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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

RAIVA

Prof. Igor Mansur


Conceito

Doença infecto contagiosa aguda, que se caracteriza por


sintomatologia nervosa, como agressividade, paresia e
paralisia.
O termo raiva deriva do latim rabere (significando fúria ou
delírio)
Agente etiológico

RNA vírus da família Rhabdoviridae


Gênero Lyssavirus (possui várias espécies).
Espécies afetadas
Todos os mamíferos são sensíveis.
Epidemiologia

MAPA
Epidemiologia

MAPA
Epidemiologia

MAPA
Transmissores

Animais doentes e portadores assintomáticos. A


raiva ocorre no meio urbano, semi-urbano e
rural, havendo também a raiva silvestre.
Transmissão
Meio urbano e semi-urbano – mais frequente
em cães e gatos, menos frequente em ratos e
macacos (principalmente o sagui).
Transmissão
Meio rural – morcegos hematófago (principalmente o Desmodus rotundus) são
os principais transmissores.
Normalmente seguem sugando o sangue do mesmo animal noite após noite.
Mas já foi constatado que um mesmo morcego pode fazer seu repasto
sanguíneo em mais de um animal, inclusive de espécies diferentes, numa
mesma noite.
Os morcegos não hematófagos (frutívoros, insetívoros) são reservatórios.
Como vivem em cavernas com os hematófagos, disseminam o vírus entre si.
Transmissão
Raiva silvestre – Associada a animais silvestres, mas não
associada ao homem nem aos animais domésticos. O homem
ou animais domésticos podem contrair a raiva de raposas,
lobos, iraras ou gambás em caçadas ou se entrarem em contato
com eles no ambiente silvestre.
Vias de infecção
Transcutânea – mordedura, lambedura e arranhadura de gato,
pois este está sempre lambendo suas patas.
Respiratória – em cavernas de morcegos pode-se inalar o vírus –
não se deve entrar em cavernas sem máscaras.
Digestiva – via experimental.
Patogenia

O vírus penetra no organismo do animal suscetível e chega ao SNC


(medula, órgãos encefálicos) por via neural ou perineural.

Quase sempre é fatal, se não medicado a tempo com soro. O vírus age
de forma centrípeta.

O vírus se multiplica no local do ferimento. Migra para o tecido


nervoso periférico próximo ao local e é transportado dentro do axônio
do neurônio até a medula espinhal, e segue até chegar finalmente ao
sistema nervoso central.

O vírus se espalha por meio do sistema nervoso periférico atingindo


então, glândulas (a salivar é uma delas, o que propicia a infecção via
mordida), fígado, músculos, pele e o coração.
Sinais
Período de incubação – média de 30 a 90 dias
após a infecção. O período curto seria de 14
dias, o período longo de 180 dias. Em cães e
gatos o período de incubação costuma ser de 10
dias e em bovinos já foi constatado período de
154 dias.
Tipos clínicos

Raiva furiosa – período prodrômico (principal) de 1 a 2


dias e se caracteriza por mudança de hábitos e o animal
fica intranquilo.
Fase inicial:
Cães e gatos – não atendem seus donos, não se alimentam
e se escondem.
Bovinos, caprinos, ovinos, suínos e equinos – afastam-se
dos outros, não acompanham o grupo, isolam-se em um
canto e mudam de hábitos. O animal pode, em um ou dois
dias, voltar a normalidade para em seguida apresentar o
mesmo quadro.
Típos clínicos
Após a fase inicial:
Cães e gatos – o animal fica agressivo e passa a atacar outros animais e as
pessoas. Os cães (principalmente) caçam moscas imaginárias, mordem pessoas
da casa, ladram (latido bitonal – uivo triste), “delírio ambulatorial” (sem rumo),
deambulação. A morte ocorre entre o 5º e 7º dias, alguns dias após o
surgimento da deambulação
OBS: Erro grave – muitos dizem que a raiva é hidrofóbica, pois o animal não
come nem bebe. Mas ele o faz porque não consegue e não porque não quer. O
nervo laríngeo recorrente fica paralisado, paralisando a musculatura maxilar e
laríngea (o animal não consegue deglutir).
Sinais oculares – estrabismo convergente ou divergente (um olho só) e
alterações de reação pupilar (teste de midríase e miose – o animal não
responde ao teste).
Sinais oculares – estrabismo convergente ou
divergente (um olho só) e alterações de reação
pupilar (teste de midríase e miose – o animal não
responde ao teste).
Após a fase inicial:

Bovinos – atacam, apresentam sialorréia profusa (saliva escorrendo pela


comissura labial), não defecam nos últimos dias e as fezes são em forma de
síbalas, mugem tristemente.

Caprinos – atacam, caçam animais imaginários e apresentam sialorréia.


Raiva paralítica

Período prodrômico de 1 a 2 dias. É mais comum em animais de


grande porte. Os sintomas gerais são: os animais não querem se
locomover, apresentam anorexia parcial ou total, diminuem o
consumo de água, escondem-se ou afastam-se de outros animais e
do homem, ficam parados ou deitados (só se locomovem se
estimulados). Ao se locomoverem têm andar trôpego, tropeçam e
caem.
Não é comum em cães, mas pode acontecer
Raiva paralítica
Em cães – marcha trôpega, mudança de hábito. Um a dois dias após o
surgimento da marcha trôpega, o animal apresenta paralisias de membros
posteriores, de mandíbula, de membros anteriores, sialorréia, língua
paralisada e pendente, latido bitonal e rouco, lesões oculares.
Deve-se ter muito cuidado para, na clínica, não confundir os sinais com
engasgo por osso na garganta e introduzir a mão na garganta do animal e se
contaminar.
Raiva paralítica
Bovinos – a raiva paralítica é a mais comum. A paralisia se inicia quando o
animal se deita e não levanta mais (ou cai e não levanta).
No início o animal pode apresentar movimentos de pedalagem. Pára de
defecar e o ânus fica em protrusão. A morte ocorre em 5 a 10 dias após o
estado patente.

 
Raiva muda ou atípica

É mais difícil de ocorrer e de diagnosticar. É mais


frequente em cães.
Os sinais são: discreta mudança de hábito,
procura ficar quieto, alheio ao ambiente. A morte
chega em 5 a 10 dias.
 
Outros sinais

Taquipnéia, bradipnéia, dispnéia, taquisfigmia,


febre, paralisia do rumem e do intestino,
glicosúria.
Diagnóstico

Clínico: sinais, sintomas e dados epidemiológicos


de todos os tipos de raiva (furiosa, paralítica e
muda ou atípica).
Diagnóstico

Laboratorial:

Não existe, até o momento, um teste


diagnóstico laboratorial conclusivo antes da
morte do animal doente que expresse
resultados absolutos.
Diagnóstico
Laboratorial:

As técnicas laboratoriais são aplicadas


preferencialmente nos tecidos removidos do
SNC.
Fragmentos do hipocampo, tronco
cerebral, tálamo, córtex, cerebelo e medula
oblongata são tidos tradicionalmente como
materiais de escolha
Diagnóstico
Diagnóstico
Diagnóstico
Tratamento

Não há tratamento.
Suporte Em Pernambuco, recebe alta 1º
brasileiro a se curar de raiva
Soro hiperimune humana - 2009

Mordedura morcego
Profilaxia

Médica: vacinação.

Sanitária: Meio urbano – incentivar a vacinação dos animais (as


pessoas a levarem seus animais a serem vacinados); diante de
alterações comportamentais do animal procurar um médico
veterinário.
Meio rural – controle dos morcegos, principalmente
hematófagos. Além das mesmas medidas citadas para o meio
urbano.
Louis Pasteur, cientista francês ,o primeiro a desenvolver uma vacina anti-
rábica.
1881 conseguem isolar o vírus. Efetuam a passagem do agente entre coelhos e,
dessecando sua medula espinal e submetendo-s à ação de potassa, conseguem um
vírus mais "estável" (com virulência e incubação constantes), e que podia então ser
reproduzido em laboratório, de modo a se produzir uma vacina.

1884 descrevem para a Academia de Ciências de Paris que, após sucessivas


passagens, a virulência diminuía. Passam a usar experimentalmente em animais a
vacina que produzira
Vacinação cães e gatos
Cães e gatos:
Administrar dose única de 1 mL por via
subcutânea, em animais acima de 3
meses de idade. Repetir a aplicação 1
ano depois.

A vacina é preparada com vírus


cultivado em linhagem celular,
inativado quimicamente e tendo o
hidróxido de alumínio como adjuvante
Programa Nacional de Controle
da Raiva dos Herbívoros e Outra
s Encefalopatias
O Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros tem
como objetivo:
Reduzir a prevalência da doença na população de herbívoros
domésticos, com a seguinte estratégia de atuação: controle de
transmissores, vacinação dos herbívoros domésticos em situações
específicas, vigilância epidemiológica e outros procedimentos de
defesa sanitária animal, que visam à proteção da saúde pública e o
controle dessa enfermidade em herbívoros, que causa grande
prejuízo econômico à pecuária nacional.
Colheita de material em carnívoros
Colheita de material herbívoros
Quando há suspeita de raiva, sempre que possível aguardar a
morte natural do animal, informando ao proprietário sobre a
necessidade de isolamento e cuidados no manuseio com esse
animal.

Caso seja necessária a eutanásia, informar no


formulário de envio ao laboratório o tempo entre o início dos
sinais da doença e a morte do animal.
Colheita de material herbívoros
Para o diagnóstico da raiva e diferenciais, a amostra será submetida ao teste
biológico, por isso deve ser enviada refrigerada ou congelada
(nesse último caso, quando o período para chegada ao laboratório for maior
que 24 horas). Quando se tratar de ruminantes adultos , também deverá ser
enviada amostra para o teste histológico, conservada em formol a 10%

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