras e entre outras que seguem um padrão. Nessa padronização da língua, Faustich (1997,
p. 82) conceitua a expressão “termo” como: [...] novos conceitos científicos e técnicos
precisavam ser resumidos numa expressão denominadora (termo) para que a referência pudesse
ser conhecida”. Adentrando o campo da língua de sinais, a autora debruça sobre “sinal-termo”
classificando como:
24
3.1 Lexicografia
como sua sequência alfabética, ilustrações, eixo temático ou entre outros fatores supracitados
anteriormente.
Demarcado a diferença entre os dois materiais, e sob perspectiva da produção em
Libras, destaca-se a utilização de ilustrações no que infere na construção de um glossário
português e língua de sinais, tendo em vista que a Libras usufrui da modalidade visuoespacial,
Fernandes (2018) reitera que a representação ilustrativa dos sinais, são válidos na organização
de um glossário, pois deve-se levar em consideração os aspectos fonológicos que demarcam a
construção desse sinal, e podem apresentar variações linguísticas decorrentes a fatores sociais.
A seguir, embasado nos estudos de Godoi (et.al 2018) em seu livro: “Língua Brasileira
de Sinais – LIBRAS: formação continuada de professores” em consonância com as autoras
Quadros e Karnopp (2004) sobre as propriedades de cada parâmetro, será apresentado um
27
quadro informativo de maneira direta e sucinta no que tange cada finalidade e aplicação de
parâmetro, é importante ressaltar que os parâmetros expostos agem perante uma construção
dependente, na qual a configuração de mão, efetuada no ponto de articulação correto, denota o
significado do sinal pretendido.
Em síntese do que foi exposto, as autoras agregam acerca das variações fonológicas,
derivadas dos sinais realizados em diferentes parâmetros explanados: “A segunda tarefa é
estabelecer quais são os padrões possíveis de combinação entre essas unidades e as variações
possıv́ eis no ambiente fonológico” (QUADROS; KARNOPP, 2004, p.47). Assim, é pautada a
relevância de discorrer sobre a formação do sinal e apresentar o fator extra que corresponde às
28
"possíveis variações”. Tal qual a língua portuguesa, a Libras é viva e mutável, suscetível a
mudanças demarcadas por questões sociais, de conhecimento, faixa etárias e entre outros.
Nesse viés, quando abordado sobre variedade linguística na Libras, não refere-se a
posição de sinal “certo” ou sinal “errado”, abarca a linha de pensamento dos autores Machado
e Weininger (2018) que classificam a ocorrência dessas variáveis perante seu uso individual,
mediante a seu status de conhecimento, experiência, localidade e outros. Assim, essa variação
é perceptível na realização do sinal, que apresentando o mesmo sentido, é articulado com os
parâmetros da Libras em diferentes posições.
Agora, caminhando na proposta do presente glossário, o registro dos termos é suscetível
a alteração e pode apresentar outro tipo de variação no uso vivo. Sendo assim, a presença de
equivalente ou classificadores no intuito de fornecer sinais para os termos escolhidos, serão
registrados, pois segundo a perspectiva de Gesser (2009, p. 12-13) a língua de sinais possui
como “objetivo maior é estabelecer a comunicação internacional”, portanto, pautadas nos
aspectos fonológicos e na comunicação plena em todos os lados do diálogo, os classificadores
auxiliarão na definição do referente temático do glossário e agregará na busca pelo sinal-termo.
4 PRESSUPOSTOS METODOLÓGICOS
O presente trabalho caracteriza-se por ser um estudo de cunho documental, no que tange
a busca de dados e o caráter de registro e catalogação. Sobre isso, compreende-se que a pesquisa
documental busca compor um corpus adequado a partir de pistas que lhe fornecem noções
relevantes (CELLARD, 2008), nesse viés, a pesquisa procedeu através do levantamento de
documentos (trabalhos científicos, livros acadêmicos, estado da arte e entre outros) para o
conhecimento de termos equivalentes na Libras na vertente da terminologia escolhida.
Além disso, destaca-se o uso das abordagens qualitativas e quantitativas em relação a
coleta de dados, seguindo a compreensão de Pope e Mays (2005) a abordagem qualitativa
permite interpretar fenômenos sociais a partir do significado e das experiências que as pessoas
atribuem, conceito levado em consideração ao propor o preenchimento do formulário
direcionado aos alunos de engenharia de Pesca do curso da UFRA e acerca das conversas e
busca de sinais dentro da própria comunidade surda, uma vez em que ambas vertentes se
apresentam como lócus da pesquisa, e são capazes de atribuir significados para suas
experiências espontaneamente.
Já para a abordagem quantitativa, Fonseca (2002) expõe que:
29
5 ANÁLISE DE DADOS
Neste capítulo trilhamos de forma minuciosa como ocorreu o processo de análise dos
dados obtidos, a partir da pré-seleção dos termos. Em primeira instância, urge a classificação
dos participantes e colaboradores da pesquisa, para tanto, pode-se dividir em dois grupos:
Comunidade surda de Belém-PA e Estudantes e profissionais de Engenharia de Pesca da Ufra.
32
Vale ressaltar que todos colaboradores possuíam o domínio da Libras e são ativos na
comunidade surda, ademais, quanto aos intérpretes colaboradores são atuantes no âmbito
educacional de ensino superior. No que se refere a sinalização, demonstraram alguns sinais
equivalentes ao termos solicitados, apresentaram domínio do conceito, respaldados pelo livro
“Glossário Ilustrado de Piscicultura”, não havendo desencontros de comunicação ou
conhecimento.
Sobre as questões inseridas no Formulário do Google, destaca-se que encaminhado ao
centro acadêmico do curso, foi divulgada em grupos via whatsapp para os alunos, discutiu-se
sobre a faixa etária dos participantes (Gráfico 1) a sua identificação de gênero (Gráfico 2) o
semestre em que se encontra, ou se é formado e atua na área (Gráfico 3) e por fim, como
pergunta aberta, a seleção individual dos termos mais utilizados na trajetória do curso. Foram
requisitados pelo menos 10 termos e no Quadro 4 está cotado todas as palavras ditas pelo
estudantes, como ainda, demarcada para demonstrar aquelas que apresentaram alguma
repetição.Vale frisar que os gráficos distribuídos foram emitidos pelo próprio Formulário do
Google e em todos é possível identificar a quantidade de respostas emitidas.
Gráfico 2 – Identificação
Gráfico 3 – Semestre
34
da CM contribuindo para descrição do sinal; e por fim [referências] que correspondem sobre
os estudos utilizados como suporte na catalogação do termo escolhido.
Destacando sobre o [termo] no glossário, torna-se imprescindível apresentar um
ressalve para as futuras abreviaturas que serão exibidas de acordo com a categoria adequada:
(~) sinal diacrítico centralizado, utilizado quando não houver correspondência para a categoria
“imagem” ou “Parâmetros da Libras”; assim como, a abreviatura “NE” confere com os dizeres
“Não encontrado”, essa informação refere-se ao termo-sinal equivalente e compreende que
apesar das pesquisas com a comunidade surda, no ambiente no qual se situa a realização do
trabalho – região metropolitana de Belém/PA – e também por meios eletrônicos – ex: surdos
participantes de Igarapé Miri, por meio do aplicativo whatsapp - , não foi encontrado um termo
sinal equivalente ao vocábulo escolhido.
De forma análoga, vale mencionar que o QrCode foi gerado a partir do design
desenhado, então, alguns termos sinalizados ainda estão em processo de finalização e
futuramente serão anexados ao seu código. No mais, apresento o link para acesso.
Em suma, é de grande relevância apresentar ao consulente a ficha terminológica
adaptada pela presente autora para conceber o glossário. Seguindo nessa premissa, apresenta-
se o verbete “eclosão” retirado do livro “Glossário Ilustrado de Piscicultura” para
exemplificação clara:
Quadro 5 – Ficha terminológica
Termo Descrição Imagem Termo-sinal Parâmetros da Referências
equivalente Libras
Eclosão “É o (~) (NE) (~) SOUZA,
rompimento do Raimundo.
ovo e Glossário
consequente Piloto de
nascimento da piscicultura.
larva” Belém, FCAP.
Serviço de
Documentação
e Informação,
1991. 77p.
Ilust.
Assim, divido em seis colunas e duas linhas, apresenta-se o verbete “Eclosão” que
contém descrição, baseada na referência de Souza (1991), no entanto, não apresenta imagem,
termo-sinal equivalente ou parâmetros da libras, e por isso, é sinalizado pelos sinais e
37
abreviatura.
Contudo, para elaboração final do glossário, ressalta-se a importância desse material no
que tange a educação e inclusão de surdos, idealiza-se a acessibilidade comunicacional com o
surdo Amazônico tão assíduo na atividade pesqueira, no contato com o rio, assim, partilhando
e trocando saberes a partir da sua língua, validando sua cultura e forma de expressão, além de
ser uma ferramenta para o curso de Pesca e ao profissional tradutor intérprete.
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Glossário Piloto abaixo:
38
O: Para frente
42
CM: Mãos
Disponível em: fechadas, com os
dedos anelar e
mindinho curvados,
dedos polegar,
anelar e médio
estendidos.
PA: Espaço Neutro
M: O dedo
indicador e o anelar
escovam uns nos
outros.
O: Para trás
45
CM: Ambas
mãos fechadas,
Disponível em: apenas com os
dedos indicador
https://youtu.be/bmyTdtsUExg e polegar
curvados para
dentro;
PA: Espaço
Neutro
CM: um braço
estendido em
frente ao corpo,
com a mão
aberta e dedos
juntos; a outra
mão aberta
desliza sob o
braço estendido.
46
CM: Mãos
Disponível em: abertas com os
dedos juntos,
apenas o polegar
erguido
PA: Espaço
neutro
M: Sinuoso, para
frente
O: Palmas de
lado
EF: Bochechas
sugadas
48
Fonte: fotografada
pela autora, “Matapi”
inserido no
laboratório de Pesca
da UFRA, 2023.
51
SCCS
61
Priberan,
Dicionário.
Disponível em:
https://dicionario.p
riberam.org/
63
Disponível em:
65
utilização de datilologia toda vez que houver a menção, e também a redução do processo de
interpretação e tradução.
Seguindo nessa premissa, urge a necessidade de criação desses termos específicos
dentro da comunidade surda, tendo em mente, que além da criação do sinal, ele deve ser
divulgado, apropriado para que a comunidade surda reconheça e passe a utilizá-lo. A definição
em português foi adicionada mesmo sem o sinal, com o ideal de que a partir do conceito o
intérprete consiga apresentar esse termo ao surdo com equivalentes ou classificadores. Sobre
isso, demonstrou também que grande parte dos sinais era equivalentes/classificadores e como
esse fenômeno está presente na língua de sinais e expressa sentido e significância em uma
comunicação.
Desta maneira, de 28 sinais catalogados, o registro de 16 com fotos e vídeos para o sinal,
identifica-se que apesar do efeito trabalhoso, ainda registrou mais da metade do número
proposto a partir da seleção. Em soma a isso, para o registro do termo no glossário, tornou-se
essencial pensar na estética de disposição do glossário. A ordem das categorias escolhidas e
adaptadas perante a autora que vos escreve, compreendem acerca da construção da imagem e
conceito, com a validação final, que engloba as referências teóricas ou eletrônicas. Nessa
perspectiva, de caráter estético, os verbetes aparecem no glossário seguindo a ordem alfabética
e com a primeira linha, anunciando os comandos em negrito, para maior visualidade.
Outro ponto importante para ponderar, ocorreu durante a contatação com os intérpretes,
na qual em meio de uma conversa informal, debatendo sobre a temática do atual estudo, relatou
a partir da sua experiência profissional, informações de grande relevância para a pesquisa. O
SCCSI, narrou que ele de fato não conhece um surdo ribeirinho, porém provavelmente esse
surdo não é usuário da língua de sinais. Ele pontua que na cidade de Belém, grande parte das
pessoas surdas estão envolvidas na associação de surdos, e pelo seu contato como intérprete,
expõe que esses surdos são participantes ativos de atividades mais urbanas na região
metropolitana de Belém. Nesse viés, prossegue explanando que um dos desafios é conhecer e
encontrar o surdo ribeirinho, sondar seu conhecimento sobre Libras, verificar se ele utiliza ou
já criou um sinal baseado no contexto da sua vivência diária, checar os usuários desse sinal, e
então partir da ideia de gravação e catalogação do termo por ele atribuído, uma vez que ocorra
de comum acordo pelos envolvidos na investigação.
O conhecimento partilhado pelo tradutor intérprete agregou a pesquisa na vertente de
dar continuidade a esse trabalho, expandir o léxico amazônico, ampliar o léxico da língua de
sinais, além de reconhecer e valorizar a língua, a cultura, as escolhas e o território que o surdo
está.
69
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
À face do exposto, o atual trabalho com o objetivo geral de catalogar esses termos
amazônicos e porventura do curso de Pesca, pondera sobre a dificuldade de encontrar os termos
técnicos científicos, e a utilização de estratégias da língua de sinais, como os classificadores e
sinais equivalente para transmitir a mensagem com o mesmo núcleo de conteúdo. Entretanto,
apresenta também resultados positivos sobre os termos registrados e sob a exposição. Vale
frisar, o cuidado e a responsabilidade de não enxergar a língua de sinais na vertente de
ferramenta, que deve ser utilizada para fornecer e ser conhecedor de todos os sinais. Posto isso,
pontua-se novamente: a Libras é uma língua e a língua é viva, em constante mudança e
aquisição de conhecimento. Logo, não é sempre que será encontrado todos os sinais demarcados
para catalogação.
Em soma, ao realizar todo o processo de busca de dados, constatou-se o déficit no
conhecimento dos termos em Libras e também na língua portuguesa, evidencia que a criação
de glossários é de suma relevância para a comunidade surda, na interação interlíngua e
intercultural, bem como para a divulgação e reconhecimento da língua orientada para área da
ciência, ademais, pontua-se a importância da criação desses sinais e pesquisas encaminhadas
nesse viés, apresentando novos termos, aprimorando o léxico e o glossário. Ressalta-se
novamente a importância de criações de materiais de apoio, encaminhadas a uma perspectiva
individual – comunicacional -, porém que atinge a um todo – educacional-.
Na perspectiva amazônica denota-se a grandeza de conhecimentos e a gama de
informações territoriais que compõem o indivíduo e lhe propícia saberes da sua realidade, além
disso, consolida-se o pensamento da autora deste trabalho em dizer que futuramente, espera
visualizar a UFRA formando engenheiros de pesca surdos, médicos veterinários surdos,
ofertando além da graduação, o cenário em que os surdos ocupem qualquer espaço. Outrossim,
abre uma porta reflexiva ao denotar que apesar da existência do curso de Letras-Libras
integrado na Universidade Federal Rural da Amazônia, pesquisas e projetos como esse, voltado
a outro curso em questão, podem e devem se expandir além do curso de Letras, do espaço físico
daquele prédio.
Ao surdo ribeirinho, aos futuros surdos engenheiros de pesca, aos surdos de diferentes
povos amazônicos, para os apreciadores e estudiosos da temática, para cultura ouvinte e
contribuintes no processo de inclusão conclui-se que a partir do momento que a pessoa surda
se apresentar em diferentes instâncias da sociedade, o reconhecimento e o uso da sua língua
70
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BRASIL. Lei n° 10. 436 de abril de 2022. Dispõe sobre a Lingua Brasileira de Sinais -
Libras
3 e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília [2002]. Disponivel em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/110436.htm Acesso em: 25 mar.2022
BRITO, L. F. Por uma gramática de línguas de sinais. 2. ed. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro,
2010. [1995]
GESSER, Audrei. LIBRAS? que língua é essa?: Crenças e preconceitos em torno da língua
de sinais e da realidade surda. São Paulo: Parábola, 2009.
GODOI, Eliamar; LIMA, Maria Dias; LEITE, Letícia de Souza. Lı́ngua Brasileira de Sinais
– LIBRAS [recurso eletrônico]: a formação continuada de professores. 2. ed. – Uberlândia:
EDUFU, 2021. Acesso em: 06-04-223. Disponível em >
https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/34957<
MACÊDO, F.A. Glossário piloto de Libras- português para agrárias: uma proposta ao
curso de medicina veterinária da UFRA. Belém: 2020.
2007
NASCIMENTO, D.B; MELO, R.M; NETO, H.M.A. Estado da artes sobre educação e
surdez. Revista Saberes docente em ação, Maceió, v. 04, n. 01, abril de 2018.
POPE, Catherine; MAYS, Nicholas. Pesquisa qualitativa na atenção à saúde. 2ª edição. Porto
Alegre: Artmed, 2005. 118 p.
Apêndice A
AUTORIZAÇÃO
Eu, __________________________________________, telefone ______________, e-mail:
_________________________ declaro que li as informações acima sobre a pesquisa e que me
sinto perfeitamente esclarecido (a) sobre o conteúdo apresentado. Declaro ainda que, por livre
vontade, aceito participar da pesquisa, colaborando assim com a construção dos dados para
posterior análise.
Belém/PA, de março de 2023.
PARTICIPANTE DA PESQUISA
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Apêndice B
AUTORIZAÇÃO
Eu, _______________________________________, abaixo assinado, responsável pelo
___________________________________, autorizo a realização do estudo “Glossário Piloto Libras-
Português no contexto de Estudos Amazônicos e de Engenharia de Pesca”, tendo como enfoque da
pesquisa o registro nos vieses acima mencionados. O referido estudo é parte da pesquisa de Trabalho de
Conclusão de Curso de Licenciatura em Letras Libras /ICIBE/UFRA de Lívia Maria Bezerra dos Santos,
orientada pela Profa. Dra. Ana Cleide Vieira Gomes Guimbal de Aquino (UFRA). Fui informado (a)
pelos pesquisadores acerca das características e objetivos da pesquisa, bem como da necessidade da
realização de entrevista semiestruturada ao professor participante da pesquisa.
___________________________________________________
Assinatura
PESQUISADORAS:
Lívia Maria Bezerra dos Santos – (Acadêmica-Pesquisadora)
Profa. Dra. Ana Cleide Vieira Gomes Guimbal de Aquino (Orientadora – Professora –Pesquisadora -
UFRA)
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APÊNDICE C
ROTEIRO SEMIESTRUTURADO APLICADO AO COORDENADOR DO CURSO DE
ENGENHARIA DE PESCA
Perguntas realizadas:
1. O curso de pesca já ofertou a disciplina de Libras no caráter eletivo, optativa ou
obrigatória?
2. Se sim, qual foi o último ano que a displina de Libras foi requisitada?
4. Para você, qual a relação mais notória entre as temáticas do curso de Engenharia de
Pesca e a região Amazônica?
https://forms.gle/ErySF6DE9SsXA8tMA
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Apêndice D