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ESTERILIZAÇÃO DE

MEIOS DE CULTURA
BIOENGENHARIA I
UFPB – CT – DEQ
Prof. Sharline Florentino de Melo Santos
ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS DE CULTURA

 Em muitos processos fermentativos, a


presença de microrganismos estranhos,
denominados contaminantes, pode levar a
prejuízos consideráveis.
 Há, porém, casos em que a presença de
contaminantes pouco ou nada interferem no
processo. Exemplo o tratamento biológico de
resíduos e na produção de vinagre.
 O grau de eliminação de contaminantes com o
objetivo de obter bons resultados dependem de
cada caso.
ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS DE CULTURA

Os meios de cultivo podem ser esterilizados por:


 Agente químico – hipoclorito de sódio e
hipoclorito de cálcio no cultivo de célula vegetal,
metabissulfito de potássio na proporção de
0,12g/L na produção de vinho.
 Na produção de etanol são usados antibióticos
comerciais como: Antaro, Biomate, Biotran Virg
e Kamoran
 Agente físico: filtração e calor úmido.
ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR
AQUECIMENTO COM VAPOR
ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS DE CULTURA

Os dois processos mais importantes de


esterilização de meios em escala industrial,
utilizando vapor como fluido de aquecimento são:
 Processos descontínuo.
 Processo contínuo.
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PROCESSO DESCONTÍNUO
 O meio é quase sempre colocado no
fermentador e, a seguir, aquecido com vapor.

 Esterilizam-se simultaneamente o meio e o


fermentador.

 O meio é agitado mecanicamente para segurar


temperatura uniforme.
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PROCESSO DESCONTÍNUO
 Pode ser feita por:

• Vapor direto – borbulha vapor no meio


•Vapor indireto – vapor passa em
serpentina
 O aquecimento com vapor direto acarreta
diluição do meio (10 ou 15%) – preparar meio
concentrado.

É realizada em três etapas:


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PROCESSO DESCONTÍNUO
É realizada em três etapas:

Primeira etapa - Inicialmente circula-se vapor pela


serpentina ou camisa até que a temperatura seja
maior que 96 a 97°C. Durante essa etapa a
cabeça do tanque deve receber vapor fluente para
expulsão do ar do seu interior. Ao mesmo tempo,
as válvulas, filtros e tubulações de entrada e saída
do reator também são esterilizadas por vapor
fluente.
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PROCESSO DESCONTÍNUO

Esta etapa é crítica devido ao tempo


necessário para o aquecimento do meio de
cultura, da temperatura ambiente até 97°C,
quando o processo é feito por serpentinas ou
camisa.

Uma relação adequada entre a área da


serpentina ou camisa e o meio de cultura favorece
o rápido aquecimento.
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PROCESSO DESCONTÍNUO
Curvas de aquecimento de reatores de 200 L (6,5 m²) e de 2000 L (1,8 m²)
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PROCESSO DESCONTÍNUO
Segunda etapa – injeta-se vapor diretamente no meio de
cultura até que atinja 100°C. A partir desse momento, o reator
é completamente fechado e a injeção de vapor continua até
que a temperatura e pressão internas sejam adequadas
(121°C e 1 atm).
Terceira etapa – Atingidas as condições de esterilização, a
injeção direta de vapor pode ser cortada e o controle da
temperatura e pressão mantidos através da serpentina ou
camisa pelo tempo necessário.
Resfriamento: é realizado pela circulação de água fria na
serpentina ou camisa. Quando a temperatura atingir 100°C,
deve-se injetar ar no tanque para evitar formação de vácuo
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PROCESSO DESCONTÍNUO
Tempo de esterilização
O tempo de esterilização é função das condições do
próprio reator e do processo.
 Se um reator é usado sempre com o mesmo microrganismo,
e se estiver limpo, sem fissuras, sem vazamentos, 20 a 40 min
a 121°C e 1 atm devem ser suficientes para esterilização.
 Se for um reator multipropósito utilizado com bactérias ou
fungos formadores de esporos, deve passar por assepsia
química e após, esterilização a 121°C e 1 atm por um tempo
que pode ser superior a 60 min.
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PROCESSO DESCONTÍNUO
Na esterilização descontínua distinguem-se três fases:

a) Aquecimento: eleva a temperatura inicial do meio (T de


preparo) até a temperatura de esterilização (geralmente
121°C);

b) Esterilização: temperatura na qual é mantida constante


durante o intervalo de tempo da esterilização;

c) Resfriamento: realizado com o auxílio da serpentina ou


camisa, passando-se água fria, até a temperatura atingir a
temperatura de fermentação.
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PROCESSO DESCONTÍNUO

A destruição dos microrganismos não se dá


somente na fase de esterilização. Durante o
aquecimento e resfriamento, enquanto a
temperatura for superior a temperatura mínima letal
(80 a 100°C), também ocorre destruição dos
microrganismos.
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PROCESSO DESCONTÍNUO
Representação esquemática da
variação de temperatura do meio
durante sua esterilização por processo
descontínuo.
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PROCESSO DESCONTÍNUO

Apresenta como vantagens:


 Esteriliza simultaneamente o meio e o reator.
 Reduz os riscos de contaminação nas operações
de transferência de meio para o reator.
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PROCESSO DESCONTÍNUO
Apresenta como desvantagens:
 Manutenção do meio em temperaturas altas, por período
longos – alterações indesejáveis na composição.
 Elevados consumo de vapor e de água.
 Problemas de corrosão: ocasionados pelo contato
prolongado do reator com o meio aquecido.
 Tempo ‘não produtivo’ muito elevado: no período de
esterilização, o reator é utilizado como um tanque de
esterilização, sem produção.
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PROCESSO CONTÍNUO
 O meio preparado é enviado ao trocador de calor (de
tubos ou de placas), onde atua como fluido de
resfriamento do meio já esterilizado e ainda quente;
 O meio preaquecido, mistura-se com vapor até
alcançar a temperatura de esterilização;
 Na temperatura de esterilização, o meio percorre o tubo
de retenção, tempo de residência = tempo de
esterilização.
 Passa pela válvula de redução de pressão e é enviado
ao primeiro trocador – troca calor com meio frio.
 Vai para o segundo trocador de calor, onde é resfriado
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PROCESSO CONTÍNUO
Mistura do meio com o vapor: atinge a T de esterilização

Tubo de espera: termicamente


isolado dimensionado de modo
que o tempo de espera seja
igual ao tempo de esterilização

Trocador de
calor de placas
Preaquecimento: ou de tubos
utilizado como fluido
de resfriamento
Trocador de calor onde a T é
reduzida até a T de fermentação
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PROCESSO CONTÍNUO

 O aquecimento feito com vapor direto leva a


diluição do meio de 10-15%.
 O aquecimento também pode ser feito com
vapor indireto, substituindo o ejetor por um
trocador de calor.
 A destruição dos microrganismos durante o
aquecimento e resfriamento é desprezada.
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PROCESSO CONTÍNUO

Representação esquemática da
variação de temperatura do
meio durante sua esterilização
por processo contínuo.
ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS DE CULTURA

PROCESSO CONTÍNUO
Condições de operação dos esterilizadores contínuos:
 Vapor saturado com pressão de 6,8 a 8,5 atm.
 Diâmetro do tubo de espera: 4 a 12 polegadas (10 a 30
cm).
 Tempo de enchimento do reator: não superior a 8
horas.
 Velocidade do meio no tubo de espera: 3 a 60 cm/s (6-
12).
 Número de Reynolds no tubo de espera:36.000 a
80.000.
ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS DE CULTURA

PROCESSO CONTÍNUO x DESCONTÍNUO


 Trabalha em temperatura mais elevada por tempo
menor – menor destruição dos nutrientes.
 Por ter dimensões relativamente pequenas, o tubo de
espera pode ser construído de ligas especiais, evitando
contaminação metálica – prejudicial ao cultivo.
 Dispensa utilização de motores de potência elevada
para acionamento dos agitadores.
 Economia de vapor e água, sistema mais eficiente.
 Podem ser utilizados nos processo de cozimento e
sacarificação de matérias-primas amiláceas.
ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS DE CULTURA

PROCESSO CONTÍNUO x DESCONTÍNUO

As viabilidades técnicas e econômicas do


processo contínuo dependem das dimensões e do
regime de trabalho dos fermentadores da
instalação industrial.
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CINÉTICA DE DESTRUIÇÃO TÉRMICA DE


MICRORGANISMOS
Cinética de destruição térmica de
microrganismos
A velocidade de destruição pelo calor úmido de
microrganismos presentes em um dado meio
depende:
o Microrganismo (gênero, espécie, linhagem, idade
da cultura, presença de esporos)
o Meio (composição, pH, sólidos em suspensão)
oTemperatura
Cinética de destruição térmica de
microrganismos
Considerando um dado microrganismos em um meio,
mantido a uma temperatura constante e superior à
temperatura mínima letal.

O número de
microrganismos vivos
existentes no sistema
será uma função
decrescente do tempo.
Cinética de destruição térmica de
microrganismos
A destruição do microrganismo se comporta como uma
reação de primeira ordem:
Cinética de destruição térmica de
microrganismos
Cinética de destruição térmica de
microrganismos
TEMPO DE REDUÇÃO DECIMAL - D
É o tempo necessário para reduzir o número de
microrganismos a 1/10 do valor inicial ( destruir
90% dos microrganismos inicialmente existentes).
ln N = ln N0 – K.t
N = 0,1 N0
ln (0,1 N0) = ln N0 – K.D
D = 2,303/K
Cinética de destruição térmica de
microrganismos

D é afetado pelos fatores que afetam K.


Passa de 8,5 x 104 para 8,5 x 103 UFC
Cinética de destruição térmica de
microrganismos
Influência da temperatura no valor de k
Cinética de destruição térmica de
microrganismos
Cinética de destruição térmica de
microrganismos
Considerações Gerais sobre o
cálculo do tempo de esterilização
Cinética de destruição térmica de
microrganismos
Os principais problemas na aplicação direta da equação são:
 Os meios de fermentação não possuem uma única
espécie de microrganismo a ser destruída – K depende do
m.o. (usar mo de referência Bacillus stearothermophilus
esporulado).
 Quando aplicamos a equação a casos reais K
depende do meio e da temperatura.
 As células microbianas a serem destruídas podem
formar aglomerados ou estarem protegidas por partículas
sólidas em suspensão
 Definição de esterilização implica que sejam todos
Cinética de destruição térmica de
microrganismos
Probabilidade de falha de uma esterilização

P = Ef/Et x100

Et = nº total de operações de esterilização


realizadas nas mesmas condições.
Ef = nº de operações de esterilização que
falharam.
Cinética de destruição térmica de
microrganismos
Probabilidade de falha de uma esterilização
1. Supondo que em 100 partidas de meio tratadas
termicamente nas mesmas condições, sejam
obtidos 97 partidas esterilizadas e 3 partidas
não esterilizadas.
2. O número de microrganismos vivos nas 100
partidas será 100 N0.
3. O número final de microrganismos vivos nas 100
partidas, será igual a 3.
t = 1/k . ln100 N0/3 = 1/k . ln N0/0,03 = 1/k . ln N0/P
Cinética de destruição térmica de

Cálculo microrganismos
do tempo de esterilização
Processo contínuo
Exemplo: Considere o cálculo do tempo de esterilização de
um meio, sendo dados:
a) Volume de meio = 100 m³
b) Concentração de m.o. vivos no meio = 7,2 . 109 células/L
c) Temperatura de esterilização = 120°C
d) Probabilidade de falha = 0,001
e) Constante de morte térmica igual a 2,45/ min.
FIM

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