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Edição e distribuição

INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO

Com essas palavras, o Papa Francisco, no dia 24


de maio de 2015, na solenidade de Pentecostes,
apresentou a Encíclica denominada de Laudato
Si’ - Louvado seja. Essa Encíclica ficou
conhecida no mundo inteiro, não apenas no
mundo católico, como um verdadeiro tratado em
defesa do planeta, a nossa casa comum e da vida
dos seres vivos.
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO

Não é possível mais que nos comportemos como se


comportaram os primeiros colonizadores deste
imenso País, sem perceber que todo mal que
fizermos contra a natureza as consequências
negativas indiscutivelmente nos chegarão.
INTRODUÇÃO

O QUE É
O BIOMA?

É um conjunto de vida (animal e vegetal) que se constitui pelo


agrupamento de tipos de vegetação identificáveis numa região,
com condições geográficas e climáticas similares. Isso resulta em
uma diversidade biológica própria. Dessa forma, um bioma é
formado por todos os seres vivos de uma determinada região, onde
a vegetação é similar e contínua, o clima é mais ou menos
uniforme e cuja formação tem uma história comum.
INTRODUÇÃO

No Brasil temos seis


biomas:
- Amazônia;
- Caatinga;
- Cerrado;
- Mata Atlântica;
- Pampa;
- Pantanal.
INTRODUÇÃO

No sofrimento dos seres vivos e na violência contra os biomas


brasileiros, nós pecamos contra a obra da criação divina. O chamado
da Igreja é um chamado ao reconhecimento do nosso erro, a uma
conversão pessoal e social e à retomada de uma relação mais justa e
mais humana com os biomas brasileiros e com os seres que aqui
vivem. Esta CF, bem como todas as que até aqui foram lançadas pela
Igreja do Brasil, tem o objetivo maior de transformar em vida o que a
morte parece vencer.
INTRODUÇÃO

É papel nosso, como cristãos


e como Igreja, a defesa
incondicional da vida não
apenas do homem, mas
também de toda a criação,
porque “um crime contra a
natureza é um pecado contra
Deus” (Patriarca Bartolomeu).
INTRODUÇÃO

Neste ano de 2017, o chamado


da Igreja é lançado a todas as
pessoas de boa vontade a
enfrentar com compromisso as
palavras do Criador que nos
convida a “cultivar e guardar a
criação”. A nossa caminhada de
fé não nos deixa ser indiferentes
à realidade de violência e de
descaso com que são tratados os
biomas brasileiros.
INTRODUÇÃO

A Igreja no Brasil sempre esteve atenta aos sinais dos


tempos na sua ação evangelizadora. Várias Campanhas
da Fraternidade voltaram-se para as situações existenciais
do nosso povo e abordaram temáticas socioambientais.
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
VER
VER - CAATINGA

Para falar da Caatinga, antes de tudo, há que se despir de


alguns preconceitos, principalmente daqueles relacionados
aos aspectos da pobreza paisagística e da biodiversidade,
características adotadas por quem desconhece a riqueza e a
importância da “Mata Branca”.
VER - CAATINGA

A Caatinga é o único bioma restrito ao território brasileiro,


ocupando basicamente a Região Nordeste, com algumas
áreas no estado de Minas Gerais. A vegetação da Caatinga
não apresenta a exuberância verde das florestas tropicais
úmidas e o aspecto seco das aparências dominadas por cactos
e arbustos sugere uma baixa diversificação da fauna e flora.
Para desvendar sua riqueza, é necessário um olhar mais
atento, mais aberto.
VER - CAATINGA

A caatinga revela sua grande biodiversidade, sua relevância


biológica e sua beleza peculiar. Muitas plantas perdem suas folhas
para reduzir a perda de água nos períodos de estresse hídrico,
renovando-as quando as chuvas chegam de uma forma tão rápida
e espetacular que a paisagem muda quase que da noite para o dia.
VER - CAATINGA

Contrastando com a relevância biológica da Caatinga, esse


bioma pode ser considerado um dos mais ameaçados do
Brasil. Grande parte de sua superfície já foi bastante
modificada pela utilização e ocupação humana e, ainda,
muitos Estados são carentes de medidas mais efetivas de
conservação da diversidade, como a criação de unidades de
conservação de proteção integral.
VER - CAATINGA
O estudo e a conservação da diversidade biológica da
Caatinga são um dos maiores desafios da ciência
brasileira. Há vários motivos para isso:

Primeiro, a Caatinga é a única grande região natural


brasileira cujos limites estão inteiramente restritos ao território
nacional;

Segundo, a Caatinga é, proporcionalmente, a região menos


estudada entre as regiões naturais brasileiras, com grande parte
do esforço científico estando concentrado em alguns poucos
pontos em torno das principais cidades da região;
VER - CAATINGA
 Terceiro, a Caatinga é a região natural brasileira menos
protegida, pois as unidades de conservação cobrem menos de
2% do seu território;

 Quarto, a Caatinga continua passando por um extenso


processo de alteração e deterioração ambiental, provocado pelo
uso insustentável dos seus recursos naturais, o que está levando à
rápida perda de espécies únicas, à eliminação de processos
ecológicos chaves e à formação de extensos núcleos de
desertificação em vários setores da região.
VER - CAATINGA
A palavra Caatinga é de origem tupi-guarani, que significa “mata branca”
e este é o único bioma exclusivamente brasileiro. É o semiárido mais
chuvoso do planeta. É muito rica em biodiversidade tanto vegetal quanto
animal. Nos períodos sem chuva, cerca de oito meses por ano, ela
“adormece”, hiberna, poupa água, para voltar à vida plena durante as
primeiras chuvas.
VER - CAATINGA

A “ressurreição anual da Caatinga” é um dos espetáculos mais belos oferecidos


pelos biomas brasileiros. Para os que acham essa região inviável, ou a tem como
um absurdo, demonstram pouco conhecimento da realidade brasileira. Dos 27
milhões de brasileiros que habitam esse bioma, grande parte vive no meio rural e
essa população tem um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH)
do planeta.

A Caatinga abriga 178 espécies de mamíferos, 591 tipos de aves,


177 tipos de répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 classes de peixes
e 221 espécies de abelhas (MMA, 2016).
VER - CAATINGA
Os povos originários e cultura-sociodiversidade

Os meios de sobrevivência do povo, que aqui sempre habitou,


encontraram na sabedoria popular uma nova lógica para viver.
VER - CAATINGA
Existem inúmeras comunidades tradicionais nesta convivência com o clima e a
vegetação da Caatinga:

a) 300 associações de “Fecho ou Fundos de Pasto” (esse é o modo de vida comunitária,


onde a gestão da terra e de outros recursos naturais articulam terrenos familiares e
áreas de uso comum).

b) Mais de 30 nações indígenas.

Essas comunidades e os povos que nelas habitam lutam:


- Pela demarcação de suas terras;
- Pelo reconhecimento de seus direitos;
- E pela plena cidadania.

Aproximadamente 40% da população deste bioma


ainda vivem no meio rural.
VER – CAATINGA
As belezas, as fragilidades e os desafios
VER - CAATINGA

A essa imagem e a esse bioma associam-se as


tragédias humanitária e social em tempos de
secas e estiagens mais prolongadas. A ideia de
uma região inviável economicamente saltou ao
olhar da imaginação do Brasil e do mundo. Essa
imagem contribui até hoje para o preconceito que
sofrem os nordestinos no resto do Brasil.
VER - CAATINGA
Nos dias atuais, um novo olhar surge para perceber, no
clima seco e no sol estorricante do Nordeste, potenciais
para a geração de energia solar e para o cultivo de frutas
como cajá, maracujá e umbu, bem como para a criação de
abelha e extração de mel e a criação de cabras e ovelhas.
VER - CAATINGA

As chuvas que caem por aqui podem até não ser


generosas como as que caem no Sul e Sudeste,
no entanto, dos 750 bilhões de metros cúbicos
de água, que caem anualmente nesta região,
apenas 36 bilhões de metros cúbicos são
armazenados. Isso significa que o desperdício é
muito maior que o armazenamento das águas da
chuva.
VER - CAATINGA
A Caatinga tem poucas nascentes e rios perenes, bem como
pouca formação geológica capaz de armazenar água. O maior
deles é o Rio São Francisco, que nasce em Minas Gerais e
banha 5 dos Estados que compõem o bioma da Caatinga. 99%
dos rios que cortam a Caatinga correm apenas em época de
chuva.
VER - CAATINGA

A Caatinga tem sido agredida pelo desmatamento para o plantio de culturas que
raramente se adaptam adequadamente, como por exemplo o caso do ciclo do algodão.
A ação do homem já alterou 80% da cobertura original, que tem menos de 1% de sua
área protegida, em 36 unidades de conservação.

Outras causas do desmatamento são:

- O gado bovino solto nas caatingas;


- Geração de madeira para a indústria de gesso e para as carvoarias.
VER - CAATINGA
A partir dos anos 90, do século passado, a sociedade civil brasileira
acompanhou algumas mudanças, que se processaram no semiárido, a
partir desse clima e da riqueza da Caatinga. São iniciativas que têm
contribuído para a transformação desta região, antes considerada como
uma região pobre e economicamente inviável. É nesse contexto que
foram propostas e realizadas políticas de “convivência com o
semiárido” brasileiro.
VER - CAATINGA
As mudanças acontecidas foram acompanhadas da certeza de que a
seca é um fator natural e não pode ser combatida. No entanto, é
possível criar meios para viver bem nesse ambiente:

 Captação da água de chuva para beber e produzir;


 Manejo da Caatinga;

 Agroecologia e educação na defesa dos territórios das comunidades


tradicionais e indígenas;
 Reforma agrária;

 Valorização da cultura local;

 Saberes dos povos catingueiros;

 Aproveitamento inteligente da energia solar e dos ventos.


VER - CAATINGA
Nessa perspectiva da defesa do desenvolvimento
sustentável e da convivência com o semiárido, em 1990
surgiu a Rede de Articulação no Semiárido (ASA). Essa
rede é formada por mais de três mil organizações da
sociedade civil (sindicatos rurais, associações, cooperativas,
ONGs, etc.).
A ASA construiu vários projetos, dentre eles destacamos:
 Um milhão de cisternas (PMC);

 Uma terra e duas águas (P1+2);

 Cisternas nas escolas e sementes do semiárido.


VER - CAATINGA
Esses projetos têm beneficiado milhões de pessoas em toda a região, com a captação
da água de chuva para uso doméstico e produção econômica. O resultado de todos
esses projetos foi sentido nesta última grande seca (2012-2015), onde não se repetiu
a tragédia social e humanitária de outras épocas. Não se viram migrações intensas,
fome, sede, miséria, saques e mortalidade, particularmente a infantil.

Outras conquistas gestadas, a partir da sociedade civil, fizeram expandir-se uma rede
de infraestrutura social que é fundamental como:

 Energia elétrica;
 Adutoras;
 Telefonia;
 Internet;
 Transporte;
 Melhoria nas habitações;
 Conquista do salário mínimo para os trabalhadores rurais.
VER - CAATINGA
 Do ponto de vista técnico, falta uma política que facilite a
convivência do homem com a Caatinga, com projetos que
viabilizem a geração de riqueza por uma forma sustentável
e não agressiva ao meio-ambiente. Essa política estrutural
de geração de riqueza e sustentabilidade muitas vezes é
contrariada por outros problemas ecológicos.
VER - CAATINGA

 O semiárido brasileiro é também carente em políticas


públicas na área da saúde, com acentuado crescimento da
violência no campo e do uso de drogas nas cidades do
interior. A violência no campo tem provocado a migração
para as áreas urbanas, dentro do próprio Nordeste.
VER - CAATINGA
Contribuição Eclesial

O Padre Ibiapina e o Padre Cícero são


considerados percussores da “convivência com
o semiárido”. Os mandamentos ecológicos do
Padre Cícero continuam como referência para
milhares de sertanejos na sua relação com a
Caatinga.
VER - CAATINGA
VER - CAATINGA

O povo residente neste bioma tem uma forte identificação com o


tempo da Quaresma e da Semana Santa. Nos mistérios da Paixão,
Morte e Ressurreição de Cristo, o povo encontra a luz para iluminar
seu próprio sofrimento do dia a dia. No bioma Caatinga, a proposta
evangelizadora do Pe. Ibiapina e as ações para amenizar os problemas
do povo foram as que mais contribuíram para amenizar os sofrimentos
e problemas do povo.
VER - CAATINGA
Atualmente, a vida de fé das comunidades cristãs, presentes neste
bioma, é marcada pela piedade popular, pela devoção e pelas
romarias com forte presença de santuários e, nas últimas décadas,
pela atuação das pastorais sociais. Foi na região Nordeste que
surgiram as experiências da Campanha da Fraternidade e das CEBs.
VER – MATA ATLÂNTICA

A Mata Atlântica é uma das áreas mais ricas em


biodiversidade e mais ameaçadas do planeta. É
decretada pela UNESCO e pelo Patrimônio
Nacional como Reserva da Biosfera na
Constituição Federal de 1988.
VER – MATA ATLÂNTICA
Hoje restam apenas 8,5% de remanescentes florestais acima de 100
hectares do que existia originalmente. Vivem na Mata Atlântica,
atualmente, quase 72% da população brasileira (IBGE 2014). Isso
corresponde a mais de 145 milhões de habitantes, distribuídos em
3.429 municípios que, por sua vez, correspondem a 61% dos
municípios existentes no Brasil. A maioria das nossas capitais
litorâneas, das grandes regiões metropolitanas, concentra-se neste
Bioma.
VER – MATA ATLÂNTICA
Biodiversidade na Mata Atlântica

Neste Bioma vivem mais


de 20 mil espécies de
plantas, 270 espécies de
mamíferos conhecidos,
992 espécies de aves, 197
espécies de répteis, 372
espécies de anfíbios e 350
espécies de peixes.
VER – MATA ATLÂNTICA

A Mata Atlântica tem sofrido ao longo do tempo vários tipos de pressão e


exploração:

 Extração do Pau-Brasil;
 Ciclos de cana-de-açúcar, café, ouro e fumo;

 Devastação das araucárias;

 Intensa exploração predatória de madeira e espécies vegetais;

 A industrialização e a expansão urbana desordenada, poluição do ar, das


águas, do solo.
VER – MATA ATLÂNTICA
Manguezais
Devido a sua grande importância
ambiental, são designados como Áreas
de Preservação Permanente (APP).

É neste Bioma que encontramos também o lugar da


beleza e do lazer para milhões de brasileiros e
turistas. Aqui existe um ecossistema muito
particular: os manguezais, que têm um papel
especial para o planeta, para as espécies e para
muitos povos no Brasil e no mundo.
VER – MATA ATLÂNTICA
Os povos originários e cultura
Originalmente, este Bioma era
ocupado por povos indígenas:
Tamoio, Temininó,
Tupiniquim, Caetés, Potiguar,
Pataxó e Guarani. Estes foram
os primeiros a sofrer com a
chegada e a exploração dos
colonizadores.

Os brancos espalharam doenças, usaram os índios como


soldados e como escravos. Vários desses povos foram extintos e
os que sobreviveram sofrem até hoje as pressões da civilização.
VER – MATA ATLÂNTICA

Neste Bioma existem hoje populações praieiras,


quilombolas, remanescentes indígenas, além da imensa
concentração populacional urbana. Nos manguezais, a
atividade pesqueira é o meio de sobrevivência para
muitas famílias. Mulheres pescadoras/marisqueiras
exercem uma forte relação com os manguezais.
VER – MATA ATLÂNTICA
Fragilidades e desafios
Junto com a grande concentração populacional, a exemplo das
grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador,
Recife e Porto Alegre, vieram grandes problemas como
desmoronamentos, falta de saneamento básico, concentração
urbana sem planejamento, causando ocupação de áreas de risco,
de mananciais, de encostas, mudando o clima e a qualidade do
ar, devido aos gases liberados pelas indústrias e veículos.
VER – MATA ATLÂNTICA
Contextualização Política
A ameaça a este Bioma nasce da falta de consciência ecológica de grande
parte da população brasileira, da omissão do poder público, da ganância
capitalista, da degradação do meio ambiente e da expulsão de diversas
comunidades. Outra grande ameaça é a falta de saneamento básico. Grande
parte dos esgotos das residências urbanas e rurais é despejada diretamente nos
rios, no mar e nos mangues, assim como o descarte inadequado de resíduos.
VER – MATA ATLÂNTICA
Contextualização Política
Outra grande ameaça é a especulação imobiliária que serve
exclusivamente ao turismo de massa. Extensas áreas de mangues
são destruídas ao longo do litoral para construção de hotéis, resorts
e casas de veraneio. Na medida em que essas atividades
desenvolvem-se, dá-se também a morte dos manguezais e de
comunidades inteiras, que dependem desse ecossistema para
continuar vivendo.
VER – MATA ATLÂNTICA
Contribuição Eclesial

A evangelização chegou a este Bioma com os primeiros


colonizadores. Inúmeras cidades da Mata Atlântica carregam a
marca da Igreja: Salvador, Olinda, Rio de Janeiro, Mariana e muitas
outras. No entanto, isso não quer dizer que os povos que aqui,
originalmente, viviam não tinham religião, espiritualidade ou fé.
VER – MATA ATLÂNTICA
Contribuição Eclesial

Com o passar dos anos, a história da


Igreja neste Bioma foi de grande
contribuição na defesa da vida dos
povos originários e na defesa deste
Bioma. Fato marcante foi a fundação
da CNBB e a criação de novas
dioceses com forte empenho na
implantação das orientações do
Concílio Vaticano II, das Conferências
Latino Americana, Rio de Janeiro,
Medellín, Puebla, Santo Domingo e
Aparecida.
VER – MATA ATLÂNTICA
Contribuição Eclesial

A contribuição da Igreja na construção


do Brasil só é possível ser descrita a
partir da experiência de cada Diocese
que, com seus pastores, seu clero e
seus leigos, enfrentou grandes
desafios e contribuiu positivamente na
defesa da vida humana, da natureza e
do meio ambiente.
VER – MATA
JULGAR
ATLÂNTICA
JULGAR
Nossa fé aponta um caminho
Harmonia Original:
O mundo criado objetivo: o mundo foi criado por
Deus. A Sagrada Escritura revela-
nos em suas primeiras páginas que
o mundo é obra desejada por Deus,
criado harmonicamente por amor.
A obra da criação é apresentada em
dois relatos diferentes. Neles Deus
vai organizando progressivamente
tudo até a conclusão da sua obra.
JULGAR
Harmonia Original: o mundo criado
PRIMEIRO RELATO: apresenta a criação sendo
realizada em sete dias (Gn1-2, 4a). Cada dia tem em
seu programa um elemento necessário para a
continuidade da obra no outro dia: a luz, o firmamento
e a separação das águas, o solo firme para nele fazer
brotar as plantas, os luzeiros para separar dia e noite, os
seres vivos das águas e os pássaros e os animais
terrestres. O sétimo dia tem como programa o descanso
de Deus. Nessa perspectiva, a criação é apresentada a
partir de uma inter--relação de seus elementos.
JULGAR
Harmonia Original: o mundo criado

A Bíblia afirma que nenhum ser existe


isoladamente, todos estão relacionados. É nessa
harmonia que todas as criaturas de Deus são
muito boas (Gn 1, 31).
JULGAR
Harmonia Original: o mundo criado

SEGUNDO RELATO: é mais direto: Deus


confia ao homem o papel de guarda da criação.
Por isso, Deus modela o homem do barro e o
coloca em um jardim para cultivar e guardar (Gn
2, 5.15). Aqui se percebe que, no ideal inicial, o
homem possui três tipos de relação: com Deus,
com a obra criada e com seu próximo.
JULGAR
A ordem de Deus “enchei a terra e submetei-a” (Gn 1,
28) não pode ser vista como favorecimento à exploração
selvagem da natureza. Na Encíclica Laudato Si’, o Papa
Francisco explica que “cultivar quer dizer lavrar ou
trabalhar um terreno e guardar significa proteger, cuidar,
preservar, velar. Isso implica uma relação de
reciprocidade responsável entre o ser humano e a
natureza” (LS 67). Com isso se confirma o que está
escrito em DT 10, 14 “ao Senhor pertence a terra e o
que ela encerra” e o que canta o salmista “do Senhor
é a terra” (Sl 24, 1).
JULGAR
A aliança rompida e o pecado

Na Sagrada Escritura encontramos


também a realidade do pecado que
rompe a relação do homem com Deus.
É pela desobediência a Deus que o
homem provoca uma interrupção de
continuidade nas relações com o
Criador com consequências imediatas.

A primeira relação a ser ferida é com Deus. Adão e Eva, que antes
conviviam com Deus no Jardim, agora têm medo e Dele se escondem
(Gn 2,10). É a arrogância e a autossuficiência que, tomando conta do
coração do homem, fazem-no querer “ser igual a Deus” (Gn 3, 5).
JULGAR
É o desejo de ocupar o lugar de Deus,
que mostra a que ponto chega a ruptura
da relação do homem com Deus. A partir
daí as relações fraternas são substituídas
e transformadas em violência: Abel
assassina Caim (Gn 4, 8) e a injustiça vai
se espalhar sobre a terra (Gn 4, 23). É
jardim que se transforma num campo de
guerra onde o sangue do irmão é
derramado. A linguagem do amor perde-
se e nascem os desentendimentos e as
rupturas nas relações com o próximo,
com Deus e com a criação.
JULGAR
Em suas parábolas, Jesus faz perceber
que a criação contém em si
explicações do agir de Deus (Mc 4,
39); e de realidades relativas ao Reino
de Deus. Na sua catequese, Jesus
utiliza elementos da criação:

- A graça de Deus é comparada a uma fonte de água viva (Jo 4, 10-14);


- A bondade de Deus é comparada à chuva que cai sobre justos e injustos (Mt 5, 45);
- A relação de Deus com o homem é comparada com a vinha e seus ramos (Jo 15);
- A fé é comparada à semente;
- E o coração do homem é comparado com o terreno onde a semente é lançada (Mc 4, 1-20).
JULGAR

Laudato Si`:
Ponto Culminante
de um caminho

 Na Encíclica Laudato Si’ o Papa Francisco reúne


pronunciamentos e documentos do magistério da Igreja, que
ainda hoje contribuem, de forma significativa, para o
aprofundamento e para a divulgação dos grandes desafios e da
busca coletiva de soluções. Nessa Encíclica, o Papa Francisco faz
ligação entre violência e desrespeito contra a natureza, questões
sociais, econômicas e éticas.
JULGAR
“... por motivos da exploração inconsiderada da
natureza, o homem começa a correr o risco de
destruí-la e de vir a ser, também ele, vítima dessa
degradação. Não só já o ambiente material torna-
se uma ameaça permanente, poluições e lixo,
novas doenças, poder destruidor absoluto; é
mesmo o quadro humano que o homem não
consegue dominar, criando assim, para o dia de
amanhã, um ambiente global, que poderá tornar-se
insuportável. Problema social de envergadura,
esse, que diz respeito à inteira família humana. O
cristão deve voltar-se para essas perspectivas
Beato Paulo VI: novas, para assumir a responsabilidade,
A consciência do juntamente com os outros homens, por um destino,
desafio ecológico. na realidade, já comum” (Octogésima adveniens -
14 de maio de 1971).
JULGAR

São João Paulo II:


Ecologia e Ética

 São João Paulo II aprofundou essa reflexão, chamando a


atenção para as ligações que há entre todas as criaturas:
“é preciso levar em conta a natureza de cada ser e as
ligações mútuas entre todos, em um Sistema ordenado
que é justamente o cosmos” (Encíclica Solicitude Rei
Socialis - 30 de dezembro de 1987).
JULGAR
 O Papa Bento XVI retomou e fortaleceu a relação
inseparável que existe entre “ecologia da natureza”,
“ecologia humana” e “ecologia social”.

“A Igreja tem uma


responsabilidade pela criação e
deve valer essa responsabilidade
em publico. E ao fazer isso deve
defender a terra, a água e o ar
como dons da criação pertencentes
a todos. Deve proteger o homem
Bento XVI: A contra a destruição de si mesmo”
(Caritas in Veritate n° 61).
ecologia humana
JULGAR
No magistério do Papa Francisco aparece claramente esta
continuidade com seus antecessores. A ecologia é vista não de forma
isolada da vida dos seres humanos, da natureza, do meio ambiente,
da criação e da sociedade. Retoma a ideia de que a “ecologia
humana e ecologia ambiental caminham juntas”. Uma das palavras-
chave é “harmonia”.

Papa Francisco:
Ecologia Integral.
JULGAR
“a causa do problema não é só econômica, é ética e antropológica. E
o que manda hoje não é o homem, é o dinheiro, o dinheiro manda. E
Deus, nosso Pai, deu a tarefa de guardar a terra não para o dinheiro,
mas para nós: aos homens e às mulheres, nós temos essa tarefa! O
que vemos hoje é o contrário: homens e mulheres são sacrificados
aos ídolos do lucro e do consumo: é a ‘cultura do descarte’”.

Papa Francisco:
Ecologia Integral.
JULGAR

Papa Francisco:
Ecologia Integral.

O apelo do Papa Francisco é categórico: “O tempo para encontrar


soluções globais está acabando”. Só podemos encontrar soluções
adequadas se agirmos juntos e de comum acordo. Portanto, existe
um claro, definitivo e improrrogável imperativo ético de agir
(Conferência de Lima, 27 de novembro de 2014).
JULGAR

Papa Francisco:
Ecologia Integral.

“É necessário dispormos de espaços de debates, onde todos aqueles que


poderiam, de algum modo, ver-se, direta ou indiretamente, afetados
(agricultores, consumidores, autoridades, cientistas, produtores de
sementes, populações vizinhas dos campos e outros) tenham
possibilidade de expor as suas problemáticas ou ter acesso a uma
informação ampla e fidedigna para adotar decisões tendentes ao bem
comum presente e futuro” ( Laudato Si`: n° 135).
AGIR
AGIR - CAATINGA
A Caatinga é rica em biodiversidade e ao mesmo tempo é um bioma
extremamente frágil. Sua flora é constituída por espécies com histórica
adaptação ao calor e à seca. De forma que se o solo for alterado pelo uso
de máquinas torna-se incapaz de naturalmente se reestruturar. Nas últimas
décadas, 40.000 km² da Caatinga transformaram-se em deserto por
interferência do homem e a sua exploração segue em ritmo preocupante.
AGIR - CAATINGA
Os 11 preceitos do Padre Cícero em favor da Caatinga

1. Não derrube o mato nem mesmo um só pé de


pau;
2. Não toque fogo no roçado nem na Caatinga;
3. Não cace mais e deixe os bichos viverem;
4. Não crie o boi nem o bode soltos; faça cercados e
deixe o pasto descansar para se refazer;
5. Não plante em serra acima nem faça roçado em
ladeira muito em pé; deixe o mato protegendo a
terra para que a água não a arraste e não se perca a
sua riqueza;
6. Faça uma cisterna no oitão de sua casa para
guardar água da chuva;
AGIR - CAATINGA
Os 11 preceitos do Padre Cícero em favor da Caatinga
7. Represe os riachos de 100 em 100 metros,
ainda que seja com pedra solta;
8. Plante cada dia pelo menos um pé de
algaroba, de caju, de sabiá ou outra árvore
qualquer, até que o sertão todo seja uma mata
só;
9. Aprenda a tirar proveito das plantas da
Caatinga, como a maniçoba, a favela e a
jurema; elas podem ajudar a conviver com a
seca;
10. Se o sertanejo obedecer a esses preceitos, a
seca vai aos poucos se acabando, o gado
melhorando e o povo terá sempre o que comer;
11. Mas, se não obedecer, dentro de pouco tempo
o sertão todo vai virar um deserto só.
AGIR - CAATINGA
OUTRAS AÇÕES A SEREM REALIZADAS COMO EXERCÍCIO
QUARESMAL NESTA CAMPANHA DA FRATERNIDADE:

 Retomar a discussão sobre os problemas sociais enfrentados nas


pequenas e médias cidades em relação ao esgotamento sanitário e ao
Plano Municipal de Saneamento Básico;
 Reforçar os projetos da Articulação no Semiárido Brasileiro de Um
Milhão de Cisternas (P1MC) e o Uma Terra e Duas Águas (P1+2);
 Ampliar a rede de captação de água da chuva para beber e produzir;

 Desenvolver a captação da energia solar descentralizada como fonte


de renda para as famílias e produção de energia;
 Incentivar a energia eólica, com projetos que sejam do interesse das
comunidades tradicionais e reforçar a luta pela reforma agrária;
AGIR - CAATINGA
OUTRAS AÇÕES A SEREM REALIZADAS COMO EXERCÍCIO
QUARESMAL NESTA CAMPANHA DA FRATERNIDADE:

 Reforçar a luta pela “educação contextualizada” nas escolas


públicas, para aprofundar um entendimento mais correto do que é o
semiárido e a própria Caatinga;
 Reforçar o desenvolvimento da agroecologia adaptada ao semiárido,
com o manejo cuidadoso da Caatinga em favor de seus povos;
 Denunciar o uso dos agrotóxicos usados de forma indiscriminada
para o aumento da produção e proteção das pragas na agroindústria;
 Reforçar a proposta do desmatamento zero na Caatinga para
combater o desmatamento e a deserticação;
AGIR - CAATINGA
OUTRAS AÇÕES A SEREM REALIZADAS COMO EXERCÍCIO
QUARESMAL NESTA CAMPANHA DA FRATERNIDADE:

 Reforçar as iniciativas do “recaatingamento”,


perenezação inteligente de rios e riachos para
armazenar água;
 Fortalecer e ampliar a defesa da revitalização do Rio
São Francisco;
 Reforçar a criatividade dos povos originários;

 Buscar parceria com o Ministério Público a fim de


que a implantação, a ação, e os impactos ambientais
das mineradoras possam ser devidamente fiscalizados.
AGIR – MATA ATLÂNTICA
Em meio ao grito agonizante da Mata Atlântica, homens e mulheres que
amam, cultivam e defendem a criação gritam juntos pela vida, pela luz e
pela ecologia integral. No grito de cada homem e de cada mulher de boa
vontade existe o desejo de um progresso sem destruir a vida que mantém e
gera novas vidas, frutos da criação de Deus. É a natureza que pede socorro
e o Criador que chora por tantas espécies de plantas e animais que foram e
outros que estão sendo ameaçados de extinção.
AGIR - CAATINGA
Contemplando as maravilhas da criação, vejamos o que queremos e
faremos em defesa deste bioma:

 Exigir do poder público a recuperação das áreas degradadas como: matas


ciliares e nascentes;
 Defender os territórios indígenas, quilombolas e demais comunidades
tradicionais;
 Exigir que as políticas de saneamento básico sejam implantadas em toda área
urbanizada e rural deste bioma;
 Apoiar a Lei de Iniciativa Popular do Movimento dos Pescadores pela
demarcação dos territórios pesqueiros;
AGIR - CAATINGA
Contemplando as maravilhas da criação, vejamos o que queremos e
faremos em defesa deste bioma:

 Apoiar ações que fortaleçam a despoluição de rios que cortam nossas cidades;
 Apoiar as ações em defesa deste bioma frente ao avanço das mineradoras que
degradam e retiram riquezas que provocam perdas humano-culturais;
 Participar e acompanhar a efetivação do plano diretor da cidade, sobretudo em
relação ao saneamento básico;
 Apoiar a produção agroecológica com base na agricultura familiar;
 Incentivar o consumo de produtos agroecológicos e sustentáveis.
CELEBRAR

Quais iniciativas, presentes em nossa Paróquia ou Diocese


são ações de defesa e de convívio com o nosso Bioma na busca de uma
harmonia entre o homem e a natureza?
OBRIGADO!

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