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Análise do Comportamento Aplicada – ABA

Análise Experimental do Comportamento -


AEC
Behaviorismo Radical

IVAIPORÂ
2019

Núcleo de Psicologia e
Ciências do Comportamento
Rafael de Farias Sass
Objetivos

1. Contexto Histórico
2. O que é Aprendizagem
3. Conceito - ABA
4. Comportamento Respondente
5. Condicionamento Respondente
6. Comportamento Operante
7. Condicionamento Operante
Análise do Comportamento Aplicada –
ABA
Análise Experimental do Comportamento -
AEC
Behaviorismo Radical

IVAIPORÂ
2019

Núcleo de Psicologia e
Ciências do Comportamento
Rafael de Farias Sass
Contexto Histórico:
Psicologia Comportamental
Núcleo de Psicologia e
Ciências do Comportamento
Breve Histórico
No final do século XIX e inicio do século XX, ocorre uma busca pela cientificidade da psicologia (Baum, 2006).
Neste período surge duas correntes que teve grande influência para o desenvolvimento da filosofia do
behaviorismo:
Psicologia Objetiva: preocupação em desenvolver métodos mais passíveis de verificação.
• 3º Intensidade/Limiar de Percepção: escala para medir a intensidade das sensações – G. Fechner.

• 2º Reflexos: estudo da associação de reflexos simples com sinais do laboratório – condicionamento clássico –
Ivan Pavolov.

• 1º Tempo de Reação - Donders.

 Psicologia Comparativa: conhecer a origem dos traços mentais humanos a partir de experimentos controlados com
animais.
 Tem como viés mostrar que a continuidade da espécies não são arbitrarias, mas são produtos de seleção de
processos bem refinados, pois o processo do reforço nos animais também acontece nos indivíduos.
 O comportamento do indivíduo também evoluí.
Compreendendo o Behaviorismo
 A primeira versão do Behaviorismo: Surgiu em 1913 com o seu percursor J. Watson, através do seu artigo “Psychology as
the behaviorist views it”.
 Watson, incorpora uma nova forma de produzir conhecimento. Incorporando a psicologia objetiva e a psicologia
comparativa.
• Surge então o Behaviorismo Metodológico que evita termos relacionado a eventos privados, mentais e fictícios.
• O Behaviorismo Metodológico de Watson, não ira estudar a mente, pensamento, desejo e memória. Pois são termos que
leva a introspecção e Watson se utiliza de medidas objetivas e deterministas para analisar o comportamento do indivíduo.

 O Behaviorismo Radical: Tem como seu precursor B. F. Skinner.


 Preocupação com a cientificidade.
 Não há como separar o mundo objetivo do mundo subjetivo.
 O Behaviorismo Radical de Skinner ira fazer objeções ao mentalismo acerca da utilização da autonomia que são causas
mentais que obstruem a investigação e desviando atenção para agentes e lugares fantasmagóricos como: mente, ego,
personalidade, espíritos, desejos, repressão, arquétipos etc.
 Outra objeção que o Behaviorismo Radical faz ao mentalismo é devido a redundância explanatórias que são antieconômicas
(Baum, 2006).
COMO OS COMPORTAMENTOS Núcleo de Psicologia e
SÃO DETERMINADOS? Ciências do Comportamento
Comportamentos são determinados?

1. Skinner se baseou na Seleção natural (teoria da evolução) proposta por C. Darwin para descrever seu
modelo de comportamento e mostrar como o estudo do comportamento pode ser complexo.

2. As leis de sobrevivência e extinção foram aplicadas a aprendizagem, manutenção e modificação de


comportamentos.

3. Como? Assim como características físicas/biológicas podem ser selecionadas pelo ambiente, o
comportamento que se adapta ao ambiente “sobrevive” – mantém, aumenta em frequência –
enquanto que o comportamento que não se adapta ou não é mais funcional, útil, “morre”, entra em
extinção, dando margem a aquisição/aprendizagem de um novo comportamento.
O MODELO DE SELEÇÃO Núcleo de Psicologia e
PELAS CONSEQUÊNCIAS Ciências do Comportamento
Comportamentos são determinados?
O behaviorismo Radical é também muito conhecido pelo modelo de seleção pelas consequências.

Quais consequências? De sobrevivência e extinção.

Portanto, o comportamento é produto de:

Variáveis filogenéticas – comportamentos são mantidos e transmitidos pelos genes de uma determinada espécie,
isso caracteriza o ser humano como um humano, o rato como um rato...

Variáveis ontogenéticas – comportamentos são adquiridos, mantidos e extintos durante a história de interação de
um organismo com os seus pares – durante a história de vida – única, inigualável.

Variáveis Culturais – os seres humanos participam de grupos que possuem práticas culturais parecidas e distintas.
Estas práticas são transmitidas via cultura, podendo se manter por décadas ou se extinguir a depender das mudanças
do ambiente. Portanto as práticas (comportamentos sociais) também se adaptam e podem sobreviver ou morrer.
Comportamentos são determinados?
Dividi-se em três níveis:

Filogenético (biológico) – Nível 1

Explica: características (anatômicas e comportamentais) das espécies; novas espécies; observada ao longo de gerações.

Ontogenético (psicológico) – Nível 2

Explica: características psicológicas (comportamentais) de indivíduo; novos comportamentos; observada durante a


vida.

Cultural (Social) – Nível 3

Explica: características culturais; novas práticas culturais; permanece por gerações diferentes (transmissão cultural).
Filogenético (biológico) – Nível 1
Filogênese

“desenvolvimento de formas a partir de outras formas vivas”.

Filogenia

“sucessão genética das espécies orgânicas”.

Filogenético

“relativo à filogenia”.
Filogenético (biológico) – Nível 1
O que pode variar?

Anatomia

Cor, tamanho, forma, peso, etc...

Fisiologia

Comportamentos inatos
Filogenético (biológico) – Nível 1
A Curva Normal – Deslocamento da Média
Período 1 Período 2
Filogenético (biológico) – Nível 1

O pescoço da girafa cresceu para que ela se adaptasse ao ambiente.

Certo Errado
Filogenético (biológico) – Nível 1
X
O pescoço da girafa cresceu para que ela se adaptasse ao ambiente.

Certo Errado

Havia girafas com pescoços maiores e menores (variabilidade). O ambiente


mudou: as copas das árvores, por algum motivo, ficaram mais altas. Girafas com
pescoços maiores tiveram maiores chances de se alimentar, sobreviver e passar
seus genes adiante (seleção).
Filogenético (biológico) – Nível 1
Características selecionadas:

Anatomia característica

Fisiologia característica

Reflexos Inatos

Suscetibilidade ao emparelhamento de estímulos (condicionamento clássico) –


aprendizagem

Suscetibilidade às consequências de seus atos (condicionamento operante) - aprendizagem


Ontogênese (psicológico) – Nível 2
Ontogênese

“série de transformações sofridas por um ser desde a fecundação até ao completo


desenvolvimento”

Ontogenia

“Descreve a origem e o desenvolvimento de um organismo desde o ovo fertilizado até sua forma
adulta”

Ontogenético

“relativo à ontogenia”
Ontogênese (psicológico) – Nível 2
“A suscetibilidade dos organismos às contingências de reforço permitiu a evolução do
segundo nível de seleção pelas conseqüências”

Aprendizagem

Condicionamento operante

SD – R -> C

condicionamento respondente

S -> R
Variabilidade (Variação) – Nível 2
“Oi!”

“Olá!”

“Tudo bem?”

“Hi!”

“Hello!”

“How are you?”

“Vossa mercê”

“Você”

“Ocê”

“Cê”
Cultural (Social) – Nível 3
Cultural (Social) – Nível 3
Cultural (Social) – Nível 3
Cultural (Social) – Nível 3
Fontes de variabilidade/variação

Migração

Diferenças individuais

“Pressões ambientais”
Núcleo de Psicologia e
O QUE É APRENDIZAGEM? Ciências do Comportamento
O que é aprendizagem para ABA?
 Aprendizagem, é uma demonstração de comportamento novo ou modificado. É uma alteração no
momento como o indivíduo responde a parcelas relevantes do mundo.

 Estamos interessados na mudança do organismo com o ambiente que sejam duradouros, no sentido
de perdurar e repercutir no responder futuro do organismo, mesmo que ele não volte a ter contato
com o arranjo ambiental específico que originou a mudança no responder.

 Quando nos referimos a ambiente, esta ligado aos aspectos do mundo que um organismo pode
perceber.

 Aprendizagem é qualquer mudança duradoura na maneira como os organismos respondem ao


ambiente.
Conceitos:
Análise do Comportamento Núcleo de Psicologia e
Aplicada Ciências do Comportamento
Comportamento Reflexo/Respondente
 Os comportamentos ditos respondentes são eliciados pelos estímulos antecedentes.

 Exemplos de comportamentos respondentes podem ser: sentir medo frente a um filme de terror, ruborizar (ficar
tímido) ao ser elogiado, tornar-se sexualmente excitado ao assistir cenas de sexo em um filme pornô.

 Os comportamentos respondentes podem ser de dois tipos: primeiro, o reflexo incondicionado e, segundo,
reflexo condicionado.

 Os reflexos incondicionados são respostas do organismo que ocorrem sem aprendizagem ou condicionamento,
ou seja, são inatos. No reflexo incondicionado um estímulo incondicionado (US – Unconditioned Stimulus)
provoca/elicia uma resposta incondicionada (UR - Unconditioned Response).

 Este reflexo é demonstrado pelo paradigma S – R (Stimulus-Response).

 Os Reflexos Incondicionados envolvem em geral os sistemas digestivos, reprodutivos, circulatórios, respiratórios,


musculares e os reflexos infantis.
Comportamento Reflexo/Respondente
 O Comportamento Reflexo: é chamado de comportamento reflexo de reação que tem como viés um
impacto diretamente sobre o ambiente, pois são respostas involuntárias que não temos controle de
nossa ação.

 O Reflexo está ligado ao funcionamento do nosso sistema nervoso autônomo que coordena a
musculatura lisa e o funcionamento das glândulas.

 INATOS: não precisam ser aprendidos. Uma alteração no ambiente (estímulo) produz uma alteração
no organismo (resposta).

Exs.: contração da pupila; suor; sucção.


Comportamento Reflexo/Respondente
Condicionamento Respondente
 No condicionamento respondente, os reflexos incondicionados podem tornar-se condicionados.

 No reflexo incondicionado a resposta incondicionada é eliciada apenas e unicamente por um estímulo


específico (o estímulo incondicionado), qualquer outro estímulo é neutro para esta resposta.

 O estímulo neutro é aquele que não elicia uma resposta em particular. O princípio do condicionamento
respondente estabelece que, quando um S neutro, (por exemplo, o som do piano) é pareado com um estímulo
incondicionado, (por exemplo, comida na boca) que elicia uma R incondicionada (salivação).

 O S previamente neutro tende a eliciar a resposta de salivação, mesmo na ausência do US.

 APRENDIDOS: o organismo aprende a responder a determinados estímulos.

Exs.: tremedeira ao ouvir o barulho do aparelho do dentista; taquicardia ao ver um cachorro; náuseas com
determinados cheiros.
Comportamento Respondente
Comportamento Respondente
Comportamento Respondente
Vídeo de Ivan Pavlov
Comportamento Respondente
 Condicionamento Pavloviano
THORNDIKE – CAIXA Núcleo de Psicologia e
PROBLEMA Ciências do Comportamento
Lei do Efeito
 Para Thorndike, o comportamento dos animais eram influenciados por seus
efeitos.

 Por tentativa e erro.


Lei do Efeito

Estímulo Resposta

Experiência Sensorial Impulso Neuronal


Lei do Efeito
 Vídeo da Caixa-Problema de Thorndike.
Lei do Efeito

Aprendizagem

Tentativa e Erro Progressiva Motivação


Lei do Efeito

Lista da Aprendizagem

Lei do Exercício Lei do Efeito Lei da Prontidão

Lei do Uso
Lei do Desuso
Núcleo de Psicologia e
J. B. Watson Ciências do Comportamento
Vídeo do Pequeno Albert
Núcleo de Psicologia e
B. F. Skinner Ciências do Comportamento
Comportamento Operante
Comportamento Operante
 O que é Comportamento Operante?

 Comportamento é a relação entre o organismo e o ambiente. Os operantes são aqueles


comportamentos aprendidos ao longo da história de vida (experimental).

 É a relação entre estímulos antecedentes, resposta e estímulos consequentes à resposta.

 O que controla um comportamento operante é sua consequência, embora entender o contexto de sua
ocorrência também seja importante.

 O controle pela consequência pode ocorrer de modo a manter a ocorrência de um dado


comportamento ou diminuir a sua ocorrência ou ainda, extingui-lo.
Comportamento Operante
 O Comportamento Operante: temos a consequência alterando o comportamento do indivíduo.
 Enquanto que no comportamento reflexo a reação é involuntária, no comportamento operante a ação
é voluntaria.
 100% aprendido.
 As consequências do comportamento podem retroagir sobre o organismo.
 Aumento ou diminui as chances de que o comportamento ocorra novamente (modelagem).
 Um dos principais objetivos da Análise do Comportamento é o reconhecimento que muito dos nossos
comportamentos são modificados por suas consequências.
 Contingência tríplice:

Ex.:
Sd R Sr
A consequência vai
Estímulo Produz alterando a resposta, isto é
Discriminativo Consequências condicionamento operante
Comportamento Operante
 O rato irá apertar alavanca-chave, desde que essa proporcione o reforço (uma visão mais próxima).

Estimulo Resposta Estimulo


Antecedente (R) Consequente

 Um rato privado de água por 12 horas é colocado em uma caixa experimental de Skinner. Após um
período de adaptação, o animal pressiona uma barra presente na caixa e com isso produz uma gota de
água.
Controle pelas Consequências
As consequências que produzem o aumento ou a manutenção da frequência de um comportamento são
chamadas de reforçadoras, enquanto que aquelas que produzem sua diminuição são chamadas
de punitivas ou aversivas.

Dessa forma comportamentos que operam no ambiente, produzem consequências e são controladas por
estas consequências, são chamados de Comportamentos Operantes.

Exemplos de Comportamentos Operantes são:


escrever uma carta;
recitar um poema;
resolver um problema;
fazer cálculos;
ligar a televisão;
tomar café da manhã;
responder a chamada em uma sala de aula.
O Paradigma Básico do Comportamento
Operante
O paradigma básico de representação de um comportamento operante é:

S (estímulo antecedente que estabelece a condição para o operante acontecer);

R (resposta do organismo frente às condições ambientais presentes e consequências


sofridas no passado);

S (estímulo consequente que altera a probabilidade futura da emissão de novas


respostas apresentadas pelo organismo).
O Paradigma Básico do Comportamento
Operante
Reforço Positivo/Negativo
 Todos os estímulos que aumentam a probabilidade de o comportamento ocorrer
novamente.

 REFORÇO POSITIVO: um estímulo é apresentado ao sujeito, acrescentado ao


ambiente.
Exs.: estudar e receber nota alta; receber um elogio por um comportamento, você está
bonita etc.

 REFORÇO NEGATIVO: retirada de um estímulo do ambiente.


Exs.: colocar óculos escuros para evitar o sol forte; chorar para terminar uma briga;
“Dor de cabeça”: Indivíduo tomou o remédio e o estímulo aversivo que causava dor foi
eliminado.
Reforço Positivo/Negativo
Comportamento Consequência Efeito
No shopping, Pedro grita Os pais compraram o Aumenta a probabilidade
e se joga no chão, boneco que Pedro queria. de Pedro fazer birra
insistindo para os pais quando ele quiser um
comprarem um boneco
Reforço Positivo
na loja de Brinquedos.
brinquedo.

Hadassa finge estar com Seus pais permitem que Aumenta a probabilidade
dor de cabeça na hora de ela vá para cama sem de Hadassa dizer estar
fazer a tarefa da escola. realizar as atividades com dor de cabeça para
Reforço Negativo
escolares. escapar das atividades
escolares.
Punição Positivo/Negativo
 Diminui a probabilidade de que o comportamento ocorra novamente.

 PUNIÇÃO POSITIVO: diminui a frequência ocasionado pela apresentação de um estímulo


aversivo.

Exs.: Criança fala palavrão na presença da mãe e recebe um tapa em sua boca, isto vai
diminuir a frequência da criança falar palavrão na presença de sua mãe.

 PUNIÇÃO NEGATIVO: diminui a frequência ocasionada pela retirada de um estímulo;

Exs.: A criança não faz a tarefa da escola. Então sua mãe retira um estímulo agradável da
criança. Por exemplo: retirar o vídeo game, até que à criança realize as tarefas escolares.
Punição Positivo/Negativo
Comportamento Consequência Efeito
O aluno faz bagunça em O aluno recebe uma Diminui a probabilidade
sala de aula. advertência e é ameaçado do aluno fazer bagunça na
de ser suspenso do colégio escola.
se comportar assim.

Punição Positivo
O aluno faz bagunça em Não é permitido ao aluno Diminui a probabilidade
sala de aula. ir para o recreio brincar. do aluno fazer bagunça na
escola.

Punição Negativo
Resumo: Reforço Positivo/Negativo e Punição
Positivo/Negativo
Fuga/Esquiva e Extinção
 CONTROLE AVERSIVO PRODUZ COMPORTAMENTOS DE FUGA E ESQUIVA

 FUGA: interrompe o contato com o estímulo aversivo.


Exs.: é quando o indivíduo entra em contato e foge da situação aversiva;

 ESQUIVA: evita ou atrasa o contato com o estímulo aversivo.


Exs.: é quando o indivíduo não entra em contato com o estímulo aversivo; estar ausente.

 EXTINÇÃO: suspensão do reforço de um determinado comportamento –


probabilidade de que o comportamento diminua ou desapareça.
Fim!!!
Rafael de Farias Sass – CRP 08/23665
E-mail: rafaelsass@Hotmail.com
Psicólogo – Analista do Comportamento
Pós-Graduado em Psicopedagogia com Ênfase em Educação Especial/ FESL; Pós-
Graduando em Gestão de Organização Pública de Saúde/ UNICENTRO.

PARA CONTATO COM OS


Núcleo de Psicologia e
AUTORES Ciências do Comportamento
Núcleo de Psicologia e
MEMÓRIA Ciências do Comportamento
Neurobiologia da Memória
A neurobiologia denomina a memória como a aquisição, armazenamento e a evocação de informações. O processo de
aquisição é também conhecido como aprendizado.

O início da investigação sobre os mecanismo de memória data de mais de um século atrás, com Ebbinghaus e Willian
James. O primeiro fez uma análise detalhada de sua própria memória nas primeiras horas depois da aquisição, e o segundo
levantou as principais questões sobre memória em geral, algumas das quais foram respondidas um século depois.

Santiago Ramón y Cajal, fundador da histologia do sistema nervoso, foi quem primeiro postulou que a memória de longo
duração ou longo prazo deveria basear-se em alterações morfológicas das sinapses, este ponto de vista é tido como certo
hoje.

Os princípios básicos do aprendizado e da memória foram estabelecidos por Pavlov no início do século XX. Ramón y Cajal e
Pavlov receberam o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina (IZQUERDO; IZQUERDO, 2004).
Neurobiologia da Memória
De acordo com Izquerdo e Izquerdo (2004) as informações que constituem a memória é aprendida por
meio dos sentidos em episódios que costumam ser experiências.

Algumas, destas experiências são adquiridas pelo processamento interno de memórias preexistentes,
modificadas ou não, aquilo que chamamos de insight.

A descoberta da lei da gravidade por Newton são frutos de insights.

As memórias de que não devemos colocar o dedo na tomada ou a de momentos gratos na nossa tão
adorável infância são frutos de nossas vivencias, ou seja, experiências.
O QUE É MEMÓRIA?
Para começar, não existe uma única memória, mas sim um conjunto de memórias.

• Existem memórias simples e memórias complexas;


• Existem memórias visuais, auditivas, somestésicas, cinestésicas, olfativas, emocionais, complexas e
muitas outras.
• Existe memória para cada uma das funções corticais, e existem tantas memórias para cada uma das
funções corticais, e existem tantas memórias quantas tantas experiências tivermos tido a oportunidade
de vivenciar (RIESGO, 2016).
O QUE É MEMÓRIA?
A memória é um processo cognitivo complexo caracterizado como um mecanismo que nos permite
registrar, armazenar, elaborar e resgatar uma informação (Malloy-Diniz, Fuentes, Mattos & Neander, 2010).

Com essas funções ela é a responsável por tudo o que aprendemos ao longo de toda nossa vida, e tem
papel fundamental na formação do sujeito, já que armazena também dados sobre nós mesmos e sobre o
mundo (Dalgalarrondo, 2008).

Seus processos organizacionais possibilitam a aprendizagem (Narbona & Chevrie-Miller, 2005) e


estabelecem planos para facilitar a recuperação das informações que foram registradas (Grega 1975).
O QUE É MEMÓRIA?
Segundo Izquerdo e Izquerdo (2004) são tantos tipos de memória possíveis como os de experiências e
insights. Porém, é útil classifica-las de acordo com sua função, conteúdo e duração.

Para Wixted (1998) apresenta a memória através da noção da análise do comportamento da seguinte
maneira:
[...] a memória se refere a um conjunto de representações mentais de experiências passadas. O estudo da
memória, desta forma, é investigar estruturas e processos que estão envolvidos no armazenamento e
manipulação destas representações.

Para a análise do comportamento a memória não se refere a entidades mentais estáticas, mas ao potencial
para manifestar no comportamento os efeitos de experiências passadas.

Estudar a memória sob este viés reflete a apresentação previa de um estimulo (lembrar) ou a perda de um
tipo de controle de estímulos (esquecer).
O QUE É MEMÓRIA?
Para Riesgo (2016) a fase de recepção de estímulos novos, que são aqueles que tem como função gerar mudanças nos
processos mentais de maneira previa.

Está fase corresponde à primeira das três fases do fenômeno mnemônico. Está é a definição neurobiológica de
aprendizagem.

ALGUNS MITOS QUE DEVEM SER DESCONSTRUÍDOS A RESPEITO DA MEMÓRIA

a. O mito mais difundido é que usamos uma pequena porção da nossa capacidade cerebral, isto, não é verdade – pelo
menos ao que se refere a memória.

Para Riesgo (2016) para darmos conta das atividades diárias, principalmente aquelas relativas ao processo de
aprendizagem, é necessário que venhamos lançar mão de toda a nossa capacidade disponível de memoria.
O QUE É MEMÓRIA?
Para que ocorra o bom funcionamento da memória, é de suma importância que esqueçamos algumas
informações para que volte sobrar espaço na memória para registro dos próximos eventos que estão
constantemente chegando.

No que tange à memória, o SNC está funcionando a todo o vapor, pois caso contrario não haveria espaço
suficiente para guardar todas as novas informações que ele recebe a cada instante.

b. O medo que temos de esquecer as coisas. É saudável que esquecemos algumas informações, em especial
aqueles que tenham experiências traumáticas ou negativas.

Se uma pessoa não perdesse a capacidade de esquecer, poderia entrar em um surto psicótico, bem como a
tormenta crescente de informações que teria que lidar e conviver diariamente até o resto da sua vida
(RIESGO, 2016).
Conceito Básico da Memória
Primeiro Conceito

Riesgo (2016) relata que o primeiro conceito básico da memória é a sua própria definição. Riesgo (2016) ao citar Izquerdo (2002)
aponta que a memória pode ser dividida em três fases:

Aquisição;

Consolidação;

Evocação das informações.

Um ponto importante na fase da aquisição das memórias é denominá-la simplesmente de aprendizagem, ou seja, só ficara gravado
aquilo que foi aprendido.
Conceito Básico da Memória
Segundo Conceito

Trata da relação entre memória e aprendizagem, visto que ambos estão num processo intimamente
relacionados, ou seja, ligados.

Em suma, são indivisíveis, pois estão embutidos no outro, uma vez que aprendizagem é a primeira fase do
processo mnemônico.
Conceito Básico da Memória
Terceiro Conceito

Trata da relação entre memória e atenção. É natural que uma criança desatenta possa ter dificuldades na
coleta, análise e classificação das informações novas.

Uma criança desatenta pode ter dificuldades na aquisição das informações, o que também corresponde ao
primeiro evento mnemônico.
Conceito Básico da Memória
Quarto Conceito

Trata da relação entre memória e motivação. Uma criança deprimida ou desmotivada não terá uma
atenção.

E, novamente, o círculo vicioso é fechado. Não tem motivação, não tem atenção, não tem boa aquisição de
novas informações, não tem formação de memórias e pode não ter um bom aprendizado.
Conceito Básico da Memória
Quinta Conceito

O último conceito é aquele que descreve as possíveis relações entre o nível de ansiedade e o desempenho
do SNC.

Está comprovado que um determinado nível ansiedade é salutar para que os eventos mnemônicos
ocorrem com máximo desempenho, ao passo que um elevado nível de ansiedade é salutar para que os
eventos mnemônicos ocorram com o máximo desempenho, ao passo que um nível de ansiedade leva a
uma drástica redução da capacidade de adquirir e, principalmente, consolidar memórias.
A Importância da Memória
Para a criança, a memória faz tudo isso e muito mais. Sem ela, não pode desenvolver nem mesmo
conceitos básicos de realidade que de alguma forma representam o passado, de modo que interprete o
presente.

Em sentido mais amplo, pensando como Flavell, Miller e Miller (1999), tudo o que a criança armazenou
seu conhecimento adquirido a respeito do mundo, é memória. E num sentido mais restrito a lembrança de
listas, palavras ou letras para escrever, também é memória.

Tanto a memória ampla quanto a restrita influenciam a aprendizagem e melhor condição de vida.
A Importância da Memória
A Memória de Acordo com o Tempo de
Retenção
Memória Sensorial: fração de segundos de 0.2 a 0,25 milésimo de segundo.

Memória de Trabalho/Operacional: utilização imediata 20 a 30 segundos.

Memória de Longo Prazo: informações mais resistentes, motivação, interesse, repetição


da informação, duração e capacidade infinitas e ilimitadas.
Memória de Trabalho/Operacional
Uma memória muito conhecida é a memória de trabalho ou operacional, ou imediata.

O termo insignt é uma memória gerada internamente, não tem participação dos sentidos, surge
abruptamente, e isso acontece pelo reprocessamento das memórias consolidas previamente.

As memórias podem ser classificadas pelo conteúdo ou pela duração. Pelo conteúdo são chamadas
declarativas, são descritas por meio da linguagem.

As semânticas referentes aos fatos conhecidos e as procedurais dizem respeito a procedimentos motores
ou sensoriais, como por exemplo, pedalar. Elas são adquiridas de forma implícita, sendo difícil descrever
com exatidão o passo a passo para adquirir a habilidade (IZQUIERDO, 2011).
Memória de Trabalho/Operacional
As memórias de curta duração são aquelas que permanecem em nosso cérebro por curto espaço de
tempo, cerca de um minuto, e podem dar lugar a memórias de média duração ou serem esquecidas.

Segundo Atkinson e Shiffrin (1968), a informação deve acontecer primeiramente na memória de trabalho e
posteriormente ser passada para a memória de curta duração, sendo então, esquecida ou passada para o
armazenamento na memória de longa duração (Izquierdo, 2011).

Contudo, para passar a informação da memória de curto prazo para a memória de longo prazo, depende
de alguns fatores, como a importância dessa informação para a pessoa, a repetição da informação e a sua
codificação adequada na memória de longo prazo. Estratégias de recuperação ou pistas auxiliariam no
processo de recuperação dessa memória (IZQUIERDO, 2011).
Memória de Trabalho/Operacional
A memória de trabalho é um sistema de multicomponente, que utiliza o armazenamento como uma
forma de facilitar atividades cognitivas complexas, tais como aprendizagem, compreensão e raciocínio
(BADDELEY; HITCH, 1974).

Por exemplo, pacientes com esquizofrenia apresentam falhas na memória de trabalho, o que os torna
incapazes de compreender o mundo que os rodeia (IZQUIERDO, 2011).

As memórias de longo prazo são aquelas armazenadas por horas, anos ou mesmo, por toda a vida. A sua
formação necessita de modificações funcionais e estruturais dos neurônios. O desuso ou a aquisição de
novas habilidades pode levar ao esquecimento das memórias de longo prazo.
Memória de Trabalho/Operacional
Se por um lado a memória de curto prazo é extremamente limitada, a de longo prazo, embora também
limitada, tem maior capacidade de armazenamento.

Todos os tipos de memórias passam por fases, com exceto a memória de trabalho. O processamento das
memórias declarativas ocorre no hipocampo.

As procedurais ocorrem no cerebelo, nos núcleos de base. Se tratando de transtornos de memória esses
podem ser divididos em dois grupos: transtorno de aquisição de memórias declarativas e memórias de
procedimentos (IZQUIERDO, 2011).
Memória de Trabalho/Operacional
A memória declarativa, focalizada no ‘dom humano’ de expor verbalmente acontecimentos, está
submetida à prática da recordação, e é subdividida em memória imediata, memória de curto prazo ou de
trabalho que duração instantânea.

A memória de procedimentos focada no potencial mental de guardar e reunir dados que não podem ser
expressos oralmente é mais duradoura, fácil de ser conservada.

Armazenam capacidades ou habilidades motoras e sensoriais, que chamamos de hábitos.

Elas são, por exemplo, andar de bicicleta, dirigir um carro, nadar, pois é difícil declarar que as temos. Para
demonstrar que as temos, precisamos executá-las.

Há outros tipos de memoria e podem ser incluídos nesta distribuição por classes, como as implícitas e
explícitas, adotadas principalmente pelos terapeutas cognitivos.
Esquecimento
Principais Explicações

Falta de “uso”

Interferência de uma aprendizagem sobre outra

Falhas no armazenamento

Repressão ou situações desagradáveis

Falhas na recuperação
Esquecimento
Fatores Biológicos

Cansaço, doenças, envelhecimento, falta de estímulos cerebrais.

Fatores Psicológicos

Falha durante a codificação (desatenção), fatores emocionais.


Esquecimento
Formas de esquecimento
A mais estudada é a extinção, a outra forma popularizada por Freud, é a repressão, talvez vinculada com a
anterior.

Existem memórias que não ultrapassam poucos segundos, e ficam na memória de trabalho, outras não
ultrapassam a memória de curta duração não ficam na memória de longa duração.

Outras memórias duram poucos dias e depois desaparecem, por ultimo, há o esquecimento real:
memórias que desaparecem por falta de uso, com atrofia sináptica (Piletti, 1999).
Esquecimento
Extinção

Descoberta por Pavlov há mais de um século, a extinção se deve a desvinculação de um estimulo


condicionado com o qual tinha se associado e gerado uma resposta aprendida; o estimulo passa a vincular
com a ausência desses ultimo estimulo, por exemplo, se associamos uma campainha (estimulo
condicionado) com um choque elétrico (estimulo incondicionado) e com isso se gera uma flexão e
passamos a apresentar a campainha isolada, sem choque, essa aos poucos ir se associando com a falta de
choque e a resposta de flexão será suprimida, e a campainha deixa de sinalizar um choque, tudo isso tem
um tremendo valor adaptativo, porque nos impede de insistir na realização de comportamentos (ou em
manter pensamentos) que já não se ligam a realidade (Piletti, 1999).
Esquecimento
Repressão

Um dos postulados mais heurísticos de Freud foi o da repressão de memórias, essa pode ser voluntarias ou
inconsciente.

Na primeira, propomo-nos cancelar a evocação de memórias que nos causam desagrado, mal – estar ou
pré-juízo. Exemplo: (Não quero me lembrar mais da cara daquele sujeito (ou daquele lugar, ou daquele
incidente)”.
Esquecimento
Repressão

Na segunda, o cérebro faz a isso por conta própria, para qual evidentemente tem uma tendência auto
protetora.

Se o cérebro reprime determinada memória, devera ser em razão de um estimulo originado em algum
lugar, seja esse voluntario ou não. Esse estimulo deve provir da própria memória, por definição.

As pessoas tendem a esquecer os compromissos que consideram desagradáveis, a hora do dentista, uma
conversa com o diretor, as pessoas não estão mentindo, esquecem mesmo, e dizem que esquecem por
que associam o assunto a experiências negativas, reprimindo-o, enviando ao inconsciente (Piletti, 1999).
Esquecimento
Testando a sua Memória

Você se lembra da imagem do segundo slide?

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