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AVALIAÇÃO E CONTROLE DA

EXPOSIÇÃO AO CALOR

HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO

Professora Ana Carolina Russo

Instituto Mauá de Tecnologia – Higiene e Segurança do Trabalho


INTRODUÇÃO

• Com a finalidade de se determinar os limites aceitáveis dessas


exposições, utilizam-se diversos índices de sobrecarga térmica e dentre
eles, o mais utilizado é o IBUTG, que por sua simplicidade, foi adotado
pela nossa legislação.

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MECANISMOS DE TROCAS TÉRMICAS

• A sobrecarga térmica no organismo humano, é resultante de dois tipos de


carga térmica: uma carga externa (ambiental) e outra interna (metabólica).

• A carga externa é resultante de trocas por Condução/Convecção e


Radiação e a carga metabólica é resultante do metabolismo basal e da
atividade física.

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MECANISMOS DE TROCAS TÉRMICAS

• CONDUÇÃO: Troca térmica entre dois corpos em contato, geralmente


sólidos. No organismo essas trocas são muito pequenas, geralmente por
contato com o corpo com ferramentas e superfícies.

• CONVECÇÃO: Troca térmica realizada geralmente entre dois fluidos por


diferença de densidade provocada pelo aumento da temperatura.
Geralmente utilizamos a expressão condução/ convecção para esse tipo
de troca.

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MECANISMOS DE TROCAS TÉRMICAS

• RADIAÇÃO: Através da emissão de radiação infravermelha, os corpos de maior

temperatura tendem a perder calor para corpos de menor temperatura numa tentativa

de equilíbrio. As trocas por radiação, correspondem a 60% das trocas totais.

• EVAPORAÇÃO: É a troca de calor produzida pela evaporação do suor, através da

pele. Quando um líquido passa para o estado gasoso, ganha energia interna (a

entalpia de vaporização da água é de 590 Cal/grama), assim sendo, absorve o calor

da pele resfriando-a. Essa troca térmica é ainda facilitada pois nesse momento, está

acontecendo a vasodilatação periférica.

O mecanismo da evaporação é o único meio de perda de calor para o ambiente, quando a


temperatura está mais alta que a temperatura do corpo, pois nesse caso, o corpo ganharia calor
por condução/convecção e por radiação.
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MECANISMOS DE TROCAS TÉRMICAS

• Pelo mecanismo de trocas térmicas, o organismo ganha ou perde calor


para o meio ambiente segundo a equação do equilíbrio térmico:

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CLASSIFICAÇÃO
INTERNACIONAL DE
ENFERMIDADES -
OMS/75

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REAÇÕES DO ORGANISMO AO CALOR

• GOLPE DE CALOR (HIPERTERMIA OU CHOQUE TÉRMICO): sistema


termorregulador é afetado pela sobrecarga térmica, a temperatura interna aumenta
continuamente, produzindo alteração da função cerebral, com perturbação do
mecanismo de dissipação do calor, cessando a sudorese.

• SÍNCOPE PELO CALOR (EXAUSTÃO PELO CALOR): Quando a temperatura


corpórea tende a subir, o organismo sofre uma vasodilatação periférica na tentativa
de aumentar a quantidade de sangue nas áreas de troca, com isso há uma
diminuição de fluxo sanguíneo nos órgãos vitais, podendo ocorrer uma deficiência
de oxigênio nessas áreas, comprometendo particularmente o cérebro e o coração.

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REAÇÕES DO ORGANISMO AO CALOR

• PROSTRAÇÃO TÉRMICA POR DESIDRATAÇÃO: A desidratação ocorre


quando a quantidade de água ingerida é insuficiente para compensar a perda
pela urina, sudação ou pelo ar exalado. Uma perda de 10% do peso corpóreo
é incompatível com a atividade e com 15% pode ocorrer o choque térmico ou
golpe pelo calor.

• PROSTRAÇÃO TÉRMICA PELO DECRÉSCIMO DO TEOR SALINO: Se o


sal ingerido for insuficiente para compensar as perdas por sudorese,
podemos sofrer uma prostração térmica (fadiga, tonturas, falta de apetite,
náuseas, vômitos e cãibras musculares).

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REAÇÕES DO ORGANISMO AO CALOR

• CÃIBRAS DE CALOR: Apresenta-se na forma de dores agudas nos músculos, em particular os


abdominais, coxas e aqueles sobre os quais a demanda física foi intensa. Elas ocorrem por falta de
cloreto de sódio perdido pela sudorese intensa, sem a devida reposição e/ou aclimatização.

• ENFERMIDADES DAS GLÂNDULAS SUDORÍPARAS: A exposição ao calor por um período


prolongado e particularmente em clima muito úmido pode produzir alterações das glândulas
sudoríparas que deixam de produzir o suor agravando o sistema de trocas térmicas, podendo
levar os trabalhadores á intolerância ao calor.

• EDEMA PELO CALOR: Consiste no inchaço das extremidades, em particular os pés e tornozelos.

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OUTROS EFEITOS À SAÚDE

• Aumento da susceptibilidade a outras doenças (maior susceptibilidade às


dermatoses e potencialização dos efeitos pela presença de outros agentes);

• Diminuição do rendimento (pela sobrecarga do sistema cardiovascular,


redução na atividade cerebral e do tempo de reação);

• Catarata (exposição à radiação infravermelha provoca a degeneração do


cristalino do olho, muito comum em pessoas idosas);

• Efeitos nos órgãos solicitados pela sobrecarga térmica (Cardiovascular,


Respiratório e Glândulas internas).

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ACLIMATIZAÇÃO

A aclimatização ocorre através de três fenômenos:

• Aumento da sudorese.

• Diminuição da concentração de sódio no suor (4 g/l para 1,0 g/l) e a quantidade


de sódio perdido por dia passa de 15 a 25 gramas para 3 a 5 gramas.

• Diminuição da frequência cardíaca, através do aumento do volume cistólito


devido ao aumento da eficiência do coração no bombeamento.

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ACLIMATIZAÇÃO

A aclimatização é realizada através de diversas etapas:

• O tempo de exposição a altas temperaturas deve ser limitado nas primeiras semanas,
ficando no entanto exposto no mínimo duas horas por dia.

• A climatização é iniciada após 4 a 6 dias e satisfatória após 2 a 3 semanas.

• O diagnóstico da aclimatização é feito com base na temperatura retal, no grau de


sudorese e na frequência cardíaca.

• À medida que a frequência cardíaca vai baixando próximo aos níveis que seriam
obtidos se o esforço fosse feito em um ambiente neutro, conclui-se que o processo de
aclimatização está sendo realizado.
O afastamento do trabalho por uma semana pode fazer com que o trabalhador perca de 1/4 a 2/3 da
aclimatização
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CONFORTO TÉRMICO

VELOCIDADE DO AR: aumenta as trocas de calor bem como possibilita a


retirada de ar quente e umidade e a insuflação de ar frio nos ambientes.

Estimativa da velocidade do ar

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CONFORTO TÉRMICO

UMIDADE RELATIVA DO AR: é a relação em porcentagem da quantidade


real de vapor de água que o ar contém e a quantidade que o ar poderia
conter se estivesse saturado à mesma temperatura. A umidade relativa do
ar é medida através de um psicrômetro, que é constituído por dois
termômetros, um de bulbo seco e outro de bulbo úmido.

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Cálculo da umidade relativa do ar
a partir da temperatura do bulbo
seco e bulbo úmido

Termômetro de bulbo seco

Termômetro Termôm
globo etro de
bulbo
úmido

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ÍNDICES DE AVALIAÇÃO TÉRMICA

ÍNDICE DE BULBO ÚMIDO - TERMÔMETRO DE GLOBO (IBUTG): O


conforto térmico é avaliado também através de um índice chamado IBUTG
(Índice de Bulbo Úmido - Termômetro de Globo). Esse índice deve ser
medido através do conjunto chamado árvore dos termômetros, que é
composto de três termômetros:

• Tbs - Termômetro de bulbo seco

• Tbn - Termômetro de bulbo úmido natural

• Tg - Termômetro de Globo.

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ÍNDICES DE AVALIAÇÃO TÉRMICA

• O IBUTG para AMBIENTES INTERNOS SEM CARGA SOLAR é calculado


a partir da medição de duas temperaturas: Tbn e Tg

• IBUTG = 0,7 Tbn + 0,3 Tg

• Para AMBIENTE EXTERNOS COM CARGA SOLAR o IBUTG é calculado


a partir de três medições: Tbs, Tbn e Tg

• IBUTG = 0,7 Tbn + 0,2 Tg + 0,1 Tbs

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ÍNDICES DE AVALIAÇÃO TÉRMICA

• O IBUTG leva ainda em consideração o tipo de atividade desenvolvida


(LEVE, MODERADA e PESADA)

• A legislação prevê um regime de trabalho (Trabalho/Descanso) em função


do valor do IBUTG e do tipo de atividade para duas situações:

• regime de trabalho intermitente com períodos de descanso no próprio


local de prestação de serviço e

• regime de trabalho intermitente com descanso em outro local.

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NORMA REGULAMENTADORA Nº.15 - ANEXO Nº. 3

Nesse caso se faz uma


avaliação do local de trabalho
que é o mesmo de descanso e
com os valores de Tbn e Tg,
calculamos o IBUTG e de
acordo com o tipo de atividade
(leve, moderada ou pesada),
verificamos se o trabalho pode
ser realizado continuamente,
se não pode ser realizado sem
que se adote uma medida de
controle ou se pode ser
realizado adotando-se um
regime de trabalho/descanso
no próprio local.

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REGIME DE TRABALHO INTERMITENTE COM DESCANSO EM OUTRO LOCAL

• Nesse caso, calculamos o IBUTG do ambiente de trabalho e o IBUTG do


ambiente de descanso e com esses valores, calculamos o IBUTG médio
da atividade analisada, bem como o metabolismo médio e entramos na
tabela da NR-15 – ANEXO Nº 3 que nos fornece o máximo valor do
IBUTG médio para cada grau do metabolismo.

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Taxas de Metabolismo por
Tipo de Atividade

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Máximo Valor de IBUTG
médio para cada grau do
metabolismo

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LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA O TRABALHO EM AMBIENTES QUENTES

Limites de Tolerância para o trabalho em ambientes quentes

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LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA O TRABALHO EM AMBIENTES QUENTES

• Onde:

• Trabalho Leve............ 100 a 200 kcal/h (200 kcal/h)

• Trabalho Moderado... 200 a 350 kcal/h (350 kcal/h)

• Trabalho Pesado........ 350 a 500 kcal/h (500 kcal/h)

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MEDIDAS DE CONTROLE (SOBRECARGA TÉRMICA)

Ventilação • Mecanização dos Processos


• Introdução de ar fresco e eliminação do ar quente e • A mecanização dos processos além de permitir
umidade.
que o trabalhador fique longe das fontes,
• Aumento da velocidade de troca de calor pela
diminuem o ganho de calor metabólico.
evaporação.
• Áreas de Descanso
• Aumento da perda de calor por
• Os locais de descanso devem ser adequados
condução/convecção(Tar<35°).
para a recuperação térmica, conforme o
Barreiras Refletoras
IBUTG e o Grau de Atividade.
• Quando o calor radiante for significativo.

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Exercício -1

TRABALHO E DESCANSO NO PRÓPRIO LOCAL

Um operador de forno carrega a carga em 2 minutos, a seguir aguarda 8


minutos o aquecimento da carga, sem sair do local e gasta outros 2 minutos
para a descarga. Este ciclo de trabalho é continuamente repetido durante a
jornada de trabalho. No levantamento ambiental obtivemos os seguintes valores:

• Tg = 36 ºC

• Tbn = 24 ºC

• O tipo de atividade é moderada.

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Exercício -2

REGIME DE TRABALHO COM DESCANSO EM OUTRO LOCAL

• Um operador de forno demora 2 minutos para carregar o forno, a seguir


aguarda o aquecimento por 4 minutos, fazendo anotações em um local
distante do forno, para depois descarregá-lo durante 4 minutos. Verificar
qual o regime de trabalho/descanso.

• Nesse caso temos duas situações térmicas diferentes, uma na boca do


forno e outra na sala de descanso. Temos, portanto que fazer as
medições nos dois lugares.

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Exercício -2

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Exercício -3

Um processo de trabalho interno, utiliza um ciclo de 50 minutos, sendo 30


minutos de trabalho e 20 minutos de descanso.

ÁREA DE TRABALHO ÁREA DE DESCANSO


Tbn 25°C Tbn 20°C
Tbs 30°C Tbs 25°C
Tg 45°C Tg 28°C
M 300 kcal/h M 150 kcal/h

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Exercício -4

Um trabalhador carrega uma estufa com peças leves durante 20 min. e


durante 10 min. executa tarefas leves em um ambiente de recuperação
térmica (com sol).

ESTUFA ÁREA DE DESCANSO


Tbn 30°C Tbn 20°C
Tbs 38°C Tbs 26°C
Tg 47°C Tg 28°C
M 300 kcal/h M 200 kcal/h

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