Formas de Condução de

um Bioprocesso
Existem diversas formas de se conduzir
um reator biológico, dependendo das
características próprias do microrganismo,
meio de cultivo e dos objetivos específicos
do processo que se deseje executar.
 De forma geral um biorreator pode ser
operado das seguintes formas:

• Descontínuo (batelada - batch)

• Descontínuo alimentado (fed batch)
• Semicontínuo
• Contínuo
•Descontínuo (batelada - batch)
– com um inóculo por tanque
– com recirculação de células
– com recirculação de células
•Descontínuo alimentado (fed batch)
– sem recirculação de células
– com recirculação de células
• Semicontínuo (cortes)
– sem recirculação de células
– com recirculação de células
•Contínuo
– executado em um reator (com ou sem
recirculação de células)
– executado em vários reatores
CULTIVO DESCONTÍNUO
BATELADA
Batelada: o reator é carregado com meio de cultura,
inoculado com o microrganismo, e o processo segue até o
esgotamento de nutrientes e/ou acúmulo do produto de
interesse.
Terminado o cultivo, o meio fermentado segue para os
tratamentos finais. O reator é então lavado, esterilizado e
novamente carregado com mosto e inóculo.
O sistema é fechado, ou seja não ocorre adição de
nutrientes (apenas ar, anti-espumante, ácido e base) durante
o cultivo. A composição do meio muda constantemente
devido ao metabolismo celular e tem-se uma curva de
crescimento típica.
O volume de meio do reator permanece constante.
Desvantagens

Esgotamento do meio de cultivo e acúmulo de

compostos tóxicos ou degradação do produto.
 Menor produtividade volumétrica.
 Preparo do reator entre uma batelada e outra
reduz tempo útil e aumenta custos.
Vantagens do processo em batelada
 Permite o conhecimento da cinética do processo.
Constitui a base para as comparações de
eficiências atingidas.
Menor risco de contaminação.
Maior controle da estabilidade genética do
microrganismo.
Versatilidade de usos.
Capacidade de identificar todos os materiais
relacionados por lote de produto, o que é vital para
indústria farmacêutica.
 É o processo mais utilizado na indústria,
como:

Iogurte, Cerveja, Vinho, Antibióticos,

Enzimas.

No desenvolvimento do processo em
batelada é importante verificar os itens
como: inóculo, mosto, classificação das
diferentes modalidades de processo
descontínuo e número de dornas (reatores).
Inóculo (pé de cuba)
É o volume de suspensão de microrganismo de concentração
adequada capaz de garantir, em condições econômicas, o
cultivo de um dado volume de mosto.

A manutenção adequada da cepa é de vital importância para o

processo:
 conservação em agar inclinado
 em terra, areia ou sílica
 congelamento em nitrogênio líquido
 liofilização
 O volume de inóculo introduzido no reator está ao redor de
10% de sua capacidade útil. Pode variar de 0,5 a 50%.

Fases da
preparação:

Laboratório

Industrial
A relação entre o volume que receberá a suspensão
microbiana e o volume desta nas várias etapas de
propagação de inóculo são da ordem de 10 a 20
vezes, podendo ir até 100 ou 200 vezes.

É importante desenvolver um protocolo para

propagação do inóculo. O protocolo indicará qual
a melhor metodologia para se obter o inóculo no
menor tempo possível e que leve a maiores
rendimentos e/ou produtividades no processo
industrial.
Mosto
O meio de cultivo ou mosto deve possuir todos os
nutrientes requeridos para o crescimento celular.

Composição (substratos, nutrientes)

• Fonte de carbono (amido, sacarose, glicose, celulose)
• Fonte de nitrogênio (sulfato de amônia, uréia)
• Fonte de fósforo
• Outros elementos ( K, S, Mg, Ca...)
• Vitaminas
Mosto
O meio de cultivo além de proporcionar o crescimento
microbiano, deve favorecer a formação do produto que
se deseja.
Tabela – Composição típica de microrganismos
ELEMENTO % CÉLULA SECA
carbono 50
nitrogênio 7-12
fósforo 1-3
enxofre 0,5-1,0
magnésio 0,5
caldo de cana de açúcar
A quantidade de substrato limitante no meio de cultivo será
uma função de quanto se deseja produzir de microrganismo,
ou de produto, levando em consideração a relação
estequiométrica entre substrato e a quantidade possível de se
produzir .

Não se pode ter um mosto com concentrações elevadas de

substrato, pois, nestas condições, pode se tornar inibitório
para o crescimento celular.

Os meios podem ser sintéticos ou naturais.

O custo do substrato é fator limitante da utilização de meios
sintéticos em escala industrial.

Outros fatores incluem:

• Suprimento do substrato
• Disponibilidade
• Variabilidade na composição
• Condições de armazenamento
• Dificuldade de esterilização
• Exigência de tratamento para tornar fermentescíveis
O melhor substrato para uma indústria não é
necessariamente o melhor para outra que produz o
mesmo produto, pois cada uma tem seu
microambiente, onde o custo de transporte,
combustível, disponibilidade, entre outras,
determina a escolha do substrato.
Classificação

O processo descontínuo foi adaptado de modo a atender ao

objetivo de diferentes indústrias. Podem ser classificados em
três grandes grupos (BORZANI):
 Cada dorna recebe um inóculo
 Com recirculação de microrganismo
 Por meio de cortes
BATELADA COM CENTRIFUGAÇÃO (MELLE BOINOT)

MOSTO FERMENTO ÁGUA ÁCIDO

TRATADO

DORNA VOLANTE
CUBA
DE VINHO
TURBINADO
CENTRÍFUGA

ÁGUA
DESTILAÇÃO
TANQUE PULMÃO
TROCADOR DE CALOR VINHO BRUTO
Número de dornas
Considerando uma instalação de cultivo, funcionando por processo descontínuo, que deva
fornecer, de maneira ininterrupta, líquido fermentado ao setor encarregado dos tratamentos
finais.
Considerando uma dorna, 1, em início de trabalho, no intervalo de tempo tc = td, ela será limpa
e carregada; decorrido um intervalo de tempo tf, o meio estará completamente fermentado, e
após outro intervalo de tempo td, ela estará vazia e em condições de reiniciar seu ciclo.
Quando terminar a descarga da dorna 1 deverá existir
uma outra pronta para ser descarregada.
Deverá existir um intervalo de tempo, td,
separando o início de funcionamento de duas
dornas consecutivas.

Sendo o instante zero = início de trabalho da dorna

1, a dorna D deverá começar a funcionar no
instante (D-1)td.

Como indicado na figura abaixo, a dorna D deverá

iniciar seu funcionamento no instante td + tf.
 EXERCÍCIO
1. Uma destilaria de etanol foi projetada para trabalhar
com uma vazão constante de 200 m3 por hora, com
uma concentração de etanol de 6° GL a 8°GL. Sabendo
que o tempo de fermentação do meio para atingir esta
concentração de etanol é de 8 horas, determine o
número de dornas necessários para o processo.
Pretende-se trabalhar com dornas com volume útil de
1000 m3 .
 Modelo matemático para
reatores de mistura em
Batelada (BATCH ou STR)
Os reatores de mistura são aqueles em que
há ausência de gradientes de concentração e
temperatura.

Um reator batelada ideal é espacialmente

homogêneo, de forma que as propriedades
físicas e químicas do meio são iguais em
todo reator, para determinado instante de
tempo.
Balanço de massa para o microrganismo:

Acúmulo = entra –sai – consumo + produzido

𝑑(𝑋𝑉)
= 0 − 0 − 0 + 𝜇𝑋𝑉
𝑑𝑡
𝑑𝑋
= 𝜇𝑋
𝑑𝑡

V = volume do reator
X = concentração de microrganismos
t = tempo de processo
μ = velocidade específica de crescimento celular
Balanço de massa para o substrato:
Acúmulo = entra –sai – consumo + produzido
𝑑(𝑆𝑉)
= 0 − 0 − 𝑟𝑆 𝑉 + 0
𝑑𝑡
𝑑𝑆
= −𝑟𝑆
𝑑𝑡
Sendo

𝑑𝑋 ൗ
𝑑𝑡 e 𝑑𝑋
𝑌𝑋/𝑆 = −𝑑𝑆ൗ = 𝜇𝑋
𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑑𝑆 1
=− 𝜇𝑋
𝑑𝑡 𝑌𝑋ൗ
𝑆
Balanço de massa para o produto:

Acúmulo = entra –sai – consumo + produzido

𝑑(𝑃𝑉)
= 0 − 0 − 0 + 𝑟𝑃 𝑉
𝑑𝑡
𝑑𝑃
= 𝑟𝑃
𝑑𝑡
𝑑𝑃 1
=
𝑑𝑡 𝑌𝑋ൗ. 𝑌𝑃ൗ
𝑆 𝑆
Assim, os balanços de células, substrato e
produto em sistema batelada levam a
relações diretas do acúmulo com as
velocidades de transformação.
EXERCÍCIOS
 EXERCÍCIOS
2. Inocula-se um fermentador descontínuo de 80 L para
produzir álcool etílico a partir de glicose por uma
determinada cultura de Saccharomyces cerevisiae. O
inóculo foi constituído por 8 L de uma cultura em fase
exponencial com concentração de 5 g/L. Sabendo que o
período de adaptação foi de 3 horas, e que existe no meio
glicose suficiente para o crescimento se prolongar
durante 14 horas, indique qual a concentração de células
no fermentador decorridas 10 horas após inoculação. μ =
0,35 h-1 e YP/X = 3,9 Kg/Kg.
FIM!