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Immanuel Kant e a

deontologia
Ética (EAD)
Prof. Daniel Leite
Vida e obra de Immanuel Kant (1724-1804)

• Nascido em Königsberg (atualmente, Kaliningrado), capital da


Prússia Oriental.
• Autor das célebres três “críticas”: Crítica da Razão Pura (1781),
Crítica da Razão Prática (1788) e Crítica da Faculdade do Juízo
(1790)
• Além destas, escreveu diversas outras obras de grande influência
para a história do pensamento, entre elas, Fundamentação da
Metafísica dos Costumes (1785), Metafísica dos Costumes (1797,
dividida em Doutrina do Direito e Doutrina da Virtude), Ideia de uma
História Universal de um Ponto de Vista Cosmopolita (1784),
Religião nos Limites da Simples Razão (1793) e À Paz Perpétua
(1795).
Principais posições éticas

• Imperatividade, deontologia e “aprioricidade”


da ética
• Crítica às éticas do bem (eudemonismo e
utilitarismo): ”A ética propriamente dita não
é a doutrina que nos ensina como sermos
felizes, mas como devemos tornar-nos dignos
da felicidade”
• Crítica ao naturalismo ético (Aristóteles e
Santo Tomás)
Principais posições éticas (cont.)

• Crítica ao consequencialismo (Bentham)


• Crítica à tese de que a moralidade dependa de um ordenamento
divino (Descartes e Locke, por exemplo)
• O fundamento da ética é a simples razão. Sentimentos têm um
papel secundário na ética (crítica à ética do moral feeling); eles
são necessários para que os homens (e todos os seres racionais
finitos) tomem consciência da moralidade, mas não são o
fundamento e a origem da moralidade
Fundamentação da Metafísica dos Costumes
(prefácio)

• Divisão da filosofia:

Filosofia

Formal Material
Fundamentação da Metafísica dos Costumes
(prefácio)
• É necessário separar radicalmente a Metafísica dos Costumes, que é a
priori e, portanto, universal e necessária da ética, da Antropologia
prática, que é empírica. Para Kant, o principal erro de seus
predecessores teria sido o de negligenciar esta separação.
• A fundamentação da Metafísica dos Costumes e a Metafísica dos
Costumes.
• As duas tarefas da Fundamentação da Metafísica dos Costumes: (1)
descobrir e (2) fixar o princípio supremo da moralidade
• Método para cumprir a primeira tarefa: partir do senso comum
(“conhecimento moral da razão comum”) e encontrar, por análise, o
princípio supremo da moralidade puro, que a ele subjaz.
Fundamentação da Metafísica dos Costumes
• Ponto de partida: o conceito de boa vontade presente na linguagem
moral do senso comum.
• “Neste mundo e até mesmo fora dele, nada é possível pensar que possa
ser considerado como bom sem limitação a não ser uma só́ coisa: uma
boa vontade.”
• Uma boa vontade (ou bom caráter) se define por sua relação com o
dever.
• Os três tipos de relação entre o princípio da ação e o dever: (1)
contrário ao dever; (2) conforme ao dever, mas não por dever – e sim
por inclinação mediata ou imediata; (3) conforme ao dever e por dever.
• Apenas o princípio da ação que é conforme ao dever e por dever, é
moralmente louvável
Fundamentação da Metafísica dos Costumes –
A dedução do princípio supremo da moralidade

• Um princípio de ação (máxima) contém dois elementos: (1) a forma da


universalidade; (2) a matéria específica do princípio (o fim desejado pelo
sujeito agente).

• Ora, se princípio de ação moralmente louvável (isto é, dotado de valor moral) é


apenas aquele conforme ao dever e por dever, deve abstrair de toda a matéria
(todo fim desejado) e ser realizado apenas em razão de sua forma universal.

• Logo, o princípio de ação moralmente louvável é aquele que se baseia na


fórmula: “age de tal modo que possas ao mesmo tempo querer que a tua
máxima se converta em lei universal”.
Fundamentação da Metafísica dos Costumes
Imperativos categóricos e hipotéticos
• Tipos de imperativos pelos quais podemos regular as nossas ações:
Imperativo
Imperativo
hipotético (Se
categórico (Faça
queres Y, faça
X)
X)
Conselhos de
Leis morais (“Não prudência (“Se
cometas queres ser feliz,
homicídio”) seja gentil com os
outros”)

Regras técnicas
(“Se queres
conduzir
eletricidade, usa
um metal”)
As três fórmulas do imperativo categórico

• Fórmula 1: “Age de tal forma que possas ao mesmo tempo querer que a
máxima de tua ação se converta em lei universal”

• Fórmula 2: "Age de tal forma que tomes a humanidade, tanto na tua


pessoa, como na pessoa de qualquer outro, sempre e ao mesmo tempo
como fim e nunca simplesmente como meio.”

• Fórmula 3: “Age de tal maneira que tua vontade possa tomar a si mesma,
ao mesmo tempo, como um legislador universal através de suas máximas."
Os deveres perfeitos

• Deveres perfeitos (ou estritos) são aqueles cujo


descumprimento implicaria imediatamente numa
contradição lógica caso se tornasse universal. Eles obrigam
imediatamente e em todas as circunstâncias. Exemplo: se
todos matassem, não haveria mais ninguém e, portanto,
seria impossível matar. Logo, o dever de não cometer
homicídio é um dever perfeito. Jamais é admissível
moralmente cometer homicídio.
• Exemplos de deveres perfeitos (ou estritos): (1) não cometer
suicídio (dever perfeito para consigo) e (2) não mentir
(dever perfeito para com os outros)
Os deveres imperfeitos

• Deveres imperfeitos (ou largos) são aqueles cujo descumprimento


universal não pode ser querido sem contradição. Eles não obrigam o
indivíduo em todas as situações, e sim no conjunto de sua vida.
Exemplo: embora a máxima “não ajudar os necessitados” possa ser
universalizada sem implicar em contradição lógica, não podemos
querer um mundo em que ninguém ajude a quem precisa. Logo, o
dever de ajudar aos necessitados é um dever imperfeito. Não somos
moralmente obrigados a passar cada instante de nossa vida
ajudando os necessitados, mas somos moralmente obrigados a
ajudar aos necessitados às vezes.
• Exemplos de deveres imperfeitos (ou amplos): (1) aprimorar os
próprios talentos naturais (dever imperfeito para consigo); (2)
ajudar os necessitados (dever imperfeito para com os outros)

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