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Ouço Talvez por medo
o corpo de que o mel desabe
da Primavera. e o tempo tenha de acolher-se,
abrasado de cio,
Na brisa na delícia e destreza
segura macias flores. de uma ingenuidade em absoluto
Dir-se-ia o delicioso rubor efémera.
dos seios. De que as rosas
Não sei se surgindo breve
da vergonha percam o engano e o frescor
de alguns botões ainda da voz.
por abrir.
Terno enredo Deixemo-lo, pois, entregue
o de escutá-lo no sobressalto e despontar ao claro som e asseio
do sexo: sentado do seu respirar.
conserva os joelhos apertados
contra o queixo,
furtando-o
a invisíveis e furiosas
abelhas.
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No campo; eu acho nele a musa que me anima: E perguntavas sobre os últimos inventos
A claridade, a robustez, a acção. Agrícolas. Que aldeias tão lavadas!
Esta manhã, saí com minha prima, Bons ares! Boa luz! Bons alimentos!
Em quem eu noto a mais sincera estima Olha: os saloios vivos, corpulentos,
E a mais completa e séria educação. omo nos fazem grandes barretadas!
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riança encantadora! Eu mal esboço o quadro oltemos. Na ribeira abundam as ramagens
Da lírica excursão, de intimidade, Dos olivais escuros. Onde irás?
Não pinto a velha ermida com seu adro; Regressam rebanhos das pastagens;
Sei só desenho de compasso e esquadro, Ondeiam milhos, nuvens e miragens,
Respiro indústria, paz, salubridade. E, silencioso, eu fico para trás.
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Andam cantando aos bois; vamos cortando as leiras; Numa colina azul brilha um lugar caiado.
E tu dizias: «Fumas? E as fagulhas? Belo! E arrimada ao cabo da sombrinha,
Apaga o teu cachimbo junto às eiras; om teu chapéu de palha, desabado,
olhe-me uns brincos rubros nas gingeiras! Tu continuas na azinhaga; ao lado
Quanto me alegra a calma das debulhas!» erdeja, vicejante, a nossa vinha.
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É um bom dissolvente.
Embora com excepções mas de um modo geral,
dissolve tudo bem, bases e sais.
ongela a zero graus centesimais
e ferve a 100, quando à pressão normal.
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Das palavras
que aprendeste
só uma
não tem tradução.
Quando traduzes
o amor, tu sabes
que é já outro o seu nome.
Assim são as algas
quando apodrecem.
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hove...
Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?
hove...
Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.
O cheiro da flor de laranja perfumou que vai ser recolhida pelas mãos
esta água, para a ablução dos pés de uma criança que ame os dons naturais;
de um poeta que antes fora nómada. verme, que sabes que eu outrora
Depois, porque não hei-de vestir-me com a túnica já fui muda, não-gerada e ausente,
da chuva, que me envolva como árvores
mostra-me o que mais sabes da chuva,
ou um corpo humano vivo e natural?
como és sinuoso nela, vivente,
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casa a casa
encontrava
e nop ar
o choque as destruía
silenciosamente,
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Dir-se-á depois
por púlpitos postos em silêncio;
peso também a decompor-se
no mesmo pouco som;
se desaba o desenho
da nave antes de fermentar
a cor da sua pedra,
como fermentam leite e lã
de ovelhas mais salinas.
Seu nome?
ive inscrito no perfume
desfolhado em redor
com que magoa e chama
ao resvalar nos dedos.
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Se esta flor tão bela e pura,
Que apenas uma hora dura,
Tem pintado no matiz
O que o seu perfume diz,
Por certo na linda cor
Mostra um suspiro d'amor:
Dos que eu chego a conhecer
É este o maior prazer.
E a rosa como um suspiro
Há-de ser; bem se discorre:
Tem na vida o mesmo giro,
É um gosto que nasce e - morre.
Em abril chegam os gatos: à frente
o mais antigo, eu tinha
dez anos ou nem isso,
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um pequeño tigre que nunca se habituou
às areias do caixote, mais foi quem
primeiro me tomou o coração de assalto.
eio depois, já em oimbra uma gata
que não parava em casa: fornicava
e paria no pinhal, não l'he tive
afeição que durasse, nem ela a merecia,
de tão puta. Só muitos anos
entrou em casa, para ser
senhor dela, o pequeno persa
azul. A beleza vira-nos a alma
do avesso e vai-se embora.
Por isso, quem me lambe a ferida
aberta que me deixou a sua morte
é agora uma gatita rafeira e negra
com três ou quatro borradelas de cal
na barriga. É ao sol dos seus olhos
que talvez aqueça as mãos, e partilhe
a leitura do "Público" ao domingo.
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hama-se Luís o gato do terceiro
ãozinho húmido,
ãozinho cagão,
Filho da pedra,
Pedra sob o cu
Osso barato,
Preta e branca pedra,
Rabo de vírgula,
Preto e branco és tu.
ão apenas,
Rapando terra
ãozinho de nada
Esconde as pernas.
No jardim de luxo
ãozinho da madrugada de Lisboa,
Dormindo na orilha,
Herbívoro por distracção,
E eu que sou da ilha,
Não corras atrás de nada!
Aguento o repuxo.
Ah, vida! adela em vão.
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Porque não escolhem antes
hegado o Outono, o conhecimento concentra-se nas asas perder-se na tempestade? Talvez visto do ar,
dos pássaros que pousam lentos sobre a cor dos frutos. aos seus olhos o mundo se torne mais pesado
Sem sentimentos, as aves entregam-se ao sabor do vento e o pensamento se confunda, na memória,
e deixam que no cérebro cresça a febre negra das urzes. com uma paisagem festiva de piras fúnebres.
Aquieta-os a experiência que conservam do espaço E contudo, apesar do carácter cerrado da atmosfera,
e que todas as tardes os inibe de partir para continentes o seu peso parece já ter-se deixado de sentir
mais prósperos e seguros. Sustém-os um atavismo sobre o discurso. irados para dentro,
apenas explicável pelo saber dos signos e o seu desejo as imagens em que se reflectem são
colectivo de suicídio. as de um mundo banhado pela penumbra.
Afogado na sua razão de ser. Mediúnico.
@magine-se agora o caçador a entrar
paisagem dentro para abater as peças
de que se compõe o cenário uma a uma:
vista de dentro, o Sol em que se esgota
a paisagem deixa cair as suas penas
sobre a imensidão que a chuva perturba.
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E porque gosta
ome as formigas.
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A velha está sentada na sala de espera. Mas breve volta atrás, como se se tivesse
hegou amparada pela filha, que a depositou ali esquecido ali de alguma coisa,
enquanto trata dos papéis. A aflição e demora-se um pouco a tentar lembrar o quê.
deve ter sido tão súbita e imperiosa
que a velha vem descomposta, Esfrega uma na outra as patas dianteiras,
não houve tempo para atender a pudores. celebrando a vitória que logo virá.
Perdeu algures um chinelo.
Assim se movem
as nuvens comovidas
no anoitecer
dos grandes textos clássicos.
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