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Licenciatura em Psicologia Clínica

2ª Ano
Avaliaçao Psicológica III
Aula 2:dia 18-02-2021

Entrevista e a eficácia na
intervenção

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Objectivos da Aula
No fim da aula, os estudantes devem:
Saber definir a entrevista;
Saber identificar os momentos da entrevista;
Saber diferenciar a transferência e contratransferência
no momento da entrevista;
Saber potenciar as qualidades do entrevistador

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Introducao
Actualmente, a entrevista é concebida como um
método e ao mesmo tempo uma técnica.
A entrevista em si mesma é uma técnica na medida em
que é um instrumento cuja utilização exige da parte do
seu utilizador preparação adequada, i.e., conhecimento
de princípios e normas a que deve obedecer para o
correcto desempenho da função de entrevistador.
Por via destas razões, faz-se da entrevista, uma técnica
por certo não acessível a qualquer um.

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Entrevista
A entrevista como técnica que é, pode ser utilizada com
diferentes objectivos.
Método é o processo ou caminho que permite chegar a uma
determinada meta.
A entrevista pode ser um método ao serviço de um objectivo
bem definido.
Pode-se afirmar também que entrevista é um método de
selecção profissional, o que é correcto.
Portanto, esta só será verdadeiramente um método de selecção
se feita por um profissional ou técnico qualificado para o
efeito, detetor portanto de compet6encias e habilidades para o
fim desejado.

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A entrevista é usada em vários domínios:
Entrevista Psicológica
Conceito: Vimos no semestre passado.
Critérios de classificação:
Existe o agente (entrevistador-psicologo) e o objecto
(conteúdo-avaliação dos factores de natureza
psicológica, competência do psicólogo)

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Entrevista Clinica
Apresenta como objectivo, diagnosticar, curar.
Desta objetividade, pode-se referir que existe
entrevista clinica de diagnostico e entrevista clinica de
terapêutica.

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Entrevista profissional
Entrevista profissional é uma técnica assente na
interação dinâmica de duas pessoas que permite ao
entrevistador avaliar aspectos ou características de
natureza profissional do entrevistado e a este o melhor
conhecimento das suas capacidades profissionais e a
compreensão da sua possibilidade de realização no
mundo de trabalho.
De forma geral, a entrevista psicológica é
normalmente integrada no contexto de um exame
psicológico.

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Limitações da Entrevista
Não permite a avaliação de conhecimentos técnicos
muito especializados;
Não é método aplicável a um elevado número de
cândidos (a morosidade do processo seria inevitável)
Dificilmente o entrevistador se liberta do factor
subjetivo na avaliação do entrevistado;

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Vantagens da Entrevista
Permite avaliar aspectos que outros não avaliam, como
sejam: motivação, maturidade, capacidade de relação,
capacidade de expressão e de compreensão verbal, etc;

Permite confirmar dados obtidos por outros processos


de avaliação e até corrigi-los ou completa-los;

Pode ser remate do processo selectivo possibilitando a


integração de todos os elementos e dados conseguidos
através de todos os métodos utilizados.

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Modalidades de Entrevistas
quanto aos objectivos
Entrevista de Orientação:
O centro da entrevista é o entrevistado, que ocupa o
primeiro plano, onde procura seguir o caminho. O
papel do entrevistador é de ajudar o entrevistado a
estudar-se e analisar-se, bem como tomar consciência
na tomada de decisão.

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Entrevista de Inquérito
O centro da entrevista é o entrevistador, onde ocupa o
primeiro plano da relação terapêutica pois permite
satisfazer os seus objectivos, interesses e necessidades
que se estabelece no contacto com um ou vários
entrevistados, a fim de dar resposta à pesquisa.

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Entrevista de Seleção
O centro de entrevista não se encontra presente. O
centro corresponde a uma entidade patronal (empresa
ou serviço), onde na maioria das vezes o entrevistador
está presente para selecionar o trabalhador. O
entrevistador tem assim que estudar o entrevistado,
referenciando-o a um perfil profissional.

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Características ou Qualidades do
entrevistador
Saber ouvir (escutar o que o entrevistado diz e atender
aquilo que ele quer dizer);
Para que isso se verifique, o entrevistador deve:
Analisar e compreender o estado motivacional do
entrevistado;
Pôr-se no lugar do entrevistado tentando ver os
problemas tais como os vê e sente o entrevistado;
Não deixar-se influenciar pela personalidade do
entrevistado.

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Fenómenos decorrentes do
Processo Terapêutico
Durante o processo terapêutico entre o entrevistador e
o entrevistado ocorrem situações de interacção
recíproca.
 Segundo Freud, a transferência consiste no processo
em que o paciente projecta em relação ao analista
ideias e sentimentos totalmente alheios ao objecto da
consulta, estabelecendo uma relação emotiva que tanto
pode ser de carácter afectuoso e hostil.

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Contratransferência
Quando, o analista não consegue libertar-se, passamos
a ter um fenómeno de contratransferência. A
contratransferência geralmente ocorre no inconsciente
do individuo.
Muitas vezes no decorrer da entrevista, podem surgir
situações em que se gosta ou não de alguém logo à
primeira vista.

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Mecanismos de defesas
Quando estamos numa comunicação interpessoal,
existem vários fenómenos que surgem no consciente e
inconsciente do sujeito. Entrar em contacto com outra
pessoa é sempre difícil. Por via disso entram em jogo
os nossos mecanismos de defesa.
A sua utilização será diferente e dependerá do modo
como percepcionamos o outro e de como imaginamos
que ele nos percepciona.

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Mecanismos de defesas (cont)
O conceito de Mecanismo de defesa surgiu no contexto
da Teoria Psicanalítica de Sigmund Freud.
Mecanismos de defesas referem-se as medidas que são
adotadas pelo individuo para a sua defesa.
Ora vejamos: O EGO, sob pressão de um estado de
ansiedade – situação embora irregular em termos de
intensidade e duração, faz com que o sujeito seja
obrigado a recorrer a certas formas de comportamento
para reagir e aliviar tal tensão.
Os Mecanismos de defesa, operam inconscientemente e
procuram negar ou distorcer a realidade.
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Principais Mecanismos de defesa
Recalcamento – consiste em expulsar da consciência
ou tentar esquecer um objecto, estimulo ou situação
causadores de angustia.
Exemplo: Família que não aceita a doença do seu
membro da família.
Projeção – consiste em expulsar de si e localizar
noutra pessoa ou objecto qualidades, sentimentos ou
desejos que o individuo recusa nele próprio.
Exemplo: Casos de VBG, vitima que refere que a irmã
sofreu violação.

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Principais Mecanismos de defesa
(cont)
Fixação ou negação – Na formação da personalidade
percorrem-se diferentes estágios de desenvolvimento
ate chegar a maturidade.
Fixação refere-se a permanência numa fase com
receio de seguinte. Ex: Caso da criança super-
protegida e extremamente dependente que se recusa a
ter um comportamento próprio da idade real e age de
acordo com o estágio anterior, incapaz de enfrentar os
novos problemas.

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Principais Mecanismos de defesa
(cont)
Regressão – Geralmente procuram retornar a um
estágio anterior. Ex: caso da criança, que no primeiro
dia da escola, amedrontada, desenvolve um
comportamento infantil chorando ou chupando dedo
para despertar na professora uma reação maternal e ser
assim alvo da atenção que se dispensa a um bébé.

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Principais Mecanismos de defesa
(cont)
Formacao reactiva – consiste em substituir um
impulso ou sentimento causador de ansiedade pelo
oposto. Ex: o ódio é substituído pelo amor, como
sucede quando o desejo de destruir um objecto ou
pessoa odiada se transforma em amor.

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Empatia
O conceito de empatia foi desenvolvido por autores
Alemães, preocupados com o problema da
comunicação entre as pessoas.
Empatia é a aptidão para compreender a mentalidade
do outro, as suas opiniões, sentimentos e desejos até ao
ponto de poder mesmo predizer a sua conduta.

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Preparação da entrevista
Para que a entrevista corra intencionalmente, deve-se
efectuar uma preparação que consistirá em:
Definir os objectivos da entrevista;
Determinar, em função dos objectivos, as áreas ou
temas de abordagem;
Conhecer o organismo ou serviço para o qual se
seleciona o candidato;
Conhecer a função e as suas exigências;

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Preparação da entrevista (cont)
Estabelecer um quadro de perguntas orientadas para os
objectivos da entrevista;
Preparar as informações a prestar ao candidato;
Fixar o local, data e duração (aproximada0 da
entrevista.

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Local – Ambiente da Entrevista
O ambiente da sala de entrevista, deve proporcionar
uma atmosfera tranquila e de confidencialidade.
É imprescindível:
Que o local garanta a privacidade da entrevista;
Que a sala não seja demasiado grande, para não gerar
uma impressão de medo ou de vazio; evitar uso de luz
demasiado forte sobre o entrevistado, pois isso pode
provocar-lhe a impressão de estar a ser muito
observado.

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Local – Ambiente da Entrevista
(cont)
Que o mobiliário seja sóbrio e disposto de modo a
causar no entrevistado a impressão de que está a ser
atendido com eficiência e consideração. É
desaconselhável verem-se papeis, dossiers e outros
documentos sobre os m oveis, pois isso causaria a
impressão de que o entrevistador não esta totalmente
disponível para atender. O mais indicado será: uma
mesa simples, cadeiras idênticas e no mesmo plano
para dar a sensação de que se fala de igual para igual.

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Local – Ambiente da Entrevista
(cont)
É também aconselhável sentar o entrevistado ao lado
da mesa, de preferência a pô-lo de frente, de modo a
evitar o obstáculo que a mesa sempre representa,
especialmente se for larga!
Que não haja telefone na sala da entrevista, ou, se o
houver, que fique desligado. O atendimento do
telefone, seria inoportuno pois prejudicaria a dinâmica
da entrevista e eventualmente provocaria inibições;

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Local – Ambiente da Entrevista
(cont)
Que não haja qualquer interrupção, a qualquer
pretexto. Se o entrevistador exerce por acaso outras
funções que o obrigam a receber com frequências
pessoas, devera providenciar para que tal não suceda
durante a entrevista.

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Duração da Entrevista
É importante o tempo da entrevista. Ele pode também
condicionar o êxito desta.
Geralmente, se for muito curto pode não permitir
atingir os objectivos da entrevista; se for demasiado
longo pode provocar desgaste e desvirtuar os
resultados.
Desta forma há que procurar:

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Entrevistador:
Não causar a impressão de que está com pressa em
realizar a entrevista cortando, por ex: a palavra ao
entrevistado. Prevenir possíveis desvios da conversa, o
que será relativamente fácil se tiver um esquema da
estrutura da entrevista e lhe tiver fixado os objectivos;
Conhecer antecipadamente o currículo do entrevistado
(utiliza-se antes da entrevista), evitará perder algum
tempo na recolha de dados.

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Entrevistado:
Deverá estar disponível para a entrevista; sendo para o
efeito, tem de ser informado da duração aproximada.
Confirmar se o entrevistado não tem algum
impedimento para permanecer ali durante o tempo
previsto; caso contrário, deverá mudar-se a entrevista
para o momento oportuno.

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Qualidades do entrevistador e
normas para a sua Conduta
Pontualidade
Em primeiro lugar, o entrevistador deve ser pontual,
estando a hora marcada no local da entrevista;
Se o motivo de força maior o impossibilitar de estar à
hora marcada, deve dar ao entrevistado uma
explicação da sua demora e desculpar-se.

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Saber receber
Os minutos iniciais da entrevista podem ter uma
importância decisiva para o êxito ou fracasso da
mesma.
Deve o entrevistador receber o entrevistado como um
anfitrião ou conhecido recebe um convidado em sua
casa. Com naturalidade e delicadeza, dispensando-lhe
os gestos de cortesia que o bom senso aconselham.
Ser empático.

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Saber ouvir
Passado os momentos iniciais, posto o entrevistado à
vontade, o entrevistador deve demonstrar-lhe que está
inteiramente disponível e interessado em escuta-lo.
Desde o primeiro até ao último momento, a coisa mais
importante que tem a fazer é ouvir o entrevistado. Este
deve ser a única pessoa que durante aquele lapso de
tempo merece a sua inteira e especial atenção.

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Como passar aos temas Centrais
A passagem para os temas centrais pode suceder por
iniciativa do próprio entrevistado, o qual está preocupado
por vezes em obter logo alguma informação e põe o
problema. Se tal suceder, aproveite-se a circunstância.

Mas poderá tornar-se necessário ser o entrevistador a


tomar a iniciativa. Neste caso, poderá aproveitar uma
“deixa” ou pura e simplesmente passar a referir-se às
razões daquela entrevista, ao seu objecto e objectivo, ao
seu enquadramento no processo selectivo e avançar, com
natureza, para os assuntos de interesse.

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Saber observar
O entrevistador tem de observar o comportamento do
entrevistado, não só porque deverá fazer, no final da
entrevista, uma apreciação das características do
entrevistado, mas também porque terá de adaptar a sua
atitude às situações particulares de cada entrevistado,
pela sua maneira de ser e de estar, lhe criam.

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Linguagem do entrevistador
Em primeiro lugar, é desejável que o entrevistador
tenha a voz clara e agradável, sem defeitos graves de
pronúncia.
Posto isto, o entrevistador deve:
Falar claramente e em tom de voz suficientemente
audível;
Utilizar uma linguagem adequada à cultura e formação
do entrevistado, mas de qualquer modo simples, clara
e objectiva;
Evitar o uso de termos complexados;

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