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Aula 2

Qual o objetivo desta aula?

• Esperamos contribuir para a sua formação


acadêmica e profissional, pois acreditamos que
aperfeiçoar o uso da língua em diferentes
contextos pode ser determinante para o seu
desenvolvimento como cidadão que vive em
sociedade, como estudante e como futuro
especialista do mundo do trabalho.
O QUE ESPERAMOS AO ESTUDAR A LÍNGUA E A
LINGUAGEM ?
• Será que só devemos conhecer as regras da Língua
Portuguesa?
• Será que devemos focar somente no que é certo e no que é
errado?
• Será que a nossa Língua Portuguesa tem uma abrangência
tão restrita?
Mas afinal, o que é linguagem?
Língua e linguagem são a mesma coisa?
• Pra início de conversa, vamos pensar na linguagem como
uma atividade social e cognitiva, sempre situada
historicamente e construída nos processos de interação?
Atividade social e cognitiva?


Linguagem é...

• É a capacidade do ser humano de


comunicar ideias ou sentimentos a
outras pessoas seja através de
gestos, sons, símbolos ou palavras.

• Dessa maneira, o uso da linguagem


ocorre na interação social entre as
pessoas. Portanto, pressupõe o uso
de interlocutores. Aquele que fala e
aquele que escuta e que ora se
revezam nos papeis.
LINGUAGEM É...

... a atividade humana que, nas representações de

mundo que constrói, revela aspectos históricos, sociais e

culturais. É por meio da linguagem que o ser humano

organiza e dá forma às suas experiências..


(Enem 2009)
Gerente – Boa tarde. Em que eu posso ajudá-lo?
Cliente – Estou interessado em financiamento para compra e veículo.
Gerente – Nós dispomos de várias modalidades de crédito. O senhor é nosso cliente?
Cliente – Sou Júlio César Fontoura, também sou funcionário do banco.
Gerente – Julinho, é você, cara? Aqui é a Helena! Cê tá em Brasília? Pensei que você inda
tivesse na agência de Uberlândia! Passa aqui pra gente conversar com calma.

BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004 (adaptado).


Na representação escrita da conversa telefônica entre a gerente do banco e o cliente,
observa-se que a maneira de falar da gerente foi alterada de repente devido:
A.à adequação de sua fala à conversa com um amigo, caracterizada pela informalidade.
B.à iniciativa do cliente em se apresentar como funcionário do banco.
C.ao fato de ambos terem nascido em Uberlândia (Minas Gerais).
D.à intimidade forçada pelo cliente ao fornecer seu nome completo.
E.ao seu interesse profissional em financiar o veículo de Júlio.
Língua

• Código linguístico social, formado por signos (palavras) e


leis combinatórias, por meio do qual as pessoas se
comunicam.
Obs.: Idioma são “normas” linguísticas coletivas,
nacionais.
É um código formado por palavras e leis combinatórias
por meio do qual as pessoas se comunicam e interagem
entre si.
LÍNGUA E CÓDIGO

LÍNGUA: sistema de representação socialmente


construído, constituído por signos (sinais que
significam) linguísticos.

Código: sistemas de sinais ou símbolos


preestabelecidos entre os interlocutores para
comunicar suas ideias.

TODA LÍNGUA É UM CÓDIGO, MAS NEM TODO CÓDIGO


É UMA LÍNGUA.
• Não é possível criar uma língua particular e exigir que outros falantes a
compreendam. Dessa forma, cada indivíduo pode usar de maneira
particular a língua comunitária, originando a fala. A fala está sempre
condicionada pelas regras socialmente estabelecidas da língua, mas é
suficientemente ampla para permitir um exercício criativo da
comunicação.
USAMOS A LINGUAGEM PARA...

...pedir ou transmitir informações na maior parte do


tempo, mas, além do intuito comunicativo, a
linguagem deve dar conta também das necessidades
subjetivas, que se expressam nas palavras, nos
sentimentos, nas sensações, nas emoções.
Língua Falada e Língua Escrita
Não devemos confundir língua falada com  língua escrita, pois são dois
meios de comunicação distintos. A escrita representa um estágio posterior
de uma língua.

Embora sejam expressões de um mesmo idioma, cada uma tem a sua


especificidade. Vejamos a seguir...

A língua escrita não é apenas a representação da língua falada,


mas sim um sistema mais disciplinado e rígido, uma vez que não conta com
o jogo fisionômico, as mímicas e o tom de voz do falante.
Língua falada

• A língua falada é mais espontânea, abrange a comunicação linguística em toda


sua totalidade. Além disso, é acompanhada pelo tom de voz, algumas vezes por
mímicas, incluindo-se fisionomias. Ou seja, a oralidade é uma modalidade da língua
realizada pelos falantes em diálogos, sendo caracterizada pela efemeridade e pela
irrepetibilidade, tendo, normalmente, um vocabulário menos cuidadoso em relação à
forma escrita.

• As marcas da oralidade estão em abreviações, gírias, expressões menos


privilegiadas, prosódias (entonações ou acentuações da fala) e erros de português
 (concordância verbal, regência nominal, ortografia, pontuação, entre outros).
Marcas linguísticas da fala

• Informalidade;
• Repetição;
• Paráfrase;
• Correção;
• Digressões;
• Parênteses;
• Anacoluto;
Marcas linguísticas da fala - Informalidade

• Fala sério! O rango de ontem estava bom


• A linguagem informal preza pra caramba! (informal)
pela descontração e pelo relaxamento
quanto às regras gramaticais. Permite
o uso de palavras mais simples,
abreviadas e até gírias. É muito
utilizada na comunicação entre amigos,
colegas, familiares e pessoas com alto
grau de envolvimento e
relacionamento.
Marcas linguísticas da fala - repetição

• olha eu acho que o problema o • A repetição é uma das estratégias de composição


problema vem vem de de texto a que os interlocutores mais recorrem.
primário...né?
• O reuso (duas ou mais vezes) dos mesmos ou de
parecidos segmentos linguísticos na cadeia
discursiva contribui para a leveza textual, criando
• [...] mas não teve nada assim condições facilitadoras que, por um lado,
de marCANnte eu estudava eu permitem ao ouvinte ter tempo de assimilar
gostava de estudar gostava melhor as informações, por outro, propiciam ao
muito mesmo de estudar falante as circunstâncias precisas não só para
estudava porque gostava.. (re)organizar o seu discurso, mas também para
acompanhar e avaliar a coerência textual.
Marcas linguísticas da fala - paráfrase

• A paráfrase é um mecanismo de
auxílio para o falante. Quando
ele utiliza termos ou
enunciados que não satisfazem
a intenção daquilo que ele
pretendia dizer, o falante pode
recorrer a ela, modificando a
forma da sua fala, mas
preservando o conteúdo.
Marcas linguísticas da fala - digressão

• Digressão - É um afastamento, desvio


momentâneo do assunto sobre o qual se • Objeto central:
fala. •
•  Significa divagação, desvio de rumo ou O menino queria uma mordida no doce do
de assunto . colega, mas não lhe foi permitido.
• Vejamos o exemplo :
• O menino queria uma mordida no doce do • Digressão:
colega, mas não lhe foi permitido. Ele •
apontou a torre da igreja chamando a Ele apontou a torre da igreja chamando a
atenção para o brilho que estava atenção para o brilho que estava surgindo. O
surgindo. O colega não viu, embora colega não viu, embora olhando com muito
olhando com muito cuidado. O doce lhe cuidado.
foi roubado pelo gato. Que gato? Difícil
era esconder a boca cheia.
• :
Marcas linguísticas da fala - anacoluto

• Normalmente, o termo • Exemplos


inicial fica “solto” na • Eu, acho que estou passando mal.
frase sem apresentar uma • Nora, lembro dela sempre que chego
aqui.
relação sintática com os
• A vida, não sei como será sem ele.
outros termos.
• Crianças, como são difíceis de lidar.
• Lúcia, ouvi dizer que está viajando.
• Portugal, quantas lembranças tenho.
Marcas linguísticas da escrita
• O emissor baseia-se no vocabulário que
irá estabelecer a comunicação entre ele
e o destinatário.
• Exige uma preocupação maior, pois a
informação passada não se apagará com
o tempo, mas poderá fixar-se por tempo
indeterminado.
• Descontextualizada;
• Planejada, elaborada, não
fragmentada;
• Densidade informacional
• Predominância de frases complexas
com subordinação.
Resumindo...
No Brasil, por exemplo, todos falam a língua portuguesa, mas
existem usos diferentes da língua devido a diversos fatores.
Dentre eles, destacam-se:

• Fatores culturais: o grau de escolarização e a formação


cultural de um indivíduo colaboram para os diferentes usos da
língua. Alguém escolarizado utiliza a língua de uma maneira
diferente da pessoa que não teve acesso à escola.

• Fatores contextuais: quando conversamos com nossos


amigos, não usamos os termos que usaríamos se estivéssemos
discursando em uma solenidade de formatura.
• Fatores profissionais: há línguas técnicas abundantes em
termos específicos, restrito ao intercâmbio técnico de
engenheiros, químicos, biólogos, médicos, linguistas e
outros especialistas.

• Fatores naturais: o uso da língua sofre influência de


fatores naturais, como idade e sexo. Uma criança não fala
da mesma maneira que um adulto, daí falar-se em
linguagem infantil e linguagem adulta.

• Fatores regionais: há a diferença do português falado na


região nordeste e outro da região sudeste do Brasil. Dentro
de uma mesma região, também há variações no uso da
língua.
Linguagem Formal e Informal

São duas variantes linguísticas que possuem o intuito


de comunicar. No entanto, elas são utilizadas em
contextos distintos.

Quando falamos com amigos e familiares utilizamos a


linguagem informal. Entretanto, se estamos numa
reunião na empresa, numa entrevista de emprego ou
escrevendo um texto, devemos utilizar a linguagem
formal.
• Para a grande maioria das pessoas, expressar-se corretamente
em Língua Portuguesa significa não cometer erros de ortografia,
concordância verbal, acentuação etc.

Há, no entanto, outro erro, mais comprometedor do que o


gramatical, que é o de inadequação de linguagem ao contexto.
Para Concluir...

Ao lermos ou produzirmos um texto (seja em língua


materna ou em língua estrangeira) é importante considerar
que o texto lido, escrito ou elaborado oralmente está
ancorado em práticas de linguagem historicamente
construídas. Ou seja, em situações de interação social em
que as pessoas fazem um determinado uso da língua.
Ao longo de nossas vidas, presenciamos interações
sociais ou interagimos em diversas situações em que a
linguagem se caracteriza como elemento mediador.
Aprendemos que em cada situação particular devemos
buscar uma adequação do discurso e que, portanto, o uso
que fazemos da linguagem é mediado pelas relações
sociais.

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